domingo, setembro 06, 2020

Não julgue mal!

     “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão.” 
Lucas 3.37
      “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” 
João 7.24

      Quando usamos a orientação contida nos textos acima, a maioria de nós, pensa só em um modo de julgar, julgar mal, e de fato é esse tipo de julgamento que é recriminado nos evangelhos, contudo, quanto a julgar bem, na verdade não há nada de errado com isso, assim como não temos uma orientação recriminando esse tipo de julgamento. Julgar bem é, mesmo sem conhecer mais profundamente uma pessoa ou suas intenções, presumir que a pessoa está bem intencionada, que é do bem, que tem uma razão boa para fazer algo, ainda que não saibamos com certeza e mesmo que ela tenho cometido de fato um erro real. Bem, julgar bem não precisa de recriminação, pode até ser uma ilusão, um engano, mas reflete muito mais expectativas de bons corações que procuram ver o lado bom das coisas, das situações, das pessoas. O inocente é aquele que tem na mente uma varanda, aberta para o sol e para a natureza, para fazer amigos.
      Uma prisão, contudo, localiza-se nos corações que julgam mal, que veem motivos ruins, errados em alguém, ainda que não saiba com certeza, ainda que não conheça toda a verdade, esse vê inimigos em todos. Sim, podemos concluir que alguém está agindo com má intenção, e isso com base em fatos, e a partir disso tomarmos uma atitude. Mas o julgamento mau, baseado só em injustos pressentimentos, na descrença de que alguém possa ser bom, mesmo que não se saiba disso, não é discernimento do mal, é malícia. Os sábios contribuem para o bem, mas vendo o mal onde ele de fato existe e tomando uma atitude sábia, já os tolos são maliciosos, julgam baseados neles mesmos, na verdade veem nos outros aquilo que existe neles, esses estão aprisionados pelo mal e da mesma maneira tentam aprisionar os outros. Um julgamento injusto aprisiona o outro, onde? Em nossas mentes.
      Quando o evangelho diz não julgueis e não sereis julgados ele não quer dizer que quando alguém julga mal o outro o outro também o julgará mal, na verdade muitas pessoas com as quais agimos com injustiça e as julgamos mal nem têm consciência da nossa maldade, quem julga bem não tem malícia e não age como malicioso em relação aos outros mesmo que seja julgado mal. Mas quem julga mal também se sente julgado, não é julgado necessariamente pelos outros mas por si mesmo, e sente-se culpado o tempo todo. Julgar mal é um vício, e como tal necessita de libertação, nasce de culpa mal resolvida de alguém que projeta nos outros problemas que são seus. O liberto é leve, não se sente culpado, pois recebeu perdão, quem de fato foi perdoado sabe perdoar, disponibiliza perdão a todos, não julga ninguém, não para o mal, mas só para o bem, segunda a justiça divina, ele liberta pois libertado está.

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