28/08/22

Superação pela fé (28/92)

      “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.Hebreus 11.1

      Ainda que não sinta, creia. Ainda que não veja ou ouça, tenha fé. Ainda que a realidade mostre outra coisa, acredite. Se tua vida estiver de acordo com a vontade de Deus, e se o que você busca for aprovado pelo Senhor, mesmo que pareça improvável, você receberá o que precisa. Fé agrada a Deus porque coloca o homem, ainda habitando o mundo material, no reino do céu, mostra que o ser entendeu seu principal motivo de existir, caminhar rumo à melhor eternidade espiritual, desligando-se da ilusão da vã matéria. 
      Fé implica em esperar, satisfeito com o que se espera sem que ainda se tenha recebido, isso é sentir-se cheio ainda que vazio. Deus é bom, conhece nossos limites, mas será que conseguimos, ao menos um pouco, vivermos só pela fé, sem termos qualquer espécie de prazer que nos ajude enquanto esperamos? A vida faz sentido conforme somos recompensados com paz e alegria por agirmos corretamente, mas pode ser necessário sermos esvaziados, para sermos libertos de ilusões, que nos impedem de sermos felizes pela fé.
      Jesus homem foi levado a limites que nenhum ser humano, não sem merecer, foi. Você acha que Cristo sentia algum prazer que o fortalecia em seus últimos momentos de vida, quando era humilhado, torturado, crucificado e morto? Mas ainda assim ele resistiu, pela fé. Como ele conseguiu isso? Preparando-se. Nos preparamos para o pior, não evitando-o e tendo medo dele, muito menos indo irresponsavelmente em direção a ele como insanos. Jesus sempre viveu pela fé, mantinha os olhos em Deus, não no mundo físico. 
      Passamos vidas inteiras fazendo coisas erradas, não significa que passamos todo o tempo cometendo pecados sérios, envolvendo-nos com drogas pesadas, num estilo de vida adúltero, muitos de nós não chegam a extremos. Mas ainda assim nos viciamos em prazer, ainda que só comendo alguns brigadeiros ou bebendo uma taça de vinho para relaxar. Não somos criados e não conduzimos nossas existências de forma espiritual, mesmo nas igrejas cristãs somos materialistas, trabalhamos para termos mais direito ao conforto. 
      Fé conduz a um prazer, uma satisfação espiritual, e se formos em direção ao Deus Altíssimo será uma unção santa e eterna, o regozijo do céu, não o vazio do inferno. Contudo, trocar o prazer da matéria pelo do Espírito pode não ser algo fácil, por isso momentos onde nos sentimos vazios, sem nenhuma recompensa emocional, só tendo que crer e esperar, podem ser necessários, resistindo a síndromes de abstinência como quem é libertado de drogas. Mas valem a pena, a recompensa é uma iluminação espiritual única e perene. 
      Contudo, muitas vezes nos falta alegria da salvação, não porque estamos sendo provados, mas porque pecamos. Ainda que em Jesus tenhamos perdão imediato de Deus e paz, nosso corpo físico, nossa mente, nossos sentimentos, não se recuperam assim tão depressa. Dessa forma, o humilde se arrependerá e aguardará pacientemente o Santo Espírito achar de novo “conforto” em seu espírito, devida limpeza no templo, para que lhe dê novamente o prazer da presença de Deus. O plano espiritual é vivo e pede respeito. 
      Vitória não está em vencer o prazer do corpo, mas a dor do espírito. A perseverança dos santos não se apressa em buscar prazeres diante da dor, crescimento espiritual só se realiza com superação da dor. Não estamos neste mundo por outro motivo que vencer a matéria, construímos o céu em nós morrendo para a matéria ainda vivos. Contudo, aos que não abrem mão de prazeres do corpo, que não conseguem controlar, não só apetites carnais, mas a vaidade de prevalecerem sobre os outros, só manterão dentro de si o inferno. 

27/08/22

Milagre: o que é? (27/92)

      “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém.Efésios 3.20-21

      Se teu ponto de vista for outro, eu respeito, afinal, milagre é algo muito pessoal, mas quando digo que milagre pode não ser o que é dado, mas quando e como é dado, digo que Deus não age desobedecendo regras que ele mesmo criou. Se, por exemplo, entendemos pela ciência que Deus trabalha na natureza usando milhões de anos, por que acharmos que seja diferente em outras áreas? Não estamos dizendo que a ciência saiba tudo, e mesmo sabendo o que sabe não pode arrogantemente afirmar que o mundo espiritual não existe. Por outro lado, os que creem em Deus, não podem achar que Deus, mesmo sendo todo-poderoso, faça coisas extraordinárias. Pode fazer, mas só aos nossos sentidos humanos limitados. 
      Há outras áreas, mas em duas delas muitos dizem provar milagres que consideram impossibilidades que Deus realiza: áreas financeira e de saúde. Na financeira, se examinarmos com cuidado, entenderemos que o que aconteceu e consideramos milagre não foi algo impossível, já tinha alguma maneira viável de ocorrer e ocorreria de um jeito ou de outro. Já na área da saúde a coisa pode ser um pouco mais complexa, milagres nessa área também podem ter explicação se estudarmos o ocorrido com cuidado, ainda que seja só a atuação positiva de uma atitude de fé na força de vontade para o doente se restabelecer. Contudo, como ainda desconhecemos todo o poder da oração, podemos achar que houve algo impossível. 
      Na experiência pessoal que relatei na primeira parte desta reflexão (postagem de ontem), a diretora não poderia ter recorrido a uma lista de profissionais capacitados para a função e então escolhido alguém? Sim. Poderia ter usado critério de pontos que profissionais da área de ensino público acumulam por tempo e outras capacitações? Sim. Seria milagre se a escolha fosse feita dessas maneiras? Não. Seria bênção de Deus? Com certeza, e Deus seria louvado por isso. Contudo, na experiência que relatei havia duas opções, uma mais demorada e outra mais rápida e com outras vantagens, a opção melhor ter acontecido e antes foi fruto, não de esforço humano e material, não só disso, mas de oração aprovada por Deus. 
      Hoje, com o que a ciência sabe sobre espiritualidade, efeitos da oração podem ser considerados milagres, sejam eles quais forem. Se alguém estiver necessitando de auxílio financeiro, uma pessoa orar e uma terceira pessoa, que não conhece nem o necessitado nem o que orou, entender, porque lhe veio à mente ou porque sonhou, de ir até determinado lugar e ajudar o necessitado, isso poderá ser milagre. Por outro lado se alguém estiver desenganado pelos médicos, alguém orar e a pessoa for curada, isso também será considerado milagre. Mas vejam que em ambos os casos alguém orou, uma conexão com Deus foi feita, um poder espiritual saiu de Deus e tocou alguém, seja com uma orientação ou com cura física. 
      Podemos dizer que milagre é algo que acontece e que não se tem explicação científica de porque aconteceu. O correto é não sairmos dizendo que houve milagre sem analisarmos o ocorrido com cuidado. Muitos dizem provarem milagres mais para exaltarem a fé do homem que o poder de Deus, e muito disso é feito para que pastores sejam famosos, aumentem o número de ovelhas em suas igrejas e recebam mais dízimos. Mas mesmo que seja só a satisfação pessoal de se ter recebido uma graça, pode não ser algo saudável, não precisamos de milagres para provarmos comunhão, proteção, suprimento e cura em Deus. Deus tem interesse que sejamos crentes e espirituais, tanto quanto racionais e inteligentes. 
      Quem anda com Deus está sempre sincronizado com a bênção, mas quem quer amadurecer em todas as áreas, valorizará ciência, estudos, trabalho, tanto quanto saúde mental e afetiva, assim como virtudes morais e profunda intimidade espiritual com Deus. Quem anda de forma madura com o Senhor sabe que precisa fazer sua parte e fará, mas também sabe quando precisa orar de maneira diferenciada pedindo que Deus atue espiritualmente, e creiam, Deus age. Se os céticos e materialistas soubessem o poder que tem a oração não desacreditariam de milagres, mas se evangélicos desinformados e outros mal intencionados soubessem o que Deus faz pelos que o obedecem não promoveriam falsos milagres. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão
José Osório de Souza, 6/11/2021

26/08/22

Testemunho de milagre (26/92)

      “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.Mateus 6.6-8

      Milagre pode não ser o que se recebe, mas o quando e o como se recebe. Minha família teve recentemente uma experiência abençoada, uma renda que eu tinha estava diminuindo, assim, uma solução viável seria aumentar a renda de minha esposa, para que pudéssemos manter nossa vida financeira em ordem. Minha esposa, que trabalha na área do ensino público do estado de São Paulo, recebeu um convite para um cargo novo que melhoria seus ganhos, mas isso só se realizaria no próximo ano, estávamos ainda em outubro. Eu já estava orando a Deus há algum tempo para que minha esposa tivesse uma evolução profissional, mas naquele mês eu aumentei meu clamor, eu estava bem aflito. 
      Na madrugada de uma segunda-feira para a terça-feira, enquanto eu orava ao Senhor, senti uma conexão forte com Deus, especial, e entendi do Espírito Santo a seguinte palavra: “o que você pede já está sendo feito neste momento”. Pela fé fiquei em paz, confiante que no próximo ano minha esposa teria uma promoção que resolveria nossa dificuldade financeira. Contudo, na terça-feira, ainda pela manhã, minha esposa telefonou me dando a notícia. Uma diretora de uma escola estadual, que estava se tornando escola integral (p.e.i.), tinha ligado para ela naquela manhã, convidando-a para ser vice-diretora e que poderia começar já em novembro, o salário seria maior que o que ela teria no cargo do outro convite.
      Entretanto, algo que a diretora falou nos deixou estarrecidos, ela disse que naquela noite tinha sonhado com minha esposa, vendo-a como a nova vice-diretora da escola. A mulher conhecia minha esposa superficialmente, não eram próximas, nem sabíamos qual sua religião, mas o entendimento que tive foi que no momento em que eu orava, na madrugada, Deus enviou um anjo à casa da diretora influenciando seu sonho. Acredite, meu relato é verdadeiro e fiel, além de minha esposa receber uma promoção profissional, foi melhor que o que esperávamos pelo outro convite e antes do tempo. Era algo impossível? Não, minha esposa tinha as qualificações profissionais adequadas, o milagre não foi o cargo em si.   
      Penso que se nossas vidas não estivessem em comunhão com Deus, se não houvesse em nós um temor para buscar o Senhor com todo o coração e crer que ele poderia atender o pedido, a resposta poderia nem ter sido dada. Não ocorre assim tantas vezes com os seres humanos? Algo parece justo, possível, mas não acontece? Por outro lado, como seres humanos que andam perto de Deus, se nossa oração tivesse sido só burocrática, feita, mas com certa frieza, talvez só tivesse sido respondida no próximo ano. Contudo, a resposta veio antes e melhor, parece que Deus solucionou um problema material, mas também recompensou um amadurecimento espiritual, o milagre foi o quando e o como.
      Tempos depois minha esposa soube que o outro cargo, que tinha sido prometido a ela por uma amiga que a conhecia bem, nem era tudo que achávamos que era. Se tivéssemos nos acomodado com o que pensávamos que era o justo e o possível, talvez tivéssemos ficado sem nada. O viável pode acontecer neste mundo? Pode. É controlado por Deus? É, tudo é. Mas o justo e o possível, por si sós, nos amadurecem espiritualmente? Não. Por isso temo pelos que, ainda que cidadãos honestos e esforçados, só confiam em si mesmos e nos sistemas deste mundo. Viver é mais que administrar o que se vê, o que se pode, o que se constrói com as próprias mãos. Vida eterna é se relacionar com Deus e crescer pela fé. 
      Certas coisas nos pegam de jeito nesta vida, parece que perderemos tudo, que não haverá saída, mas acredite, em Deus sempre há! Grandes provas trazem enormes crescimentos, e faltas significativas são só boas oportunidades de libertação, Deus tira porque não nos faz bem e tem algo muito melhor para nos dar. Não podemos é nos perder, antes, focarmos na oração, ultrapassarmos limites de fé, superarmos a nós mesmos e sem medo avançarmos para o desconhecido. Se Deus manda, Deus capacita, e os maiores desafios o são porque nos colocam diante do que não sabemos, assim, mais confiança em Deus é necessária. Contudo, se formos aprovados, sairemos mais fortes, mais livres, mais felizes. 

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a 2ª parte desta reflexão
José Osório de Souza, 6/11/2021

25/08/22

O justo vive pela fé (25/92)

      “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.” Romanos 1.17

      O versículo inicial fala do justo, alguém que antagoniza com o soberbo, citado em Habacuque 2.4. Enquanto o soberbo é materialista, o justo tem uma característica essencialmente espiritual, fé. Viver pela fé não é fácil, é escolha que Deus nos dá num determinado momento de nossas vidas de forma clara, assim todos seremos questionados pelo Senhor se queremos seguir pela fé nele ou sozinhos. Como vimos antes, sozinho ninguém segue, se não se quer Deus, adota-se ídolos. Alguns, dentro de boas igrejas, que iniciaram suas jornadas com sinceridade, num determinado momento são confrontados por Deus com a pergunta: “de agora em diante realmente terá que viver pela fé, você quer?”. Infelizmente muitos respondem não quero.
      Entenda que viver pela fé não se refere necessariamente a dependência de Deus na área material, principalmente para aqueles com chamadas ministeriais. Ocorre também que muitos dizem não, mas não assumem isso, nem para eles mesmos, continuarão em igrejas, se dizendo cristãos, falando e se vestindo como tais, defendendo Bíblia e o cristianismo, mesmo sendo pastores, pregadores, professores, teólogos. Esses são os que constróem “ídolos ideológicos” com cara de Deus, com boca de Deus, com corpo de Deus, mas só ídolos mortos e vazios, sem o Espírito de Deus. Para se viver pela fé tem que ser provado em provas em que não se terá outra saída que não seja crer em Deus, mesmo sem ver, sem ouvir e sem saber.
      O justo viverá pela fé! Por que a virtude justiça está aliada à fé? Podemos dizer, então, que injusto é o que não crê, ainda que tenha outras virtudes. Justiça é respeitar direitos, dar o bem a quem faz o bem e punição a quem não faz, mas mais que isso, o justo faz o bem a todos, e entrega o mau nas mãos de Deus para que faça justiça, não ele. Esse é o conceito de justiça do novo testamento, mas nesse caso alie-se o conceito de justificado por Cristo, assim ainda que não se tenha feito algo certo, se houver fé em Jesus pode-se ser livrado da justiça de Deus. Isso não implica em não colher em alguma instância efeito material ruim de uma causa ruim, ainda que o Senhor em sua misericórdia atenue a disciplina sobre o crente. 
      Mas o mistério por trás de “o justo viverá pela sua fé” de Habacuque 2.4 está em revelar a um povo do antigo testamento a importância da fé sobre as obras. Em outras palavras Habacuque diz, “o justo não é justificado por sua religião, pelos sacrifícios que faz no templo, por obedecer protocolos da Lei de Moisés”, não só por essas obras, mas principalmente por sua fé em Deus. Essa palavra é profética, Habacuque prenuncia o evangelho que oferece salvação pela fé em Jesus, o escritor da carta aos Romanos (Paulo?) estuda minuciosamente essa doutrina, inclusive citando Habacuque. Fé é o início, depois vêm as obras como efeitos dela, ela justifica para que pratiquemos obras, não obras religiosas, mas de virtudes morais. 
      Mesmo muitos cristãos sinceros e crentes, que já provaram ações (aparentemente) extraordinárias de Deus porque creram, não entendem o principal objetivo do Senhor em nos levar a viver pela fé. Deus não pede fé para que tenhamos coisas materiais que não podemos ter, mas para que conheçamos o mundo espiritual mesmo que encarnados no plano físico. O objetivo da fé é vida no Espírito e vai muito além de recebermos um benefício financeiro ou uma cura do corpo, ainda que essas coisas sejam relevantes para nós, e que o Senhor conceda-nos com amor. Quem se “inicia” no caminho da fé experimentará mistérios e terá acesso a conhecimentos especiais, reservados para os que aprendem a usar olhos e ouvidos espirituais. 
      O que nos leva a subir os degraus é a fé, para que atingindo uma posição trabalhemos para anexarmos aos nossos espíritos virtudes morais. Mas depois, novamente, seremos impulsionados por Deus para subirmos para um degrau mais alto, e novamente nos apropriarmos de novos valores morais, assim nos leva o evangelho, de fé em fé. Enquanto o soberbo se acomoda com as riquezas materiais que conquistou no mundo, com as próprias forças e para sua glória, o justo sabe que o caminho é infinito para quem quer espiritualidade eterna. Se a vaidade do mundo amarra, entedia e nunca satisfaz, a aventura espiritual é cada vez mais instigante, o objetivo da fé é cada vez mais elevado e iluminado, o que é bom sempre fica melhor. 

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a 1ª parte desta reflexão

24/08/22

O soberbo vive por si (24/92)

      “Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.Habacuque 2.4

      O versículo inicial é um que citamos com certa constância aqui, segue mais uma reflexão sobre ele. Para um entendimento melhor, recomendo leitura dos dois primeiros capítulos do livro de Habacuque. No primeiro capítulo o profeta apresenta a Deus sua indignação diante de um povo, seu povo, que vive em desobediência à vontade do Senhor, e ainda assim, aos seus olhos, parece que nada acontece, que nenhuma ação ocorre para que o povo seja disciplinado e mude de atitude. Assim, o texto fala sobre gente vivendo errado, construindo uma prosperidade falsa, baseada em injustiças, mas não sofrendo nada por isso. No capítulo dois está a resposta de Deus para a indignação do profeta revelada no primeiro capítulo. 
      Habacuque 2.4 apresenta dois tipos de pessoas, o soberbo e o justo. O soberbo, ou orgulhoso, é o que confia em si mesmo e em ídolos. Atualmente ídolo pode ser coisas bem diversas, não é só a estátua ou a imagem de um santo, como os evangélicos gostam de dizer. Uso constantemente aqui o termo “ídolo ideológico” para definir um ídolo, não feito de gesso, pedra, madeira, ou desenhado num papel ou em outro material, relacionado a uma pessoa morta que teve alguma relevância numa religião. Ídolo atualmente também não é só estátua ou desenho de entidades espirituais, como os deuses do afroespiritismo, não necessariamente isso, que podem nem ser falsos deuses, podem não ser Deus, mas não são falsos. 
      “Ídolo ideológico” é um ser criado por ideias, nem sempre verdadeiras, muitas vezes só mistificações e superstições, que não tem forma física, mas que é bem definido nas cabeças e nos corações humanos. Esses ídolos podem ser construídos mesmo com ensinos bíblicos, com conceitos aliados até ao Cristo, mas que não são o Jesus espiritual verdadeiro que habita as regiões celestiais mais elevadas e que envia seu Santo Espírito à Terra para ensinar, consolar e guiar os que o buscam. Não que muitos que comecem buscando ídolos não achem o Jesus verdadeiro, Deus é misericordioso, ouve a todos, busca a todos e responde mesmo linhas não tão retas de comunicação. Mas algo é certo, o arrogante quer ídolos, não Deus.
      A obsessão por ter ídolos revela um lado bom do ser humano, sua necessidade de Deus, contudo, se torna algo ruim quando se busca um substituto falso para o verdadeiro Deus, que ao menos aplaque essa necessidade legítima. A sede existe, se não puder ser saciada com água pura e fresca será com qualquer líquido que se achar, mesmo água suja e quente. O arrogante não quer Deus porque sabe que esse lhe mostra verdades que ele não quer assumir, mas ele precisa adorar alguma coisa, todo mundo precisa, por isso que não existe ateu genuíno, só existem idólatras, ainda que sejam da ciência. Coisas físicas resolvem problemas físicos, como a ciência, mas coisas físicas não solucionam questões espirituais ou morais. 
      Sem Deus, ainda que alguém comece moralmente correto, um dia agirá incorretamente, não verá problemas maiores em ser egoísta ou imoral, mesmo que se ache civilizado. Quando não subimos para Deus caímos longe dele, quem acha que não quer Deus porque não quer estar preso a algo que não pode provar materialmente, acaba ficando solto para cair no caos onde não existem referências morais ou espirituais, nem luz mostrando o caminho, só trevas. Dessa forma o soberbo errará e não se dará conta que está errando, verá o coração cauterizar, o espírito gelar, a mente tomada por falsos deuses. Quem idolatra político ou artista se afastou de Deus um dia, assim um ídolo só ocupa um espaço que está vazio.
      O soberbo não vive por fé, mas isso não significa que ele seja desonesto ou vagabundo, ao contrário, ele pode ser mais esforçado e exigente até que o justo. A diferença é que ele vive pelas próprias forças e pelos próprios méritos, assim, ainda que diga crer em Deus, seus frutos serão para sua honra, e ele, soberbo, orgulha-se disso. O soberbo tem dificuldade para amar, para respeitar, ele não tem paciência, mas exige dos outros o que exige de si mesmo. Contudo, o soberbo poderá ser levado a uma queda fatal, que o deixará dependente dos outros e pobre materialmente, para aprender o caminho da humildade, o caminho do amor, o caminho da fé que confia em Deus, glorifica a Deus e se prepara para viver com Deus na eternidade. 

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a 2ª parte desta reflexão

23/08/22

Jesus diz a verdade (23/92)

      “E perguntou-lhe um certo príncipe, dizendo: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe. E disse ele: Todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade. E quando Jesus ouviu isto, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me. Mas, ouvindo ele isto, ficou muito triste, porque era muito rico.” Lucas 18.18-23

      Por várias vezes tenho me surpreendido com discursos de maus políticos, por mais que saibamos que são fatos seu crimes, envolvendo corrupção e no governo atual desprezo à ciência, falando em palanques tentam dar argumentos convincentes e emocionados que não erraram. Pegam a exceção e tornam regra, e mesmo que tenham acertado só depois de terem sido muito cobrados, dizem que faziam isso desde o início. É mau caracter ou insanidade? Ambos, falam tanta mentira que acabam acreditando que é verdade.
      Algo que nos protege de egocêntricos gananciosos é não cairmos na armadilha do carisma e da oratória. Não só políticos usam esses dons, advogados e líderes religiosos também podem usar. Essa armadilha foca na forma e não no conteúdo, em como é dito e não no que é feito, na sedução de mostrar e falar o que queremos ver e ouvir, e não aquilo que quem mostra e fala realmente faz. Carisma e oratória em si nada têm de errado, o problema é usa-los para vender mentiras, que beneficiam quem fala, não quem ouve. 
      No texto bíblico inicial, o homem que se apresenta a Jesus é claramente alguém que queria viver religião para se exibir aos homens, não por amar a Deus. Sua intenção errada, assim como uma possível idolatria por Jesus, são delatadas quando ele bajula o mestre, que prontamente discerne isso e o repreende, não se deixando envaidecer pelo elogio do príncipe. Bom, só Deus! Se Cristo não aceitou bajulação, mais ainda nós e mortais que idolatramos podem aceitar. Amemos mais a Deus e deixemos para lá os fakes
      Jesus não foi deselegante com quem parecia querer honra-lo, mas ele conhecia o coração do homem, e naquele momento a verdade precisava ser dita porque ela era importante para resolver o principal problema do homem. A clareza de Jesus é certeira, ele foi no ponto e sem perder tempo, o Espírito Santo age assim conosco hoje. Quem tiver ouvidos espirituais, após perguntar a Deus ouvirá uma palavra, ela será imediata e atingirá o alvo, responderá, não necessariamente o que queremos ouvir, mas o que precisamos.
      Não foi Jesus quem procurou o homem, foi o homem quem tomou a iniciativa, mas penso que ele não queria uma orientação, ele queria um reforço para seu comportamento, uma aprovação para seu modo de vida, no fundo ele achava que fazia o suficiente para ser bom. Mas quem quer agradar o homem faz tudo, menos o principal, ele obedecia a lei porque isso os religiosos aprovavam, mas ele tinha um ponto fraco, suas riquezas. O Senhor é especialista em trazer à tona o que escondemos no fundo de nossos corações. 
      Sou a favor de elogio pelas boas ações, penso que ele incentiva as pessoas a seguirem fazendo as coisas certas, ainda que muitos digam que elogio envaidece e pode ser arma do mal. Mas creio que é melhor administrarmos a vaidade, que um elogio legítimo pode trazer, que carência e insegurança, que a ausência do elogio deixa, principalmente em crianças e jovens. Mas na passagem bíblica, o elogio do homem a Jesus revelava algo que não era simplesmente dar honra a quem merece, era algo que não era verdadeiro. 
      Quem elogia inadequadamente quer elogio ilegítimo, o príncipe elogiou Jesus porque queria “confete”. Mas como aprovar modo errado de vida? Jesus não fez isso, ele sempre age com verdade com quem o busca, ainda que isso doa. Jesus não aceitou ser chamado de bom pois quem o disse queria ser chamado assim sem merecer, eis a intenção atrás do elogio do príncipe. Jesus não creu na aparência, nas palavras, nem no elogio, não havia verdade nisso, só na verdade existe o bem e Jesus só queria o bem do homem.

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22/08/22

Não acredite em tudo (22/92)

      “E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol. Então passei a contemplar a sabedoria, e a loucura e a estultícia. Pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram. Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas.Eclesiastes 2.11-13

      Reputações são construídas e destruídas, conforme a conveniência de alguns, assim, não acredite nem em santos, nem em fascínoras, poucos de fato são tão bons como dizem ou tão maus como afirmam. Os seres humanos têm a tendência de acreditarem em extremos, isso tem a ver com a necessidade legítima que eles possuem de ter comunhão com Deus, o único ser de fato absoluto. Contudo, mal resolvida essa necessidade, saímos pelo mundo à caça de quem possa ocupar lugares extremos dentro de nós. 
      Quem muito idolatra, muito odeia, e quem idolatra e odeia demais é porque não ama corretamente a Deus. Amar a Deus é remédio para muitos males. Isso não deveria ser opcional, ainda que o próprio Deus dê livre arbítrio aos homens para isso, mas deveria ser imprescindível, cura para não se amar ou se odiar extremamente quem não merece nem uma coisa, nem outra. Idolatrar e odiar não são só consequências de falta de amor a Deus, é ser manipulado por quem inventa mentiras para que acreditemos e lucre com isso. 
      Contudo, amamos e odiamos equivocadamente não só porque cremos em mentiras, mas também porque muitas vezes julgamos só pela aparência. Você já deve ter tido a experiência de ver uma pessoa pela primeira vez e não se simpatizar com ela, mas depois, conhecendo-a melhor, perceber que ela é, na verdade, profunda e confiável. Por outro lado, muitos que amamos à primeira vista, depois vemos que são pessoas superficiais, pouco confiáveis. Precisamos de tempo para não julgar alguém equivocadamente.
      No mundo atual temos que tomar muito, mas muito cuidado com a internet, no afã de quererem divulgar novidade, novidade vende mais, muita mentira é inventada. Saber de fato o que é verdade é difícil no mundo virtual, e isso muda de um dia para o outro. A humanidade sempre foi assim, no Egito antigo, quando um novo faraó tomava o poder, ele destruía o legado do anterior, caso fosse seu inimigo, novos deuses eram eleitos, novos monumentos eram erguidos, uma nova memória era construída.
      Quem frequentou os ensinos fundamental e médio na década de 1970, lembra-se da matéria “Educação, Moral e Cívica”, onde aprendíamos sobre símbolos e heróis nacionais. Eram os heróis eleitos pelo governo federal vigente, militar e de direita, muitos nomes que ficaram em nossas memórias hoje sabemos que não eram tão heróis assim. Os heróis de hoje são os vilões de amanhã e vice-versa, a história não é uma ciência exata e é sempre contada pelos vencedores, ou os que detêm principalmente o poder econômico. 
      O autor de Eclesiastes está certo quando diz que tudo é vaidade, passageiro, não confiável. Verdades maiores não têm prazos de validade, uma molécula de água, por exemplo, é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, isso não vai mudar. E as pessoas, o que elas são? Aí é mais complicado, nem elas sabem o que são, passamos a vida tentando descobrir quem somos, e muitas vezes enganamo-nos e aos outros com muita habilidade. Por isso não se pode santificar uns e demonizar outros, em tudo há exageros. 
      Não acredite em tudo que você vê, ouve, lê ou assiste, creia em Deus, mas ainda assim saiba, a verdade maior de Deus se conhece aos poucos e com perseverança. A insistência faz com que nos preparemos, que mudemos por dentro, para que sejamos moralmente confiáveis para que Deus possa nos revelar mistérios. Contudo, algo é certo, conhecer a Deus é amá-lo cada vez mais, quem ama confia, obedece e não trai, quem conhece a verdade maior do Senhor não perderá tempo idolatrando ou odiando quem quer que seja.

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