sábado, novembro 17, 2018

O que é pecado? (parte 1)

      “Entre todo este povo havia setecentos homens escolhidos, canhotos, os quais atiravam com a funda uma pedra em um cabelo, e não erravam.Juízes 20.16
      “Se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá ao Senhor, pelo seu pecado, que cometeu, um novilho sem defeito, por expiação do pecado.Levítico 4.3

A palavra לְהַחטִיא (lehachti) carrega a ideia de cometer um erro ou errar um alvo. Em Juízes 20:16, a expressão לֹא_יַחֲטִא (lo yachti) se refere aos guerreiros de Benjamin que nunca erraram um alvo. Em Levítico 4:3, aparece a palavra חַטָּאת (chatat), que significa "oferenda de pecado" no Templo de Jerusalém. No entanto, a raiz hebraica para pecado, oferenda de pecado e errar o alvo tem outro significado. Muito mais profundo. 

      Pecado é violar um preceito religioso. Essa é uma definição bem simplista de pecado, uma das leituras mais razas e pouco informadas que existem a respeito, a mesma que diz que alguém está em pecado ou se acha em pecado porque desobedeceu um “mandamento” da igreja que frequenta, uma ““ordem do seu pastor ou padre””, e em se tratando do verdadeiro cristianismo, como se religião fosse só seguir normas. Mas, sim, pecado para muitos é só ir contra a própria religião e infelizmente muitos dentro de denominações cristãs evangélicas e protestantes pensam assim. Por quê? Porque seguem as palavras pregadas ou lidas e não a Deus, são amigos de religiosos, não de Jesus, têm comunhão com um grupo religioso, não com o Espírito Santo, dessa forma vivem um cristianismo sem profundidade. Esse conceito de pecado leva à hipocrisia, à vida de aparência, e mesmo de boas obras, mas sem a unção do Espírito Santo. 

      Pecado é dar-se aos prazeres da carne. Outra interpretação simplória de vida espiritual, e consequentemente de Deus e do pecado, que leva a pessoa a concluir que carne é errado, visto que Deus é espírito. Assim demonizam sexo, comida e bebida, por exemplo. Todavia, a carne que a Bíblia cita não é o corpo físico, a boca, os olhos, as mãos, os órgãos genitais, mas a natureza desviada do homem, a carne que a Bíblia fala é o espírito do homem sem Deus. Os diabos e os demônios são seres espirituais, não possuem corpos físicos, mas representam a essência da carne, porque negam a Deus em todas as instâncias. Essa visão equivocada leva a herege e pagã igreja católica ensinar que monges, freiras e outros crérigos podem ser mais santos, pecarem menos, simplesmente anulando os instintos do corpo, negando os prazeres da carne e vivendo de forma abnegada e reprimida.

      Pecado é seguir o diabo. Essa definição é bem extremista, e é verdadeira, contudo, lembro que muitos que seguem os diabos são pessoas que evitam excessos, respeitam o planeta, buscam uma vida “espiritual” com auto-controle, equilíbrio emocional, etc. Os maiores e melhores seguidores do diabo não estão nos botecos se embriagando, nem nas zonas de prostituição, ou nos becos se drogando, muito menos são marginais, assassinos, ladrões ou traficantes. São bons cidadãos, pessoas influentes e líderes, em muitas áreas. Assim, quem não deve se iludir com essa ótica errada são os cristãos, que demonizam uns, para poder se autoafirmarem-se melhores. O diabo mora na alma de homens lúcidos, inteligentes, cultos, de hábitos limpos e saudáveis, mas que carregam no coração um ódio profundo contra Deus, verbalizado só na presença de pares, esses homens têm em si o pior tipo de pecado. 

      Pecado é desobedecer a Deus. Essa interpretação, ao meu ver, é a mais popular, e quase, repito, sob meu ponto de vista, a mais precisa, quase. Desobedecer a Deus já é pecar, mas ainda que o pecado não se exteriorize, quando desobedecemos ficamos numa posição vulnerável, sem a cobertura do Senhor, onde expandir o pecado da simples desobediência é só questão de tempo. Mas a ressalva que faço sobre essa definição é a mesma que fiz com relação à primeira, “pecado é violar um preceito divino”. Interpretar vida com Deus só como obediência de leis, mesmo que sejam claramente leis bíblicas, é perigoso, pois nos conduz para longe da intimidade do Senhor. A única regra é o Espírito Santo, assim, tudo deve ser levado a ele em muita oração e consagração, mesmo a interpretação de muitas passagens bíblicas que muitos tomam como leis atemporais e indiscutíveis.

      Pecado é adorar algo que não seja Deus. Você pode obedecer sem sentir prazer nisso, e sim, isso nos desvia do pecado, mas o cristão maduro obedece com alegria, adorando a Deus. Por outro lado, muitos amam muitas coisas que estão na cânone bíblico, no meio cristão, dentro de igrejas e denominações, mas ainda assim estão em pecado, pois colocam tudo isso acima de Deus. Conforme a definição inicial, da palavra em hebraico, pecado é errar o alvo. Os 10 mandamentos mosaicos estão na Bíblia? Sim, mas não são o centro o alvo, assim como guardar o sábado, dar o dízimo, obedecer ao pastor homem, frequentar cultos com assiduidade, venerar um “santo”, etc, etc, etc. O centro do alvo é Jesus e na terra ele só deixou um embaixador oficial ao qual devemos seguir, o Espírito Santo. Assim, não pecar é conhecer, obedecer e amar Deus pai e Deus filho através de Deus Espírito Santo. 

      “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.” João 16.7-11  

      “Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem; Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo. (Porque diziam: Tem espírito imundo).” Marcos 3.28-30


Leia amanhã, dia 18/11/18, a segunda parte e conclusão desta reflexão


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