quarta-feira, setembro 21, 2022

Sincera religiosidade: até quando? (52/92)

      “A justiça do sincero endireitará o seu caminho, mas o perverso pela sua falsidade cairá.Provérbios 11.5

      O estilo crítico deste espaço pode levar alguém a interpretar errado sua intenção, e é justamente sobre isso esta reflexão, sobre intenção sincera do bem. Não duvido da boa sinceridade de muitos cristãos em cultuarem a Deus em igrejas católicas, protestantes e evangélicas, não duvido da boa intenção de muitos pastores em pregarem e manterem ministérios. Não podemos duvidar da intenção sincera do bem de ninguém, jamais, Deus ama a todos e a todos atende. O ponto, contudo, que precisa ser levantado nestes tempos atuais, é que muitos, ainda que sinceros e bem intencionados, se acomodam e se acovardam. 
      Por que nestes tempos atuais? Porque vivemos tempos decisivos, quando uma mudança precisa ocorrer, quando o velho e imperfeito cristianismo precisa ser confrontado sem medo para o bem da humanidade. Só assim as pessoas poderão de fato ter experiências retas e puras com Deus, pelo Espírito Santo e através de Jesus. Você que me lê, precisamos agir, e nem vou usar o termo “pensar fora da caixinha”, já que muitos usam esse termo, mas na verdade só saem da caixa menor para outra um pouco maior, e seguem presos. A ação é orar mais, para vivermos mais em santidade, amor e humildade, sermos melhores cristãos. 
      Conheço muitos pastores sinceros, não são só gananciosos vendendo fé para ganhar dízimos, objetivando grandes ministérios só por fama e grana, não, existem muitos pastores homens de bem, tanto nas igrejas protestantes tradicionais quanto nas pentecostais. Existem também padres corretos, que fazem o que podem para ajudar a conduzir a Deus homens e mulheres dentro do catolicismo. Deus conhece o coração sincero de todos esses e lhes recompensa com paz e com vida eterna, ninguém se engane sobre isso. Contudo, muitos seguem, ainda que fazendo tudo que podem, limitados pelas cercas da religião. 
      Critico a religião muito aqui, mas o que seria religião? Não me refiro à definição tradicional, dada principalmente à religião cristã, o religare, a religação do homem a Deus por meio de Cristo, ou em outra religião, por outro meio. Quando digo religião me refiro a construções e tradições humanas, ainda que sobre bases legitimamente de Deus, que homens fazem, para que outros homens creiam. Isso, contudo, de forma cômoda, aceitando sem fazer críticas, só porque acham que são coisas de Deus. Religiões citam Deus, até tentam usar a Deus, e tudo isso Deus usa, mas tudo isso não é o Deus verdadeiro e pleno.
      Deus olha com especial afeto os que se colocam entre cercas e tentam ser fiéis ao que lhes ensinam dentro delas, e muitos fazem isso com todo o coração, com pura humildade, com fidelidade e sem hipocrisia. Conheço, especialmente, irmãos católicos e da Congregação Cristã no Brasil assim, só para citar dois exemplos. Quem conhece sabe que essas religiões em especial exigem seguimento de protocolos nada fáceis, no catolicismo são os sacramentos, os dogmas, as festas, os santos, na Congregação são os costumes e outras diretrizes, que levam pessoas a assumir suas religiosidades sem temer o que outros pensam. 
      Confesso que tenho certa inveja de alguns religiosos, às vezes queria ter a chamada de Deus que eles têm, parece mais fácil, e não veja nisso ironia ou falta de respeito com o que outros creem. Mas para sermos realmente sinceros no que vivemos temos que ser fiéis às nossas chamadas pessoais, à fé em que cada um de nós é chamado para conhecer a Deus e ser um bom ser humano no mundo. Muitos evangélicos acham que podem converter qualquer um à sua religião, isso não é verdade. Se alguém que se dizia de outra religião veio para uma denominação evangélica, é porque na verdade nunca foi da outra religião. 
      Nunca foi porque nunca deveria ter sido, tinha uma chamada de Deus e estava desobedecendo-a em outra religião. Um bom católico nunca vai deixar o catolicismo para ser protestante, muitos podem dizer que conhecem ex-católicos que se tornaram evangélicos, mas será que de fato algum dia foram católicos? Penso que mesmo que tenham sido adeptos atuantes do catolicismo, em seus corações sempre houve dúvidas, não tinham paz onde estavam. Por outro lado, mesmo que sejamos protestantes abertos que até aceitam entendimentos de outras religiões, se nossa chamada é ser protestante devemos permanecer assim. 
      Nem tudo que cremos deve ser compartilhado com os outros, e nem tudo que não cremos deve ser mudado, importa-nos boas obras apoiadas em fé sincera. “A justiça do sincero endireitará o seu caminho”, isso significa que onde há boa sinceridade ainda que se comece torto se achará no final o caminho reto. “Mas o perverso pela sua falsidade cairá”, quem não é sincero do bem é falso, pode até querer mostrar que é uma coisa, mas no coração é outra. Esse não ficará de pé para sempre, um dia a verdade virá à tona, então, terá que tomar uma decisão do lado da boa sinceridade, ou não, seguirá falso e muito infeliz. 
      É a fidelidade a uma fé verdadeira que leva muitos a serem sinceros e bem intencionados mesmo em religiões imperfeitas. Não devemos julgar ninguém porque não sabemos como Deus trabalha nos corações, usando religiosidades, mesmo diferentes da protestante e evangélica, para mudar o caracter das pessoas. Entendamos que o objetivo de Deus não é que as pessoas tenham religiões perfeitas, elas não existem e até agora nunca existiram. O objetivo de Deus é aperfeiçoar as pessoas, liberta-las de vícios, curá-las de feridas emocionais, dar a elas perdão e paz para que ajudem todos a seguirem para a sua luz mais alta em amor. 
      A religiosidade de muitos é sincera, mas até quando isso bastará? Assim, voltamos ao ponto do início desta reflexão, os tempos urgem, logo não bastará mais ser bem intencionado dentro de cercas construídas por homens. Os próprios homens não estão suportando mais ficar entre cercas, o alimento limitado que eles recebem das religiões institucionalizadas não está saciando mais a espíritos que estão sendo libertados pela ciência e por bandeiras sociais que pedem direitos iguais a todos. Os olhos estão sendo abertos, e como o cristianismo tradicional não fez isso, o materialismo fez, contudo, esse não pode alimentar o espírito. 
      A razão foi despertada, isso só deixará mais clara a necessidade espiritual, de forma que religiões tradicionais não bastarão mais. O único que pode evoluir o espírito humano é o Espírito Santo de Deus, o mesmo que as religiões tentaram sufocar e por isso morreram. O novo não se esquecerá da Bíblia, mas a interpretará de maneira mais correta, o novo não desprezará o Cristo, mas porá Jesus em seu lugar mais alto, o novo, apesar de despertado pelo materialismo, não será ateu, mas realmente espiritual e unirá a humanidade, destruindo todas as cercas. Acharão o novo os que se despojarem do comodismo e do medo. 

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