quinta-feira, agosto 25, 2022

O justo vive pela fé (25/92)

      “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.” Romanos 1.17

      O versículo inicial fala do justo, alguém que antagoniza com o soberbo, citado em Habacuque 2.4. Enquanto o soberbo é materialista, o justo tem uma característica essencialmente espiritual, fé. Viver pela fé não é fácil, é escolha que Deus nos dá num determinado momento de nossas vidas de forma clara, assim todos seremos questionados pelo Senhor se queremos seguir pela fé nele ou sozinhos. Como vimos antes, sozinho ninguém segue, se não se quer Deus, adota-se ídolos. Alguns, dentro de boas igrejas, que iniciaram suas jornadas com sinceridade, num determinado momento são confrontados por Deus com a pergunta: “de agora em diante realmente terá que viver pela fé, você quer?”. Infelizmente muitos respondem não quero.
      Entenda que viver pela fé não se refere necessariamente a dependência de Deus na área material, principalmente para aqueles com chamadas ministeriais. Ocorre também que muitos dizem não, mas não assumem isso, nem para eles mesmos, continuarão em igrejas, se dizendo cristãos, falando e se vestindo como tais, defendendo Bíblia e o cristianismo, mesmo sendo pastores, pregadores, professores, teólogos. Esses são os que constróem “ídolos ideológicos” com cara de Deus, com boca de Deus, com corpo de Deus, mas só ídolos mortos e vazios, sem o Espírito de Deus. Para se viver pela fé tem que ser provado em provas em que não se terá outra saída que não seja crer em Deus, mesmo sem ver, sem ouvir e sem saber.
      O justo viverá pela fé! Por que a virtude justiça está aliada à fé? Podemos dizer, então, que injusto é o que não crê, ainda que tenha outras virtudes. Justiça é respeitar direitos, dar o bem a quem faz o bem e punição a quem não faz, mas mais que isso, o justo faz o bem a todos, e entrega o mau nas mãos de Deus para que faça justiça, não ele. Esse é o conceito de justiça do novo testamento, mas nesse caso alie-se o conceito de justificado por Cristo, assim ainda que não se tenha feito algo certo, se houver fé em Jesus pode-se ser livrado da justiça de Deus. Isso não implica em não colher em alguma instância efeito material ruim de uma causa ruim, ainda que o Senhor em sua misericórdia atenue a disciplina sobre o crente. 
      Mas o mistério por trás de “o justo viverá pela sua fé” de Habacuque 2.4 está em revelar a um povo do antigo testamento a importância da fé sobre as obras. Em outras palavras Habacuque diz, “o justo não é justificado por sua religião, pelos sacrifícios que faz no templo, por obedecer protocolos da Lei de Moisés”, não só por essas obras, mas principalmente por sua fé em Deus. Essa palavra é profética, Habacuque prenuncia o evangelho que oferece salvação pela fé em Jesus, o escritor da carta aos Romanos (Paulo?) estuda minuciosamente essa doutrina, inclusive citando Habacuque. Fé é o início, depois vêm as obras como efeitos dela, ela justifica para que pratiquemos obras, não obras religiosas, mas de virtudes morais. 
      Mesmo muitos cristãos sinceros e crentes, que já provaram ações (aparentemente) extraordinárias de Deus porque creram, não entendem o principal objetivo do Senhor em nos levar a viver pela fé. Deus não pede fé para que tenhamos coisas materiais que não podemos ter, mas para que conheçamos o mundo espiritual mesmo que encarnados no plano físico. O objetivo da fé é vida no Espírito e vai muito além de recebermos um benefício financeiro ou uma cura do corpo, ainda que essas coisas sejam relevantes para nós, e que o Senhor conceda-nos com amor. Quem se “inicia” no caminho da fé experimentará mistérios e terá acesso a conhecimentos especiais, reservados para os que aprendem a usar olhos e ouvidos espirituais. 
      O que nos leva a subir os degraus é a fé, para que atingindo uma posição trabalhemos para anexarmos aos nossos espíritos virtudes morais. Mas depois, novamente, seremos impulsionados por Deus para subirmos para um degrau mais alto, e novamente nos apropriarmos de novos valores morais, assim nos leva o evangelho, de fé em fé. Enquanto o soberbo se acomoda com as riquezas materiais que conquistou no mundo, com as próprias forças e para sua glória, o justo sabe que o caminho é infinito para quem quer espiritualidade eterna. Se a vaidade do mundo amarra, entedia e nunca satisfaz, a aventura espiritual é cada vez mais instigante, o objetivo da fé é cada vez mais elevado e iluminado, o que é bom sempre fica melhor. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

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