domingo, outubro 29, 2023

Provando a glória de Deus

      “Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.Salmos 84.11

      Se conhecer a Deus fosse ler a Bíblia e aprender com personagens antigos que vale a pena ser amigo de Deus como foi Abraão, que vale a pena superar a própria natureza má e ser um vencedor como foi Jacó, que vale a pena vencer a inveja dos irmãos e as prisões do mundo para ser a salvação da família como foi José, que vale a pena esperar trinta anos no deserto para ser manso para conduzir um povo à terra prometida como foi Moisés, que vale a pena suportar a perseguição de um líder deposto, não se vingar dele e ainda chorar sua morte para enfim ser rei, só isso já compensaria o que sofri pelos erros que cometi. 
      Se conhecer a Deus fosse estudar os evangelhos e conhecer, não as religiões cristãs, mas o próprio Cristo, quando ele foi santo, mas foi amigo dos homens sem importar-se com seus níveis morais, quando ele, ainda que conhecendo a incredulidade e a superficialidade dos seres humanos, os curou, os alimentou, seus corpos e suas almas, sabendo que no final ninguém lhe faria companhia em sua maior prova, quando ele, ainda que de uma espiritualidade de nível superior a qualquer um que pisou este planeta, foi humilde, manso, calado, não se defendeu, só amou, só isso valeria à pena ter perseverado para ser alguém melhor. 
      Se conhecer a Deus fosse trabalhar em igrejas, tocar em vários cultos por semana, pilotando tantos instrumentos de teclas, dos velhos harmônios, que nos deixavam sem fôlego quando tínhamos que pressionar pedais para manter os foles cheios de ar, até lindos pianos de cauda, passando por sintetizadores dos anos 1970 até os atuais, sentindo o louvor maravilhoso de centenas de vozes, unidas só para adorar, mas também orando em tantas vigílias, clamando pela liderança, pelos ministérios, para que o nome de Cristo fosse pregado, só isso valeria a pena ter sido injustiçado muitas vezes pelos que cantavam comigo. 
      Hoje faço sessenta e quatro anos, quarenta e oito anos de conversão em igreja protestante, mas com uma necessidade intrínseca e misteriosa de Deus desde que tenho consciência que existo. Não foi fácil, minha libertação foi lenta, deixei baixas no caminho que só pela misericórdia de Deus se restabeleceram após minha passagem em suas vidas, mas o final tem sido iluminado, e o que deixo aqui faz com que me sinta satisfeito por ter cumprido minha expiação. Contudo, minha experiência foi mais que conhecimento bíblico, encantamento com a vida de Jesus e ministração de louvor, provei a glória de Deus de perto. 
      Sinto pena dos fortes, inveja, não, pelo menos, não mais, mas me entristeço por saber que eles podem ter conhecido profundamente doutrinas de religiões cristãs, mas por se acharem capazes o suficiente para agradarem a Deus só tiveram experiências intelectuais com Deus. Tentaram fazer o melhor, mas com as próprias forças, nunca precisaram se levantar do fundo do poço escuro dos próprios fracassos e só acharem forças para isso na glória de Deus. Minha experiência não foi teoria fria, mas vivida com um sentimento maravilhoso, um êxtase que nenhum prazer deste mundo se compara, o dom do vivo Espírito Santo.
      Ainda que devamos tomar a iniciativa de falar com o Senhor todos os dias, Deus nos chama para orar, quando isso ocorre sentimos algo diferente. Nessa chamada a presença de Deus é poderosa, para quem já manifestou dom de línguas a boca se enche de palavras ininteligíveis e nos sentimos puxados como que por um choque elétrico, nosso espírito é arrebatado num instante a elevadas regiões espirituais. Nessa posição o Espírito Santo nos fala, são frases curtas e diretas, mas são mais que semântica, é a glória de Deus nos tocando. É essa experiência sobrenatural que tem me mantido firme no caminho que Deus me vocacionou. 

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