10/09/20

Tudo tem um fim

      “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viveráJoão 11.25

      Tudo tem um fim, mas não precisa ser com morte, seja morte do que for, onde for ou quando for. O ser pode morrer várias vezes, mas o salvo por Jesus, iluminado pelo Espírito Santo e em comunhão com o Deus altíssimo, não morre nunca, mas vive e revive, numa renovação eterna e sempre para o alto da luz maior e melhor. Quem é vivo experimenta passagens de momentos, não mortes, pois Deus o protege de dores mortais, sejam no corpo, na alma ou no espírito. Morre-se na cabeça, na alma que não venceu a dor, a solidão, a culpa, o rancor, que não conseguiu mais criar boas expectativas, esperanças, por mais distantes e ilusórias que fossem. O morto emocionalmente não sonha, não sonhar é morrer. 
      Morre-se no corpo, quando se leva junto a morte do espírito que morreu na alma antes de mudar de plano, o que morre em Cristo terá de Deus uma passagem em paz, não violenta, o que morre em Cristo nem o findar do funcionamento de seu corpo será morte. O corpo só morre sem Cristo, com Cristo apenas liberta o espírito para a eternidade melhor. A morte espiritual, impossível de ser desfeita no plano espiritual, aquela que leva ao inferno, é decretada no juízo final por Deus, quando, então, não haverá mais nenhuma chance de se viver, assim o único caminho para o ser é morrer. Morte sempre é sofrimento, sofrimento é morte, eterno enquanto dura, trevas profundas, ausência de vida ou de esperança de vida.
      O céu, o paraíso, o melhor de Deus na eternidade, é a antítese da maior e derradeira morte, que ocorre na última instância do ser no universo. Contudo, não cair nos laços da morte no plano físico, implica em reconhecer e conhecer os momentos, deixá-los terminar e buscar em Deus e com esperança que novos momentos comecem. Quem entende momentos como degraus, como passagens, não prova a morte, mas esse entendimento deve ser mais que intelectual e emocional, deve ser espiritual. É preciso aproveitar bem os momentos, vasculha-los e possuí-los até o último instante, ao mesmo tempo que não se deve prender-se a eles, nos prendemos quando apequenamos o olhar, quando nos tornamos egoístas e incrédulos.
      Na verdade, quando entendemos um momento, nós o vemos e quando vemos não existe mais desafio de fé, assim é preciso deixar esse momento e partir para outro, pela fé. Esse é o processo de evolução espiritual, de crescimento como ser, de maturidade em Deus. Por que é assim? Porque esse é o caminho do espírito humano no Espírito de Deus, não o andar do corpo, da alma, que são passageiros, mas do sopro eterno de Deus em suas criaturas mais formidáveis, os seres humanos. Só não haverá mais fim quando estivermos no “ceio de Abraão”, no mais alto e iluminado dos céus, aquele lugar, momento e estado de espírito, que só Jesus pode nos colocar. Tudo tem um fim? Jesus, não, assim, estejamos nele.

09/09/20

Servos, soldados ou advogados? Amigos e testemunhas

      Podemos achar na Bíblia argumentos para diferentes posicionamentos que os filhos de Deus tomaram e tomam em relação a como fazem a vontade do Senhor. Em algumas situações bíblicas o povo de Deus é chamado de exército do Senhor, soldados do altíssimo, isso vemos bastante no antigo testamento, em outras situações o povo de Deus é denominado servos do Senhor, vemos isso muito no novo testamento. Atualmente, na prática, num momento quando há mais liberdade religiosa, quando cristãos de nome representam grande parte da sociedade, quando evangélicos detêm cargos importantes na política e até são celebridades na mídia, dentro do entendimento equivocado de que um nação física deste mundo pode ser integralmente de Cristo, muitos se colocam enfaticamente como advogados de Deus. Muitos agem como se tivessem carta de procuração do Senhor para falarem e fazerem coisas em nome dele. Como dito no início, todos esses termos e funções têm seus lugares legítimos no tempo e no espaço, mas qual é o mais adequado à doutrina central da Bíblia, ao nível mais alto da vontade de Deus para os homens no mundo?
      Amigos e testemunhas, eis os posicionamentos que Deus espera de seus filhos maduros, isso conforme a visão do evangelho de Jesus. “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” (João 15.15). “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (Atos 1.8). Qual a diferença entre ser amigo e testemunha de ser servo, soldado ou advogado? A diferença é a essência do evangelho, que apresenta um Deus tomando a iniciativa, descendo, vivendo, morrendo, ressuscitando e salvando o homem em Jesus, para então viver no homem pelo Espírito Santo. No antigo testamento esse princípio já havia sido ensinado, em textos como, “nesta batalha não tereis que pelejar, postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém, não temais, nem vos assusteis, amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.” (II Crônicas 20.17).
      Infelizmente, a coisa ruim por trás de gente que quer valer seu ponto de vista no papel de servo, soldado e advogado, é o uso de um certa violência para impor o evangelho, sendo assim mais maquiavélicos que cristãos, à medida que acham que o fim justifica os meios. Muitos pensam assim, “se defendo o evangelho, a única maneira de salvar o homem do inferno, o caminho, a verdade e a vida, tenho o direito de usar os meios que posso, pelo menos no mesmo nível dos meios que os que se opõem ao evangelho usam para fazerem valer seus pontos de vista”. Isso é uma interpretação superficial das verdades divinas, pô-las só como o oposto das mentiras das trevas, bem, a vontade de Deus não é oposto das escolhas oferecidas pelo diabo, da mesma maneira como Deus não é o oposto do diabo. Deus é muito mais que um antagonista do mal, Deus é tudo, e o diabo apenas um escolha, que ganha legitimidade se o homem opta por ela. Assim, se enganam os que acham que podem usar para compartilhar o evangelho as mesmas armas que os que não conhecem a Deus pelo evangelho usam para compartilhar o que acreditam. Aos espirituais cabem armas espirituais, não carnais, por mais civilizadas que essas sejam, por mais “democráticas” que se apresentem.
      Não somos soldados numa batalha de igual para igual contra o mal, na verdade não há batalha, Jesus já a venceu, há apenas um deixar que Deus mostre a vitória, enquanto nós que nos dizemos cristãos, testemunhamos tudo para relatar depois aos homens, não como advogados, mas como testemunhas. Sim, temos um trabalho neste mundo, o de crer e viver como justificado, numa existência honesta como cidadãos exemplares, mas é Deus quem luta as guerras espirituais. Esse entendimento, todavia, têm os amigos, não os servos, os servos, ainda que com um senhor mais excelente, apenas obedecem, cegamente, já os amigos têm intimidade com alguém, e esse alguém, ainda que um Senhor divino e superior, revelas as verdades a seus amigos. Atualmente no Brasil, esses que se colocam como soldados querendo impor o cristianismo, ainda que debaixo do comando de um presidente que se diz “cristão”, cometem um enorme equívoco, lutam uma batalha tão tola quanto inútil, no mínimo agem como crianças imaturas, servos de homens e não de Deus, mas numa instância maior, fazem o jogo das trevas e colaboram para desacreditar o cristianismo. 
      Essa é a grande estratégia do inimigo por trás do que muitos cristãos estão sendo levados à fazer atualmente no Brasil, desacreditar o cristianismo, que hoje é defendido por extremistas morais, construindo o cenário que entregará no futuro o país nas mãos dos maiores inimigos do cristianismo, mas que serão a única opção aparentemente equilibrada. Infelizmente muitos protestantes e evangélicos brasileiros não estão percebendo isso, e se tentamos alerta-los a respeito eles nos acusam de termos sido convencidos pelo outro lado, ou de sermos “isentões”. Eles não entendem que a melhor maneira de destruir alguém não é impedi-lo de fazer algo, mas levá-lo a fazer algo de forma exagerada, extremista, assim ninguém o destruirá, nem seus antagonistas, mas ele mesmo. Infelizmente os cristãos pararam de lutar contra as trevas, lutam contra eles mesmos, contra suas heresias, seus radicalismos, suas mentiras, ainda que digam, “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (é triste ver João 8.32 ser usado de maneira tão inadequada). Não concorda com isso? O tempo dirá. 

08/09/20

Vida sem editorial

      Editorial é aquela seção de um jornal ou revista onde não existe o relato de um fato objetivo, mas a opinião sobre um fato dada pela empresa, seja jornal ou revista, no papel de seu editor, editorial não é a verdade mas um ponto de vista dela, é subjetivo, relativo à posição e gosto de alguém que viu o fato. É ético uma empresa deixar claro quando não está relatando um fato, mas emitindo um editorial, é honesto, principalmente com os mais limitados em termos de informação e formação, que sem saber podem interpretar um editorial como fato. Algumas empresas da mídia, publicadoras e redes de televisão, em seus jornais e revistas, contudo, não têm tido essa transparência atualmente no Brasil, assim fazem de seus produtos completos editoriais, manipulando os fatos, enganando as pessoas, criando o pior tipo de “fake news”, as verdades em parte, que tem na outra parte, mentiras.
      Cuidado, o pior tipo de “fake news” não são os boatos ou mentiras disseminados anonimamente pelas redes sociais, que duram só algum tempo, ainda que mesmo assim possam fazer um mal tremendo. O pior tipo é aquele que dá ênfase a um ponto do fato, que é real, mas que não é o ponto principal, que distorce a verdade principal e convence as pessoas por não se mostrar como parte, mas como todo. Quer um exemplo? Tomemos a história bíblica de José fugindo da mulher que queria adulterar com ele (Gênesis 39), ele teve que deixar as próprias roupas para não cair no pecado. Mas enfatizar na história o fato de José ter fugido sem roupa, dizer que com isso ele faltou com o pudor, que poderia ter sido visto por crianças e violentar de alguma maneira, mesmo que só no olhar, esses inocentes, não informando que ele fez isso como defesa de um pecado maior, bem, isso é um tipo de “fake news”.
      Isso é o que importantes e grandes empresas da mídia têm feito atualmente no Brasil e no mundo, mostrado até parte da verdade, que é fato, mas que não é a verdade principal, é no máximo um ponto de vista limitado e manipulador que tem como objetivo desmerecer, no exemplo, José, e proteger a mulher adúltera. O cristão, todavia, desde há muito tempo, acostumou-se a entender o evangelho, a vida cristã, através de editoriais, seja de papas, padres, pastores, teólogos, e não pelo fato. Qual é o fato indiscutível do cristianismo? É Cristo e esse só pode ser ensinado hoje através do Espírito Santo, contudo, como os evangélicos preferem as Bíblias comentadas, que têm se multiplicado nos dias atuais, existem toda a espécie de Bíblias, com títulos diferentes, para homens, mulheres, jovens, crianças, para missionários, empresários, enfim.
      Ninguém precisa ser um teólogo consagrado pela maioria, basta fazer algum sucesso na “mídia evangélica” que já tem direito à opinião, a inventar uma nova moda. Muito editorial, pouco fato, muito homem, pouco Espírito Santo, quando delegamos aos outros o direito de pensarem por nós, desses nos tornamos servos, assim os cristãos se tornam escravos de homens e não amigos de Deus. É tempo de encarar os fatos da existência, todas as realidades, de nossas vidas, de nossas famílias, de nossas igrejas, de nosso país, de nosso planeta, sem editoriais, sem atravessadores intelectuais, sem medo, sem ilusão, voltarmos a Deus e aprendermos diretamente do Espírito, em nome somente de Jesus Cristo. Repetindo o texto tão (mal) usado atualmente em nosso país, e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8.32), a verdade só pode vir do Deus altíssimo, de mais ninguém.

07/09/20

Pontualidade da oração

      “Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.” II Coríntios 12.8
      “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.” Mateus 7.7

      Não vou refletir novamente aqui no blog sobre o espinho na carne de Paulo, já fiz isso várias vezes (veja reflexões “Pecados e pecados” e “Espinho na carne”), mas desta vez sinto de compartilhar uma característica importante sobre uma oração viva com o Deus vivo, oração é algo pontual, isso por vários motivos. Quando digo pontual me refiro a algo objetivo sobre pessoas e assuntos de fato orientados por Deus para que oremos. Orar por anos a fio por determinado assunto pode até ser vontade de Deus, principalmente com relação à salvação de algumas pessoas. Sim, certos problemas não se resolvem de um dia para outro e se for vontade do Senhor nos mantermos em oração por um longo período de tempo por algo, isso pode nos fazer amadurecer e crescer nele, mas isso é exceção, não regra. A regra é que a oração seja pontual, que em pouquíssimos ou melhor, em um único pedido, conheçamos a vontade de Deus sobre algo e entendamos se Deus quer ou não atender o que foi solicitado.
      O apóstolo-teólogo Paulo foi claro nesse ensino, com relação a seu espinho na carne ficou registrado na Bíblia que ele orou por três vezes, acho que não temos no cânone bíblico relatada outra situação com um número assim definido de vezes que se orou. Em Mateus 7.7 e outras passagens Jesus nos arremete a essa pontualidade, causa e efeito reafirmados com verbos diferentes, nos levando a entender que oração a Deus é um diálogo fácil, rápido e objetivo. A oração de fato espiritual é pontual, eu creio! Se demora ou é porque é uma exceção ou porque Deus falou e o que ora não entendeu ou entendeu e não quer aceitar a resposta divina. Se temos ouvidos espirituais abertos e corações obedientes podemos ouvir claramente de Deus “não ore mais sobre isso”, eu já ouvi até “não ore mais por essa pessoa”. Nesse segundo caso não foi porque minha oração tinha sido atendida, mas porque Deus me disse que não livraria alguém porque esse alguém era rebelde, já havia escolhido seu caminho e consequências disso.
      Isso parece duro, parece resposta não condizente com um pai amoroso? Pois antes de amoroso Deus é educado, e não atua para o bem em vidas que não lhe dão autorização. Felizmente o não atuar para o bem de Deus pode ser algo só em curto prazo, pois em muitas vidas rebeldes ainda que uma séria disciplina seja necessária, em médio ou longo prazo a pessoa será trazida para mais perto do Senhor, ainda que pela dor. Mas Deus é sempre rápido para responder, quando pedimos uma orientação em oração Deus fala imediatamente, através de uma frase simples e de profunda sabedoria. Contudo, se a resposta for complicada ou longa é mais provável que seja nossa mente querendo falar em nome de Deus, tentando achar desculpas para sentir algo que Deus não disse e fazer algo que Deus não mandou. Nós somos bem “enrolados”, confusos, enganosos, Deus não, a luz é clara e focada, chega depressa e ilumina toda treva, esclarece toda dúvida, responde a toda necessidade, de forma pontual. 

06/09/20

Não julgue mal!

     “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão.” 
Lucas 3.37
      “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” 
João 7.24

      Quando usamos a orientação contida nos textos acima, a maioria de nós, pensa só em um modo de julgar, julgar mal, e de fato é esse tipo de julgamento que é recriminado nos evangelhos, contudo, quanto a julgar bem, na verdade não há nada de errado com isso, assim como não temos uma orientação recriminando esse tipo de julgamento. Julgar bem é, mesmo sem conhecer mais profundamente uma pessoa ou suas intenções, presumir que a pessoa está bem intencionada, que é do bem, que tem uma razão boa para fazer algo, ainda que não saibamos com certeza e mesmo que ela tenho cometido de fato um erro real. Bem, julgar bem não precisa de recriminação, pode até ser uma ilusão, um engano, mas reflete muito mais expectativas de bons corações que procuram ver o lado bom das coisas, das situações, das pessoas. O inocente é aquele que tem na mente uma varanda, aberta para o sol e para a natureza, para fazer amigos.
      Uma prisão, contudo, localiza-se nos corações que julgam mal, que veem motivos ruins, errados em alguém, ainda que não saiba com certeza, ainda que não conheça toda a verdade, esse vê inimigos em todos. Sim, podemos concluir que alguém está agindo com má intenção, e isso com base em fatos, e a partir disso tomarmos uma atitude. Mas o julgamento mau, baseado só em injustos pressentimentos, na descrença de que alguém possa ser bom, mesmo que não se saiba disso, não é discernimento do mal, é malícia. Os sábios contribuem para o bem, mas vendo o mal onde ele de fato existe e tomando uma atitude sábia, já os tolos são maliciosos, julgam baseados neles mesmos, na verdade veem nos outros aquilo que existe neles, esses estão aprisionados pelo mal e da mesma maneira tentam aprisionar os outros. Um julgamento injusto aprisiona o outro, onde? Em nossas mentes.
      Quando o evangelho diz não julgueis e não sereis julgados ele não quer dizer que quando alguém julga mal o outro o outro também o julgará mal, na verdade muitas pessoas com as quais agimos com injustiça e as julgamos mal nem têm consciência da nossa maldade, quem julga bem não tem malícia e não age como malicioso em relação aos outros mesmo que seja julgado mal. Mas quem julga mal também se sente julgado, não é julgado necessariamente pelos outros mas por si mesmo, e sente-se culpado o tempo todo. Julgar mal é um vício, e como tal necessita de libertação, nasce de culpa mal resolvida de alguém que projeta nos outros problemas que são seus. O liberto é leve, não se sente culpado, pois recebeu perdão, quem de fato foi perdoado sabe perdoar, disponibiliza perdão a todos, não julga ninguém, não para o mal, mas só para o bem, segunda a justiça divina, ele liberta pois libertado está.

05/09/20

Pá ou britadeira?

      “A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.I Coríntios 3.13-15

      Pá e britadeira, ambas podem ser usadas para fazer buracos, cada uma com sua vantagem, mas a eficiência não depende só da ferramenta, o usuário deve ter competência e objetivo. O que isso tem a ver com nossas capacidades e experiências, assim como com nossas dores e vitórias? Alguns têm só uma pá, essa precisa de mais energia humana para funcionar, mas os persistentes a usarão para conquistar seus objetivos. Outros têm uma britadeira, essa necessita de menos energia humana, mas precisa de energia elétrica para funcionar, diferentemente da energia humana, essa é paga, contudo, se for usada sem ciência pode furar além do que se precisa, atingir tubulações, redes de energia. O preguiçoso que só tem a pá não chegará a lugar algum se não se esforçar, um esforço mais simples, mas é tudo o que alguns têm para usar sua ferramenta. Já o displicente ou despreparado, ainda que tenha uma britadeira nas mãos, não executará sua tarefa com eficiência, e no final fará mais mal que bem. 
      Não queira ter uma britadeira quando tudo que te é por direito é uma pá, mas não seja arrogante achando que ter uma britadeira te faz melhor que o que só tem uma pá, se não usar tua ferramenta da maneira adequada melhor te seria ter uma inferior. Alguns podem ter uma britadeira, podem pagar por ela, mas nunca se dão ao trabalho de aprender a maneja-la. Outros usam por anos uma pá, ganharam muito com ela é até poderiam comprar uma britadeira, mas ficaram tão acostumados com a pá que têm medo de trocá-la por uma ferramenta melhor, assim despendem um esforço exagerado quando não precisariam mais, se cansam e se machucam quando poderiam usar uma ferramenta melhor. Todavia, esses acham que a pá mostra para as outras pessoas que eles são esforçados, que são trabalhadores, pensam que se usassem uma britadeira poderiam parecer vagabundos, irresponsáveis com suas obrigações. Enquanto um despreza a boa ferramenta que pode ter, outro idolatra a ferramenta limitada que tem, um por arrogância o outro por medo. 
      A metáfora foi tão detalhada que talvez seja redundante explicar o que ela representa em nossas vidas, acho que você já entendeu, mas vou fazer algumas pontuações. As ferramentas são nossas capacidades, dons e experiências, cada um tem a ferramenta que precisa para fazer seu melhor, ferramentas dadas por Deus no decorrer de nossas vidas, que podem melhorar, se nosso trabalho for honesto e persistente. Um, não deve invejar a ferramenta do outro, nem deve desprezar a ferramenta que tem, contudo, deve usá-la bem para que o melhor seja feito. Ferramenta mal usada fere quem a usa e aos outros, de um jeito ou de outro. Se não fazemos o que temos que fazer, estacionamos, nos afastamos de Deus, perdemos o direito à santidade e podemos ser presas fáceis de armadilhas das trevas. Mas se fizermos de qualquer jeito causamos dores, achando que somos especiais só por termos uma habilidade que outros não têm, é preciso humildade, tanto para manejar uma pá quanto uma britadeira, fiéis no pouco e no muito (Lucas 16.10).
      Todavia, não é a ferramenta que é testada, é quem a usa, muitos fazem um escândalo para usar uma pá, mas outros, ainda que tenham uma britadeira, a manejam com discrição, trabalham quase que em segredo, com simplicidade. Contudo, cuidado, não almeje ou se aposse daquilo que não está preparado para ter ou fazer, os que fazem isso terão julgamento mais severo que aqueles que têm uma ferramenta mais simples e a usam menos, ao que muito é dado, muito é cobrado (Lucas 12.48). Isso não é condição de salvação eterna, mas de galardão, eis aí um conceito espiritual que pouco entendemos de fato o que representa e que muitos não dão muito valor. Muitos dizem, “me importa é ser salvo, tanto faz o galardão que receberei no plano espiritual”, mas isso não é bem assim, alguns “infernos” têm graduações e o menor deles podem experimentar os que nunca se preocuparam em construir no plano físico um galardão espiritual, antes só se ocuparam com o mínimo para serem salvos. 
      Você acha que isso não é bíblico? Então reflita mais sobre o arrebatamento e as parábolas das dez virgens e dos talentos (Mateus 24-25), muitos salvos não serão arrebatados (eu pelo menos interpreto assim, já que na parábola das virgens todas eram noivas, a diferença estava no azeite de suas lâmpadas) e passarão maus bocados num mundo em total colapso em todas as áreas, por quê? Porque não se preocuparam em construir galardões. Mas é muito mais que isso, conhecimento que muitos não estão preparados para ter simplesmente porque não querem ter. Com um tipo de ferramenta só se chega até um ponto, depois disso há cansaço porque não existe mais aprovação de Deus, mas com o outro tipo se vai mais fundo. Os que receberam esse segundo tipo, sejam humildes, discretos, mas perseverantes, vocês não trabalham mais só para vocês, como fazem os outros operários, mas vossos trabalhos podem abençoar muitas pessoas, ainda que poucos saibam disso neste momento, dessa forma apenas obedeçam e trabalhem. 

04/09/20

Não sejamos enganados!

      “A minha alma disse ao Senhor: tu és o meu Senhor, não tenho outro bem além de ti.” Salmos 16.2

      Não cometamos o pecado de deixar de pedir de todo o coração e a tempo que Deus tenha misericórdia de nós e nos guie na verdade, afinal de contas, ele é nosso Senhor e não temos outro bem além dele. Nosso coração é enganoso, o Diabo é mentiroso, o mundo é mau e as igrejas se desviam, assim, para quem podemos ir senão para Deus? Podemos estar de tal maneira envolvidos com a roda-viva da vida que acabamos nos convencendo que estamos fazendo tudo certo, já que oramos, vamos à igreja, nos assumimos como cristãos na sociedade, não percebendo que estamos sendo enganados por alguma mentira sútil e perigosa. Mas muitas vezes nem é sútil, muitos que são enganados estão de tal modo convencidos que estão certos, que não percebem um grande mentiroso a sua frente, dizendo coisas que eles, surdos, acham que é a mais pura verdade. Os mais enganados são os que confiam nos homens, que na grande quantidade desses há sabedoria, são os que fazem porque os outros fazem, sem nada questionar. 
      Por isso é importante parar e dizer com toda a convicção o versículo inicial, “Senhor se estou errado me mostre, não me deixe ser enganado, eu quero servi-lo e a mais ninguém, adora-lo e a mais ninguém, pois tu és o meu Senhor, não tenho outro bem além de ti”. É muito importante, principalmente nos dias atuais, que todo cristão tenha essa seriedade, os dias são maus, as estratégias das trevas se sofisticam, ninguém pense que o grande engano do final dos tempos será algo simples, como os enganos de outros tempos. Se o homem evolui científica, psicológica e socialmente, se as verdades são reveladas com mais profundidade de detalhes, as mentiras também se tornam mais complexas, mais difíceis de serem discernidas. Assim, nos aproximemos mais de Deus, como nunca antes, com todo o coração, com mentes e espíritos abertos, e com a alma quebrantada, Deus livra os que o buscam, abre seus ouvidos e seus olhos e não permite que eles sejam enganados. Deus sempre guarda os humildes e que de fato o buscam.