07/11/22

24 horas com Deus

      “Eu, porém, invocarei a Deus, e o Senhor me salvará. De tarde e de manhã e ao meio dia orarei; e clamarei, e ele ouvirá a minha voz.Salmos 55.16-17

      Não olhemos para dentro de nós, mas para Deus. Nosso interior é local pouco confiável, principalmente quando não foi cheio do Espírito Santo. Pela manhã, quando acordamos, é um momento muito humano, uma noite mal dormida, sonhos de todas as espécies, lembranças do dia anterior e velhos medos do futuro, podem se assentar dentro de nós. Por outro lado temos compromissos a cumprir, pouco tempo para meditações e leituras da Bíblia, assim uma oração rápida e com convicção é útil para nos nivelarmos espiritualmente. O principal é olharmos pela fé para o Altíssimo, não para nós. 
      Lá pelo meio do dia, quando já nos adaptamos à realidade, conversamos com pessoas, as coisas começam a fazer sentido, já estamos sentindo mais as prioridades e nossa mente já está envolvida com a roda viva da vida, empurrando-nos à frente. Mas nesse momento uma atitude mental também de fé é importante para não nos perdermos, podemos cair tanto por nos sentirmos fracos quanto por nos acharmos fortes. Depois chegamos ao final do dia, em casa, cansados fisicamente, mas é à noite, após um banho e uma refeição, que busca por espiritualidade pode ser mais frutífera e fortalecedora.
       Num lugar protegido de interferências e distrações, principalmente auditivas, relaxemos e busquemos a Deus com tempo. Momentos como esse é que nos darão noites de sono tranquilas e que nos permitirão acordar no dia seguinte preparados para enfrentarmos a vida. Vivermos vinte e quatro horas perto do melhor de Deus neste mundo é desafiador, não é fácil, mas é o segredo para que nos preparemos para termos direito ao melhor do Senhor na eternidade. Nada acontece por acaso, sempre há esforço perseverante envolvido, mas aos homens de boa vontade a felicidade é viável.

06/11/22

Sem amor estreita-se a visão

      “Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade; abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram.Romanos 12.13-15

      De baixo para cima enxergamos o Deus Altíssimo, focando nossos olhos espirituais em linha reta e centrada nas regiões espirituais mais altas em Cristo, acima dos seres espirituais. Contudo, é olhando na mesma altura, e abrindo a visão, que enxergamos os seres humanos com amor. Só o amor abre nossa percepção do semelhante, sem ele nossa visão estreita-se e entendemos o outro egoisticamente. Essas definições talvez tenham sido um pouco místicas, mas quem tem a experiência de fazer uma oração diferenciada de fé, que redunda numa resposta certa e completa, entende o que quis dizer com olhar espiritual reto e centrado no Altíssimo.
      O ponto dessa reflexão, contudo, é a maneira como olhamos nossos semelhantes: com visão estreita ou com visão aberta? Quem não ama distancia-se, olha com frieza, seleciona só o que quer ver, que não vai comprometê-lo ou incomodá-lo. Quem olha estreito vê com filtros, não quer enxergar a realidade. Você quer saber se usa esse olhar? Responda: como você olha um mendigo numa calçada? Nem dá muita atenção, pensa, mas tem preparadas algumas considerações para interpretar a situação, de modo a não se envolver com a questão, para não ter que ser solução e não sofrer? Quem olha assim olha sem amor, enxerga estreitamente o semelhante. 
      Não temos que sair por aí resolvendo todos os problemas do mundo, nem podemos fazer isso, o mendigo foi um exemplo, ainda que nada façamos numa situação assim, não significa que não temos amor. Mas existem situações, bem triviais, em nossas vidas, em que Deus nos permite exercer amor. A visão estreita sempre olha de cima, a aberta olha na mesma altura, mas podemos também olhar de baixo, isso indica algum problema emocional em nós não resolvido, só Deus merece ser olhado com temor. Visão estreita é arrogante, na mesma altura é equilibradamente amorosa, mas a de baixo pode até conter amor, mas também conterá medo, que limita o amor. 
      Sem amor estreita-se a visão e nós fugimos da escolha mais espiritual, que interage com algo ou alguém como Jesus homem interagiria. Escolher o que ver e concluir sem refletir muito é mais fácil, mas contemplar toda a questão envolve trabalho emocional. O olhar aberto ouve antes de falar, não julga mal e torce pelo melhor. O olhar amoroso não vê inimigos nem em quem assim se coloca contra ele, mas vê alguém com uma ferida que precisa ser curada, não toma como pessoal nem a ira e nem a inveja mais estridentes. Olhar aberto abraça, o estreito despreza, o aberto não se acha parte do problema, mas da solução, por isso não tem necessidade de se defender. 
      Visão estreita a ninguém se associa sem que isso lhe traga alguma vantagem, mesmo que seja só para poder dizer depois a quem ajudou que esse lhe deve favores. A visão aberta vê todos os seres humanos como irmãos, tem uma ótica espiritual e eterna da humanidade, não vã e mundana. O que abre os olhos espirituais para enxergar o semelhante toma a iniciativa para amar, ainda que seja só para clamar anonimamente por alguém diante de Deus. Eis a maneira de ajudarmos muitos que nos impressionam por sofrerem tanto, orando, contudo, se pudermos ajudar financeiramente, o façamos, hoje, pobreza de tantos no mundo, é problema de todos. 

05/11/22

A cor do amor

      “Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida para vida.II Coríntios 2.15-16a

      Para a esquerda está na moda ser legal, por isso tanta publicidade usando diversidade de raças e sexualidades para agradar a causas sociais. Já para a direita cristã está na moda ser estúpida, cansou de se achar vítima, assim vinga-se posicionando-se politicamente. Mas enquanto a esquerda dá lugar de fala a vítimas reais, que sofriam preconceitos e opressão legitimamente, a direita cristã sai da posição que não devia ser de vítima, mas de humildade, e se desvia para um empoderamento extremado e equivocado. 
      Se alguém é negro, homoafetivo e cristão, pelo que pode lutar? Como negro pode lutar por igualdade, como homoafetivo por liberdade, mas como cristão deve viver em humildade. Percebe as diferenças? Por causas humanas e deste mundo luta-se com armas deste mundo, mas causas espirituais devem prevalecer com experiências espirituais. A diferença existe porque espírito não tem sexo ou cor, só níveis moral e intelectual, ainda que isso não impeça cristão de lutar por direitos de todos os seres e pelo bem do planeta. 
      O mais sábio é tentar não usar lugares inadequados para causas indevidas. Luta por igualdade de cor e de sexualidade não deve envolver religião, pois são relevâncias para seres humanos de religiões diferentes e mesmo sem religião. Quando dizemos religião, dizemos todas, afro-espíritas não têm mais legitimidade de lutar pelos direitos de afrodescendentes que cristãos. Ainda que o catolicismo tenha origem na Itália, não é exclusivo de italianos, como não é o protestantismo de alemães ou o Candomblé de africanos. 
      Religião, apesar de ter origem e ser fundamentada em fatores culturais e sociais de um povo, pode ser escolhida por seres humanos de qualquer origem, continente, país, raça ou tribo. Ou não? Ou só afrodescendentes podem ser da Umbanda e do Candomblé? Assim devemos separar cultura de origem africana de religião dessa origem, pode não ser fácil, mas é necessário, senão estaremos tirando da religião sua principal função, permitir a qualquer ser humano relacionar-se com o divino, o místico e o espiritual. 
      Já o compartilhar Deus, e o termo não é lutar por Deus, já que Deus não precisa e nem pede que ninguém lute por ele, deve ser feito com humildade, com ações não com discursos. Espiritualidade deve aparecer em nós como perfume, suave e especial, discreto, mas vivo. Digo isso não só a evangélicos, mas a todos, espíritas, afro-espíritas, muçulmanos, budistas etc. Imagine um mundo onde assembleianos lutassem pelos homoafetivos, onde umbandistas lutassem pelos luteranos, imagine, seria um wonderful world.
      Se cada fala estivesse em seu lugar e uma não tentasse tomar o lugar da outra, teríamos causas sociais de mãos dadas com causas morais, ciência amiga da religião, tudo harmonizado para que um ser humano completo e equilibrado cuidasse bem dos mais desfavorecidos e do planeta Terra. Contudo, os seres humanos ainda tendem à prepotência, todos eles. Quem esteve embaixo quer estar em cima, e fará com os que estavam em cima o que fizeram com ele. Sem temor a Deus não há igualdade, liberdade e humildade. 
      O mundo está mudando e mudará ainda mais, a direção já está sendo mostrada. Daqui a algum tempo ainda haverá problemas, mas a igualdade será maior, primeiramente física depois em outras áreas, a mistura maravilhosa de raças igualará os corpos àquilo que já existe nos espíritos. Se preconceituosos reclamam de verem tantos afrodescendentes em propagandas de TV, aceitem, no futuro não se verá mais brancos, mas também não se verá mais negros, só misturados. O ser humano do futuro só terá uma cor, a cor do amor.  

      “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro.” Apocalipse 7.9-10

04/11/22

Amar é paciência para ouvir

      “O coração do sábio instrui a sua boca, e aumenta o ensino dos seus lábios. As palavras suaves são favos de mel, doces para a alma, e saúde para os ossos.Provérbios 16.23-24

      Se você gosta de explicar as coisas seja professor, jornalista, ou então crie um blog como este aqui e compartilhe textos. Se tuas palavras encontrarem olhos ou ouvidos acharão quem as leia ou as escute, e você encontrará utilidade para teu talento. Contudo, nas relações interpessoais normais, entre familiares e amigos, explicações poucas vezes ajudarão alguém, as pessoas não são facilmente abertas para explicações. Na maior parte das vezes teremos que ser mais ouvidos que bocas, amando em silêncio e esperando pacientemente o momento certo para nos aprofundarmos em certos assuntos. 
      Ainda que saibamos que alguém está com um problema e entendamos que podemos ajudar com respostas, respostas legítimas que já provamos para nossas próprias vidas em Deus, as pessoas dificilmente são convencidas por explicações dos outros. Só elas mesmas podem se convencer, quando escolhem isso, assim é melhor sermos facilitadores de oportunidades para que elas mesmas se ouçam e encontrem as soluções. Amar é ter paciência para ouvir, isso pode não ser fácil, principalmente para pessoas que, com eu, gostam de explicar as coisas, mas amar também é sacrificar prazeres pessoais. 
      A maneira como Deus trabalha no tempo, quem entende isso acha paciência e consegue amar. Somos apressados, queremos convencer as pessoas e já, e muitas vezes bem intencionados, por sabermos que o que temos a dizer realmente funciona. Mas a vida só acaba quando termina, é certo que pode acabar antes que achamos, por isso temos que estar vigilantes em Deus para não deixar para depois uma urgência. Muitas pessoas precisarão ser confrontadas ainda que não queiram, porque o tempo urge, mas na maior parte das vezes precisamos aguardar, orando por elas e as ouvindo com calma.
      A glória é de Deus, não nossa, e é mesmo quando usamos palavras verdadeiras de Deus. Muitas vezes nossa pressa em falar as coisas, é muito mais por vaidade que por amor, muito mais para mostrarmos às pessoas o que sabemos e somos, que sermos instrumentos de bênção de Deus nas vidas das pessoas. A cura maior é espiritual, nela nós muitas vezes nem necessitaremos aparecer, as pessoas nem precisarão saber que tivemos algum papel em sua cura, às vezes só precisaremos exercer um papel indireto e secreto. O importante é a pessoa ser abençoada e o nome de Deus ser glorificado, não o nosso.
      Uma característica do amor é procurar nos diálogos pontos em comum, que constróem pontes entre as pessoas. Alguns, contudo, parece sempre buscarem pontos de discordância, estão mais interessados em estabelecer vaidosos conflitos, não pagam os preços de conterem, ao menos um pouco, seus argumentos, para que haja, não sua derrota, mas empates elegantes. Quem quer se conectar joga luz sobre o outro, e mesmo quanto se coloca o faz de maneira a não ofuscar o outro. Essa atitude planta antes para poder ser ouvido depois, já que se preparou terreno com atitudes abertas e amistosas. 

03/11/22

Amor não se compra

      “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.I João 3.16-18

      Amor pode ser convertido em ajuda financeira, mas dinheiro não compra amor. Ajudar os outros materialmente é uma honra que deve ser conquistada, com humildade e amor, quem não tiver essas virtudes até poderá auxiliar alguém com dinheiro, mas não será gesto de amor. Não sendo amor não se entrega graciosamente, se pede exigindo pagamento, ainda que seja só de adoração e medo, isso torna escravos ainda mais encarcerados. 
      Adoração e medo mantêm homens escravos, só o amor liberta, auxílio financeiro que se dá por amor liberta porque não pede retorno de quem não pode dar retorno, assim proporciona libertação. Liberto o ser humano trabalha para construir sua independência e não ter mais que depender materialmente dos outros, mas ainda assim, se também tiver o puro amor, será eternamente grato ao que o ajudou sem segundas intenções, só por amor.
      Quantas coisas podemos fazer por gratidão, e nossa maior gratidão é a Deus, que nos dá tudo que precisamos, não o que queremos, sem pedir algo em troca. Somos gratos a Deus ou um instante depois dele nos dar algo já nos esquecemos? Com os homens, contudo, tirando nossos pais, é difícil exercermos gratidão, porque nós homens não sabemos dar sem cobrar. Contudo, aí está o mistério do amor, ser generoso mesmo com quem não merece.
      Esse é o amor que Deus busca em nós, desinteressado, recompensado só por existir, será que há espiritualidade mais alta? Amar cobre multidões de pecados, toca o coração do Altíssimo de maneira especial, transforma o mundo. Só tem uma coisa tão difícil aos homens quanto amar, pensar, e não só para decidir o trivial, mas para conhecer a Deus e não ser manipulado por homens. Contudo, quem ama, conhece a Deus, mesmo sem muito pensar.
      Homens não tentem comprar amor com músculos, carrões e grana, mulheres não tentem comprar amor com beleza exterior e sensualidade. Pais não tentem comprar o amor de seus filhos com escolas particulares ou com qualquer presente material, parentes não tentem comprar seus parentes com empréstimos a juros. As pessoas precisam antes do nosso respeito, então, do nosso amor, depois, se possível, de nossa grana. 

02/11/22

Obra de evangelista

      “Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.II Timóteo 4.5

      Não há maior alegria que a que sentimos após fazermos a “obra de um evangelista”. Termos a oportunidade em Deus de falarmos a alguém sobre a vida eterna, alguém devidamente preparado para ouvir, entender, reter e praticar a vontade de Deus para sua vida, é muito recompensador. Isso pode não ser fácil de ser iniciado, é preciso consagração e sensibilidade para saber quando ir e o que dizer, mas enquanto é feito e principalmente depois de ser feito, nos satisfaz como nada mais. Faz com que nos sintamos no centro da vocação de Deus para seus luzeiros no mundo. 
      Você não precisa fazer isso em todo o tempo, muito menos como mandamento de religião, mas peça a Deus para que te dê de vez em quando uma oportunidade para fazer a obra de evangelista. Deixe para lá todo preconceito que você possa ter sobre o assunto, evangelizar não deve ser de maneira alguma só ganhar novos membros para tua igreja, fac-símiles de você mesmo. Ser instrumento para compartilhar a vontade de Deus às pessoas é muito mais que isso. Preocupe-se com o outro, não com tua religião ou com você mesmo, apenas seja palavra de consolo e de esperança.
      Muitas vezes não temos ideia de como existem, próximas a nós, pessoas abertas para a verdade mais alta de Deus, gente só aguardando que um evangelista seja luzeiro e reflita nela a luz mais alta do Senhor. Quando fazemos a obra de um evangelista do jeito correto, a obra não é nossa, a pessoa já estará preparada por Deus e a palavra que ela precisa ouvir sairá fácil de nosso coração, porque Deus já a gerou antes em nós. Será palavra de vida, não só teoria, será pão espiritual novo e quente, para saciar a fome das almas. Ao que entrega o pão só lhe restará um maravilhoso regozijo. 
      Por outro lado, falar na hora errada é esforço desnecessário, cansa quem fala, enfada quem ouve, a ninguém alegra, dá mais testemunho inadequado do evangelho que útil. Por isso são necessárias sobriedade e paciência, andando sempre conectado a Deus para estar pronto a obedecer quando for hora certa. Só Deus sabe o momento adequado de se dizer e de se ouvir. Entregue o desejo de realizar esse trabalho a Deus e ele vai te mostrar quando ser evangelista, alguém nem precisará mudar de religião, mas se você obedecer a Deus, com certeza alguém mudará de vida para melhor. 

      “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16.15

01/11/22

Mansidão vence o medo

      “Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu para que temas o homem que é mortal, ou o filho do homem, que se tornará em erva?” “E ponho as minhas palavras na tua boca, e te cubro com a sombra da minha mão; para plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu povo.” 
Isaías 51.12, 16
      “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” 
Mateus 5.5

      Vencemos o medo com mansidão. Isso parece opor-se ao senso comum, que diz que se vence medo com força, mostrando-se mais forte que o que se teme, posicionando-se ativamente de forma ofensiva. Por esse ângulo mansidão parece algo fraco e passivo. Mas quem disse que não é preciso coragem para ser manso, principalmente diante do medo e violência externa? Talvez precise-se mais até que para ser beligerante. 
      Não fazer nada pode exigir mais segurança, mais certeza, mais fortaleza, que ser ativo e fazer as coisas, ou atacar um inimigo, já que resposta ofensiva pode ser só fuga do medo, não enfrentamento de fato. Aquilo que destruímos não precisamos enfrentar. Deus, contudo, não deseja que nenhuma de suas criaturas sejam destruídas, mas enfrentadas com mansidão, mudando suas naturezas para melhor, fazendo de inimigos, amigos.
      Enfrentar o que tememos com mansidão não é ser passivo, não espiritualmente, exige vida consagrada a Deus, portanto trabalho moral para se praticar virtudes. Exige também vida de oração constante e vigilante, dominar nossa ira, nossa inveja, nossa insegurança, nossa vaidade, a necessidade de nos justificarmos. É trabalho duro, mas que pode nos fortalecer para vencermos nosso principal inimigo, nós mesmos. 
      Só quem se vence é manso e não tem medo, assim não verá nos outros o que não vê em si, um inimigo. Precisamos ter noção do perigo, dos argumentos de quem se opõe a nós, mesmo do mal que alguém pode nos fazer, por isso devemos ser cautelosos e cuidadosos, mas não medrosos. Quando não há beligerância há paz, se vence uma guerra com paz, não com mais guerra. O manso desarma o inimigo só pelo olhar.
      Depois o manso conclui a vitória com palavras de vida, Deus põe suas palavras na boca do que não teme, porque ele está apto para usá-las. Com mansidão se herda a Terra, se conquista o mundo, se planta no céu, isso não tem a ver com prosperidade material e riquezas físicas, ainda que ao manso não falte vida digna aqui. A conquista não é escravos para senhores, mas de espíritos para Deus, de almas para o céu, de vidas para a eternidade.