De quem estar perto (2/7)

      “No dia seguinte, um espírito mau, vindo da parte de Deus, se apossou de Saul, que teve uma crise de raiva em sua casa. Davi, como nos outros dias, dedilhava a harpa. Saul, porém, tinha na mão uma lança, que ele atirou, pensando assim: — Encravarei Davi na parede. Porém Davi se desviou dele por duas vezes. Saul tinha medo de Davi, porque o Senhor estava com este e tinha abandonado Saul.” I Samuel 18.10-12

      Esteja perto de quem te merece, não tenha medo de quem não te merece. Com todo o coração e com a força do Espírito Santo não devemos temer a ninguém, só a Deus, mas se de alguns estarmos próximos é bênção, é alegria fácil, paz profunda, de outros é melhor estarmos distantes, para o nosso bem e deles. Contudo, não se afaste por medo, tememos quem sentimos que nos diminui de algum jeito, nos humilha, nos maltrata, a esses devemos perdoar e depois amar. A quem amamos desejamos o bem, abençoamos, oramos para que tenham vidas vitoriosas em todas as áreas, ainda que por sabedoria, por respeitar nossos limites e os deles, nos mantenhamos em educada e respeitosa distância de alguns.

      Que tormentos deviam haver na alma de Saul, movimentados pela existência de Davi. Esse, uma pessoa inexpressiva fisicamente, um jovem com talentos musicais, era quem aplacava os “demônios” de Saul, ao mesmo tempo que era um líder de seus exércitos e que vencia batalhas (leia todo I Samuel 18). Pelo que lemos, Davi tinha consciência do desconforto de Saul, que se portava como um doente mental, mas ainda assim, Davi permanecia perto de Saul, não só acalmando-o com música, como amando seus filhos, Mical e Jônatas. Num determinado momento (I Samuel 19-20) Davi precisa se afastar e se esconder, então, o homem com promessa de Deus para ser rei se transforma em marginal. 

      A história de Davi é contada mais sob o ponto de vista de Davi, mas seria interessante termos uma visão psicológica profunda sob o ponto de vista de Saul. Se todos nos identificamos com personagens como Samuel, Jônatas e Davi, também podemos nos achar no remorso, na inveja, no orgulho de Saul, males com os quais Davi teve que conviver proximamente. Talvez eu e você, quando víssemos a encrenca que nos metemos ao nos aproximarmos da família de Saul, caíssemos fora, mas Deus “amarrou” Davi a seu destino quando pôs Mical como sua esposa e Jônatas como seu melhor amigo. É assim que Deus faz, nos prende com laços de amor para que cumpramos nossas missões no mundo.

Todos merecem amor (1/7)

      “Jônatas e Davi fizeram uma aliança, porque Jônatas o amava como à sua própria alma. Jônatas tirou a capa que vestia e a deu a Davi. Deu também a sua armadura, inclusive a espada, o arco e o cinto.” I Samuel 18.3-4

      Seja amigo de quem merece, ame quem não merece. Discernir de quem podemos ser amigos e de quem não, aceitando isso em paz, sem desprezar quem merece nossa amizade e sem forçar a barra com quem não merece, é um dos segredos de felicidade neste mundo. Isso não significa sermos arrogantes, pensando de nós mais que somos, mas também não significa sermos maltratados por quem quer nos usar, não ser nosso amigo. Amizade é relação leve e fácil, onde se compartilha aquilo que mais nos representa e entregamos o que somos de melhor sem esforço. Mas quanto àqueles que ainda que queiramos ser amigos não querem nossas amizades, os amemos, queiramos o melhor para eles, sem cobrança e sem peso.

      A vida de Davi é uma das histórias relatadas com mais detalhes na Bíblia, de sua chamada inicial por Samuel, à sua batalha com Saul, que tinha sido destituído por Deus, mas que não abria mão de sua posição e perseguia Davi por saber que ele seria o novo rei. O reinado vitorioso de Davi também está registrado, assim como seu adultério, que desencadeou a divisão do reino. Mas sua relação com a família de Saul, justamente seu principal inimigo, é especial, ele se casou com Mical (I Samuel 18.20) e tinha como melhor amigo Jônatas, ambos filhos de Saul. Como alguém pôde ter relações tão íntimas justamente com os filhos de quem queria  matá-lo? Isso revela os propósitos de Deus para nós com nossas famílias. 

      Se de certas relações podemos cair fora, caso não nos façam bem, em amizades, empregos e mesmo em igrejas, se até de cônjuges podemos nos desvencilhar, parentes de sangue, filhos, pais, irmãos e outros, estão presos a nós de forma mais duradoura. Por isso quem Deus mais usa para trabalhar em nossos carácteres, nos moldar e nos aperfeiçoar, são parentes de sangue. Não estranhe o fato de você conseguir se relacionar bem com muitas pessoas, ter amigos fiéis em estranhos, mas ter muita dificuldade para se relacionar com um irmão. É justamente por você não poder se livrar dele que Deus o usa para te amadurecer, assim, não mude o outro, mude a si e conheça o melhor de Deus para tua vida. 

Não é porque é novo, que é melhor (8/8)

      “Porque o tesouro não dura para sempre; e durará a coroa de geração em geração?” Provérbios 27.24

      Vivemos hoje um momento onde parece que só o que acabou de ser informado na internet importa. O que foi dito há uma hora perde o valor diante do que é dito agora. Há um lado bom nisso, temos acesso rápido a tudo, mas tem também um lado ruim, obsessão por novidades. Acabamos ficando obcecados por termos nas mãos a última notícia, a última imagem, o último vídeo, a última moda, a última gíria, o último meme, a última série para maratonarmos, a última música lançada, a última fofoca. Isso não faz bem, esse imediatismo moderno adoece mentes e corações, causa ansiedade e dor que tentam ser resolvidas em mais vícios, bebidas alcoólicas, cigarro, comida, sexo etc. O melhor é antigo, mas não é velho, renova-se sempre e sempre basta, a presença de Deus em nós. Por menos internet e por mais oração no Espírito Santo! 

Não é porque você crê, que vai para o céu (7/8)

      “O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda em sabedoria, será salvo.” Provérbios 28.26

      O novo testamento enfatiza muito a fé porque falava a um homem, principalmente o judeu, que cria em “salvação” pelas obras, obediência à Lei e protocolos da velha aliança. Para se ter perdão um sacrifício (de um animal) físico e presente deveria ser feito, assim, crer num sacrifico já feito e com efeito eterno, o de Jesus, era conceito que não se tinha. Contudo, e mais ainda para nós hoje, que já entendemos a funcionalidade da fé em Cristo para termos perdão de Deus e paz com ele, precisamos contemplar as boas novas do evangelho em sua inteireza. Crer nos fortalece por sabermos que estamos em paz com Deus, mas isso é só o primeiro passo, não basta para termos a melhor eternidade de Deus, o céu. Precisamos persistir em boas obras, que anexam virtudes morais ao nosso espírito, e isso até o fim de nossas vidas no mundo. 

Não é porque você errou, que deve seguir assim (6/8)

      “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” I João 2.1-2

      Perdemos a batalha contra nós quando fraquejamos em tentação ou provação, mas perdemos a batalha contra espíritos malignos quando continuamos na condição que o pecado inicial nos lançou, e pior, cometendo outros pecados. Se fraquejar nas obras da carne, nos apetites do corpo, se não ser aprovado em tratamento de Deus, se tudo isso é ruim, pior é se acomodar no remorso, no pensamento que não se consegue mais se levantar. Uma primeira queda numa questão que é fraqueza conhecida nossa, pode ser só o primeiro passo do mal para nos parar na jornada em direção ao Altíssimo, parados somos mais fáceis de sermos empurrados ao abismo. Se errarmos, o mais depressa possível nos arrependamos e prossigamos, Deus não tem interesse algum em nos acusar, mas em estarmos em paz e em movimento. 

Não é porque você é, que pode exigir dos outros (5/8)

      “Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão.” Lucas 6.36-37

      Não é porque você sabe o que é certo, que pode exigir isso dos outros, não é porque você anda certo, que pode ser juiz dos outros, não é porque você é, que pode exigir que os outros sejam. Mas será que quem de fato é, que conhece a Deus, que é santo e humilde, exige isso dos outros? Homem que se coloca no lugar de Deus não é imitador de Deus, é demônio. Quem exige muito dos outros também exige muito de si, e na verdade nada vive. Julgamento e hipocrisia andam juntos, arrogância cega, lança o olhar para fora, não para dentro, para baixo, não para cima. Olhemos para dentro de nós, não para fora dos outros. Como sabemos se dentro dos outros não há luta para ser melhor? Mas antes de tudo, olhemos para o Altíssimo, não para baixo, vendo os outros de cima como se fôssemos deuses, quem põe Deus acima, ama, não faz cobrança.

Não é porque você não sabe, que não existe (4/8)

      “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão.” Romanos 14.12-13

      Muitas vezes julgamos alguém e condenamos, porque pensamos o pior da pessoa, sem de fato termos conhecimento da vida da pessoa, não queremos o dever de conhecer, mas nos achamos no direito de julgar. Muitas vezes nos colocamos como deuses, se não sabemos, assumimos que não existe. Vaidosos e egoístas que somos, não temos ideia do quanto as pessoas lutam para serem melhores, o quanto sofrem quando não conseguem, e como poderiam ser piores se não se esforçassem e muito. Muitas coisas boas, que dizemos que essa ou aquela pessoa não faz, são feitas em segredo, silenciosamente, justamente porque aquele que julgamos como alguém vaidoso e egoísta na verdade é paciente e generoso, às vezes muito mais que nós. 

Não é porque você acredita, que existe (3/8)

      “Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.” I Coríntios 8.5-6

      Isso acontece no meio religioso, onde se celebra mais a fé do crente que o objeto para onde a fé é direcionada, muitos pensam que basta-lhes crer que terão. Infelizmente isso é incentivado por pastores mal intencionados que encontram na fé um produto de venda fácil, afinal, não precisamos ser ricos, bonitos, nem cultos para crermos, fé está disponível a todos. Mas é assim porque Deus, o bem maior, é espiritual, e o plano espiritual só se acessa por fé. Contudo, o dom da fé não é dado a nós para ganharmos mais dinheiro, para conseguirmos um casamento duradouro, para termos um cargo importante em empresas ou mesmo em igrejas, não para isso em primeiro lugar, mas para nos aperfeiçoarmos moralmente. Por isso muitos têm convicção mental, foco emocional, mas não experimentam fé que vem de Deus e que leva a ele.

Não é porque você não gosta, que é errado (2/8)

      “E eis que alguns dos escribas diziam entre si: Ele blasfema. Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos corações?” Mateus 9.3-4

      Isso é comum em muitos jovens atuais, perguntamos a eles por que eles não estudam matemática ou por que não comem cenoura e eles dizem que é porque não gostam. Eles nem param para entender que certas coisas são necessárias, fazem bem ainda que deem trabalho ou não sejam prazerosas a princípio, eles não olham para frente, sentem algum desconforto no presente e isso é motivo para não fazerem algo. Infelizmente muitos das últimas gerações parecem estarem regredindo a um nível animalesco, importa o prazer imediato, não usam a inteligência para construírem um futuro onde terão melhores e mais duradouros prazeres. A realidade é que as coisas mais importantes da existência são justamente a que não gostamos no início ou que dão muito trabalho. 

Não é porque você sente, que é verdade (1/8)

      “Julga-me, Senhor, pois tenho andado em minha sinceridade; tenho confiado também no Senhor; não vacilarei. Examina-me, Senhor, e prova-me; esquadrinha os meus rins e o meu coração.” Salmos 26.1-2

      Não é porque você sente, que é verdade. Muitos se guiam só pelo que sentem, se apaixonam-se por alguém, nem importa se a pessoa pela qual se apaixonaram está “disponível”, ou mesmo se é uma pessoa de bem, o coração quer e eles vão atrás. Por outro lado muitos se sentem desprezados, assim focam um sentimento negativo contra quem sentiram que os despreza, alguém que muitas vezes não tem sentimento nenhum por eles, muito menos desprezo. O centro físico de nossos corpos onde percebemos a emoção, que os antigos diziam que era nos rins, outros nos intestinos, e atualmente se diz que é no coração, não é confiável. Ele pode ser influenciado por muitas coisas, por isso devemos entregar e descansar nossos sentimentos nas mãos de Deus, pedindo que ele nos ajude a achar e sentir a verdade.