31/10/23

Trabalho eterno (2/2)

      “E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado. E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” João 5.16-17

      O texto de Mateus 25.31-34, 41 expressa a ideia básica que os protestantes têm tradicionalmente do juízo, do céu e do inferno: “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo,” “então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.
      Contudo, Apocalipse 2.26 revela algo que passa batido na leitura que muitos evangélicos fazem da Bíblia. Esse texto pode mudar um pouco a ideia de um céu só contemplativo que normalmente muitos têm: “E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações”. Por que os salvos teriam poder sobre as nações no céu? Para que teriam esse poder, com que propósito? Se os salvos estiverem isolados numa região externa denominada “céu”, se nesse lugar, de ruas e construções de pedras e metais preciosos, só haverá salvos, por que salvos teriam direito de dominar pares, de subjuga-los, de controlar nações? Isso nos faz pensar que o céu talvez não vá ser lugar para ociosidade, mas para trabalho.
      Não podemos deixar de considerar que as palavras escritas no livro Apocalipse são de um homem do passado. Ainda que tenha tido uma genuína e poderosa experiência com Deus, João o evangelista registrou o que viu de acordo com o entendimento intelectual e as referências espirituais de um ser humano do primeiro século d.C.. Talvez, na concepção dele, ter poder sobre as nações era a mesma capacidade que tinham vencedores numa guerra física sobre os derrotados, uns tomando outros como escravos, ou, então, João pode só ter entendido que o salvo teria uma posição política superior, como a de governador ou de rei. Lembremos que essa não é a visão do evangelho, que diz que temos que amar e abençoar os inimigos. 
      Nem João o evangelista, que foi mais que um discípulo de Jesus, mas um dos amigos mais próximos do Cristo, pôde entender a profundidade da verdade entregue pelas boas novas do evangelho, sua superioridade sobre a velha aliança de Moisés, senão teria usado palavras diferentes no livro Apocalipse. Deus é perfeito, há um motivo de Jesus ter vindo no século I, mas na verdade isso não faz diferença naquilo que Deus objetivou mostrar à humanidade de todos os tempos pelos textos do novo testamento. Aqueles que de fato querem conhecer a Deus, e não só serem adeptos de religiões, buscarão o Altíssimo e receberão de seu Santo Espírito para saberem o que de fato João viu em suas visões quando preso na ilha de Patmos. 
      Levantemos uma conjectura: será que o trabalho dos que estão no céu não será recuperar os que estão no outro lugar? Para que viemos ao mundo? Não é para acumularmos riquezas materiais, nem para administrarmos o planeta ou nos desenvolvermos cientificamente. Deus nos permite fazer tudo isso, contudo, não para estabelecermos um reino na Terra, mas para conservarmos adequadamente a sala de aula ou o quarto de hospital, que é o plano material, o lugar que Deus usa para conhecermos a Jesus, nos aperfeiçoarmos moralmente e ajudarmos os outros a terem experiências iguais. Estamos no mundo para nos livrar de infernos e ajudar os outros no mesmo propósito, trabalhando para construir o céu dentro de todos. 
      Será que o plano espiritual mudará tanto em relação ao material? Será que tudo que fazemos e cremos aqui bastará para não fazermos mais nada lá? Será que todos que irão ao céu morrerão no mundo no mesmo nível de espiritualidade, assim como todos que forem ao inferno serão igualmente merecedores da mesma e extrema pena? Será que uma passagem neste mundo é suficiente para uns sofrerem terrivelmente para sempre e outros nada fazerem eternamente? Ou será que o amor de Deus seguirá trabalhando em suas criaturas, permitindo que os que já estão próximos dele como amigos ajudem os que estão distantes, mas que também são seus filhos? Tais questões são muito sérias, não vou respondê-las por você, se buscar achará as respostas. (Leia mais sobre esse tema em “Poder sobre as nações (46/90)).

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

30/10/23

O que será o céu? (1/2)

      “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.I Coríntios 2.9-10

      Alguns dizem, quando morre alguém, “parou de brilhar aqui e foi brilhar lá em cima”, se é músico falam, “não canta mais na terra, foi cantar no coral celestial”, mas se o falecido era um ator dizem que foi brilhar nos palcos superiores, se era carnavalesco dizem que foi sambar no céu. Na verdade a ideia que muitos fazem do céu é aquilo que eles consideram prazeroso, grandioso, valoroso na Terra, mas com proporções maiores no outro plano. Se ser rico é bom no mundo, no céu seremos milionários, algumas religiões até dizem que no paraíso os santos terão direito a se relacionarem com muitas virgens, já que consideram casamento e vida sexual o prazer maior da vida aqui. 
      Mas será que temos capacidade, inteligência, ciência, para entender o que é o céu? A igreja católica construiu uma ideia equivocada de santidade assim como de excelência espiritual, essa ideia vê nos apetites do corpo físico o pecado, o mal, o inferno, assim vê céu como oposição a isso. Tentando estabelecer esse céu na Terra criaram-se as ordens religiosas de monges, frades, freiras, irmãs etc, que usam isolamento e abnegação extrema para serem santos. Talvez para muitos católicos o céu será isso, um convento, um mosteiro, um monastério, onde as tendências pecaminosas estarão dominadas e a existência será só para venerar a Deus. Mas será isso o céu, um lugar só para contemplação? 
      Para tentarmos entender o mais proximamente possível o que é o céu temos que entender qual é o centro da vontade de Deus para os seres humanos no mundo, quem não entende ou não aceita o que de fato Deus quer dele aqui, não conseguirá entender e aceitar o que Deus tem para ele lá. Desculpe-me se for duro, mas tem uma palavra que define nossa existência no mundo, e entendemos isso desde a expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden, a palavra é trabalho (Gênesis 3.17-19). Muitos aliam o céu ao sétimo dia da semana, o dia de descanso, mas céu pode estar mais relacionado aos outros seis dias, dias de trabalho, e mais, a sete dias de trabalho, já que no céu não precisaremos descansar.
      O que cansa, adoece, desgata-se, falece, é nosso corpo físico, bem, no céu não teremos um envólucro material aprisionando nosso espírito, esse estará livre e esse não se cansa, não adoece, não desgasta-se e não falece, pelo menos não em sua composição. Contudo, aqueles que tiverem construído infernos dentro deles, estarão cansados, desanimados, amarrados, insatisfeitos, isso não matará o espírito, mas causará um sofrimento terrível e bem duradouro, por isso inferno. No inferno não poderemos trabalhar, mas talvez daremos trabalho aos outros, eis um mistério. Mas que trabalho faremos no céu? A melhor adoração que podemos dar a Deus não é através de palavras e canções, mas por ações.
      Sim, a ideia que muitos evangélicos têm do céu é válida, lá os salvos louvarão a Deus, mas será que isso não será feito com obras, seguindo num eterno trabalho de servir os outros em amor? Sei que estou entrando numa maneira de entender o céu que escapa um pouco da teologia protestante tradicional, assim de agora em diante sinta-se à vontade para entender o que será dito como suposição, ainda que eu, pessoalmente, tenha certeza que não é suposição. Caminhe conforme tua fé, não conforme a minha fé ou de quem quer que seja, contudo, não tenha medo de pensar um pouco mais fundo sobre as doutrinas cristãs em que acredita, depois ore e peça que Deus e só ele te mostre a verdade. 
      Haverá prazeres sem iguais no céu, ninguém duvide disso, não será só exaltação do melhor que temos no mundo. O melhor que tivemos aqui será visto como pequeno, tolo, inútil, no céu. Entenderemos como somos mesquinhos, egoístas, vaidosos, que mesmo em nossas crenças religiosas, que procuramos guardar com tanta fidelidade e sinceridade, havia prisões, medos, superstições, não a liberdade que o Espírito Santo, ainda no mundo, tentava nos fazer conhecer. Se aqui nos encantamos com arte, com música, com louvores cristãos, isso tudo lá será tão menor que nem saudades teremos, só sentirá saudades do mundo quem estiver num inferno. Mas a esses, será que não poderemos ajudar lá com trabalho? 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

29/10/23

Provando a glória de Deus

      “Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.Salmos 84.11

      Se conhecer a Deus fosse ler a Bíblia e aprender com personagens antigos que vale a pena ser amigo de Deus como foi Abraão, que vale a pena superar a própria natureza má e ser um vencedor como foi Jacó, que vale a pena vencer a inveja dos irmãos e as prisões do mundo para ser a salvação da família como foi José, que vale a pena esperar trinta anos no deserto para ser manso para conduzir um povo à terra prometida como foi Moisés, que vale a pena suportar a perseguição de um líder deposto, não se vingar dele e ainda chorar sua morte para enfim ser rei, só isso já compensaria o que sofri pelos erros que cometi. 
      Se conhecer a Deus fosse estudar os evangelhos e conhecer, não as religiões cristãs, mas o próprio Cristo, quando ele foi santo, mas foi amigo dos homens sem importar-se com seus níveis morais, quando ele, ainda que conhecendo a incredulidade e a superficialidade dos seres humanos, os curou, os alimentou, seus corpos e suas almas, sabendo que no final ninguém lhe faria companhia em sua maior prova, quando ele, ainda que de uma espiritualidade de nível superior a qualquer um que pisou este planeta, foi humilde, manso, calado, não se defendeu, só amou, só isso valeria à pena ter perseverado para ser alguém melhor. 
      Se conhecer a Deus fosse trabalhar em igrejas, tocar em vários cultos por semana, pilotando tantos instrumentos de teclas, dos velhos harmônios, que nos deixavam sem fôlego quando tínhamos que pressionar pedais para manter os foles cheios de ar, até lindos pianos de cauda, passando por sintetizadores dos anos 1970 até os atuais, sentindo o louvor maravilhoso de centenas de vozes, unidas só para adorar, mas também orando em tantas vigílias, clamando pela liderança, pelos ministérios, para que o nome de Cristo fosse pregado, só isso valeria a pena ter sido injustiçado muitas vezes pelos que cantavam comigo. 
      Hoje faço sessenta e quatro anos, quarenta e oito anos de conversão em igreja protestante, mas com uma necessidade intrínseca e misteriosa de Deus desde que tenho consciência que existo. Não foi fácil, minha libertação foi lenta, deixei baixas no caminho que só pela misericórdia de Deus se restabeleceram após minha passagem em suas vidas, mas o final tem sido iluminado, e o que deixo aqui faz com que me sinta satisfeito por ter cumprido minha expiação. Contudo, minha experiência foi mais que conhecimento bíblico, encantamento com a vida de Jesus e ministração de louvor, provei a glória de Deus de perto. 
      Sinto pena dos fortes, inveja, não, pelo menos, não mais, mas me entristeço por saber que eles podem ter conhecido profundamente doutrinas de religiões cristãs, mas por se acharem capazes o suficiente para agradarem a Deus só tiveram experiências intelectuais com Deus. Tentaram fazer o melhor, mas com as próprias forças, nunca precisaram se levantar do fundo do poço escuro dos próprios fracassos e só acharem forças para isso na glória de Deus. Minha experiência não foi teoria fria, mas vivida com um sentimento maravilhoso, um êxtase que nenhum prazer deste mundo se compara, o dom do vivo Espírito Santo.
      Ainda que devamos tomar a iniciativa de falar com o Senhor todos os dias, Deus nos chama para orar, quando isso ocorre sentimos algo diferente. Nessa chamada a presença de Deus é poderosa, para quem já manifestou dom de línguas a boca se enche de palavras ininteligíveis e nos sentimos puxados como que por um choque elétrico, nosso espírito é arrebatado num instante a elevadas regiões espirituais. Nessa posição o Espírito Santo nos fala, são frases curtas e diretas, mas são mais que semântica, é a glória de Deus nos tocando. É essa experiência sobrenatural que tem me mantido firme no caminho que Deus me vocacionou. 

28/10/23

Cristão, você assume o que crê?

     “Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.” I Timóteo 1.5

      O propósito deste texto não é criticar a crença dos outros, mas, quiçá, ajudar as pessoas a assumirem suas crenças. Há muito cristão ligado oficialmente a igrejas, ouvindo pregadores, verbalizando doutrinas, mas não tendo dentro de si noção do que ouve e diz, muito menos convicção do que acha crer. Se tem algo que de um jeito ou de outro Deus pede de todos é coerência, hipocrisia é filha da incoerência e incoerência é amante da mentira. Deus só pode começar a trabalhar em nós quando assumimos nossa verdade, verdade não é boa nem ruim, é só verdade, na verdade não há hipocrisia, mas harmonia entre palavras e obras. Deus não pode trabalhar em nós se não entregarmos a ele o que somos de verdade desejando ser melhorado. 
      O que tua fé te permite crer? Se se diz evangélico saiba que tua doutrina prega penas eternas, assim céu e inferno irreversíveis na eternidade, onde não haverá mais livre arbítrio, oportunidade de escolha, portanto chance de mudar o céu ou o inferno em que se está. É isso que você acredita? Nisso implica pensar que as pessoas não podem mudar de opinião, quem errou aqui no mundo e não obedeceu a Deus seguirá assim pela eternidade, e durante todo o terrível sofrimento que experimentar nunca pensará em se arrepender ou clamar pela misericórdia de Deus para que esse mude sua sorte. Pense profundamente em tua própria vida no mundo, nas teimosias que manteve, nos remorsos que experimentou, nos arrependimentos que teve…
      Mas pense também que um Deus de luz, paz e amor, que foi assim durante nossas curtas passagens pelo mundo material, não será igual durante os milhões e milhões e milhões de anos na eternidade, Deus simplesmente mudará, de agregador por seu amor será um separador por sua ira. É nisso que você acredita? Que Deus muda? Não estou dizendo que o amor de Deus deva ser maior que sua santidade, mas que quem se coloca como evangélico, precisa assumir que crê que o amor de Deus fecha as portas no plano espiritual, que Deus existirá eternamente sabendo que muitas de suas criaturas, como o cristianismo chama não salvos, estarão em danação infinita, sem nenhuma chance de modificar escolhas erradas feitas no mundo. 
      Contudo, quem se coloca como cristão conservador, guardião da tradição judaica-cristã da família e da sexualidade, precisa aceitar que muitos que se expressaram homoafetivamente no mundo, que não foram promíscuos, nem libertinos, mas que só viveram suas verdades, verdades afetivas que nasceram com eles e que não puderam ser mudadas, que esses, por estabelecerem uniões estáveis com pessoas do mesmo sexo e até terem adotado filhos e os criado bem, também estarão eternamente nas chamas infernais. É isso que você crê? Como cidadão de um tempo quando a ciência mostra que o ser humano é bem mais complexo que pensava ser o homem dos tempos bíblicos, você acha que é só isso, o homem e a mulher do Éden? 
      Como dito no início, o intuito deste texto não é discordar, mas fazer-nos pensar em todas as implicações de nossas crenças. Constato algo estranho, muitos cristãos mantêm dentro de si conscientes inconsistências, respeitam o que igrejas e pastores dizem, mas não levam isso a sério em suas relações com a realidade, no dia a dia na sociedade, agem como se concordassem com o que eles chamam de “mundo”. Muitos cristãos simplesmente não assumem suas crenças, não de verdade, por isso não sabem compartilhá-las com inteligência e não sofrem, aceitam certos assuntos como não discutíveis. Isso inclui pastores, que não vão a fundo em muitos temas, taxam certas orientações como dogmas para não pensarem e, talvez, não sofrerem. 
      O que tua fé te permite crer? As pessoas acreditam naquilo que podem acreditar, que cabe em suas cabeças, que as deixa confortáveis e não prioritariamente com Deus, mas com o grupo social com o qual querem conviver. Muitos creem de um jeito porque os próximos a eles creem desse jeito, assim para terem amigos e aprovação acreditam igual. Poucos têm coragem de se levantarem contra a sociedade em nome de uma verdade maior, poucos têm coragem para ficar sozinhos em nome de uma crença pessoal, poucos de fato creem em Deus acima do que os homens dizem crer em Deus, principalmente se esses homens são religiosos. Seja como for, sejamos coerentes, assumamos nossas crenças até suas últimas consequências. 

27/10/23

Ninguém pode alegar que não sabia (5/5)

      “Quem é sábio observará estas coisas, e eles compreenderão as benignidades do Senhor.” Salmos 107.43

      O universo, criado por Deus, sob leis estabelecidas por Deus e que nem Deus desobedece, dá sinais. A lei mais importante é a da causa e efeito, da ação e reação, que diz “colhe-se o que se planta”, mas nada cresce num instante. Na natureza uma árvore pode demorar anos para crescer, assim, ninguém pode alegar que plantaram uma árvore no meio da sala de sua casa e não sabia. Uma árvore pode ser arrancada, mas se deixarmos para arrancá-la quando estiver crescida será mais difícil, raízes profundas cresceram e a prenderam ao chão. Assim é com o mal que plantamos, se estivermos atentos aos sinais poderemos nos livrar dele a tempo, senão suas raízes se aprofundarão, então, não haverá mais casa, só uma árvore enorme situada em lugar totalmente inapropriado. 
      Seja em nossa vida afetiva e sexual, em nossa saúde física e mental, em nossos filhos, ou em nossa profissão, o universo sempre informa-nos sobre o que fizemos e dá sinais sobre para onde isso está nos conduzindo. O dispositivo cósmico que faz o universo entregar sinais é parte do sistema de alerta de uma maravilhosa virtude de Deus, o amor. Por nos amar Deus é paciente, avisa-nos aos poucos e em todo o tempo. Ele dá oportunidade para que consertemos as coisas e de preferência de forma discreta, Deus não tem intenção de nos humilhar publicamente. Com o termo universo nos referimos a tudo, amigos nos avisam, parentes nos alertam, inimigos nos advertem, o Espírito Santo nos previne para acertarmos as coisas no melhor momento, e o melhor é já. 
      Por que não damos atenção aos sinais do universo? Porque isso implica em ajuste de percurso, em mudança de opinião, em perdermos diante de homens posições e posturas que nos fazem importantes diante deles. Dessa forma, sacrificamos vida pessoal, saúde, família, filhos e profissão, por vaidade e egoísmo. Como sempre, a vitória maior está na humildade, o humilde é sensível para ouvir a voz do Espírito Santo e diligente para obedecê-la. Já o orgulhoso ao ouvir a voz do universo dirá que é imaginação sua, coisa do diabo, negativismo de inimigo ou falsa profecia, não verá um leão feroz à sua frente querendo arrancar-lhe a cabeça, mas só um gatinho manso que ele pode afagar. Quem não dá atenção aos sinais do universo se verá fatalmente sozinho e humilhado.

26/10/23

Ninguém tem profissão infeliz sem causa (4/5)

      “Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificarEclesiastes 3.2-3

      Sou de uma geração que pais queriam escolher faculdade e profissão dos filhos e os filhos dificilmente tinham coragem para se oporem a isso. Hoje é diferente, o jovem pode escolher e muitos podem não escolher, e ainda assim serem sustentados pelos pais até quarenta anos ou mais de idade. Não que esses não trabalhem, mas fazem isso mais como hobby que como meio de independência econômica, continuam na casa dos pais, usufruindo cama, comida e roupa lavada, e o que ganham usam para diversão, viagens e roupas. Existe outro caso, gente que escolhe profissão pelo status e pela grana, e com o tempo se vê deprimida fazendo algo que não gosta, mas também há quem quer ganhar mais, mas não estuda o suficiente para estar mais capacitado e ser promovido em sua carreira profissional. 
      Aceitemos a verdade, somos responsáveis pelo que somos, e isso não é necessariamente algo ruim, pode só necessitar de nossa humildade para sermos felizes com o que escolhemos ser na prática, não com o que imaginamos que poderíamos ser. Muitos vezes pensamos, “se eu tivesse agido diferente eu seria mais feliz hoje”, mas não agimos, e na maioria das vezes não foi porque colocaram uma arma em nossas cabeças e nos obrigaram a agir de um jeito, foi porque queríamos agir desse jeito. Hoje agiríamos de outro jeito? Sim, mas só somos o que somos hoje porque erramos na passado e reconhecemos isso, só crescemos com erro reconhecido, já que o acerto faz com que nos acomodemos e permaneçamos iguais. Contudo, enquanto estamos neste mundo, sempre há tempo para estudarmos e empreendermos mais. 

25/10/23

Ninguém é desonrado por filhos sem razão (3/5)

      “Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se a sua obra é pura e reta.Provérbios 20.11

      Se tem um fruto que podemos saber se será doce ou amargo, é o futuro de nossos filhos, na maneira como eles nos tratarão na velhice, assim como a reputação que terão e que nos honrará ou não. Laranjeira dá laranja, não limão, o fruto sempre cai perto da árvore que o gerou, eis dois ditados que se aplicam bem a esse tema. Filhos serão o que fizermos deles, ainda que também tenham direito ao livre arbítrio, assim como são responsabilidades nossas por muito tempo, não do vizinho, do parente ou de algum estranho. Quem acha que completando dezoito anos, se formando na faculdade ou se casando, um filho não será mais assunto seu, engana-se. Devemos nos esforçar para isso, mas temos que ser humildes para admitir que demoramos para ser pessoas boas nesse mundo, e filhos podem ter sido criados por alguém ruim, que não somos mais, mas que um dia fomos. 
      Já foi dito que construir filhos é o trabalho mais importante do mundo, depois do trabalho de construirmos a nós mesmos, e o ideal seria só tentarmos construir outros depois que tivermos nos construído. Mas a realidade não funciona assim, e nem Deus trabalha dessa maneira, o universo dá autorização para um trabalho tão importante a leigos e inexperientes, a imaturos e egoístas. Contudo, talvez o trabalho mais importante não seja acertarmos, não de cara, mas termos humildade para admitirmos que erramos e persistirmos em tentar acertar. Deus trabalha sobre nossas fraquezas, sobre nossas imperfeições, só assim conhecemos e provamos sua força e sua perfeição. Mas sejamos humildes, laranjeira não dá limão e fruto de uma árvore não cai perto de outra árvore, saibamos pedir perdão aos filhos, aceitar suas escolhas e estarmos sempre próximos para ajudá-los.