Se a tristeza não sai, saia dela

      A tristeza pode ser doença crônica, que impede homens e mulheres de serem produtivos na sociedade. Esse tipo de tristeza precisa de atenção especial, sozinha, a pessoa pode não conseguir sair dela. Seja por culpa ou qualquer espécie de repressão, um pedido de perdão ou uma atitude pessoal de superação, podem não resolver. 

      A tristeza profunda leva à depressão, enfermidade que quando instalada só pode ser administrada com auxílio de profissional médico ou/e conselheiro espiritual devidamente preparados para isso. Para não chegarmos a esse ponto é preciso saber até que ponto a tristeza nossa de cada dia é a comum a todo humano ser, ou é doença mesmo.

      Sim, é preciso ter a humildade e a lucidez para aceitar que todos temos tristezas insolúveis, admitir isso é diminuir a proporção da tristeza, e não deixar que ela tenha mais importância que realmente tem. A tristeza "pouca" tem importância? Sim, nos faz parar e pensar, o suficiente para sairmos dela e tentarmos evitar, à medida do possível, situações e sentimentos que nos levem a ela.

      Se a tristeza não sai, saia dela. Como? Com leveza de alma, com simplicidade, respirando fundo e seguindo em frente, vivendo um dia de cada vez, e um dia do presente, não do passado ou do futuro. Às vezes basta um café quente, um passeio rápido a um parque, uma conversa com um amigo, fazer algo diferente.

      Alguém poderia me dizer, "mas amigo, como cristão, você não vai falar que basta exercitar perdão no nome de Jesus, entregar toda ansiedade em oração a Deus, assistir um culto na casa do Senhor"? "Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor." (Salmo 122.1), bem, com relação a esse texto, é preciso compreender que no contexto do novo testamento, casa do Senhor não é o templo físico de Moisés ou de Salomão, que acompanhou o povo no deserto ou que foi fixado em Jerusalém. Casa do Senhor é o coração do convertido e novo nascido, que se torna morada para o Espírito Santo.

      Sim, creio que só há paz em Jesus, perdoar, orar, adorar e cultuar a Deus com irmãos de fé em uma igreja local, é experimentar uma alegria singular. Contudo, aos que ficam tristes com facilidade, que muitas vezes já fizeram de tudo e a tristeza ainda persiste, e acredito que falo a muita gente, visto que depressão, seja no nível que for, é um mal muito comum no mundo atual, a esses é que eu falo: não levem a tristeza e a si mesmos tão a sério. Isso não é desculpa para liberalidades, nem estou fazendo apologia a prazeres fáceis ou vícios, mas muita gente é viciada em tristeza, e faz dela um motivo de vida.

      Se a tristeza teimar, não fique só, e procure fazer algo diferente, mas acima de tudo, fique leve e olhe pra fora de si. Gente, mesmo cristã sincera, vira escrava da tristeza porque insiste em olhar, não para o Deus verdadeiro, mas para um "senhor" pequeno, aprisionado dentra dela mesma. Olhe para fora, Deus é muito maior que seu coração, muito maior que sua tristeza, muito maior mesmo que instituições religiosas, que muitos alegam ser "casa do Senhor". Maravilhe-se com esse grandioso e infinito Deus, e seu coração se alegrará, como fez o salmista no Salmo 8.

      "Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus! Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador.

      Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.

      Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo, as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!"

      No caso de uma tristeza muito prolongada ou numa suspeita de depressão, procure um profissional da medicina, psiquiatra e depois um psicólogo, não fique só.