segunda-feira, outubro 30, 2023

O que será o céu? (1/2)

      “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.I Coríntios 2.9-10

      Alguns dizem, quando morre alguém, “parou de brilhar aqui e foi brilhar lá em cima”, se é músico falam, “não canta mais na terra, foi cantar no coral celestial”, mas se o falecido era um ator dizem que foi brilhar nos palcos superiores, se era carnavalesco dizem que foi sambar no céu. Na verdade a ideia que muitos fazem do céu é aquilo que eles consideram prazeroso, grandioso, valoroso na Terra, mas com proporções maiores no outro plano. Se ser rico é bom no mundo, no céu seremos milionários, algumas religiões até dizem que no paraíso os santos terão direito a se relacionarem com muitas virgens, já que consideram casamento e vida sexual o prazer maior da vida aqui. 
      Mas será que temos capacidade, inteligência, ciência, para entender o que é o céu? A igreja católica construiu uma ideia equivocada de santidade assim como de excelência espiritual, essa ideia vê nos apetites do corpo físico o pecado, o mal, o inferno, assim vê céu como oposição a isso. Tentando estabelecer esse céu na Terra criaram-se as ordens religiosas de monges, frades, freiras, irmãs etc, que usam isolamento e abnegação extrema para serem santos. Talvez para muitos católicos o céu será isso, um convento, um mosteiro, um monastério, onde as tendências pecaminosas estarão dominadas e a existência será só para venerar a Deus. Mas será isso o céu, um lugar só para contemplação? 
      Para tentarmos entender o mais proximamente possível o que é o céu temos que entender qual é o centro da vontade de Deus para os seres humanos no mundo, quem não entende ou não aceita o que de fato Deus quer dele aqui, não conseguirá entender e aceitar o que Deus tem para ele lá. Desculpe-me se for duro, mas tem uma palavra que define nossa existência no mundo, e entendemos isso desde a expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden, a palavra é trabalho (Gênesis 3.17-19). Muitos aliam o céu ao sétimo dia da semana, o dia de descanso, mas céu pode estar mais relacionado aos outros seis dias, dias de trabalho, e mais, a sete dias de trabalho, já que no céu não precisaremos descansar.
      O que cansa, adoece, desgata-se, falece, é nosso corpo físico, bem, no céu não teremos um envólucro material aprisionando nosso espírito, esse estará livre e esse não se cansa, não adoece, não desgasta-se e não falece, pelo menos não em sua composição. Contudo, aqueles que tiverem construído infernos dentro deles, estarão cansados, desanimados, amarrados, insatisfeitos, isso não matará o espírito, mas causará um sofrimento terrível e bem duradouro, por isso inferno. No inferno não poderemos trabalhar, mas talvez daremos trabalho aos outros, eis um mistério. Mas que trabalho faremos no céu? A melhor adoração que podemos dar a Deus não é através de palavras e canções, mas por ações.
      Sim, a ideia que muitos evangélicos têm do céu é válida, lá os salvos louvarão a Deus, mas será que isso não será feito com obras, seguindo num eterno trabalho de servir os outros em amor? Sei que estou entrando numa maneira de entender o céu que escapa um pouco da teologia protestante tradicional, assim de agora em diante sinta-se à vontade para entender o que será dito como suposição, ainda que eu, pessoalmente, tenha certeza que não é suposição. Caminhe conforme tua fé, não conforme a minha fé ou de quem quer que seja, contudo, não tenha medo de pensar um pouco mais fundo sobre as doutrinas cristãs em que acredita, depois ore e peça que Deus e só ele te mostre a verdade. 
      Haverá prazeres sem iguais no céu, ninguém duvide disso, não será só exaltação do melhor que temos no mundo. O melhor que tivemos aqui será visto como pequeno, tolo, inútil, no céu. Entenderemos como somos mesquinhos, egoístas, vaidosos, que mesmo em nossas crenças religiosas, que procuramos guardar com tanta fidelidade e sinceridade, havia prisões, medos, superstições, não a liberdade que o Espírito Santo, ainda no mundo, tentava nos fazer conhecer. Se aqui nos encantamos com arte, com música, com louvores cristãos, isso tudo lá será tão menor que nem saudades teremos, só sentirá saudades do mundo quem estiver num inferno. Mas a esses, será que não poderemos ajudar lá com trabalho? 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

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