21/09/22

Sincera religiosidade: até quando? (52/92)

      “A justiça do sincero endireitará o seu caminho, mas o perverso pela sua falsidade cairá.Provérbios 11.5

      O estilo crítico deste espaço pode levar alguém a interpretar errado sua intenção, e é justamente sobre isso esta reflexão, sobre intenção sincera do bem. Não duvido da boa sinceridade de muitos cristãos em cultuarem a Deus em igrejas católicas, protestantes e evangélicas, não duvido da boa intenção de muitos pastores em pregarem e manterem ministérios. Não podemos duvidar da intenção sincera do bem de ninguém, jamais, Deus ama a todos e a todos atende. O ponto, contudo, que precisa ser levantado nestes tempos atuais, é que muitos, ainda que sinceros e bem intencionados, se acomodam e se acovardam. 
      Por que nestes tempos atuais? Porque vivemos tempos decisivos, quando uma mudança precisa ocorrer, quando o velho e imperfeito cristianismo precisa ser confrontado sem medo para o bem da humanidade. Só assim as pessoas poderão de fato ter experiências retas e puras com Deus, pelo Espírito Santo e através de Jesus. Você que me lê, precisamos agir, e nem vou usar o termo “pensar fora da caixinha”, já que muitos usam esse termo, mas na verdade só saem da caixa menor para outra um pouco maior, e seguem presos. A ação é orar mais, para vivermos mais em santidade, amor e humildade, sermos melhores cristãos. 
      Conheço muitos pastores sinceros, não são só gananciosos vendendo fé para ganhar dízimos, objetivando grandes ministérios só por fama e grana, não, existem muitos pastores homens de bem, tanto nas igrejas protestantes tradicionais quanto nas pentecostais. Existem também padres corretos, que fazem o que podem para ajudar a conduzir a Deus homens e mulheres dentro do catolicismo. Deus conhece o coração sincero de todos esses e lhes recompensa com paz e com vida eterna, ninguém se engane sobre isso. Contudo, muitos seguem, ainda que fazendo tudo que podem, limitados pelas cercas da religião. 
      Critico a religião muito aqui, mas o que seria religião? Não me refiro à definição tradicional, dada principalmente à religião cristã, o religare, a religação do homem a Deus por meio de Cristo, ou em outra religião, por outro meio. Quando digo religião me refiro a construções e tradições humanas, ainda que sobre bases legitimamente de Deus, que homens fazem, para que outros homens creiam. Isso, contudo, de forma cômoda, aceitando sem fazer críticas, só porque acham que são coisas de Deus. Religiões citam Deus, até tentam usar a Deus, e tudo isso Deus usa, mas tudo isso não é o Deus verdadeiro e pleno.
      Deus olha com especial afeto os que se colocam entre cercas e tentam ser fiéis ao que lhes ensinam dentro delas, e muitos fazem isso com todo o coração, com pura humildade, com fidelidade e sem hipocrisia. Conheço, especialmente, irmãos católicos e da Congregação Cristã no Brasil assim, só para citar dois exemplos. Quem conhece sabe que essas religiões em especial exigem seguimento de protocolos nada fáceis, no catolicismo são os sacramentos, os dogmas, as festas, os santos, na Congregação são os costumes e outras diretrizes, que levam pessoas a assumir suas religiosidades sem temer o que outros pensam. 
      Confesso que tenho certa inveja de alguns religiosos, às vezes queria ter a chamada de Deus que eles têm, parece mais fácil, e não veja nisso ironia ou falta de respeito com o que outros creem. Mas para sermos realmente sinceros no que vivemos temos que ser fiéis às nossas chamadas pessoais, à fé em que cada um de nós é chamado para conhecer a Deus e ser um bom ser humano no mundo. Muitos evangélicos acham que podem converter qualquer um à sua religião, isso não é verdade. Se alguém que se dizia de outra religião veio para uma denominação evangélica, é porque na verdade nunca foi da outra religião. 
      Nunca foi porque nunca deveria ter sido, tinha uma chamada de Deus e estava desobedecendo-a em outra religião. Um bom católico nunca vai deixar o catolicismo para ser protestante, muitos podem dizer que conhecem ex-católicos que se tornaram evangélicos, mas será que de fato algum dia foram católicos? Penso que mesmo que tenham sido adeptos atuantes do catolicismo, em seus corações sempre houve dúvidas, não tinham paz onde estavam. Por outro lado, mesmo que sejamos protestantes abertos que até aceitam entendimentos de outras religiões, se nossa chamada é ser protestante devemos permanecer assim. 
      Nem tudo que cremos deve ser compartilhado com os outros, e nem tudo que não cremos deve ser mudado, importa-nos boas obras apoiadas em fé sincera. “A justiça do sincero endireitará o seu caminho”, isso significa que onde há boa sinceridade ainda que se comece torto se achará no final o caminho reto. “Mas o perverso pela sua falsidade cairá”, quem não é sincero do bem é falso, pode até querer mostrar que é uma coisa, mas no coração é outra. Esse não ficará de pé para sempre, um dia a verdade virá à tona, então, terá que tomar uma decisão do lado da boa sinceridade, ou não, seguirá falso e muito infeliz. 
      É a fidelidade a uma fé verdadeira que leva muitos a serem sinceros e bem intencionados mesmo em religiões imperfeitas. Não devemos julgar ninguém porque não sabemos como Deus trabalha nos corações, usando religiosidades, mesmo diferentes da protestante e evangélica, para mudar o caracter das pessoas. Entendamos que o objetivo de Deus não é que as pessoas tenham religiões perfeitas, elas não existem e até agora nunca existiram. O objetivo de Deus é aperfeiçoar as pessoas, liberta-las de vícios, curá-las de feridas emocionais, dar a elas perdão e paz para que ajudem todos a seguirem para a sua luz mais alta em amor. 
      A religiosidade de muitos é sincera, mas até quando isso bastará? Assim, voltamos ao ponto do início desta reflexão, os tempos urgem, logo não bastará mais ser bem intencionado dentro de cercas construídas por homens. Os próprios homens não estão suportando mais ficar entre cercas, o alimento limitado que eles recebem das religiões institucionalizadas não está saciando mais a espíritos que estão sendo libertados pela ciência e por bandeiras sociais que pedem direitos iguais a todos. Os olhos estão sendo abertos, e como o cristianismo tradicional não fez isso, o materialismo fez, contudo, esse não pode alimentar o espírito. 
      A razão foi despertada, isso só deixará mais clara a necessidade espiritual, de forma que religiões tradicionais não bastarão mais. O único que pode evoluir o espírito humano é o Espírito Santo de Deus, o mesmo que as religiões tentaram sufocar e por isso morreram. O novo não se esquecerá da Bíblia, mas a interpretará de maneira mais correta, o novo não desprezará o Cristo, mas porá Jesus em seu lugar mais alto, o novo, apesar de despertado pelo materialismo, não será ateu, mas realmente espiritual e unirá a humanidade, destruindo todas as cercas. Acharão o novo os que se despojarem do comodismo e do medo. 

20/09/22

Leia, ore e viva melhor (51/92)

      “Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.Mateus 25.23

      Podemos dividir os seres humanos em dois grupos: o primeiro grupo é o que tem curiosidades espirituais inatas, o segundo grupo é o que se acomoda ao conhecimento que recebeu em sua juventude. Uns sempre questionam, não se acomodam à hipocrisia ou por medo. Mas entenda certo, pessoa que vê defeito em tudo e que reclama de todos não é necessariamente uma curiosa espiritual, pode ser assim e se acomodar a uma religião ou igreja e ficar nelas a vida toda, sempre insatisfeita. Contudo, também não ache que ter medo é aviso que não deve superar limites, na medida certa medo é saudável, nos protege de riscos desnecessários. 
      Quando Deus nos chama para conhecer mais, sentimos certo medo, assim vamos com calma. A leitura é algo que nos põe em contato com novos conhecimentos, de ler não devemos ter medo. Muitos cristãos têm vidas espirituais limitadas porque têm medo até de ler um texto religioso que não seja a Bíblia ou ensinos teológicos evangélicos. Sobre religião, leia tudo, principalmente o que te causa alguma apreensão, se há medo, há o desconhecido, e aprender requer em primeiro lugar que admitamos que não sabemos tudo e que muitas coisas nos são desconhecidas. Não é porque discordamos que é mal, principalmente se não conhecemos.  
      Há muita coisa interessante para se ler sobre religião, espiritualidade e Deus, sim, também há muita bobagem, da mesma maneira que há no cristianismo. A primeira dica é: vá às fontes, aos textos de fundadores, conheça a raiz antes dos galhos. Um segredo de ler bem é adquirir livro não pelo título ou pelo assunto, mas pelo autor. Pesquise sobre o autor, e esteja preparado para as polêmicas sobre ele, assim como para os críticos, que muitos vezes querem aparecer mais que os autores. Alguns exercem a função de crítico, não por terem experiência para fazer análises justas, mas por recalque, como se diz, quem não faz vira crítico. 
      Li certa vez um livro, o autor escreveu sobre o tema proposto de um jeito simples e profundo, contudo, a biografia inicial do autor, disponível na edição que comprei, me ensinou tanto quanto o resto do livro. Pude conhecer, através de um histórico detalhado feito por um escritor sério, que respeitou o autor, mas não se deixou levar pela paixão, a prática de vida do autor. De fato havia em sua história episódios duvidosos, nada espirituais, e eis outra coisa importante para avaliarmos a relevância de livro religioso. Não considere só a originalidade do autor no assunto, mas em se tratando de espiritualidade, verifique como ele pratica sua teoria. 
      Depois que você ler e entender, ore, com muita sinceridade e sem conceitos pré-concebidos, pergunte a Deus o que é verdade e o que não é, o que poderá abençoá-lo e o que nao poderá, insista nessa oração, preparado para todas as respostas. Deus mostra sua vontade a nós de várias maneiras, em primeiro lugar dando-nos ou não paz sobre um assunto, mas depois, o Senhor pode falar de maneiras bem diversas. Um conselho, certos questionamentos convém que você mantenha em segredo, entre você e Deus, tente não falar com outras pessoas a respeito, principalmente se forem cristãos do tipo conformado, não escandalize ninguém.
      Algo muito importante precisa ser dito: Deus é sábio, não chama uma pessoa para novos conhecimentos para que esses a prejudiquem, para que ela se perca, assim siga avaliando tudo com sabedoria. Leia, ore, então, viva melhor, a busca deve fortalecê-lo, não enfraquecê-lo, deve fazê-lo feliz, com desejo e com forças para ser mais santo. Se a busca estiver prejudicando você de alguma maneira, se estiver te levando a ser alguém pior que era antes da busca, e pior em termos morais, pare tudo. Sê fiel no pouco, antes de querer ser fiel no muito, o que vem de Deus é verdade, luz e excelência, não confunde, esclarece, não rebaixa, eleva. 

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a 1ª parte desta reflexão

19/09/22

Esotérico ou exotérico? (50/92)

      “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” I Coríntios 13.12

      Por várias vezes tenho dito aqui que Deus pode ser conhecido mais profundamente, não sem religiões, mas apesar delas, e mais, além delas. Existe um conhecimento público (exotérico) e um secreto (esotérico), e não confunda aqui secreto com satanista, há conhecimentos públicos do bem como há do mal, assim como há conhecimentos secretos de ambos. Costumamos entender algo escondido como errado, como do mal, e isso também é verdade, mas o próprio Deus esconde coisas boas de seus filhos quando eles não estão preparados para tais conhecimentos. Até o bem conhecido no momento errado e por pessoas erradas pode fazer mal. 
      O termo esotérico nos é mais conhecido, os cristãos o aliam ao ocultismo, à magia, a ordens secretas e mesmo a religiões orientais. Já o termo exotérico, com “x”, é menos usado, mas ele é justamente o que tecnicamente se refere ao nível de cristianismo com o qual a maioria dos cristãos interage. Católicos, evangélicos e protestantes leigos, e mesmo muitos sacerdotes, pastores e reverendos, só conhecem o cristianismo exotérico, não o esotérico. O que seria o cristianismo esotérico? Os dons espirituais, descritos por Paulo em I Coríntios 12, são a porta para esse cristianismo, o preservado por Deus dos não devidamente preparados. 
      As religiões criam cercas e deixam portas bem fechadas, principalmente a católica, no intuito de manterem certos conhecimentos nas mãos de poucos para dominarem sobre muitos. Se pensarmos assim, as denominações protestantes mais tradicionais, mais próximas da teologia original da reforma, apesar de terem se descartado de doutrinas católicas adicionais à Bíblia, incluindo livros de seu cânone, estão mais próximas da intenção católica de manter a maioria no exoterismo cristão. Já as pentecostais, por permitirem experiências com dons espirituais, deixam a porta aberta ao cristianismo esotérico, é claro que isso é faca de dois gumes.
      Um cristianismo amarrado a dogmas e à palavra escrita na Bíblia, fica limitado a leis, mas impede mais facilmente desvios, já aquele livre para dons espirituais pode ser presa da subjetividade humana. Se alguém diz que sabe de algo ou que deve fazer algo porque o Espírito Santo lhe mandou, fica mais difícil ir contra, ainda que não se tenha tido a mesma experiência. Nesse caso, o mais sensato é utilizar com sabedoria as duas coisas, a palavra revelada e a escrita, cuidando que uma não contrarie a outra, não de maneira extrema. Uma causa de tantas sizões na igreja evangélica é o pentecostalismo, mas até que ponto isso é realmente problema? 
      Conhecimento público é mais material, já o secreto é mais espiritual, indiferente se sejam do bem ou do mal. Não que o cristianismo exotérico não nos ensine sobre coisas espirituais, mas ele vai só até um ponto, e nos prende ao tradicional e coletivo. Já o esotérico é busca pessoal, vai além da tradição e nos revela o mundo espiritual com mais profundidade. Liberdade nunca é ruim, mas ela deve ser o início, que nos conduza no final a conhecimentos e práticas corretas e altas. Assim, o pentecostalismo, apesar de parecer levar muitos a infantilidades, pode ser o começo da maturidade, já o não pentecostalismo mantém todos na infância sempre. 
      Mas não sejamos limitados nem façamos generalizações, o que conduz o ser humano ao conhecimento espiritual mais elevado é seu coração e a aprovação de Deus, que nada mais são que demonstradores de sua vocação, isso é indiferente da igreja ou da religião que o ser professa. Existem cristãos protestantes mais esotéricos que pentecostais que falam línguas espirituais estranhas, e mesmo no catolicismo Deus chama muitos para conhecê-lo com intimidade. Igreja e religião não importam, a chamada é espiritual, se existe, de algum jeito e em algum momento da vida, a pessoa ouvirá o Espírito Santo e buscará respostas a seus questionamentos.

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a 2ª parte desta reflexão

18/09/22

Obra de Deus, não de homens (49/92)

      “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas. Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; e sereis até conduzidos à presença dos governadores, mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.” Mateus 10.16-20

      A verdade é que não podemos ter o céu na Terra, aquele céu que cristãos imaginam que existirá baseados nas profecias de Apocalipse, com ruas e castelos de ouro e pedras preciosas e com uma multidão entoando hinos de louvor. O Vaticano é exemplo explícito da tentativa de se criar o céu na Terra, assim como as luxuosos catedrais católicas distribuídas pelo planeta. Mas não escapam disso os protestantes, nos E.U.A., na Coréia do Sul, no Brasil, por exemplo, com enormes templos. Isso tudo é realmente necessário? 
      Mas não é só o cristianismo que cai nessa tentação, outras religiões também perdem a intenção sincera e simples do início e se tornam presas de institucionalizações, tentando se empoderar no mundo, criando convenções e confederações, adquirindo editoras de livros, canais de televisão etc. Isso tudo produz riqueza material, que até poderia ser usada para caridade e auxílio aos necessitados, mas dificilmente o homem resiste à tentação, e nem é a do dinheiro, mas a da vaidade de ser reconhecido como importante no mundo. 
      Existe sinceridade em muitas instituições religiosas, muitas delas são bem mais humildes e sensatas que a Igreja Católica, isso é verdade. Uma revelação também precisa de ferramentas para ser compartilhada, livros ainda são o meio mais eficiente e duradouro, editados na maior número de idiomas possível, compartilhados não só em papel, mas em arquivos digitais pela internet. Mas será que é preciso mais que isso? Que as pessoas pratiquem o que creem, se reúnam em grupos pequenos, deem liberdade ao Espírito. 
      Podem argumentar, “se deixarmos a coisa correr solta ela se perde”, a esses eu respondo que sim, nos primeiros momentos, aqueles que receberam as fontes originais, devem ter cuidado, mas isso não pode ser mantido para sempre. Em menos de um século, Pedro, João e Paulo, por exemplo, faleceram, o que ficou foram seus textos, o trabalho que começou em Deus é mantido por ele, não por homens. Contudo, em algum momento o homem se acha dono da revelação, assim cria uma instituição para controlar as coisas. 
      Alguém pode me acusar de utópico, de estar fora da realidade, mas experiência espiritual não é isso? Um ideal de vida que nos é ensinado por um plano invisível, fora da realidade do mundo material? Que o espiritual seja de fato espiritual, que os seres humanos no mundo físico vejam só os frutos disso, amor, paz, santidade, virtudes morais. Jesus homem existiu assim, vivendo e ensinando, sem vaidades, sem religião, só ele, o pai e aqueles que o pai lhe dava e que estavam prontos para aprenderem sobre a vida eterna.
      No texto bíblico inicial Jesus dá uma orientação simples aos primeiros que enviou como missionários, principalmente quando fossem pressionados pelos homens maus do mundo. Se fazemos uma obra que não é nossa devemos nos dispor e estarmos preparados, mas confiantes que o Senhor da obra é quem a realiza através de nós. Por não confiarem no Espírito Santo é que tantos se põem na posição de donos de religiões, de crenças e de igrejas, tentando fazer pela carne algo que só o Espírito Santo pode fazer. 
      Interessante que os lobos descritos, além dos governadores, que podem ser cargos políticos ou militares, são os sinédrios, grupos de líderes judeus da área religiosa e de outras áreas, e as sinagogas, portanto gente da religião dos judeus, não de religiões pagãs. Entendemos que o principal inimigo dos verdadeiros cristãos são religiosos da religião de Israel. Isso também ocorre hoje, quando uma revelação mais profunda de Deus é manifestada, se levanta contra, não outras religiões ou ciência, mas o próprio cristianismo tradicional. 
      Isso ocorre porque o Vaticano e as denominações protestantes e evangélicas temem a Deus, zelam pela verdade mais pura recebida de Cristo? Não, ocorre porque as instituições tradicionais e seculares têm medo de perder seus poderes e lucros, ocorre por ganância e vaidade. Mas Jesus no céu mais alto e o Espírito Santo ligando o homem a Deus, são mais fortes, seguirão atraindo a humanidade em amor à luz do Altíssimo. Deus, o pai, não nos deixa sozinhos, quem o busca, o acha, não é enganado pelos desviados.
 
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a 1ª parte da reflexão
“Humildade para compartilhar
obra de Deus, não de homens”
José Osório de Souza, 5/10/2021

17/09/22

Humildade para compartilhar (48/92)

      “Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmosRomanos 12.16

      É normal, todos nós quando recebemos algo bom queremos compartilhar com os outros. Pode ser um presente, a aquisição de um carro, de uma casa, de um celular, para nós músicos, a compra de um instrumento musical, mas também boas notícias como um aumento de salário, um compromisso de noivado ou casamento, o nascimento de um filho, uma viagem. Nos faz felizes, não queremos esconder, queremos que muitos saibam, como se diz, algumas coisas gostaríamos de sair na rua anunciando aos gritos. 
      Não pode ser diferente com uma experiência religiosa, com uma experiência com Deus, se nos faz bem queremos que os outros saibam, e mais, queremos que os outros também tenham a experiência. Muitos não entendem protestantes e evangélicos, o porquê deles tanto quererem falar de suas crenças. É simples, eles têm experiências reais e poderosas com Deus, que impressionam seus sentimentos e mudam suas vidas, não querem guardar isso só para eles, querem que os outros saibam e experimentem a mesma a coisa. 
      Uma coisa é um testemunho religioso pessoal, outra coisa é usar religião para promoção, não de Deus, mas da instituição, e consequentemente de homens que a lideram e que podem ter algum lucro com isso. Uma religião não cresce porque é falsa, não a princípio, populariza-se pois seres humanos sinceros experimentam Deus através dela, é o que vem depois que pode torná-la falsa. Homens gananciosos veem que podem ganhar algo com as pessoas que a religião atraiu, então, testemunho sincero banaliza-se. 
      Enquanto há compartilhamento honesto, há o que ser compartilhado, experiências vivas com Deus, mas quando passa a ser popularização forçada, para atrair mais homens e encher templos, as pessoas não vêm mais para terem experiências com Deus, vêm pelos falsos benefícios que homens usam para atraí-las. Sinceros ainda se aproximam e têm experiências reais? Sim, mas a maioria vem pelo modismo, não veio no início motivada por algo verdadeiro, mas vem agora seduzida por homens, não atraída por Deus. 
      Nisso algo que começou puro e poderoso torna-se falso e ralo. O que é falso não se mantém, novas falsidades devem ser inventadas e adicionadas para que a instituição se mantenha atraente, lotando templos e dando lucro aos líderes. Nesse momento a banalização está concluída. A pergunta que fazemos é: até que ponto a popularização de religiões é saudável? Ou mais, é vontade de Deus? O cristianismo se corrompeu quando deixou as reuniões secretas nas catacumbas e se mudou para os palácios dos imperadores? 
      O assunto se resume à humildade, mesmo que a experiência com Deus seja real e forte, não devemos nos sentir melhores por isso, o vaso não é superior ao óleo raro e perfumado que contém. Muitos, vendo o valor do óleo, querem manipula-lo ou mesmo simula-lo, para que haja mais dele para ser comercializado, também embelezam os vasos, a fim de valorizarem o falso óleo. Esquecem-se que óleo puro só Deus pode conceder ao humildes, cujos vasos podem ser os mais simples possíveis, Deus não abençoa pela aparência. 
      Assim também surgem as divisões, é difícil haver unanimidade na ganância e na vaidade, homens diferentes usam elementos e meios diferentes para aumentar o óleo original. Também criam designs distintos de vasos para tornarem mais sedutores os óleos falsificados e fazerem crescer seus lucros nos negócios. Deus une, não divide, porque ele trabalha pelo seu Santo Espírito e esse é indivisível. Deus pede vasos limpos e vazios para encher com seu óleo, mas é indiferente o vaso ser de barro ou de alabastro. 
      É tempo, não de construção, mas de desconstrução, para reconstruir algo no lugar? Não mais. Deus não precisa mais de construções físicas para chamar a atenção dos homens, eles já amadureceram o suficiente intelectual e emocionalmente. Podemos entender as coisas espirituais do jeito puramente espiritual, sem véus, podemos conhecer a Deus sem intermediários que não sejam Jesus e o Santo Espírito, um sendo a porta e o outro conduzindo-nos a ela. Os tempos são de mudança, que ela não nos pegue despreparados. 

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a 2ª parte da reflexão
“Humildade para compartilhar
obra de Deus, não de homens”
José Osório de Souza, 5/10/2021

16/09/22

Salvação pela fé (47/92)

      “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” Efésios 2.4-9

      O cristianismo tradicional não pesa corretamente fé e obras, desequilibra os ensinos, assim pode não entender adequadamente textos bíblicos como o inicial. O texto conclui dizendo que a salvação não vem de obras, mas pela fé, o ponto é entendermos o que é a salvação referida. Salvação é comunhão com Deus, não aperfeiçoamento imediato, ainda que haja uma perfeição em potencial, salvação nos sintoniza com a espiritualidade mais alta de Deus. Essa salvação, que é o início de um processo, começa com uma oração de fé onde nos colocamos em Deus, isso é o chamado novo nascimento.
      Essa é a diferença principal que a nova aliança do Cristo entrega à humanidade, com relação à velha aliança de Moisés, ela é importante porque só assim alcançamos pela fé uma posição espiritual acima de outros “deuses”. Os outros “deuses” que a Bíblia se refere tantas vezes, e que vemos em muitas mitologias, hinduísta, egípcia, babilônica, grega, romana etc, não são só imagens e estátuas vazias, meros frutos da imaginação humana. Essas imagens e estátuas são símbolos, ainda que criados por homens, de seres espirituais reais e que podem estabelecer contato com os homens.
      Esses seres ainda existem, só que o homem moderno não necessita tanto de reforços antropomórficos, zoomórficos ou antropozoomórficos como precisavam os antigos, ainda que as formas mistificadas ainda sejam invocadas mentalmente. O deus egípcio Anúbis, por exemplo, com corpo humano e cabeça de chacal, não é só uma fantasia, ele tem significados esotéricos profundos e se refere a uma legião de seres espirituais. Da mesma maneira as entidades do afroespiritismo, seus desenhos e esculturas, ainda que sincretizadas, representam seres espirituais que existem e agem.
      Os cristãos, em sua maioria, não entendem o conceito de ídolo, sim, mesmo a Bíblia diz que as representações físicas são mortas e não podem responder aos homens, mas os seres espirituais que elas representam podem, obviamente não como Deus responde. Que formato têm esses seres? Espíritos não têm formatos, mas os homens podem aliar formas a eles, baseados em suas imaginações e nas atuações que desde os tempos antigos foram ligadas a eles. Um ser que vive no fogo será vermelho, um ser que controla raios poderá ser representado como um zigue-zague de energia.
       Cristãos, contudo, não se enganem, ainda que chamando de outros nomes, seres humanos de outros tempos, culturas e religiões, podem ter se relacionado com o Deus Altíssimo e verdadeiro. Uma revelação importante do evangelho não é só sobre a possibilidade dos homens terem contato com o mundo espiritual, mas poderem se ligar intimamente com o Deus mais alto, essa foi a grande bênção que Jesus permitiu aos homens, depois que ele subiu ao céu. Entendamos salvação principalmente como livramento de confusão e ruídos espirituais, que impedem contato com o Deus Altíssimo.
      O equívoco, porém, que o cristianismo comete, está depois desse, digamos assim, primeiro contato, que é só o início de algo, não o fim. Quando a Bíblia diz que a salvação é de graça para que ninguém se glorie, ela diz que a iniciativa para que o homem possa ter essa ligação tão especial com o Altíssimo foi do próprio Deus. Isso coloca o ser humano inicialmente incapacitado de estabelecer essa ligação por si mesmo, se Deus não tomasse a iniciativa ela não ocorreria. Quem valoriza exageradamente obras despreza essa incapacidade, e joga sobre o ser humano peso desnecessário. 
      Jesus veio no tempo certo para um homem preparado para um upgrade espiritual, upgrade que permitiria conhecimentos mais profundos de Deus. Antes o Deus Altíssimo e verdadeiro não atendia os seres humanos, não só de Israel mas de todos os lugares e tempos do planeta? Atendia, mas digamos assim, num estado de excessão, como no tratamento que nós seres humanos damos a nossos filhos menores. A eles não dizemos tudo, falamos muitas vezes usando metáforas, ainda que os amemos muito e os protejamos, fazendo por eles coisas que eles ainda não podem fazer sozinhos. 
      O engano mais sério que exagerar-se na doutrina de salvação por fé incorre, é a estagnação do espírito humano, que leva ao conservadorismo e esse a preconceitos. Entenda certo, sem fé é impossível agradarmos a Deus, neste mundo não podemos ter diálogo com Deus sem fé, de maneira alguma diminuímos seu valor. Contudo, ela não pode ser usada como chave para trancar, mas para abrir, e mais e mais, isso requer obras. O novo testamento enfatiza essa doutrina porque foi escrito num tempo que um povo precisava entender uma mudança, a da salvação por obras para a salvação pela fé.
      Entretanto, a igreja católica e até mais a reforma protestante, sob o aspecto fé, quiseram encarcerar a humanidade na primeira sala que a fé abre, não entenderam e se entenderam não ensinaram, que a morada espiritual tem infinitas câmaras que podem ser abertas pela fé. É como se fosse dada uma mansão a uma família e pela fé as pessoas abrissem a porta sem saber o que achariam lá dentro. Então, encantados com o hall de entrada, ficassem lá, só contemplando, esquecendo-se do resto da mansão, ainda que houvesse no molho muitas outras chaves, que elas não se deram ao trabalho de usar.
      Quando pela primeira vez buscamos a Deus com fé e boa sinceridade, um molho completo de chaves nos é entregue. Se usamos só uma ou duas chaves, as outras permanecem lá, como questionamentos sem respostas dentro de nós. A primeira coisa que temos que fazer é olhar o molho de chaves e o admitir para nós mesmos, não adianta fingirmos que ele não existe, não podemos fazer de conta que tudo bate nas religiões cristãs e que estamos em paz com isso. Volto, assim, ao início desta reflexão, o “Como o ar que respiro” é espaço para perguntas abertas, não para respostas fechadas.

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a 1ª parte desta reflexão

15/09/22

Paz pelo perdão (46/92)

     “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.Romanos 5.1-2

      Este espaço virtual não é lugar de respostas fechadas, mas de abertas perguntas, este que vos escreve não o faz porque sabe, mas porque não sabe. O que me leva a começar a escrever muitas vezes são questionamentos pessoais, que Deus, ao mesmo tempo que digito o texto, me responde. Compartilho muitas reflexões de consolos diários, mas outras como esta, são dúvidas doutrinárias que tenho e que existem porque o cristianismo tradicional não me respondeu, assim as levo a Deus. O tema desta vez é “salvação pela fé”, será que realmente sabemos o que é isso?
      Necessitamos do perdão de Deus, isso é água para nossa sede espiritual, entendendo ou não o que ele representa, Deus o dá a nós e nós sentimos paz. Contudo, ser perdoado é mais que ser limpo para voltarmos a uma posição passiva, que merece o céu para sempre só por estar nessa posição, antes é nos colocarmos de novo em movimento, para que por nossas obras continuemos rumo ao Altíssimo e único Deus verdadeiro. Deus nunca faz o trabalho que é nosso, até para crermos precisamos antes merecer por um certo trabalho, para então recebermos fé e seguirmos trabalhando. 
      Jesus tem duas importâncias exclusivas, a primeira é como homem encarnado que foi, mostrando-nos o ideal de vida moral e espiritual que Deus deseja de nós nesse mundo e que é possível termos. A segunda é como espírito eterno numa posição celestial acima de todo principado e potestade, demônios, diabos, anjos e outros seres espirituais, posição em que ele se encontra hoje. Quando oramos pelo nome de Jesus alcançamos pelo Espírito Santo a posição espiritual mais alta, que nos põe em contato direto com o Deus Altíssimo, transpassando todos os seres e reinos celestes. 
      Jesus, contudo, não é só uma porta, o que já seria muito bom, ele é um amigo que nos conhece, que nos ama e que intercede junto ao pai para que esse nos aceite, nos perdoe e nos capacite para seguirmos trabalhando. Não se enganem, Deus ouve a todos e a todos atende, mas por Jesus temos um acesso mais rápido e direto, felizes os que experimentam o perdão de Deus por Jesus. O Espírito Santo é uma experiência especial que temos pelo nome de Jesus, ele nos chama para crer, nos dá a paz do perdão e nos fortalece para seguirmos, o Espírito é consolador, mestre e meio.
      Ninguém despreze a necessidade do perdão de Deus, mesmo o esforço do homem de se levantar do erro e prosseguir para acertar não substitui esse perdão. Ninguém queira reformar uma casa sem antes pedir autorização do proprietário para isso, assumindo que ele é o dono do lugar e que quem faz a reforma é só um empregado. Pedir perdão a Deus faz isso, assume Deus como criador e mantenedor do universo e de nossas vidas, por isso temos uma paz singular depois, nada é melhor que estarmos agradando a Deus, isso nos dá a paz que nos fortalece para trabalharmos na reforma.
      A principal doutrina do cristianismo é Jesus Cristo como o salvador que perdoa toda a humanidade diante de Deus. Outras religiões dizem que Jesus foi um espírito superior, mas que é mais relevante como exemplo de vida, não como meio que aperfeiçoa de forma imediata os que nele creem. Enquanto outras religiões erram ao menosprezarem o papel salvador e perdoador de Jesus, o cristianismo tradicional se acomoda a um aperfeiçoamento meio “mágico” feito pela fé, menosprezando a importância de obras humanas nesse crescimento. Como sempre, a verdade está no equilíbrio. 
      Extremos sempre conduzem a equívocos, enfatizar as obras pode impedir as pessoas de provarem a maravilhosa redenção que há em Cristo, não só como alvo, mas como perdoador no caminho. Mas enfatizar a fé pode acomodar as pessoas, jogar toda a responsabilidade em Deus e tornar o homem ocioso, isso ainda coloca as pessoas em comunhão com Deus, mas pode impedi-las de crescer. Por causa desse equívoco que se faz com a fé é que mesmo após quase dois mil anos que Jesus subiu, a maioria dos cristãos ainda segue espiritualmente infantil e superficial, sendo aquém do que pode ser.
      Às vezes acho que precisamos mais de perdão que de salvação, visto que muitos têm certeza que são salvos, mas não vivem como perdoados, não têm paz. Salvação eterna? Isso é com Deus, eu confio nele, não em mim e muito menos em minha fé. Contudo, algo eu sei, sempre que busco ao Senhor com humildade, seja no momento que for, ainda que tenha errado muito e que não mereça nem sua atenção, sempre que preciso Deus me perdoa, e que paz sinto então. Essa paz é a força que necessito para seguir no presente, e proteção, contra a culpa do passado e o medo do futuro. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão