03/10/25

Fantasia ou revelação? (3/3)

      “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo. Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos. Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso” I Coríntios 3.16-21

      O meio cristão tradicional pode ser de tal forma extremista, que quando propomos certas soluções, como sendo de Deus, muitos já dizem que somos hereges, instrumentos do diabo, apoiando pecado e carnalidade. Ainda assim farei uma pergunta: até que ponto igreja tem feito bem a você? Nem estou dizendo que tua religião seja má, pode haver muita gente feliz e bem resolvida em tua igreja. O problema pode não ser a religião, o cristianismo do mundo, mas a forma como nós interagimos com isso, aquilo que buscamos saciar na religião e no cristianismo. O que isso tem a ver com espiritualidade e loucura? Igrejas podem nos levar mais à doença que à cura, enlouquecer-nos, ao invés de realmente nos esclarecer e curar.
      Filhos criados com violências e exigências, sem elogio e com muita crítica, buscarão no que ouvem em igrejas as mesmas obrigações, assim como tentar respondê-las com os mesmos equívocos, obediência a legalismos morais extremados. Crianças orientadas como crianças é menos prejudicial que adultos ensinados como crianças. Por isso o cristianismo, do mundo desde que oficializado como religião pelo catolicismo, e ainda que que tenha sido “simplificado” pelo protestantismo, fez menos mal à humanidade por muitos séculos que faz hoje. Um ser humano atual, mais informado cientificamente e com mais justiça social, precisa ser respeitado como adulto pronto para as verdades espirituais mais profundas e maduras.
      No Brasil, num momento que políticos de direita se levantam como defensores de moralidade, família e sexualidade de acordo com a tradição judaico-cristã, muitos enlouquecem. É difícil ir contra referências extremas e tradicionais, achar um meio termo, achar o amor de Deus, achar a sanidade, quando uma voz que defende aquilo que o cristianismo foi por tanto tempo grita alto. Nessa zona de conforto, que nega o modo de agir de Deus na história da humanidade, Deus que nunca é conservador, mas que funciona evoluindo tudo lentamente por milhões de anos, instalaram-se mais hospícios para doentes mentais que hospitais para enfermos morais. Nisso, espiritualidade é esquecida, a loucura de Deus é trocada pela doidice do homem. 
      Muitos doentes mentais (não todos!) são sensitivos espirituais que não administram corretamente dons espirituais, outro ponto de vista pessoal. Administrar certo não é querer saciar curiosidades espirituais ou crer a todo o custo para ter bens materiais, é melhorar moralmente, buscar santidade, amor e humildade, e buscar isso em Deus, não na obediência cega a leis religiosas. Não se pode adquirir vida buscando forças na morte, e muitas religiões pregam morte da carne, mas não conduzem à vida eterna que existe na viva voz do Espírito Santo. Muitos não querem seres humanos livres pelo Espírito de Deus, gente assim não pode ser mantida em templos, manipulada e explorada. A loucura de muitos interessa mais a pilantras que a malucos reais. 
      Isso leva a algumas conclusões. O que faz uma pessoa lúcida não é o conhecimento, seja intelectual, científico, espiritual ou religioso. Lucidez é fruto de espírito humilde, que pratica pureza moral e amor ilimitado. Quem busca em ciência ou fora dela, com fé ou sem ela, satisfação de desejos egoístas, não conseguirá ser lúcido, será presa fácil da loucura. Se já tiver propensão para algum transtorno, se já tiver sensibilidade espiritual, será mais vítima do mal, aí já não fará diferença se é a mente fantasiando demônios ou se são espíritos malignos atormentando a mente. A cura está em acatar orientação de médico sério, usar medicação correta, e também, em ser humilde, santo e amoroso em Deus e para Deus, não para homens. 

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