terça-feira, julho 12, 2011

Experiência de Jó

Pois o certo é que Deus não rejeita o íntegro, e não fortalece as mãos dos que fazem o mal. Mas, quanto a você, ele encherá de riso a sua boca e de brados de alegria os seus lábios. Seus inimigos se vestirão de vergonha, e as tendas dos ímpios não mais existirão”, livro de Jó, capítulo 8, versículo 20 ao 22.

      Jó tinha perdido tudo, bens, filhos, mulher, etc. Agora seus amigos estavam sentados com ele, discutindo sua situação. O texto acima foi dito por Bildade, um de seus amigos. Bildade disse alguma mentira? É errado o que ele falou? É injusto? O texto não bate com outros textos da Bíblia? Não, o que Bildade disse acima é a lei mais básica da vida com Deus, Deus abençoa o que faz as coisas certas, sendo com ele, cuidando dele, e por outro lado Deus deixa o que faz as coisas erradas, entregando esse ao mal e a destruição.
      Qual foi a resposta de Jó?

      “Bem sei que isso é verdade. Mas como pode o mortal ser justo diante de Deus?”

      “Como então poderei eu discutir com ele? Como achar palavras para com ele argumentar? Embora inocente, eu seria incapaz de responder-lhe; poderia apenas implorar misericórdia ao meu Juiz”

      “Conquanto eu seja íntegro, já não me importo comigo; desprezo a minha própria vida. É tudo a mesma coisa; por isso digo: Ele destrói tanto o íntegro como o ímpio”

      “Se eu disser: Vou esquecer a minha queixa, vou mudar o meu semblante e sorrir, ainda assim me apavoro com todos os meus sofrimentos, pois sei que não me considerarás inocente. Uma vez que já fui considerado culpado, por que deveria eu lutar em vão?

        Livro de Jó, capítulo 9, versículos 2, 14, 15, 21, 22, 27, 28, 29. (Se desejar saber de mais detalhes sobre a honestidade com que a Bíblia trata a relação do homem com Deus, leia também o capítulo 10 de Jó, inteiro. Esse texto só me faz ter ainda mais admiração e espanto pelo cânon bíblico. A amargura de Jó é descrita minuciosamente, terrível foi a provação desse homem).

        A experiência de Jó o tinha levado além dessa troca que a lei e o antigo testamento permitem o homem pecador fazer. A troca que consiste em fazer a coisa certa e receber ajuda de Deus, e ao contrário, ser castigado quando fizer a coisa errada. Jó já tinha ido além disso. Tinha perdido tudo e já estaria meditando a muito tempo sobre isso. Jó tinha alcançado o limite da consciência humana, em suas argumentações para entender o porquê de sua provação. Ele já tinha concluído que toda a sua justiça não era suficiente para adquirir alguma benção de Deus.
      Na verdade Jó, vivendo num tempo que muitos estudiosos consideram um dos mais antigos da cronologia bíblica, estava sendo privilegiado por Deus para entender o que os homens somente entenderiam nos tempos do novo testamento. Jó fez a pergunta que somente seria respondida com a obra redentora de Cristo:

      “Se tão-somente houvesse alguém para servir de árbitro entre nós, para impor as mãos sobre nós dois, alguém que afastasse de mim a vara de Deus, para que o seu terror não mais me assustasse! Então eu falaria sem medo; mas não é esse o caso”, livro de Jó, capítulo 3, versículo 33 ao 35.

      Não, Jó não estava sofrendo por que tinha pecado contra Deus, não foi o cálice de seus erros que havia transbordado, à medida que ele foi vivendo e pecando. Na verdade nada de errado que ele fizesse transbordaria o copo, sabe por quê? Porque o copo já estava cheio desde o princípio. Portanto Jó chegou a uma conclusão parecida com a de Salomão, tudo é vaidade, não existe justiça, tudo é pecado.
      Jó clama por um intercessor, um que estive à altura de sua causa, é que tivesse a legalidade de poder fazer a mediação com Deus. Quem é esse mediador? O próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo. Jó clama pela salvação que somente Jesus poderia dar, pela eficácia que somente a vida, morte e ressurreição do próprio Deus encarnado e santo, poderia executar.
       Não, não estamos mais nos tempos do antigo testamento, Jesus veio e fez a sua obra. Graças a Deus que podemos nos aproximar de Deus através do único mediador, Cristo.
      Seria bom que todos nós chegássemos a mesma conclusão que Jó chegou, que nada e nem ninguém, pode comprar a benção de Deus, que não é possível e nem preciso fazer qualquer tipo de permuta com o criador. Infelizmente, mesmo nos tempos atuais, muitas vezes ainda queremos fazer negócio com Deus, trocar a benção dEle pela nossa justiça. E se fazemos isso é porque achamos que nós podemos ter alguma justiça. Nesse caso Deus tem que fazer conosco o que fez com Jó, tirar tudo para que possamos chegar a ele através de Jesus, para que então, através de Jesus, possamos receber realmente tudo. Esse tudo é aquilo que importa de verdade para que sejamos realmente felizes.
       Não, não precisamos passar pela experiência de Jó, ela é bem dolorida, leva o homem ao seu limite, limite esse que Jesus já chegou por toda a humanidade na cruz.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário