23/11/18

Como nascem os monstros (parte 2)

      “E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento.Marcos 2.17

      Os monstros nascem do egoísmo, de adultos físicos, mas não emocionais, que se ocupam com seu assuntos, com seus prazeres, e não se importam com os seres humanos que colocam no mundo. Os monstros nascem da indiferença de crianças fazendo crianças porque também não tiverem pais que as criassem de forma correta, e que depois acabaram tendo que criar netos. Os monstros nascem da estupidez, de quem até quer ter uma família, que trabalha e muito para mantê-la materialmente, mas que acha que comida na mesa basta, desprezando o afeto. Monstros nascem de “pais” perturbados, obsessivos, que querem controlar espaço e tempo e acham que crianças e adolescentes só atrapalham, assim os punem de maneira desproporcional por bobagens, tirando dos pequenos o direito de serem pequenos, de brincarem e serem felizes. 
      Monstros nascem na privacidade de lares, cercados pelas paredes da lei, escondidos nos quartos e consumindo ilusões, querendo achar atenção e intimidade, aliás, os monstros nascem de quem não sabe administrar intimidade, que expõe demais as suas e invadem demais as dos outros. Monstros nascem na ausência de boa cumplicidade, aquela que sabe rir de si mesmo, que deixa a vida leve, que entrega referências para os que estão crescendo, para que saibam que sempre terão um lugar para onde voltar, um lugar de amor, não necessariamente material, mas dentro das boas lembranças da alma. Monstros nascem da falta de pai e mãe, que não são necessariamente os biológicos, nem de sexos opostos, mas seres humanos, que sabem deixar pra lá a si mesmos e se sacrificam por quem veio ao mundo sem pedir.
      O que temos que entender de uma vez por todas, é que podemos, sendo filhos de monstros ou mesmo monstros em potencial, dar um fim ao processo, contudo, a grande dificuldade é que monstros, muitas vezes e até um momento de suas vidas, não sabem que são monstros, não têm consciência disso. Alguns carregam transtornos tão íntimos, principalmente os na área da sexualidade, têm tanto medo ou tanta vergonha de verbaliza-los, que desenvolvem duas personalidades, uma que convive com a sociedade para sobreviver, para ser profissionalmente produtivo, uma do dia, e outra da noite, quando buscam prazer. Se alguém não ajudá-los a tempo, poderão se tornar de casos psiquiátricos, casos policiais, cometendo atos criminosos e machucando muita gente. 
      Monstros são como roedores, insetos e demônios, fogem com a luz, mas mais que isso, com a luz do evangelho, monstros podem ser destruídos, dando lugar a seres humanos renascidos em amor e lucidez. Conheço pessoas que eram monstros, mas que se sujeitando ao Espírito Santo, deixando-se tratar por Jesus, o médico dos médicos, foram curadas, receberam perdão, se perdoaram e perdoaram, eu conheço gente assim, e muito bem. Contudo, para aqueles que se consideram normais, se é que o são, uma orientação do Senhor, tenhamos misericórdia dos monstros, são homens e mulheres, que foram muito maltratados, nos aproximemos deles e os ajudemos. Jesus morreu e ressuscitou por eles também, se são enfermos, foi pra eles que Jesus veio.
      Depois de curados, que possamos dar a eles uma nova chance, um voto de confiança, não os julguemos como monstros eternos, nem Deus os julga assim, não se houve consciência e vontade de mudar. Nesse caso há vitória a ser festejada, mesmo que às vezes com consequências ruins que eles terão que conviver pelos restos de suas vidas aqui. Mas quem de nós não tem que conviver com consequências ruins de escolhas erradas? E muitos só não convivem porque escondem, guardam segredos a oito chaves mesmo de pessoas próximas. Assim tenhamos com os outros a mesma misericórdia que queremos receber, lembrando sempre que “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Romanos 8.1).

Leia a primeira parte desta reflexão no LINK.

22/11/18

Como nascem os monstros (parte 1)

      “Até meados do século XIX, os cientistas acreditavam que os seres vivos eram gerados espontaneamente do corpo de cadáveres em decomposição; que rãs, cobras e crocodilos eram gerados a partir do lodo dos rios. Essa interpretação sobre a origem dos seres vivos ficou conhecida como hipótese da geração espontânea ou da abiogênese (a= prefixo de negação, bio = vida, genesis = origem; origem da vida a partir da matéria bruta). Pesquisadores passaram, então, a contestar a hipótese de geração espontânea, apresentando argumentos favoráveis à outra hipótese, a da biogênese, segundo a qual todos os seres vivos originam-se de outros seres vivos preexistentes.” 

      Monstros não nascem por “geração espontânea”, eles são criados, por alguém, geralmente outros monstros. Traduzindo: um filho mal criado teve uma criação ruim dos pais, ninguém use a desculpa que fez tudo certo mas o filho foi influenciado por má companhia. Aliás, a companhia que um jovem escolhe, se for ignorado pelos pais, é qualquer uma, aí está entregue à sorte da vida, mas se for criado com boa e próxima presença dos pais será igual aos pais. Buscamos aquilo que nos é bom, e bom é uma referência adquirida. 
      Chegando ao ponto da reflexão: num mundo moderno onde todos queres direitos mas não deveres, precisamos assumir responsabilidades, eu, você, eles, o mundo não está como está por culpa de ninguém, a culpa é nossa. Mas mais que o mundo, nossos jovens e crianças são nossos, filhos, sobrinhos, netos, alunos, ovelhas, se não forem devidamente ensinados, exortados, disciplinados, por nós, serão criados pelo mundo, pelo estado, pelas escolas, pela polícia, pelo doutrinadores políticos. Tenha certeza de uma coisa, o diabo tem muito interesse em nos distanciarmos de crianças e jovens, quando fazemos isso, ele os seus se aproximam e fazem a coisa do jeito deles. 
      Quando vejo alguma dessas notícias terríveis na TV, sobre algum crime horroroso, sobre violência contra vulnerável, contra mulheres, contra crianças, não recrimino em primeiro lugar o agressor, mas questiono, quem criou e como foi criado tal pessoa de maneira que se transformasse num monstro? Um monstro, um dia, foi criança, foi adolescente, foi vulnerável, mas sua boa criação, por alguém, foi negligenciada e ele se tornou um monstro. Sim, a responsabilidade, para um adulto e com a mínima sanidade, é antes de tudo pessoal, senão a culpa do mal de toda a humanidade seria somente da serpente, ou de uma “eva” ou de um “adão”. 
      Ocorre também que depois que um monstro foi criado, muitas vezes, pouca coisa se pode fazer. Alguns monstros precisariam permanecer para o resto da vida vigiados, de forma digna, mas nunca com direito à liberdade plena, guardados pelo estado e pela família, protegidos de si mesmos. Contudo, o que podemos fazer agora para que um monstro não seja criado? Ou então, o que podemos fazer agora para que um monstro não cometa uma monstruosidade? Precisamos nos importar mais com os outros e pararmos de usar o álibi “cada um que cuide de si, não tenho nada a ver com a vida dos outros”. Muitas vezes, enquanto dizemos isso confortavelmente, uma vizinha está apanhando do esposo, uma colega de trabalho está sendo abusada pelo chefe, uma criança está sendo violentada por um parente. 
      Precisamos assumir responsabilidades, com sabedoria, com cuidado, mas como adultos proativos e benignos. Mas nós cristãos temos uma responsabilidade maior ainda, porque temos o Espírito Santo de Deus dentro de nós, o Espírito de justiça e misericórdia, isso precisa ser convertido em atos de bem. Infelizmente, muitos de nós estão assinando como coautores de monstros, simplesmente por se fingirem de mortos enquanto outros estão sendo mortos, enquanto crianças, mulheres, negros e homoafetivos são maltratados, enquanto pastores hereges exploram pobres e ricos, enquanto maus políticos corrompem o país. 

Leia a segunda parte desta reflexão no LINK.

21/11/18

O que nos amadurece

      “O arco dos fortes foi quebrado, e os que tropeçavam foram cingidos de força.

      “O Senhor empobrece e enriquece, abaixa e também exalta.

I Samuel 2.4 e 7


      O que mais nos amadurece em Deus, não são as decisões certas que tomamos para fazer as melhores coisas, mas as certas que tomamos, depois de tomarmos as erradas e as reconhecermos como tais. Por que isso? Porque somos, muitas vezes, orgulhosos e desobedientes. Muitos fazem todo o possível para não errar, assim se planejam, tentam prever todas as possibilidades, se esforçam e então agem, mas esses não buscam a Deus de fato, e nem são gratos ao Senhor quando tudo dá certo. Antes, mesmo de maneira discreta e velada, honram a si mesmos e ficam felizes com isso. Esses se protegem tanto que não dão a eles uma oportunidade de conhecerem a verdade da vida, verdade que Deus dá só através do Espírito Santo em Cristo Jesus.
      Infelizmente, muitas vezes, a vida conta com nossos erros para se mostrar de fato, mesmo que muitos humanistas, intelectuais, pessoas de boa formação acadêmica e que buscam fazer sempre as melhores escolhas, seja na saúde, na área afetiva ou na “espiritualidade”, não aceitem, o homem é inviável para ser feliz, não se deixarem o Deus do evangelho fora da equação. Esses, “duros na queda”, levarão um tempo maior para entenderem as coisas, os fortes sempre sofrem mais, enquanto os fracos, que entendem cedo que nada são ou podem sem Deus, acham a paz e a felicidade simples a tempo de desfrutarem de escolhas melhores muito antes. 
      Como tenho visto, com tristeza, esse equívoco, gente fazendo e acontecendo porque confia em si mesma, porque acha que pode tudo, mas numa insistência nessa arrogância tomar uma decisão que não pode suportar, assim dá um passo maior que a perna e cai, lá de cima, para passar diante de todos a vergonha que tanto lutou para não ter. Mas só depois dessa humilhação é que os corações de muitos são quebrantados e ficam prontos para ouvir a mensagem de salvação do evangelho, infelizmente, talvez depois de se colocarem numa situação de luta que terão que enfrentar até o final de suas existências neste mundo. Em Deus, contudo, sempre há consolo para viver a realidade, por pior que ela seja, com dignidade e paz.
      Oremos todos os dias, admitamos o tempo todo, digamos com todo o coração e com todo o entendimento, nada nos acontece se Deus não permitir, só sincronizados e sintonizados em Deus temos vitória, sempre, mesmo que aparentemente e temporariamente ela pareça uma derrota. Deus sabe o que faz e o adoremos por isso, e entendamos, a assunção de nossa impotência na dor, depois de uma queda, aperfeiçoa muito mais nosso caráter que a alegria depois da constatação que permanecemos de pé após uma batalha. Na satisfação após a vitória permanecemos no mesmo nível, mas na esperança após a derrota, crescemos e aprendemos mais sobre nós mesmos e sobre o Senhor, mas quem anda sempre quebrantado nunca precisa ser humilhado.

20/11/18

O perdão não solicitado

      O perdão mais difícil de ser exercido é aquele que precisamos dar a alguém que não o pediu a nós. O Espírito Santo já nos convenceu que o erro não foi nosso, e em muitos casos, talvez nunca tenha sido, mas ainda assim a pessoa insiste em se colocar como inocente. Pior ainda, quando além de não assumir a culpa, a pessoa a joga sobre nós e diz isso aos outros, invertendo as coisas e colocando ela, como nossa vítima. O ser humano é complexo, e muitas vezes cruelmente doentio, nesse caso temos que ter muita segurança em Deus para não comprar do outro um problema que não nos pertence. 
      O perdão sempre será a maior arma que temos contra o mal, se perdoados temos autoridade contra os demônios, inimigos espirituais, perdoando temos paz contra o homem, quando se coloca malignamente como um inimigo físico nosso. Mas isso temos que fazer sozinhos, pois nessa situação o outro não quer se acertar conosco, na verdade nem pensa que precisa, assim, se ele não assume, temos que assumir por ele. Essa artimanha do coração que não quer assumir seu erro tenta dar continuidade ao mal jogando-o para nós, se nós o aceitarmos estaremos perpetuando o mal, assim, cabe ao homem de bem dar um fim nisso.
      Como? Perdoando, isso anula o processo e o limita ao coração de quem de fato o criou, nos pondo fora do conflito. É preciso, contudo, que nós vençamos uma necessidade que pode existir em nosso coração de nos sentirmos vítimas. Como já foi dito outras vezes aqui, sentir-se vítima pode ser uma posição cômoda e confortável para quem quer continuar como está, passivo, colocando a culpa no outro. Mas se agirmos assim estaremos agindo da mesma maneira que aquele que não assume o erro e nos culpa, assim só o nosso perdão pode encerrar esse jogo de empurra-empurra. 
      Perdoemos, mesmo que alguém não tenha nos solicitado perdão, mesmo que alguém ache mesmo que a culpa nem é dele, mas nossa, mesmo que a pessoa espalhe isso por aí, nos caluniando. Isso é mais que impedir uma disposição humana errada, é anular as forças espirituais do mal, pois os demônios têm intenção de promover essa inversão de valores e são veículos de falsa acusação e calúnia. Todavia, num perdão feito numa oração de um justo, uma oração solitária, mas verbalizada em voz audível, não para que o homem ouça, mas para que o reino das trevas ouça, há destruição da obra espiritual dos espíritos acusadores assim como anula a força motriz da fofoca.

19/11/18

Sacrifício que agrada a Deus

      “Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.Salmos 51.16-17


      Outro dos meus textos bíblicos favoritos, revelador, consolador. O salmo 51 foi escrito por Davi? Alguns dizem que não, mesmo que muitas Bíblias tragam no início a informação que Davi escreveu após o profeta Natã ter-lhe exortado sobre seu pecado de adultério com Bate-Seba. Seja como for é revelador ver o rei Davi falando sobre inutilidade de sacrifício. Ele, que deu início à construção do templo fixo de Jerusalém, o centro da religião de seu povo, religião que tinha como princípio básico uma troca, sim, uma troca, troca de morte por morte. A morte espiritual, certa para aqueles que pecam, era trocada pela morte física de animais, sacrifícios eram feitos para que perdão de pecados fosse concedido e a religação do homens com o Senhor fosse feita. Contudo, ao menos no caso exclusivo do suposto autor do salmo 51, Davi, o ponto de oferecer um sacrifício para consertar as coisas já havia sido ultrapassado.

      Na verdade, após o sacrifício exclusivo e válido universalmente de Cristo, o ponto de se fazer sacrifício para se obter perdão de Deus já foi ultrapassado para toda a humanidade. Agora só a fé na obra redentora de Jesus pode nos conceder perdão de Deus. Se foi Davi o escritor do salmo 51 e se ele o escreveu após a experiência que teve, infelizmente, neste caso, custou muito caro para ele deixar para nós uma revelação tão importante. O homem tem um desejo intrínseco de se sacrificar para barganhar as coisas, sejam físicas, emocionais ou espirituais, mas o salmo 51 ensina o que realmente é importante para Deus. Mais que trocar morte por morte, mesmo porque Jesus já morreu por todos, mais que uma atitude externa e vista pelos outros, de autosacrifício, de obra, Deus é tocado por aquilo que está dentro de nossos corações, no nosso interior, aquilo que realmente nos motiva.

      Coração quebrantado e contrito, espírito humilde, atitude realmente de deixar o orgulho de lado e fazer o que é certo, isso agrada ao Senhor. Mas isso também nos leva a fazer sacrifícios, não por vaidade, mas por entendimento de que é o melhor e a única coisa possível a se fazer para resolver um problema, principalmente em questões sociais. Nesse caso não fazemos porque receberemos algo em troca, mas porque é o único jeito de solucionar principalmente desentendimentos com as pessoas. Esse tipo de sacrifício o Senhor vê, e se o fazemos sem cobrar nada dos outros, se tomamos a iniciativa de nos aproximarmos de alguém para estabelecer uma aliança de bem, de amizade, mesmo que antes tenhamos recebido da mesma pessoa uma porta fechada, isso é um sacrifício que Deus honra. 

      Na verdade sacrificar-se para se aproximar de alguém, mesmo que doa muito nosso coração, mesmo que tenhamos de vencer um terrível medo, não é um sacrifício para ganharmos a nossa alma, mas para ganharmos a alma do outro, dar ao outro uma chance de não seguir como inimigo, inimigo nosso. Esse tipo de sacrifício é um sacrifício de misericórdia, de amor, contudo, não o faça sem receber de forma clara uma ordem de Deus. O Senhor não pede a ninguém que seja tolo, que não tenha amor próprio, nem que dê pérolas aos porcos. Por mais difícil que pareça, se fazer esse sacrifício for vontade do Senhor, o resultado será uma vitória imensa, que resultará em alegria e paz sem limites. Numa situação assim entenderemos, no final, que só tínhamos que enfrentar a nós mesmos, os nossos próprios temores, e que a batalha já estava ganha antes mesmo de começarmos a lutá-la e de nos sacrificarmos.

18/11/18

O que é pecado? (parte 2)


       O pecado provoca culpa, culpa dói. Dor por culpa é um sistema de alarme da nossa moral e ética, se não doesse não saberíamos que fizemos algo de errado e não tentaríamos evitar, numa próxima vez, a dor, agindo corretamente. Contudo, não é toda culpa que é consequência de pecado pessoal ativo. Podemos nos sentir culpados por algum tipo de insegurança ou acovardamento. Assim, fazer algo errado é pecado, mas omissão de algo certo, também é, mesmo que seja nos fazer sofrer por uma acusação mentirosa. 
      Nesse processo as coisas podem mudar e tomar caminhos diferentes, no tempo de nossas existências, principalmente porque o ser humano tem uma característica marcante, adaptabilidade. Se a dor não passa, nós nos adaptamos para tentar anula-la, mesmo que seja de um jeito não mais agradável a Deus e de fato melhor para nós. O primeiro instinto humano é de sobrevivência e para sobreviver podemos fazer muitas coisas para nos mantermós vivos e produtivos, tentando não dar atenção à dor e à culpa.
      Seres humanos fisicamente adultos, que já saíram da infância, e psicologicamente sãos, se sentirão desconfortáveis diante do pecado, não precisarão ter tido necessariamente uma educação cristã. Com educação moral e ética suficiente, um jovem quando cometer um pecado pela primeira vez, se sentirá mal, se sentirá culpado. Crianças ainda não estão amadurecidas para isso, são inocentes, contudo, o momento exato que alguém deixa de ser criança e passa a ser adulto é algo relativo e muitas vezes difícil de se localizar. 
      Alguns são adultos no corpo, mas não nos pensamentos e sentimentos, esse desincronismo pode causar ou ser doenças emocionais. Doentes emocionais, ou intelectuais, e nesse caso é uma característica que pode ser de nascença, também podem não sentir culpa diante do pecado, mas saber quem de fato é normal é algo que também é complicado. Crianças que nascem absolutamente normais podem sofrer violências tantas ou terem uma educação tão libertina e degenerada, que podem ter dificuldades para discernir o pecado e consequentemente sentir culpa.
      Levando tudo isso em consideração, muitas vezes, o que é pecado para alguns pode não ser para outros, e no mundo atual, com tanta liberdade e ausência de responsabilidade de famílias, santidade, que é a ausência de pecado, deve ser ensinada com mais clareza nas igrejas cristãs. Novamente neste caso, pastores que querem manter igrejas grandes e que dizimam, evitam falar sobre pecado, para não esvaziar templos. Quando ensinam sobre santidade a relacionam a experiências emocionais de sentir a presença de Deus em ocasiões especiais, e não a viver de forma separada do mundo durante todo o tempo.
      De maneira geral o homem sempre extremiza o pecado, ou é quase tudo ou é quase nada, a única pessoa que pode realmente nos ensinar sobre o pecado é o Espírito Santo. Esse não se experimenta com clímaxes emocionais causados pelo uso imaturo dos dons espirituais, mas com a assunção da realidade. A experiência legítima do Espírito Santo que nos leva a querer deixar o pecado e ser santo nos conduz a um temor de Deus que cala nossas almas e silencia-nos plenamente. Mais do que nunca é preciso que busquemos uma vida de real comunhão com Deus, por Jesus e através do Espírito Santo.
      Não podemos relativizar o pecado, contudo, Deus, nosso pai, nos conhece, a cada um de nós, sabe de nossas lutas e de nosso desejo de segui-lo, assim como de nossas fraquezas e carências. Alguns dizem que sentir culpa é fraqueza, esses, que se acham fortes não provam da fortaleza que existe na cruz de Cristo, esses tem a alma fria, o espírito mortificado e o corpo escravizado. Agradeça a Deus por ser fraco, por sentir culpa, e então leve a ele seu pecado e seja lavado pelo sangue do cordeiro, só assim os seres humanos provam a plenitude do poder da existência fundamentada no Senhor.
      Não deixe esfriar o coração, morrer a alma, envelhecer a mente, seja rápido para pedir perdão, e deseje com convicção não pecar mais, e seja assim até o fim. A Bíblia não filosofa sobre o que é pecado, o evangelho fica procurando culpados, mas Jesus é a cura gratuita para a dor da culpa pelo pecado, a nós basta humildemente aceitar esse remédio e agradecer a Deus por ele. Entre na presença do Senhor, só pare de clamar depois de se sentir totalmente perdoado, depois siga vigilante, o perdão é a arma mais eficaz contra o mal, mas só o experimenta o pecador que se assume como tal.

      “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.I Coríntios 6.19-20

17/11/18

O que é pecado? (parte 1)

      “Entre todo este povo havia setecentos homens escolhidos, canhotos, os quais atiravam com a funda uma pedra em um cabelo, e não erravam.Juízes 20.16
      “Se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá ao Senhor, pelo seu pecado, que cometeu, um novilho sem defeito, por expiação do pecado.Levítico 4.3

A palavra לְהַחטִיא (lehachti) carrega a ideia de cometer um erro ou errar um alvo. Em Juízes 20:16, a expressão לֹא_יַחֲטִא (lo yachti) se refere aos guerreiros de Benjamin que nunca erraram um alvo. Em Levítico 4:3, aparece a palavra חַטָּאת (chatat), que significa "oferenda de pecado" no Templo de Jerusalém. No entanto, a raiz hebraica para pecado, oferenda de pecado e errar o alvo tem outro significado. Muito mais profundo. 

      Pecado é violar um preceito religioso. Essa é uma definição bem simplista de pecado, uma das leituras mais razas e pouco informadas que existem a respeito, a mesma que diz que alguém está em pecado ou se acha em pecado porque desobedeceu um “mandamento” da igreja que frequenta, uma ““ordem do seu pastor ou padre””, e em se tratando do verdadeiro cristianismo, como se religião fosse só seguir normas. Mas, sim, pecado para muitos é só ir contra a própria religião e infelizmente muitos dentro de denominações cristãs evangélicas e protestantes pensam assim. Por quê? Porque seguem as palavras pregadas ou lidas e não a Deus, são amigos de religiosos, não de Jesus, têm comunhão com um grupo religioso, não com o Espírito Santo, dessa forma vivem um cristianismo sem profundidade. Esse conceito de pecado leva à hipocrisia, à vida de aparência, e mesmo de boas obras, mas sem a unção do Espírito Santo. 

      Pecado é dar-se aos prazeres da carne. Outra interpretação simplória de vida espiritual, e consequentemente de Deus e do pecado, que leva a pessoa a concluir que carne é errado, visto que Deus é espírito. Assim demonizam sexo, comida e bebida, por exemplo. Todavia, a carne que a Bíblia cita não é o corpo físico, a boca, os olhos, as mãos, os órgãos genitais, mas a natureza desviada do homem, a carne que a Bíblia fala é o espírito do homem sem Deus. Os diabos e os demônios são seres espirituais, não possuem corpos físicos, mas representam a essência da carne, porque negam a Deus em todas as instâncias. Essa visão equivocada leva a herege e pagã igreja católica ensinar que monges, freiras e outros crérigos podem ser mais santos, pecarem menos, simplesmente anulando os instintos do corpo, negando os prazeres da carne e vivendo de forma abnegada e reprimida.

      Pecado é seguir o diabo. Essa definição é bem extremista, e é verdadeira, contudo, lembro que muitos que seguem os diabos são pessoas que evitam excessos, respeitam o planeta, buscam uma vida “espiritual” com auto-controle, equilíbrio emocional, etc. Os maiores e melhores seguidores do diabo não estão nos botecos se embriagando, nem nas zonas de prostituição, ou nos becos se drogando, muito menos são marginais, assassinos, ladrões ou traficantes. São bons cidadãos, pessoas influentes e líderes, em muitas áreas. Assim, quem não deve se iludir com essa ótica errada são os cristãos, que demonizam uns, para poder se autoafirmarem-se melhores. O diabo mora na alma de homens lúcidos, inteligentes, cultos, de hábitos limpos e saudáveis, mas que carregam no coração um ódio profundo contra Deus, verbalizado só na presença de pares, esses homens têm em si o pior tipo de pecado. 

      Pecado é desobedecer a Deus. Essa interpretação, ao meu ver, é a mais popular, e quase, repito, sob meu ponto de vista, a mais precisa, quase. Desobedecer a Deus já é pecar, mas ainda que o pecado não se exteriorize, quando desobedecemos ficamos numa posição vulnerável, sem a cobertura do Senhor, onde expandir o pecado da simples desobediência é só questão de tempo. Mas a ressalva que faço sobre essa definição é a mesma que fiz com relação à primeira, “pecado é violar um preceito divino”. Interpretar vida com Deus só como obediência de leis, mesmo que sejam claramente leis bíblicas, é perigoso, pois nos conduz para longe da intimidade do Senhor. A única regra é o Espírito Santo, assim, tudo deve ser levado a ele em muita oração e consagração, mesmo a interpretação de muitas passagens bíblicas que muitos tomam como leis atemporais e indiscutíveis.

      Pecado é adorar algo que não seja Deus. Você pode obedecer sem sentir prazer nisso, e sim, isso nos desvia do pecado, mas o cristão maduro obedece com alegria, adorando a Deus. Por outro lado, muitos amam muitas coisas que estão na cânone bíblico, no meio cristão, dentro de igrejas e denominações, mas ainda assim estão em pecado, pois colocam tudo isso acima de Deus. Conforme a definição inicial, da palavra em hebraico, pecado é errar o alvo. Os 10 mandamentos mosaicos estão na Bíblia? Sim, mas não são o centro o alvo, assim como guardar o sábado, dar o dízimo, obedecer ao pastor homem, frequentar cultos com assiduidade, venerar um “santo”, etc, etc, etc. O centro do alvo é Jesus e na terra ele só deixou um embaixador oficial ao qual devemos seguir, o Espírito Santo. Assim, não pecar é conhecer, obedecer e amar Deus pai e Deus filho através de Deus Espírito Santo. 

      “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.” João 16.7-11  

      “Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem; Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo. (Porque diziam: Tem espírito imundo).” Marcos 3.28-30


Leia amanhã, dia 18/11/18, a segunda parte e conclusão desta reflexão


16/11/18

Sou grato ao Senhor

      “E Falou Davi ao Senhor as palavras deste cântico, no dia em que o Senhor o livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul. Disse pois: O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador. Deus é o meu rochedo, nele confiarei; o meu escudo, e a força da minha salvação, o meu alto retiro, e o meu refúgio. O meu Salvador, da violência me salvas. O Senhor, digno de louvor, invocarei, e de meus inimigos ficarei livre.II Samuel 22.1-4


      A vida não é fácil, pra ninguém, de um jeito ou de outro, todos nós sofremos. Alguns por dependerem demais de si mesmos, assim se tornam egoistas, não necessariamente maus, mas insensíveis. Como acham que carregam a maior dor do mundo e que nunca ninguém os ajudou, não confiam nos outros, não esperan nada dos outros. Eles acham amigos, mas naqueles que consideram iguais, com eles podem dividir memórias e sonhos, os poucos que têm, gente assim só acredita na realidade nua e crua, e não possue ilusões.
      Alguns, todavia, têm vidas difíceis, sofrem, por serem dependentes demais dos outros, passam muito tempo de suas vidas buscando colos, figuras paternas. Esses podem cair na armadilha de confiar justamente no primeiro grupo de pessoas, porque aos seus olhos aqueles parecem homens ou mulheres fortes, independentes, que sabem o que querem. Os carentes e inseguros buscam proteção nos fortes, mas acabam achando prisões, e no lugar de pais e mães, carcereiros, que se aproveitam deles e os enganam. A vida não é fácil nem para os fortes, nem para os fracos.
      Em qual grupo você se encaixa? Em nenhum dos dois? Cuidado, existem falsos fortes assim como falsos fracos, a psiquê humana é muito mais complexa que preto e branco, existem muitos tons de cinza. Uma coisa, contudo, eu tenho certeza, seja no coração de um forte, seja no coração de um fraco, Deus vê a verdade, a sinceridade, a necessidade. Ambos precisam do Senhor, ambos precisam de um pai de amor, ambos querem parar de confiar em si mesmos ou de procurar alguém para confiar, e achar alguém digno de confiança, de fé.
      O que me levou a escrever esta reflexão não foi tentar identificar as pessoas, ou simplesmente mostrar que em Deus podemos sempre confiar, eu sei quem sou, quem fui, quem quero ser, e já entendi que o Senhor foi, e sempre será em minha vida, um pai amoroso. Como Deus me guardou, de enfermidades que danificassem de vez o meu corpo, de violências que desfigurassem para sempre o meu caráter e de ataques espirituais do mal que matassem meu espírito e me afastassem de vez do evangelho. Sou grato ao Senhor por cuidar de mim.
      Eu não tenho o direito de reclamar, mas o dever de agradecer, contudo, ainda assim, que Deus ache em mim um coração que agradece com voluntariedade, com alegria, com novidade de vida, não por obrigação. Louvo a Deus por tudo o que passei, e que ele, em sua sabedoria, permitiu, não foi fácil, mas confio que o Senhor sabe o que faz, sempre. O que importa é o que sou hoje, que tenho hoje, que sei hoje, que quero hoje, o bem de minha esposa e filhas, e um viver neste mundo que seja útil a Deus, que faça diferença para melhor, mesmo em meio de tanta injustiça.

15/11/18

Águas passadas não movem moinhos

      Em que tempo moramos? No passado, no presente ou no futuro? Alguns moram no passado, e nem por aluguel temporário, são proprietários de um quarto pequeno, escuro e fechado no passado, lá se instalam e querem ficar por lá para sempre. Boas lembranças devem ser guardadas, boas conquistas, momentos felizes, é preciso manter na galeria da memória. Esse bom passado nos dá fundamento para sustentar o presente e bases para construir o futuro, mas sempre como início, não como fim, o ideal é melhorar e evoluir. 
      Contudo, muitos de nós, têm a masoquista obsessão pelo passado ruim, isso acontece sempre que não queremos perdoar alguém ou nós mesmos. Por que não perdoamos? Para manter alguém preso, castigado, na posição de agressor, isso é uma espécie de vinganca, sútil, calada, mas vingança.Também mantemos viva uma dor passada para que permaneçamos na condição de vítima, e ser vítima é uma posição cômoda. A vítima não tem culpa, a culpa é do outro, do agressor, a vítima é frágil e fragilizados temos um álibi para tomarmos a iniciativa para mudar, já que estamos fracos e impotentes. Assim residir num passado ruim é útil para muita gente se manter acovardada.
      Moinhos de água são engenhos que fazem uso da água corrente de um rio para movimentar suas mós, pesadas pedras que moem grãos de trigo, para que eles funcionem a água deve passar, água que já passou não movimenta as mós, por isso diz o ditado, “águas passadas não movem moinhos”. Poesia é construída com metáforas, metáfora é um simbologia, algo que objetivamente é uma coisa, mas que subjetivamente pode significar outra, geralmente um evento físico nos ensinando de maneira ao mesmo tempo simples e profunda algo emocional ou espiritual. As parábolas de Jesus são, muitas vezes, metáforas, mesmo que algumas vezes sejam revelações de algo objetivo e nada metafórico. 
      Quem fica preso às águas passadas perde a realidade, porque enquanto se acorrenta a algo sem utilidade, a vida continua, a água não para, a mó da vida segue moendo os grãos e produzindo o trigo do pão. Olhemos para o presente, há trabalho a fazer, mas também felicidade para se viver com os entes queridos, enquanto construímos um futuro positivo. Deixemos passar aquilo que um dia nos moveu, seja para o bem, seja para o mal, Deus nos renova a cada manhã para uma existência mais e mais na luz, sendo hoje melhor que ontem e amanhã melhor que hoje. 

      “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” Hebreus 12.1-2

14/11/18

Somos nós que precisamos ser convencidos

      “Louvarei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor estará continuamente na minha boca.” Salmos 34.1
      “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.Mateus 7.7
      “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.” Mateus 24.13
      “Orai sem cessar.I Tessalonicenses 5.17
      
      Não é Deus quem precisa ser convencido, o Senhor sabe tudo e sempre, mas somos nós, que prometemos hoje e amanhã nos esquecemos do que prometemos que precisamos. Por isso a insistência no pedido, a repetição da oração, a renovação do louvor, a persistência na consagração. Se soubéssemos de fato o que estamos falando, se vivéssemos de verdade o que sabemos que é o melhor pra nós, se prometéssemos e cumpríssemos nossas promessas, se créssemos no Deus para o qual oramos, uma vez bastaria. Depois viveríamos santos e adorando a Deus num momento eterno, isso, contudo, só ocorrerá na eternidade. Na eternidade não haverá esquecimento porque não haverá tempo, e não haverá tempo porque não haverá morte.
      Por que nos esqueçemos? Por causa da morte que recebemos quando o pecado, a partir do original, mas também aquele de cada um de nós de cada dia, mata nosso corpo e nossa alma. Mesmo os convertidos, cujos espíritos receberam vida eterna do e no Espírito Santo, seus corpos físicos e almas humanas, os centros das emoções e dos pensamentos, envelhecem a cada dia, envelhecimento é o processo de morte. Esse envelhecimento nos faz fracos, cansados, e a princípio nem é um enfado físico, mas espiritual. O jovem tem paixão, tem forças, mas se deixar-se levar pela natureza se afastará de Deus, se esquecerá dos princípios de vida do Senhor. Assim, é preciso insistir em querer ser espiritual, em querer ouvir e obedecer ao Senhor, em crer.
      O que acha que fazer corrente de oração, promessas, subidas ao monte, séries se cultos, jejuns, ou qualquer ritual repetitivo como maneira de acumular crédito diante de Deus para então ter direito de receber resposta de algum pedido, na verdade só enfatiza mais a própria incredulidade. Ao que crê, uma vez basta, uma segunda talvez para tentar fazer Deus mudar de ideia ou para abrir os ouvidos para entender uma resposta que Deus já deu. Deus responde na primeira vez que oramos, quando insistimos ou é porque não concordamos com a resposta ou porque não a ouvimos direito. É claro que o processo humano da insistência, que chamamos de tantos nomes, é espiritualmente salutar, e repetindo, para o homem não para Deus. 
      Na insistência nos consagramos mais e isso nos deixará mais prontos para ouvir a vontade de Deus, seja ela qual for. O Senhor, também, em sua misericórdia, aceita nosso “trabalho”, o Senhor entende nossa fraqueza, o Senhor é pai de amor, e esperará com paciência até que estejamos prontos para entender ou para aceitar. Mas mais que isso, conhecedor de nossa humanidade, Deus sabe que o tempo neste mundo é diferente, que o processo é mais lento, e que na nossa insistência em nos levantarmos sempre que cairmos, adorarmos, mesmo quando tantas vezes nos esquecemos de agradecer, e crermos, mesmo já tendo visto o Senhor responder nossas orações tantas vezes, nessa persistência, o espírito vence a carne, o diabo é envergonhado, e o nosso caráter é construído.

13/11/18

Deus das grandes e das pequenas coisas

      “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para o teu âmago, e medula para os teus ossos.Provérbios 3.5-8

      Meu Deus é o Deus das grandes coisas. O planeta Terra está em suas mãos, a humanidade caminha sob a guarda de seus olhos, os sistemas, políticos, econômicos, sociais, inclinam-se para onde manda a sua vontade. Um presidente não é eleito, mesmo o injusto e cruel, um monarca não cai, mesmo o que imperou por anos com dureza, sem que o Senhor permita. O mundo invisível, toda a sorte de criaturas espirituais, arcanjos, serafins, querubins, anjos, demônios e diabos, não se manifesta a não ser que Deus queira. A natureza, os ventos, as águas, assim como os corpos celestes, a Lua, o Sol, meteoros e tudo o mais que existe no universo, têm seus trajetos, suas hierarquias, seus brilhos, seus inícios e seus fins, de acordo com o plano que o Senhor traçou no começo dos tempos.
      Mas meu Deus também é o Deus das pequenas coisas. Uma folha não cai da árvore, um passarinho não voa, os animais selvagens, dos maiores aos menores, répteis, insetos e roedores, não vivem de um dia para o outro sem a permissão do Senhor. O ar que entra em meu nariz e boca, e me permite viver, chega a mim porque Deus o deixa vir, limpo e saudável, quando dirijo meu carro não sofre um acidente, porque Deus me guarda, e se preciso de algo, um bem, mas tenho pouco dinheiro, Deus me leva à loja certa, onde o que eu preciso eu posso adquirir com um preço que posso pagar. Um vírus ou uma bactéria, perniciosos, não entram no corpo de minhas filhas e de minha esposa, causando uma enfermidade mesmo possível de levar à morte, porque o Senhor, com seu manto de poder e amor, as envolve e protege, de maneira que vençam no dia a dia do mundo com saúde.
      Meu Deus é Deus de vida, de vitória e de paz, e protege a todos, mesmo aos que escolhem andar longe dele e próximos dos poderes do mundo e do inimigo, mas o Senhor trata de maneira especial, tanto neste mundo quanto no outro, aqueles que se humilham diante dele e entregam suas vidas com alegria e confiança a ele. O Senhor dá a cada dia a porção de felicidade e de esperança para aqueles que se limpam com o sangue do cordeiro, que buscam em arrependimento serem seres humanos melhores e que nunca desistem de perseverarem no caminho do evangelho. Deus é Deus das grandes e das pequenas coisas para aqueles que o adoram por tudo que lhes acontece, as coisas grandes, as pequenas, conscientes que nada acontece a eles sem que Deus queira.

12/11/18

A gota d’água para alguém

      “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” Hebreus 4.15-16

      Tenhamos cuidado, que andando num caminho sem sabedoria, sem respeito para com as pessoas, sem humildade para com tudo, sempre exigindo e nunca ofertando, o bem, sempre se apressando e nunca deixando pra lá, o julgar mal, sempre sem paciência e sem misericórdia, tenhamos cuidado. Que não colhamos o fruto de tanto egoísmo no pior momento, quando mais estivermos fragilizados e necessitados de graça, aquela virtude que oferece sem nada pedir em troca ou sem ver no recebedor algum crédito que o faça merecedor de uma dádiva.
      Tenhamos muito cuidado, podemos achar alguém mais cruel, mas mais honesto em exteriorizar aquilo que tem no coração, alguém que se coloque, mesmo inconscientemente, como a ferramenta do serviço sujo da vida, alguém que reaja violentamente à nossa estupidez, alguém para o qual seremos a gota d’água que enche o copo da ira da justiça. Se isso acontecer, não adiantará a nós reclamarmos, mas só colher o fruto amargo da colheita de semente amarga que tão insistentemente plantamos.
      Não vou encerrar esta reflexão assim, com um palavra dura que eu mesmo sei que mereço ouvir, o consolo está no texto inicial de Hebreus. Não importa no ponto do camino errado que estamos, se no início, no meio ou no fim, importa que o encerremos, agora, para então nos aproximarmos do Senhor confiantes que ele pode perdoar nosso pecado, destruir a semente ruim que levamos no coração, e substituí-la por uma semente doce, para que plantemos e colhamos frutos igualmente doces. 
      Deus não é um juiz frio e distante, não o Deus do cristianismo, o Deus verdadeiro. O Deus do cristianismo se fez homem em Cristo, isso confere a ele conhecimento da natureza humana na prática, assim como muito amor, para entender nossas fraquezas e nos dar uma nova oportunidade. Que não sejamos a gota d’água da ira de alguém, mas um copo transbordante de misericórdia, tratando os outros como gostaríamos de ser tratados, querendo achar e achando o melhor nos corações.

11/11/18

Paixão, amor, sexo e casamento

      “Quão formosos são os teus pés nas sandálias, ó filha de príncipe! Os contornos das tuas coxas são como jóias, obra das mãos de artista. O teu umbigo como uma taça redonda, a que não falta bebida; o teu ventre como montão de trigo, cercado de lírios. Os teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela. O teu pescoço como a torre de marfim; os teus olhos como as piscinas de Hesbom, junto à porta de Bate-Rabim; o teu nariz é como torre do Líbano, que olha para Damasco.
      A tua cabeça sobre ti é como o monte Carmelo, e os cabelos da tua cabeça como a púrpura; o rei está preso pelas tuas tranças. Quão formosa, e quão aprazível és, ó amor em delícias! Essa tua estatura é semelhante à palmeira, e os teus seios aos cachos de uvas. Disse eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos; então sejam os teus seios como os cachos da vide, e o cheiro do teu fôlego como o das maçãs, e os teus beijos como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e se escoa pelos lábios e dentes.
      Eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim. Vem, ó amado meu, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. Levantemo-nos de manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem as vides, se estão abertas as suas flores, e se as romanzeiras já estão em flor; ali te darei o meu amor. As mandrágoras exalam perfume, e às nossas portas há toda sorte de excelentes frutos, novos e velhos; eu os guardei para ti, ó meu amado.”
Cânticos 7

      Sexo, um assunto que o ser humano dificilmente dá a importância correta, ou dá relevância demais, ou de menos. A grande maioria de nós somos sexualmente desequilibrados, e só aprendemos a verdade sobre o tema no fim da vida, não como escolha, mas como falta de outra opção melhor. O mundo chama sexo de amor, mas na maior parte das vezes está se referindo só à paixão, quando a poesia secular diz, “é preciso amar”, está querendo dizer, “é preciso se apaixonar”. O amor sacrificial e eterno do evangelho nada tem a ver com a busca de prazer egoista e passageira que os homens chamam de amor, e que é apenas sexo superficial. 
      Sexo casual, liberdade para se ter prazer quando, onde é com quem se quer, sem haver necessidade de compromisso, de amor de verdade, mas apenas de desejo, do corpo e da alma, é uma mentira, uma das maiores da agenda do mal. Por quê? Porque na prática é simplesmente impossível. Os que dizem que é possível mentem, em primeiro lugar a si mesmo, e eles sabem disso. Essa prática leva o ser humano a mudar de gênero, passa de homem ou mulher a adúltero ou adúltera. Promíscuo pode ser um adjetivo, pela língua portuguesa, mas moralmente é um tipo de ser, diferente do humano original, é um ser degenerado, cujos valores morais e espirituais foram corrompidos. 
      Os motivos que levam um ser humano a fazer e usar sexo da maneira errada são vários? Acho que não, algo que entrega tanto prazer com certeza é usado para enganar a dor, aquela dor peculiar a todo ser humano. A maioria não quer sexo por dar prazer, mas por fazer esquecer da dor, mesmo que por pouco tempo. Dor pela solidão, pela carência de companhia ou de aprovação, dor que nasce no espírito, que contamina a alma e finalmente acha no corpo uma solução fácil e rápida, nos vícios, nas bebidas e nas comidas, mas principalmente no clímax que uma relação sexual proporciona. Isso confere alguma legitimidade ao sexo errado, mas não para sempre, é preciso crescer, deixar pra lá quem nos machucou, nos distanciarmos dele, nos libertarmos dele, procurar não repetir os mesmos erros dele, nos curarmos das obsessões para então administrarmos sexo e amor de uma maneira melhor.
      É preciso querer fazer as coisas do jeito certo, amar alguém de verdade e num compromisso duradouro, evoluir nesse compromisso, aceitar o envelhecimento físico e não achar que se pode ser jovem para sempre, nem pensar que envelhecimento é ruim. É preciso fazer alianças e ser fiel com elas, um adúltero não será infiel apenas com companheiros de sexo, mas com tudo, ele tem um defeito de caráter que precisa ser resolvido. Não, não é um processo fácil, muitos de nós casam-se e descasam-se, oficialmente ou não, por vezes, antes de assumir que só nós somos responsáveis por mudar nossos caminhos e que não adianta nós fazermos de vítimas e colocar a culpa nos outros, na vida, ou até em Deus. 
      O que Deus pensa sobre sexo? Se quer saber, ele não dá tanta importância como nós damos, ocidentais doutrinados pela moralidade católica, damos, e quando me refiro à moralidade e valores pseudo-espirituais católicos incluo protestantes e evangélicos, não pense você, “crente”, que está livre disso. Nas raízes da grande seita pagã católica está o pensamento herege que prazer é pecado, um desvio natural para quem se afasta do Espírito Santo, como referência verdadeira e espiritual sobre santidade, mas que não tem coragem de quebrar de vez sua ligação com o cristianismo e acaba criando uma religião que ritualiza ícones cristãos, e não o Cristo de fato. 
      Damos importância demais ao sexo quando achamos que Deus só aprova casamento oficializado pela lei ou pela religião, e não o compromisso de dois seres humanos que se amam de fato e estabelecem uma aliança de fidelidade que perdure. Damos importância de menos quando achamos que só porque não era uma relação legalizada ou com cerimônia religiosa prévia, podemos quebrar e estabelecer outra, sem nos sentirmos adúlteros ou “divorciados”. Deus vê e julga conforme o coração, não legalizar relação conjugal não tira da relação uma legitimidade de casamento, até a lei vê dessa maneira, portanto muitos que batem no peito se dizendo apenas namoradores, e não “divorciados”, são na verdade pessoas que já tiveram muitos casamentos, mas ainda não têm um cônjuge de fato. 
      O que diferencia namoro de casamento? Sim, é sexo, a relação mais íntima que um ser humano pode experimentar com outro ser humano. Nesse aspecto sexo é algo muito especial, único, exclusivo, que deveria ser tratado com muito, mas com muito cuidado. Qual o ideal, o mais sábio, o que eu ensino para meus filhos e para os jovens? Ensino que a vida é bem mais que sexo, que eles devem estudar e muito, trabalhar, para que tenham uma vida financeira independente. Liberdade, de verdade, está ligada à independência financeira, e não a “faço porque desejo”, querer é poder quando se pode pagar por isso através de uma vida responsável e que assume o que acredita e suas consequências. 
      “Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher” (Marcos 10.7), a primeira parte desse versículo diz tudo, deixará o homem a seu pai e a sua mãe, isso significa independência, quando isso ocorre não estamos mais sujeitos a orientação direta de nossos pais, ainda que seja sábio e coerente levarmos uma vida semelhante com a daqueles que nos criaram de perto e com amor. Assim, vida profissional é muito importante, nos dá independência e pode nos conduzir por esse mundo, a lugares bem diferentes e distantes da casa de nossos pais. Nesse caminho mudamos assim como muda aquilo que queremos para nós, incluindo o ideal de esposa ou esposo.
      Quando damos prioridade à vida profissional, em nossa juventude, antes do casamento, damos também à vida uma oportunidade de nos apresentar pessoas muito mais adequadas a nós, não só com valores em comum com aqueles recebemos em casa de nossos pais, mas também com os da nossa vida adulta, como profissionais. A pressa em se casar, pressa que muitos líderes religiosos e pais têm com os jovens, tudo por darem a sexo e procriação importância demais, leva casamentos serem feitos entre pessoas que ainda não estão prontas em si mesmas. Assim, quando a vida passa, quando a carreira profissional chama, quando elas mudam, percebem que se uniram a pessoas que nada têm a ver com elas.
      Contudo, que bom seria se nós pudéssemos esperar em Deus, crescendo e nos conhecendo, de maneira a só nos entregarmos totalmente, emocional e fisicamente, para aquela pessoa pela qual estivéssemos totalmente apaixonados, respeitando a nossa integridade e a da outra pessoa. Então, depois de conhecer tal pessoa, e de nos prepararmos financeiramente, nos casássemos debaixo da bênção da sociedade com a qual convivemos, na igreja que comungamos, em paz e desejando experimentar uma aliança fiel até o final de nossos dias neste mundo. Como seria bom se acontecesse dessa maneira para todos nós.

10/11/18

Êxodo 14

      Uma das passagens mais épicas do cânone bíblico, se não o maior milagre realizado, o mais famoso. Havia necessidade de tanto alarde? Sim, havia, foi a libertação de um povo, que agora, mais que uma família, era uma nação, partindo para a terra prometida por Deus. Esse acontecimento, da maneira que Deus fez, marcou a história de uma nação escolhida pelo Senhor para mostrar ao mundo, seja pela antiga aliança, seja pela nova e eterna em Cristo, a salvação. O que podemos aprender sobre as nossas vidas, nossas lutas, e a maneira como Deus age, com o capítulo 14 do livro de Êxodo?

- A estratégia de Deus:

      “Então falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel que voltem, e que se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o campo junto ao mar. Então Faraó dirá dos filhos de Israel: Estão embaraçados na terra, o deserto os encerrou. E eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o Senhor. E eles fizeram assim.” (versos 1-4)


      Diante de um problema em nossas vidas, Deus tem um plano para resolvê-lo, um plano que glorificará seu nome e deixará bem claro diante de todos, que ele é real, vivo, poderoso e age em prol daqueles que nele confiam. Tenhamos certeza disso, quando diante de um problema e perante o Deus que chamamos de Senhor e pai. Para realizar esse plano, Deus usa de estratégia, manobras inteligentes e que às vezes, à primeira vista, não parece a nós, seres humanos limitadíssimos, simples. Deus é complicado? Não, ele é complexo, e sobre algo que nos parece ser só um problema presente nosso, ele pode atingir objetivos bem mais abrangentes, no espaço e no tempo. Assim, algo que pode nos parecer um retrocesso, uma volta atrás no caminho, pode ser uma estratégia do Senhor, para confundir os que se colocam como nossos inimigos. Veja que o coração do faraó estava duro porque o próprio Deus o endureceu, quem não anda com Deus com certeza não consegue entender isso e talvez até se revolte contra o Senhor num visão espiritual mais curta.


- O que se coloca como inimigo do povo de Deus é enganado pela própria arrogância:


      “Sendo, pois, anunciado ao rei do Egito que o povo fugia, mudou-se o coração de Faraó e dos seus servos contra o povo, e disseram: Por que fizemos isso, havendo deixado ir a Israel, para que não nos sirva? E aprontou o seu carro, e tomou consigo o seu povo; E tomou seiscentos carros escolhidos, e todos os carros do Egito, e os capitães sobre eles todos. Porque o Senhor endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que perseguisse aos filhos de Israel; porém os filhos de Israel saíram com alta mão. E os egípcios perseguiram-nos, todos os cavalos e carros de Faraó, e os seus cavaleiros e o seu exército, e alcançaram-nos acampados junto ao mar, perto de Pi-Hairote, diante de Baal-Zefom.” (versos 5-9)


      O faraó, que depois das pragas enviadas por Deus, tinha autorizado Israel a partir do Egito, arrepende-se. O mal é assim, sem palavra, traiçoeiro, os que se colocam como nossos inimigos, e que deixam que o mal domine seus corações, se tornam iguais, neles não devemos confiar nunca. Mas Deus não estava provando somente a fé de Israel, Deus também provaria o Egito. Se eles tivessem sido humildes e deixado Israel ir, a perda que eles tiveram com as pragas já teriam sido suficientes, mas como insistiram em perseguir o povo de Deus provariam uma derrota ainda maior e mais humilhante. 


- A nossa incredulidade e dureza de coração:


      “E aproximando Faraó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, e temeram muito; então os filhos de Israel clamaram ao Senhor. E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirar de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, fazendo-nos sair do Egito? Não é esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto.” (versos 10-12)


      Mas se os inimigos são provados para serem ainda mais derrotados, os filhos são provados para que amadureçam e cresçam na fé. Mesmo depois de tudo que Deus tinha feito no Egito para libertar Israel, ainda assim o povo enfraqueceu e desacreditou. Que criancice a de Israel falando o que falou a Moisés, culpando-o, e achando melhor viver trabalhando em escravidão que ser livre pela fé. Assim somos nós, nunca aprendemos, por mais que o Senhor nos abençoe, quando um novo problema surge nós esquecemos o passado e só vemos um futuro ruim.


- No meio da batalha convém acreditar e obedecer:


      “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver. O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis. Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco. E eis que endurecerei o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros. E o anjo de Deus, que ia diante do exército de Israel, se retirou, e ia atrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pós atrás deles. E ia entre o campo dos egípcios e o campo de Israel; e a nuvem era trevas para aqueles, e para estes clareava a noite; de maneira que em toda a noite não se aproximou um do outro.” (versos 13-20)


      O Senhor pelegerá por vós e vós vos calareis, uma das frases mais poderosas da Bíblia. Naquele episódio, a batalha seria vencida só por Deus, ao povo bastaria apenas crer e obedecer. Não era algo que o homem poderia fazer, algo mais ativo, e em algumas ocasiões de nossas vidas nós estamos totalmente impotentes. Eu disse algumas, porque na maior parte das vezes Deus, em sua graça, faz uma sociedade conosco, ele faz a parte dele à medida que nós fazemos a nossa. Mas nessa experiência de Israel, bastaria a eles ter fé. A solução da questão seria através de uma ação extraordinária do Senhor? Sim. Sobrenatural? Não sei, e nem importa, se algum fenômeno geológico ocorreu coincidentemente no momento que Israel precisou atravessar o mar, Israel não sabia disso, mas quem disse que coincidência não é milagre? Eu quero mais é experimentar coincidências assim quando orar a Deus pedindo solução de um problema. Acho muito bonito o antagonismo da nuvem, para os egípcios era trevas, para Israel era luz, que metáfora maravilhosa da ação de Deus. A libertação do Senhor confunde os incrédulos, mas alegra e conduz os crentes à vitória.


- O milagroso livramento do Senhor:


      “Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda. E os egípcios os seguiram, e entraram atrás deles todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até ao meio do mar. E aconteceu que, na vigília daquela manhã, o Senhor, na coluna do fogo e da nuvem, viu o campo dos egípcios; e alvoroçou o campo dos egípcios. E tirou-lhes as rodas dos seus carros, e dificultosamente os governavam. Então disseram os egípcios: Fujamos da face de Israel, porque o Senhor por eles peleja contra os egípcios.

      E disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros. Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retornou a sua força ao amanhecer, e os egípcios, ao fugirem, foram de encontro a ele, e o Senhor derrubou os egípcios no meio do mar, Porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nenhum deles ficou. Mas os filhos de Israel foram pelo meio do mar seco; e as águas foram-lhes como muro à sua mão direita e à sua esquerda. Assim o Senhor salvou Israel naquele dia da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar. E viu Israel a grande mão que o Senhor mostrara aos egípcios; e temeu o povo ao Senhor, e creu no Senhor e em Moisés, seu servo.” (versos 21-31)


      Qual milagre Deus fará para livrar você? Não importa, mas acredite, se isso for preciso e só isso for o suficiente, o Senhor fará. Dessa forma não se preocupe com a aproximação dos inimigos, se você está obedecendo uma ordem de Deus continue firme. As águas se levantam nos teus lados, como paredes sobrenaturais? Isso parece terrível, te assusta? Não tema, é Deus agindo, e elas continuarão assim enquanto for necessário, depois que você passar elas voltarão ao seu curso natural. Então, aquilo que foi livramento para você será o castigo dos que te perseguem, a vingança do Senhor contra aqueles que desejam, de alguma maneira, oprimir e aprisionar os filhos legítimos de Deus. Mas depois dessa grande libertação, ao filho obediente, só resta entrar em Canaã e ser feliz. 

09/11/18

Querer e poder

      “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.Eclesiastes 9.10-11

      Alguns, nas igrejas, nos ministérios, querem trabalhar na obra, fazer as coisas, coisas boas, mas coisas que não estão preparados para fazer. Por quais motivos? Alguns por vaidade, para mostrarem que são isso ou aquilo, mas muitos por falta de conhecimento mesmo, por uma ingênua e equivocada interpretação de suas capacidades, até tomam a iniciativa, mas sem preparo. Outros, contudo, possuem as capacidades, a inteligência, mesmo, a chamada de Deus, já estão preparados e há muito tempo, mas não fazem o que poderiam fazer, simplesmente porque não querem. Isso por qual motivo? Por acharem que é muito pouco para eles, que fazer tais cosas é desprestigia-lós, nesses também existe a vaidade, mas também pode existir a descrença, a desesperança, de quem pensa que não vale a pena fazer porque não vai dar em nada. 
      Querer e poder, uns querem, mas não podem, outros podem, mas não querem, é muito triste quando o necessitado do auxílio desses somos nós, vermos quem devia estar servindo a Deus e ao próximo, servindo a si mesmos ou a ninguém. Os primeiros nos dão falsas esperanças, prometem e não cumprem, até começam a caminhar conosco, mas no meio do caminho desistem. Desistem porque não estão preparados para servir. Os segundos nos enganam pela aparência, de cara nós os reconhecemos como capacitados para nos auxiliar, assim a iniciativa é nossa, nos prontificamos a estar com eles, mas eles nos desprezam, podem, mas nada fazem. Esse estão ocupados em aprofundarem-se na teoria, no conhecimento intelectual da Bíblia, mas não em viver, de maneira simples e objetiva, o evangelho.
      “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças”, a primeira parte do texto de Eclesiastes responde à questão com sabedoria e equilíbrio, façamos tudo conforme as nossas forças, isso não estabelece o limite mínimo, mas o máximo, e o máximo relativo a cada um. Cada um tem um limite pessoal máximo de forças e é esse limite que nos será cobrado, não o do outro, mas o nosso. Esse limite será suficiente para que Deus nos use para abençoar aqueles que Deus manda para que abençoemos. Que Deus nos ache assim, voluntários, mas pelo Espírito Santo, capazes, mas com um coração de servo humilde, trabalhando, mas em Deus e para Deus, abençoando os pequeninos do Senhor, tão carentes de quem os pastoreie em amor e os ajude com misericórdia.

08/11/18

Que morte veremos?

      “Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.” João 8.51

      Que morte veremos? Que morte queremos? Que morte merecemos? Não existe só uma morte, existem várias, seres humanos diferentes provarão mortes diferentes, uns menos mortes que outros. A morte física, nela o coração para, o cérebro não funciona, pode haver a falência generalizada de órgãos, precisamos aceitar que ninguém morre por estar bem, algo ruim acontece ao corpo para que ele deixe de funcionar e haja a morte. Junto dessa realidade vem a dor, o que deixa de funcionar dói, um enfarte causa uma dor terrível, mas se ele for fulminante e ocorrer enquanto dormimos, talvez seja a morte menos doída. 
      A morte emocional, um suicídio lento, que nasce de uma profunda tristeza, causada por muita frustração ou trauma, que leva a uma crise depressiva que finalmente desligada a pessoa de qualquer desejo de prazer, de felicidade, de querer continuar existindo como indivíduo produtivo e positivo. Essa talves seja a pior morte, que trará consequências ao corpo, e que poderá levar a um fim lento e agonizante, senão a um suicídio de fato, rápido, a pior violência que alguém pode cometer.
      A morte espiritual, essa não é escolhida, não é futura, mas é o caminho do ser humano adulto e lúcido que ainda não escolheu ser filho de Deus. Crianças e deficientes intelectuais, assim como inocentes, em vários lugares do mundo, mesmo alguns indígenas, eu acredito que não precisarão fazer a escolha, enquanto permanecerem assim, não provarão morte espiritual. Mas essa é a única morte que as pessoas podem evitar, e que em alguns casos, na geração dos que provarem o arreabatamento, a escolha livrará os homens também da morte física.
      A morte que Jesus se refere no texto incial é, a princípio, a morte espiritual, mas confesso que o que me levou a refletir sobre o tema, foi a morte física. Vivi recentemente a morte de um parente próximo que sofreu por dez meses na u.t.i. antes de partir, foi muito dolorido, para ele e para a família. Muitas coisas passaram por minha cabeça, mas principalmente o medo de ter uma experiência semelhante, longa e dolorida. Assim, perguntei ao Senhor por que alguns têm que sofrer tanto assim para “desencarnar”, a resposta que Deus me deu foi o texto de João 8.51.
      Se Deus tem um propósito com tudo que acontece com todos os seres humanos, nos momentos que antecedem a morte física esse propósito é ainda mais urgente, é a última oportunidade para a pessoa acertar a vida. Quem teimou em não acertar no “dia normal de trabalho” pode precisar de “horas extras” para isso, dessa forma, infelizmente, muitos têm partidas complicadas por conta de toda uma vida complicada que escolheram ter. Se queremos ter uma morte física minimamente dolorosa, tenhamos uma vida correta, dentro do possível que podemos ter. 
      As pendências que levam a “horas extras” dizem respeito a como nos relacionamos com Deus e com nós mesmos, mas muito a como agimos com os outros. Dar e pedir perdão é a única maneira de nos acertarmos com todos, “horas extras” sempre existirão para que exerçamos o perdão que ainda falta. Dessa forma, peçamos e concedamos perdão, e até onde nos for possível, pessoalmente, mas se não assim, ao menos, em nossos corações.
      Eu acredito que todos que fizeram o possível para acertar, que naquilo que podiam, tomaram iniciativa, mas que acima de tudo confiaram no perdão de Deus e obedeceram a voz do Espírito Santo, não provarão mortes físicas complicadas, e mesmo se alguma complicação ocorrer, terão do Senhor o consolo e a força para partirem deste mundo de maneira honrosa, sem humilhação ou solidão. Sejamos humildes antes que a morte nos quebre de vez.

      “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Romanos 12.18

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.Romanos 8.1

      “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” Hebreus 9.27-28

07/11/18

Confessando o pecado

      “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.I João 1.8-9

      Das bases da nossa fé, um dos fundamentos do evangelho, a porta de entrada para a comunhão com o Deus verdadeiro: assunção do pecado pessoal, confissão dele diante de Deus e posse do perdão por meio do nome de Jesus, para só então seguir em paz. Nunca tente viver sem isso, se o ímpio não pode achar em nada desse mundo ou do outro algo que lhe dê satisfação maior que estar em paz com Deus, aquele que já nasceu de novo e já provou essa purificação, não conseguirá viver sem se acertar com seu Senhor. Confessemos, com todo o coração, com todo o entendimento, sintamos o quanto o pecado desagrada o Espírito Santo que habita-nos, e então creiamos, com fé, que Deus perdoa e esquece, e que nada e nem ninguém pode nos condenar ou culpar depois. Glória a Deus que é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça!