04/12/22

Deu não rejeita o reto

      “Volta-te, Senhor, livra a minha alma, salva-me por tua benignidade.” Salmos 6.4
      “Apressa-te em meu auxílio, Senhor, minha salvação.” Salmos 38.22

      Não acho certo demonizar pessoas, tratá-las como más, vê-las como inimigas, e por outro lado, ver-me como bom e os que se opõem a mim como os que Deus deve destruir, o novo testamento não ensina isso. Todos somos seres humanos com livre arbítrio, que podem escolher coisas certas ou não, e muitas vezes o que parece certo para nós prejudica outro. Quando nos vemos como amigos de Deus, outros podem estar nos vendo como seus inimigos, e sendo assim esses podem estar pedindo a Deus que nos destrua, tanto como pedimos a Deus para destruí-los. A vida neste mundo é relativa, no ponto de vista de cada pessoa, nisso há enganos, armadilhas, egoísmo, só podemos enxergar a verdade quando conhecemos e praticamos o ponto de vista do Senhor, que vê a todos e a todos ama igualmente.
      Mas é indubitável, que com certas pessoas, por mais que procuremos ver as coisas sob o ponto de vista de paz e amor do evangelho, sentimos que elas se colocam claramente como nossas inimigas. Geralmente são pessoas que acham identidade em se oporem, não a todos, mas a nós em especial, assim, por mais que tentemos agir certo com elas, um forte clima beligerante prevalece. Com alguns parece que sempre estamos andando sobre ovos, por mais cuidado que tenhamos algo dá errado, e a relação descamba para uma guerra campal. Se nos calamos para não reagirmos da mesma maneira, o semblante dessas pessoas se transtornam, sintoma das almas torturadas que elas têm, nós saímos de uma simples conversa com elas doídos, muito angustiados, como se um carro tivesse passado por cima de nós. 
      Deus ama a verdade, mesmo que ela não seja boa ou certa, assim, em muitas situações, como cristãos maduros, devemos ter consciência de tudo o que levantei acima, que seres humanos não são inimigos a serem destruídos por Deus, que todos recebem igual atenção do Senhor em suas causas para que se saiam bem. Contudo, temos que ser verdadeiros com Deus, mostrarmos o que sentimos, verbalizarmos que uma pessoa está nos fazendo mal, que sentimos dela muita arrogância, um ódio injustificável, pelos menos sob nosso ponto de vista, contra nós. Muitas vezes é preciso pedir a Deus, com fé e com todo o sentimento, que ele destrua, não a pessoa, mas seu ataque, que ele quebre a cerviz do arrogante para que esse se torne humilde, nos trate com respeito, ou então, suma de nossas vidas. 
      “E o meu povo habitará em morada de paz, e em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso.” (Isaías 32.18), a vontade de Deus é que vivamos em paz, se isso não está acontecendo conosco é porque algo está errado. Ou estamos vivendo em pecado, com erros não assumidos e perdoados, ou não estamos aceitando um tratamento de Deus, e tratamento sempre dói, ou não estamos lutando em oração de forma adequada por nossas causas. Perdão que nos traz paz e santidade, humildade para aceitar limites, e oração vitoriosa, eis as chaves para vivermos em paz, de forma segura, mesmo em meio a tantas lutas e injustiças neste mundo. “Eis que Deus não rejeitará ao reto, nem toma pela mão aos malfeitores” (Jó 8.20), causa reta sempre vence, já o arrogante se perde em confusão. 

03/12/22

Pela glória de Deus

      “Eu não recebo glória dos homens, mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis. Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?” 
João 5.41-44

      Eu não recebo glória dos homens, essa convicção definiu a passagem do Cristo-homem no mundo. Moisés teve suas provas, preparado por oitenta anos, Davi enfrentou perseguição e viveu como marginal, mas num determinado momento ambos tiveram glória humana, um como codificador de uma religião e libertador de um povo, o outro como rei de uma nação e co-construtor, junto do filho, do Templo de Jerusalém. Quem esperava um messias como esses líderes se decepcionou, e pior, matou o Cristo, pergunto se esse equívoco não permanece até hoje, não no mundo, mas no cristianismo. 
      Quando um catolicismo se associa ao império romano para ter proeminência, quando constrói um Vaticano para se impor no mundo, quando muitos evangélicos erguem templos enormes e luxuosos, ou montam impérios na mídia com apoio de políticos para vender seus “produtos”, isso é buscar glória dos homens. Esse falso cristianismo, ainda que fale de Cristo, nome que tem poder em si mesmo, independente de quem o use, não pode entregar a melhor vontade de Deus para homem, assim não cumprirá a missão original que Deus deu a Jesus, alguém que não viveu pela glória de homens. 
      Você é chamado para seguir o exemplo de Jesus, assim, não dependa de reconhecimento humano para ser bom, nem alegue a falta dele para não ser. Seja bom sempre, indiferente do que os homens pensem, confie na glória que Deus dá, não em outra. Dependemos demais de sermos aprovados por homens, e ainda que nos achemos espirituais, que nos coloquemos como cristãos, muitas vezes vivemos mais para o mundo que para o Senhor. O que mais nos afasta de conviver, não só com família, mas com igrejas, é acharmos que não fomos reconhecidos pelos homens por nossas qualidades e esforços. 
      Ainda que não seja fácil, devemos aceitar de coração sermos motivados e mesmo termos alegria de viver, na confiança de que Deus nos vê e nos recompensa. Se não adquirirmos essa consciência nunca creremos de fato em Jesus, em tudo que ele revelou sobre o reino do céu, estaremos ainda vivendo para um reino do mundo, ainda que dentro de religião. Quem não busca a glória de Deus poderá facilmente ser presa do homem mal, que por dizer o que queremos ouvir nos seduz e nos usa para seus interesses, pondo-se como um “deus” em nossas vidas e nos afastando do Deus verdadeiro. 
      Quem não se firma na glória de Deus, não reconhece que só a honra que Deus dá importa, assim, não glorifica a Deus como Deus, e não prova o amor de Deus. Quem depende de aprovação humana para ser feliz, ama mais os homens que a Deus. Triste é viver nessa condição, numa agonizante frustração, glória falsa nunca basta, não liberta-nos pelo Espírito, mas prende-nos à ilusão material. O amor de Deus supre todas as nossas necessidades, físicas e emocionais, satisfeitos não nos importamos com o que os homens pensam, digam ou façam, mas ainda assim temos amor para respeitá-los.

02/12/22

Somos um com Deus (2/2)

      “Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo; e deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem. Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação. Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou.” 
João 5.26-30

      Será que realmente entendemos o que representa Jesus ser Deus? Há tantas implicações nisso que seria difícil refletirmos a respeito em poucas palavras, assim muitos simplesmente aceitam como dogma. Algumas óticas espiritualistas, que consideram Jesus Cristo, o apresentam como um espírito superior, que como homem deu o exemplo melhor de vida moral no mundo e que como espírito hoje está numa posição que conduz o ser humano a Deus como nenhum outro espírito pode. Mas ainda assim o veem como só um espírito superior, não como filho de Deus numa posição inatingível eternamente para todos os homens. 
      Mas o próprio Cristo disse que poderíamos ser um com ele na eternidade, estarmos na mesma posição que ele está, sermos tão filhos de Deus como ele é. João 17.21 é um texto que sempre cito, é uma passagem bíblica que expressa com clareza essa união “para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”. Isso implica em intimidade espiritual ou em unidade substancial? Quando há uma relação entre seres humanos há intimidade, mas se essa relação for física e heterossexual (fisicamente falando e sem nenhum juízo de valor) um novo ser é gerado unindo duas substâncias. 
      O que nos faz um com Deus não é crermos nele, isso é só o “namoro”, é só quando damos frutos de Deus pelo Espírito Santo que nos “casamos” com o Altíssimo. O Espírito Santo nos faz gerar e parir virtudes morais, que manifestam obras que servem aos nossos semelhantes, isso é o que evidencia nossa união com Deus. Jesus é Deus, nós podemos ter uma união com Deus por Jesus e através do Espírito Santo quando damos bons frutos que permanecem. Mesmo com toda essa explicação, comunhão espiritual com Deus é algo tão maravilhoso quanto profundo, que requer toda uma eternidade para se realizar plenamente. 
      Não devia ser fácil a Jesus, com seu conhecimento espiritual, passar ao homem do primeiro século um novo nível de espiritualidade, que ia além da velha aliança. A Lei mostrou o que podia e não podia ser feito em termos objetivos, em obras no mundo físico, Jesus falava de algo mais profundo, do espírito. Mas seu amor não tornou impossível sua tarefa, ainda que tendo que usar termos e conceitos facilitados. Depois de viver e morrer, a maior obra de Jesus foi “liberar” o Santo Espírito, com esse podemos entender coisas espirituais com ferramentas espirituais, e saber porque Jesus é Deus e todos nós podemos ser um com ele. 
      Infelizmente, se fazer milagre no sábado escandalizava líderes religiosos judeus do século um, mais ainda Jesus se dizer Deus escandalizava. E nós, o que nos escandaliza hoje? Não pensemos que as religiões cristãs e a Bíblia sabem toda a verdade, há ainda muito a se conhecer do mundo espiritual e da razão da existência humana na universo, não estamos nem no meio da jornada. Os humildes buscarão a Deus, respeitarão religiões e os limites de muitos homens com amor, mas entenderão que muita coisa que escandaliza hoje pode não ser saber proibido, mas só mais uma parte da verdade mais alta, a essa é o Espírito Santo que nos guia. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

01/12/22

Jesus é Deus (1/2)

      “E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis. Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer.” 
João 5.17-21

      Jesus voltar ao mundo como homem, respeitando os parâmetros de sua primeira vinda, é algo que com certeza não vai acontecer. A civilização hoje é outra, a ciência existe, o ser humano está diferente, assim a revelação espiritual mais elevada de Deus para o mundo contemporâneo tem outras prioridades. Jesus veio como homem no tempo certo, para que influenciasse a humanidade da melhor maneira possível, não poderia ter vindo nem antes, nem depois. Se a humanidade aproveitou ou não essa oportunidade, isso é outro assunto, mas a luz mais alta foi apresentada, quem quiser que se coloque sob ela e seja “salvo”. 
      Muitos cristãos amam romantizar a passagem de Deus-homem na Terra, pelo menos baseados na versão católica-protestante do que seja essa passagem, que pode não bater com a verdade, esses religiosos gostam de se achar melhores que muitos religiosos judeus do primeiro século. Entretanto, numa suposição, se Deus permitisse que seu “filho” encarnasse hoje, dizendo-se o próprio Deus, Jesus seria no mínimo ignorado, e no máximo, não torturado e morto, mas internado como maluco, provavelmente pelos mesmos cristãos que defendem o falso cristianismo, como defendiam religiosos judeus a velha aliança desviada. 
      Jesus não nasceu na realeza, ainda que da raiz de Davi, não era rico ou tinha alguma proeminência na sociedade de sua época, era só um professor da religião judaica, um rabino itinerante. Assim escolheu alunos (discípulos) e saiu andando com eles enquanto os ensinava, como era costume na época. Aos poucos foi sendo percebido como alguém especial, pelas palavras, pela prática do amor e principalmente, como sempre é aos olhos humanos das massas, pelos milagres físicos e exorcismos. Ainda assim, a percepção que a religião sacramentou do Cristo e que chegou a nós, foi construída depois, não durante a vida de Jesus. 
      Os que andavam com Jesus não o entenderam enquanto andavam com ele, tanto que o abandonaram durante sua prisão e sua crucificação. Foi a vinda do Espírito Santo que abriu a mente de apóstolos e discípulos? Eu gostaria de pensar que sim. Foi o mesmo Espírito Santo que guiou os escritores do novo testamento a se lembrarem das palavras do mestre com as relevâncias corretas, escrevendo os evangelhos e orientando as novas igrejas através das cartas? Eu queria muito acreditar que sim. Contudo, depois que uma gota d’água cai ao chão, ainda que nascida pura no céu, mistura-se com a terra e outros elementos e suja-se.
      Neste mundo nada fica imune à corrupção, nem o cristianismo ficou, aceitem isso cristãos católicos, pentecostais e protestantes. Entretanto, Jesus foi aceito e ensinado como Deus. Talvez porque o ser humano tivesse necessidade de crer assim, talvez porque tenha sido conveniente a homens que se colocaram como donos do cristianismo e que queriam usa-lo para manipular outros homens, ou talvez porque a verdade mais alta tenha se imposto pela inclinação do Espírito Santo. Importa é que, Jesus ser Deus e poder conduzir-nos de maneira especial a Deus, são ensinos que permanecem vivos até hoje, graças a Deus. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

30/11/22

Aprendemos com o tempo? (3/3)

       “E aquele dia era sábado. 
      Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar o leito. Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e anda. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito, e anda? E o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se havia retirado, em razão de naquele lugar haver grande multidão. 
      Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior. E aquele homem foi, e anunciou aos judeus que Jesus era o que o curara. E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado.” 
João 5.9b-16

      A estupidez humana procura desculpas estúpidas para exercer inveja, insegurança e ódio. Isso, contudo, toma proporções ainda mais estúpidas, quando envolve o meio social religioso, um ambiente que deveria ter como fundamento amor e verdade, principalmente em se tratando de religiões cristãs. Uma orientação de Moisés que tinha como objetivo permitir um dia diferente na semana, onde se pudesse descansar fisicamente assim como se dedicar mais à religião, se transformou nas cabeças de homens hipócritas, arrogantes e vaidosos, numa proibição ao amor e ao poder de Deus. 
      Como assim, porque era sábado, alguém que sofria há trinta e oito anos não poderia receber uma cura de Deus? Mas talvez o caso nem fosse impedir Deus de abençoar alguém, mas impedir Jesus de aparecer na sociedade como praticante de uma religião muito mais verdadeira que a de muitos líderes religiosos judeus. A inveja é astuta, usa de todos os sortilégios para agir e não se revelar, nas trevas, com falsidades e manipulações. Mas o que nos chama a atenção no texto bíblico inicial não é só o orgulho ferido dos líderes religiosos, mas uma atitude um pouco sem noção do homem curado. 
      O homem nem sabia quem o havia curado, por um lado isso é  explicável. Jesus, em sua espiritualidade elegante e discreta sabedoria, evitava a fama que seus milagres lhe davam, e que tantos hoje procuram ter para encherem templos e terem igrejas financeiramente ricas. Jesus sabia que sua missão principal se realizava em duas partes, dando o exemplo da vida santa e humilde no mundo que Deus pede de todos nós, e se oferecendo em sacrifício de morte. Uma coisa não poderia limitar ou adiantar a outra, assim, ainda que por amor fosse levado a ajudar a muitos, não podia se arriscar demais. 
      Jesus teve outro encontro com o homem, onde o exortou, eis que já estás são, não peques mais, agora o homem sabia quem o tinha curado, não mais podia alegar ignorância. Interessante a frase para que não te suceda alguma coisa pior, ensina que libertação não é para sempre, se não tomarmos jeito na área moral e espiritual o corpo pode voltar a sofrer. Ainda assim após exortado o homem foi e anunciou aos judeus que Jesus era o que o curara, por esta causa os judeus perseguiram a Jesus. Não podemos culpar o homem pela perseguição a Jesus, mas podemos aprender com essa possibilidade. 
      A impressão que nos dá é que ainda que o homem tenha tido fé em Jesus para ser curado, não se livrou da visão equivocada inicial, aquela que procurava poder de cura na água, no anjo e no homem. Será que o homem entendeu quem era Jesus? Ou só o viu como alguém poderoso neste mundo? Não teve sensibilidade espiritual para respeitar a missão do Cristo, não teve forças para vencer a vaidade de divulgar seu milagre, seguiu sem noção. Será que esse homem, que já tinha passado trinta e oito anos sofrendo, não voltou a sofrer com o mesmo mal? Nisso podemos entender porque sofreu tanto.  
      Deus é justo, sabe de tudo, não nos apressemos em julgar o sofrimento, o tratamento, a provação aos nossos olhos tão demorada de alguém. Muitos, em cadeiras de rodas, são seres humanos melhores que se não fossem cadeirantes, muitos com um olho só, são mais espirituais que se tivessem dois olhos sãos. Trinta e oito anos de sofrimento parece muito tempo? Mas Deus trabalha o tempo todo, inclusive aos sábados, nada acontece sem propósito, enquanto neste mundo nossas vidas são canteiro de obra aberto vinte e quatro horas para trabalho, de nós em nós mesmos e de Deus em todos. 

Leia nas postagens anteriores as
outras duas partes desta reflexão
José Osório de Souza, 25/11/2021

29/11/22

Toma teu leito e anda (2/3)

      “Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava.” 
João 5.9a 

      O leito do homem de João 5.2-9a pode conter uma simbologia importante, pode representar uma zona de conforto. Por incrível que pareça, podemos achar zonas de conforto mesmo em problemas não resolvidos, e o homem havia trinta e oito anos que estava em um mesmo lugar esperando uma solução. Com certeza os panos que ele arrumou para darem algum conforto a seu corpo enfermo, enquanto aguardava a cura, tinham se tornado, não um lugar temporário, mas sua morada, sua própria identidade. Depois de tanto tempo na espera ele já devia ter um lugar reservado perto do tanque Betesda. 
      A ordem não foi só levanta-te e anda, mas toma teu leito e anda, ele não tinha recebido só cura no corpo físico, mas tinha ganhado de Jesus uma nova identidade, um novo lugar na sociedade, mas mais que isso, se ele tivesse de fato entendido o que é Jesus, um lugar no reino eterno de Deus. Podemos ler a passagem e não nos atentarmos para o número de anos que o homem esperou por um milagre, será que foi porque confiava em coisas e seres errados? Deus sempre esteve pronto para curá-lo, mas Cristo teve um ministério de só três anos, diretamente por Jesus ele não poderia ter sido curado antes.
      Tudo acontece dentro dos planos de Deus, penso que a providência divina tinha um propósito, que talvez só entendamos na eternidade, de porque o homem ter tido que esperar por tanto tempo. Não foi para que o corpo físico sofresse, mas para que o espírito eterno pagasse seus preços e aprendesse uma lição específica que o homem, mais que os outros que conseguiram entrar no tanque antes, deveria aprender. Temos duas lições para aprender disso, a primeira é, não nos acomodemos, reavaliemos no que cremos e para quem olhamos, nossa cura pode não ter que esperar assim por tanto tempo.
      A segunda lição é, às vezes uma resposta pode, sim, demorar a chegar, e muito tempo, não porque Deus não possa responder, mas porque não estamos preparados para a resposta, ou ainda, porque ainda não aprendemos o que temos que aprender com o problema. Um problema não é um problema, mas uma oportunidade de aprendizado, uma vez que aprendamos o necessário, o problema pode ser resolvido. Eu tenho algo especial a dizer sobre porque e como relatei esse estudo. Não, eu não peguei uma passagem bíblica e me pus, com ajuda de comentários e outros apoios, a estudar o texto, não foi assim. 
      Nesta madrugada estava orando a Deus e me senti sem ânimo, até sem fé, pela misericórdia do Senhor tenho conseguido ter uma vida consagrada, assim não havia pecados pendentes e mesmo alguma questão maior pela qual eu clamasse. Mas ainda assim me sentia emocionalmente exausto, então, de maneira “aleatória”, o versículo bíblico inicial me veio. Fiquei assustado, no mesmo instante entendi que ele explicava exatamente minha situação naquele momento, eu procurava emoção para me motivar, algo sobrenatural que me iluminasse, como culpava alguns homens por não me ajudarem.
      Eu ganhei um milagre sobrenatural, não por ter sido curado no corpo, mas por ter “recebido”, dentre tantos textos bíblicos, um que definia em detalhes a minha condição. Esse é o milagre que Deus mais faz com os seres humanos hoje, não é material, mas mental, uma palavra racional de vida que cura, consola, deixa claro que não estamos sozinhos, que Deus é real e vivo, que sempre nos ouve e nos responde. Hoje a medicina é um milagre de Deus que cura o corpo, há dois mil anos não havia isso, mas sempre precisaremos de milagres morais, que nos façam melhores por dentro e para sempre.  

Leia na postagem anterior
e na próxima postagem as
outras duas partes desta reflexão
José Osório de Souza, 25/11/2021

28/11/22

Água, anjo, homem e Jesus (1/3)

      Começando hoje, seis reflexões sobre o quinto capítulo do evangelho segundo João, um dos textos bíblicos mais significativos do cânone, que Deus te abençoe com o estudo. 

      “Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres. Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento da água. Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.
      E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo. E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são? O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim. 
      Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava.” 
João 5.2-9a 

      O homem queria o favor da água, do anjo, de outro homen, mas não percebeu que tinha o favor direto de Jesus à sua frente. No texto bíblico inicial uma passagem bem conhecida sobre um milagre físico, parece que havia em Jerusalém um tanque, se acreditava que um anjo vinha, agitava a água desse tanque e que o primeiro que entrasse nesse tanque seria curado da doença que tivesse. Um homem, há trinta e oito anos doente, não tinha condições de se mover com rapidez para dentro da água, assim dependia que alguém o ajudasse, como isso não acontecia outro sempre entrava no tanque antes dele. 
      Água, anjo, homem, podem ser simbologias para três áreas nas quais buscamos ajuda e não a ajuda de Jesus. Água pode representar uma condição emocional interior que achamos propícia para pedir e receber algo de Deus. Pensamos que Deus nos ouve porque estamos cheios de vontade, sentindo uma unção muito forte, convictos de fé. Mas será que nos achamos sempre assim? No início, quando somos mais jovens e cheios de paixão, nossa oração pode até ser mais passional, e por isso pensamos que ela é mais poderosa, contudo, à medida que envelhecemos, ficamos mais frios, secos, céticos.
      Nós mudamos, mas Deus não muda, que fé é preciso para ser atendida? A do tamanho de uma semente de mostarda (Lucas 17.6), nós seres humanos valorizamos quantidade, mas Deus só procura qualidade, sinceridade do bem, verdade individual que não se compara aos outros. Por outro lado, emoção deve ser sempre efeito, não causa, quem crê não precisa sentir ou perceber por outros sentidos, mas se crer de verdade sentirá, não necessariamente êxtases extremos, mas uma paz diferenciada. Não, meus queridos, o poder de cura não estava na água, nunca esteve, nem se fosse movida por um anjo.
      Anjo é um ser espiritual, quantos não querem ver anjos e espíritos, fantasmas e seres de luz, enfim, o sobrenatural, acham que esses têm mais poder e que vê-los também alia mais fê ao que vê. Nesse engano muitos acabam achando mais a “demônios” e esprito maligno, que enganam e fazem sofrer, que de fato servos espirituais do Altíssimo de elevada qualidade moral. Não é impossível ver anjos, Deus reserva isso aos humildes e santos, mas muitos querem vê-los só por vaidade, além do mais eles são só servos, o Senhor de tudo e todos é Deus. Não, meus queridos, o poder da cura não era do anjo. 
      Mas mesmo procurando igrejas cristãs, crendo em Deus, muitos acham que sua fé seja potencializada pela ajuda de homens carismáticos, que eles acham que possuem mais unção de Deus que outros. Outros, contudo, dependem de homens para receberem algo de Deus não por serem esses homens líderes, mas irmãos que se sentam nos bancos e cadeiras junto deles. Assim, se por algum motivo não são cumprimentados ou bem recebidos por esses, a fé e a vontade de buscarem a Deus mínguam. Não, o poder da cura não está em homens, mesmo nos que nos parecem mais famosos, mais consagrados.
      O milagre não está dentro de nós, no mundo espiritual ou nos homens, esses apenas recebem o milagre, o milagre está em Deus e esse o envia de um modo especial e exclusivo através de Jesus. Jesus não só faz milagres, Jesus é o milagre, maior e pleno de Deus, quem tem Jesus, tem o milagre. Isso é tão simples e tão óbvio, para nós em igrejas cristãs, católicas, protestantes ou pentecostais, que ouvimos ensinos sobre Cristo o tempo todo, que às vezes podemos banalizar esse conhecimento. Não olhe a água, o anjo ou o homem, veja Jesus, à tua frente, dizendo: levanta-te, toma o teu leito e anda

Leia nas próximas postagens as
outras duas partes desta reflexão
José Osório de Souza, 25/11/2021