Ser maduro é ser humilde (4/7)

      “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.” Colossenses 3.12-13

      Ser maduro é ser humilde! Já refletimos em humildade aqui, mas eis um tema que deve ser sempre lembrado. Equivocadamente muitos se acham no direito de não serem humildes, principalmente com certas pessoas, justamente por se acharem sinceramente melhores, assim maduros. Maturidade é se expor e sair vencedor, não sobre os outros, mas sobre si mesmo, sobre orgulho próprio. Não podemos aprender a ser humildes se não vivermos de maneira correta em sociedade. O humilde não se esconde, ainda que consciente de suas limitações ele tema. O orgulhoso foge, não admite medo, falsamente fortalece-se em mentira e trevas. Se o trabalho, material e moral, que fizermos na vida não nos fizer humildes, será vão. 

Melhorar para e em Deus (3/7)

      “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” Romanos 5.1-2

      Maturidade não é só querer melhorar, é não fazer desse desejo uma obsessão, antes, melhorar porque é propósito de Deus. Como obsessão glorifica o ego e limita-se para acessar as ferramentas para melhorar, amor, paz e humildade. Como propósito de Deus tem acesso à palavra do Espírito e à paz pelo nome de Jesus, mas mais que isso, em Deus não há obsessão, pressa ou qualquer espécie de condenação, ainda que haja diligência e lucidez. Por sermos criados com culpa e carregarmos culpa muitas vezes sem explicação, vencer o inferno que provamos, estando ou não errados, pode ser desafio maior que querermos ser melhores. Provar o céu é estar em paz enquanto somos atraídos pelo amor de Deus para melhorarmos. 

Coragem para mudar (2/7)

      “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” João 8.34-36

      Maturidade é conseguir mudar, não apenas hábitos ruins, mas outros hábitos, que ainda que sejam bons, representam valores dos outros, não nossos. Saber dizer não a muita coisa que nossos pais nos ensinaram não é sintoma de rebeldia, mas de maturidade. Educação familiar e religião, naquilo que entregam de realmente bom e verdadeiro, constroem bases, mas sobre o fundamento são nossas escolhas pessoais que erguem o edifício que resiste aos ventos do mundo, do tempo e dos homens. Quem não tiver coragem para dizer não a orientações iniciais, saindo assim da zona de conforto que dá apoio de gente que se gosta, não conhecerá a si próprio, assim não será o melhor de Deus. Deus nos conduz à liberdade e a mudanças para melhor.

Independência e responsabilidade (1/7)

      “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” Efésios 4.13-15

      Ninguém é maduro, todos nós somos infantis, crianças egoístas, vaidosas e melindrosas querendo usufruir prazeres, ainda que lesando outros. Posto isso, vamos à pergunta: o que é maturidade? Ainda que não a tenhamos, devemos buscá-la e praticá-la o máximo possível. Independência e responsabilidade, eis as virtudes que margeiam um ser humano maduro, e não só financeiramente, mas afetivamente e moralmente. O sonho de todo pai, ver filhos que vivam dignamente pelo próprio trabalho neste mundo, mas que também assumam, não só recompensas de acertos, mas punições por erros. Ainda que pais imaturos mimem porque são mimados, Deus almeja maturidade para todos os seres humanos, neste mundo, mas muito mais no outro.

Mudança de ótica

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Romanos 8.1-4

      O que Jesus entregou na inauguração de um ministério mais “amplo” do Espírito, foi uma mudança de ótica. Ainda que buscando obedecer a Deus, a religião de Moisés era lei de morte que levava homens a olhar para baixo, o Espírito nos faz olhar para cima. Não que o Santo Espírito não tivesse acesso aos seres humanos antes do evento de Pentecostes, mas sem a presença espiritual do Cristo no céu, o acesso ao Espírito mais alto era mais difícil. Jesus é porta para o Espírito Santo conectar-nos com o amor do Altíssimo, nossa fé é a chave. Infelizmente em quase dois mil anos de cristianismo, muitos, ainda que creiam no Cristo, olham para baixo, não se apossam do conhecimento e da vida eterna que o Espírito Santo entrega. A verdade é que há um mistério em Jesus e no Espírito que muitos não entendem. 

Tristeza independente

      “Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo? Atende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; ilumina os meus olhos para que eu não adormeça na morte; para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar. Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação se alegrará o meu coração.” Salmos 13.2-5

      Seria fácil se tristeza fosse só efeito de algo errado que fazemos, assim, após assumirmos o erro e recebermos perdão, ela trocasse de lugar com a felicidade. A vida infelizmente não é tão simples, somos infelizes mesmo que não estejamos infelizes, outra contradição humana. Ainda que estejamos andando certo e com pecado deixado, podemos estar tristes. Tristeza parece independer de outras coisas, é doença crônica, mesmo que ludibriada de vez em quando. Algumas pessoas sentem-se assim de forma mais constante e profunda, outras não, mas todos temos um vazio impreenchível. Vida com Deus permite-nos parar de encher esse vazio com inutilidades, mas mesmo nela felicidade na maior parte das vezes é só uma dádiva racionalizada por fé, não sentimento. Perdoe-me conclusão melancólica, mas com o tempo podemos aceitar que é assim que a vida deve ser, morre-se aqui para viver-se lá, o simples humildemente alegra-se nisso. 

Paguemos nossas dívidas

      “Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus castiga; não desprezes pois, o castigo do todo-poderoso. Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam.” Jó 5.17-18 

      Se há disciplina de Deus é porque lesamos o universo de alguma forma e nosso saldo está negativo. Sofrer a disciplina de Deus do jeito certo nada mais é que pagar uma dívida, nivelarmos nossa balança no universo. O texto bíblico inicial nos ensina algo importante, aquele que fere, também cura, assim, soframos do jeito certo a dor da disciplina de Deus, porque não existe disciplina sem dor, então, esperemos o consolo para a dor, também de Deus. Esperar esse consolo de forma correta é o que permite que a disciplina tenha efeito, que paguemos nossa dívida e que saiamos da disciplina como seres humanos melhores. Assim, se está passando por correção do pai, seja humilde e espere, em silêncio, sairá da disciplina alguém melhor que nela entrou. 

Aceitando o sim e o não de Deus

      “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.” João 15.7

      Não é tão difícil assim entendermos que Deus está dizendo sim ou não para um questionamento nosso, não precisamos ter a experiência espiritual mais sofisticada para ter esse discernimento. Contudo, uns buscam “sofisticações” justamente porque entenderam a resposta de Deus, mas não a aceitaram, assim criam elocubrações para se enganarem. Quando perguntamos algo a Deus, via de regra, a primeira resposta que nos vem à mente é dele, digo isso com convicção de quem prova uma vida de paz e vitória numa jornada consciente com o Senhor por quase cinquenta anos. Aceitar a resposta do jeito certo, em humildade e serenidade, é o que nos faz seres espiritualmente maduros, principalmente se a resposta for um não. 

Se cremos recebemos?

      “Disse Jesus: Tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis.” Mateus 21.22 

      Tudo que pedimos, crendo, recebemos, mas Deus não nos livra de provas que nos fazem seres humanos moralmente melhores, portanto, espirituais e dignos de vida eterna. Essas provas podem ser constituídas de privações materiais, de injustiça profissional, de desaprovação social, enfim, de humilhações que nos farão depender da glória de Deus, não de homens, aceitando que exaltação no outro mundo se conquista com diminuição neste mundo. Então, nem tudo que pedimos crendo, recebemos? Recebemos, mas na verdade só experimentamos a fé que vem do alto pedindo algo que nos leva para o alto, senão será foco emocional e convicção intelectual, não fé dom de Deus, espiritual na origem, no processo e no objetivo. 

Humilde sempre pede perdão

      “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor.” Atos 3:19

      Desafio maior não é nos mantermos limpos, mas não desistirmos de nos arrepender. Às vezes paramos de vigiar porque nos cansamos de pedir perdão, preferimos achar motivos para errar que sermos humildes e nos arrependermos. O que nos faz presas disso é reincidência em pecar, isso não cansa a Deus, o Senhor nunca se entedia de nos perdoar. Isso prova nosso orgulho, a imagem de corretos que queremos exibir aos outros. Deus pode permitir que nos enfraqueçamos diante de certas tentações, não só para nos prepararmos melhor para vencê-las, mas para mostrar que não adianta nos acharmos auto-suficientes, ainda que para estarmos limpos, precisamos depender dele. Muitas vezes o problema não é o pecado objetivo, mas o orgulho escondido.