“A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido.” Provérbios 11.25
Todos que exercem fé e que estão lúcidos devem ocupar-se no tema que refletirei nesta e nas próximas duas postagens. Tratarei mais profundamente nas postagens (livro) "Doença ou espiritualidade?". Uma linha tênue separa loucura de espiritualidade, já que funcionam no mesmo mecanismo mental, precisamos ter ciência disso.
O que muitos experimentam, são dons espirituais, percepção de visões e vozes do plano extra-material, ou é só doença mental, transtornos, como esquizofrenia? Assunto delicado, trata da parte mais íntima do ser, seu discernimento da realidade. Ateus precisam ser claros sobre o assunto, se Deus e o plano espiritual não existem, se são só construções da mente humana, dizer que se ouve a voz de Deus ou de espíritos é doença que deve ser tratada. Crentes no plano espiritual, contudo, admitem a comunicação com Deus e espíritos, ainda que muitas vezes de forma extrema, sem crítica. A verdade é que as duas coisas existem e há pessoas que provam ambas, ainda que as confundam em suas mentes. Confusão pode ser pior que ceticismo.
O que segue é meu ponto de vista, esteja à vontade para concordar ou não. (Lembro que não sou profissional da área, se você tiver problemas ou conhecer alguém que os tenha, relacionados aos assuntos aqui tratado, procure um médico, psiquiatra, neurologista, psicólogo ou outro especialista). Certas doenças mentais, sejam desde o nascimento, sejam por causa de um nascimento dificultoso, por acidente, por algum descontrole físico ou químico, após sofrimento de algum trauma ou violência, enfim, doenças tiram o ser humano do seu “normal”, assim prejudicam sua interação com a realidade e com a sociedade. O cérebro não é como outro órgão, cujo problema pode ser diagnosticado, pode funcionar mal ainda que fisicamente pareça bem.
As tais “vozes” que muitas dizem ouvir, na verdade todos ouvem, são dificuldades com medos e anseios, que temos em relação às pessoas. Ocorre que tais “vozes” podem ser prejudiciais quando passamos a acatá-las, a dar-lhes importância, mais que à realidade, assim sofrermos exageradamente pelo que elas dizem. Podemos imaginar muitas coisas, mas não deixar que tais fantasias saiam de nossas mentes e nos comandem é capacidade que os que são encaixados como normais têm. Muitos usam fantasias mentais como ferramentas artísticas, para escrever, compor, desenhar, dançar, resolvendo devaneios mentais como expressões estéticas. Mas mesmo esses devem discernir entre arte e realidade, entre mundo mental e físico.
O ser humano, contudo, não é linear, é multi-dimensional, isso porque tem um cérebro diferenciado, o homo sapiens domina o planeta por causa disso, se esse domínio, ainda que use a ciência, é sábio ou não, é outro assunto. Em sua complexidade, percepções que levam a ações objetivas, razão, criatividade artística, transtornos mentais e dons espirituais, se misturam, influenciam-se, interseccionam-se, controlam e são controlados. Cabe àquilo que cada um de nós sente e entende como eu, fazer escolhas, permitir o que pode agir, falar e sentir. Ao mesmo tempo, cabe também ao eu interagir com as outras pessoas, afinal temos que sair da casa de nossos pais para estudar, trabalhar, compartilhar visões do mundo, formar famílias e igrejas.
Achar lucidez é ouvir todas as vozes, não negá-las, mas confrontá-las com referências de bem, de paz, de saúde, e fazer a melhor escolha. Muitas vezes teremos que procurar ajuda fora de nós, ouvir o que as pessoas pensam, e pessoas dignas de serem ouvidas, para checarmos o que se passa em nossas mentes. Algo, contudo, que muitos doentes têm dificuldades de achar, é referência, podem ter sido criados ou estarem vivendo em grupos sociais tão doentes, que referência de sanidade também está distorcida. Quem se acha normal, lúcido, deve se preocupar com o bem e a saúde dos outros, e ainda que com muito cuidado e respeito, ajudar os que nem sabem que precisam de ajuda, porque nunca lhes disseram que eram doentes.
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