“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.” Romanos 12.19
“Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.” Efésios 4.26
“Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.” Tiago 1.19-20
“E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.” Mateus 6.16
Depois de tentações relacionadas à área sexual, ser tentado por uma ira tal que nos faz querer fazer justiça com as próprias mãos é prova séria que a maioria de nós passa. Todos, de alguma maneira, nos sentimos injustiçados, o que nos leva à flertar com a vingança não é querer dar retorno a alguém que fizemos mal, mas a alguém que achamos que nos fez mal. Para querer fazer justiça tem que se achar vítima de injustiça. Três das passagens acima não tiram a legitimidade de sentimento de ira e vingança, mas dizem que pecado há quando materializamos ira e vingança. A quarta passagem não fala disso, mas cita um princípio que é válido para honra e para justiça: quem obtém certas coisas com as próprias mãos não as recebe de Deus.
Cabe-nos trabalhar, perseverar e conquistar muitas virtudes, santidade, amor, humildade etc, mas justiça só Deus pode fazer. Enganando-se sobre isso é que criam teologias como a católica, da libertação, e mesmo a mais neo-pentecostal, da prosperidade. Essas põem o ser humano e neste mundo como ferramentas para obter-se benefícios, que parecem materiais, bens e grana, mas que desconsidera a justiça de Deus que vai além deste mundo. Sempre é preciso deixar claro: deixar Deus fazer justiça não é aceitar violência, intolerância e diferenças sociais passivamente, não, há coisas que podemos e precisamos fazer já. Mas há limites, esses só humildes e tementes a Deus conhecerão e terão forças para acatar com dignidade e em paz.
Mas às vezes Deus nos usa para cobrar justiça, num sentimento tão forte, estancado por tanto tempo, suportado em tanta injustiça, que um dia o Senhor permite que saia de nós e cumpra sua vontade. Jesus mostrou algo semelhante na passagem do comércio no Templo de Jerusalém, quando um ser humano sábio, sereno, temperado, pacificador, amoroso e com tantas outras virtudes, usou ações físicas enérgicas para demonstrar a vontade de Deus sobre o uso errado de coisas sagradas (João 2.13-17). Mas tenhamos cuidado para usar tal passagem como desculpa para ação impensada, mesmo que seja revolta contra o comércio que há em muitas igrejas hoje. A experiência de Jesus foi exceção, não regra, e foi do filho santíssimo de Deus.
As palavras ira e vingança não são adequadas para denominar ações diretas de Deus, passam a ideia de algo descontrolado, agressivo. Deus sempre age com amor, contudo, o universo que Deus criou, e que recebe as injustiças, pode cobrar justiça com o mesmo peso dos danos e assaltos que recebeu. Vemos isso, por exemplo, quando fortes chuvas caem em encostas de montanhas, inundando e levando tudo que está em lugar errado, causando morte e destruição. Não foi uma ira subjetiva do divino que agiu, mas um efeito proporcional a uma causa. É assim também quando homens e espíritos maus lesam de alguma forma seres que andam na luz, os maus sofrerão pelas mãos de seres também maus as consequências de suas injustiças.
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