12/01/23

Pecado é o mesmo sempre? (1/2)

      “Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados.Tito 1.15

      Muitos cristãos afirmam, “isso é errado porque é pecado e se é pecado não agrada a Deus”. Deus respeita esse posicionamento porque fazer algo que a própria consciência condena já deixa alguém sem paz, portanto, sentindo-se em pecado. Mas será que algo é pecado sempre só por isso? Muitas coisas que o ser humano considerava pecado no passado, hoje não considera mais, e considerava buscando na religião e na Bíblia apoio para isso. É assim que preconceitos são criados, conservando conceitos do passado sem reavaliar no que eles se baseiam pela ótica do homem atual. 
      Quando começamos uma argumentação como essa, a primeira coisa que vem à mente de um cristão convencional é, “você está querendo achar desculpas para pecar, para que muitos, que querem hoje viver uma vida libertina, possam pecar sem sentirem-se culpados, pecado é pecado e sempre será”. Não, não estou querendo achar álibis na doutrina cristã para pecar e ainda dizer que tenho apoio Deus para isso. Creiam, esse que vos escreve valorizou muito mais a santidade e a gravidade do pecado depois que abriu a cabeça para verdades mais elevadas de Deus e se livrou de preconceitos.  
      Preconceitos sempre foram armas de poder para alguns dominarem sobre muitos, assim homens sobre mulheres, heterossexuais sobre homossexuais, brancos sobre negros, religião sobre a ciência, e de maneira geral, ricos sobre pobres. O conservadorismo propõe manter esses poderes, os progressistas propõem acabar com privilégios e desigualdades (refletido em “Conservador ou progressista?”). Assim, o conceito de pecado atemporal e eterno é construção de quem quer manter poder no mundo, ainda que a troco de medo e violência, e usando indevidamente o nome de Deus. 
      Mulher participar de culto público era errado na visão de Paulo (I Coríntios 14.34), para os judeus, mulheres nem entravam em certos locais do Templo de Jerusalém (refletimos sobre isso em “O templo de Jerusalém”), ainda hoje, em algumas igrejas cristãs, mulheres só assistam cultos com véus. Com relação a mulheres, muita coisa foi considerada inadequada, isso com apoio da religião e mesmo com argumentações bíblicas, mas hoje, para a maioria cristã civilizada pelo menos, não é considerada mais pecado. Mesmo a poligamia era praticada por personagens importantes da Bíblia.
      A escravidão de africanos e mesmo de povos tradicionais no Brasil, era feita com apoio da igreja católica, e essa também encontrava na Bíblia argumentos para dar essa aprovação. Jesus e Paulo não recriminaram de nenhuma maneira o costume de escravos que havia no primeiro século, ainda que esse costume não fosse exatamente igual à escravidão de africanos (tema refletido em “Preconceito na história”). Um tema atual de reavaliação na sociedade é o homossexualismo, isso tem escandalizado muitos cristãos, mas creiam, daqui a um tempo também será coisa do passado.
       Talvez alguns achem que falo demais sobre alguns temas aqui, mas como não chamar a atenção sobre seres humanos que sofrem, que muitos evangélicos se acham no direito de condenar, mas que não se colocam no dever de conhecerem profundamente? Quando encontro um evangélico que condena homossexualidade costumo perguntar, “você conhece algum gay ou lésbica? já conviveu com um homossexual? conheceu de perto seu dilema, o que de fato o leva a gostar de maneira mais íntima só de pessoa do mesmo sexo?”. A resposta é quase sempre, “não”.
      Na verdade acho que muitos conhecem, sim, às vezes até dentro de casa, mas fazem de conta que não existem. São tão escravos de preconceitos, de leis de homens, de uma interpretação errada da Bíblia, de falta de intimidade com o Santo Espírito, que se veem paralisados diante de algo que não entendem e que acham que não podem resolver, além de acharem que a exposição de certas realidades só vá envergonhá-los no meio social que vivem. Enquanto isso o gay e a lésbica sofrem, muitos até são obrigados a se relacionarem com pessoas do sexo oposto, só para agradarem os hipócritas. 

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a 2ª parte desta reflexão

11/01/23

Desconstruindo preconceitos

      “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.Romanos 12.2

      O senso comum cristão aprendeu a interpretar o versículo bíblico inicial, entendendo não conformação com o mundo como não aceitação dos costumes que ocorrem fora das igrejas cristãs. Se a igreja diz, por exemplo, que consumir bebidas alcoólicas e tabaco é pecado, é porque o mundo consume, assim não se conformar com o mundo é não consumir essas coisas. Isso cria dois polos, um que santifica o que as igrejas mandam e outro que demoniza o que o mundo faz, como se a igreja fosse o caminho perfeito para chegar a Deus, e tudo o que há fora dela, incluindo outras religiões e mesmo pessoas sem religiões mas do bem, só praticasse o mal e se conformasse com o mundo.
      Dois conceitos precisam ser revistos no cristianismo, mundo e carne, eles não se referem às práticas não cristãs na Terra, mas a uma disposição moral interna do ser humano. Mundo não é aquilo que existe fora das quatro paredes de um templo cristão, mas aquilo que o ser humano faz em desarmonia com a vontade de Deus, isso tem origem dentro do homem, não fora dele. Dessa forma, mesmo dentro de uma igreja cristã e seguindo doutrinas e costumes cristãos, muitos podem ser do mundo e estarem na carne. O contrário também pode ser verdadeiro, muitos não cristãos podem viver no mundo, pelo olhar cristão, mas não se conformarem com injustiças e falta de amor do mundo.
      A noção equivocada sobre o mundo e não conformação com ele cria preconceitos e limita Deus, como se Deus fosse posse exclusiva das igrejas cristãs. Sim, o nome de Jesus é único e especial, nos meios onde ele é ensinado há uma possibilidade maior das pessoas conhecerem a Deus, por outro lado a probabilidade de alguém conhecer a Deus só frequentando locais de trabalho e de diversão é menor. Todavia, Deus tem maneiras maravilhosas e muitas vezes misteriosas de trabalhar nas vidas dos seres humanos, que vão além dos preconceitos de muitos cristãos. Igrejas cristãs não podem usar Deus, mas Deus pode usar igreja assim como outros meios para conduzir os homens a ele.
      Não se conformar com o mundo não é se conformar com a igreja, mas ser transformado por Deus. Transformação implica em processo lento, não em algo que se obtém imediatamente por fé em dogmas, isso até convence alguém, mas não converte. Transformar muda algo na essência, fazendo de novo, quando Deus nos renova experimentamos sua verdadeira vontade. Essa vontade é boa porque nos permite viver de fato as melhores virtudes, assim, o que parece bom, mas não se pode praticar, leva à hipocrisia e não é vontade de Deus. Essa vontade também é agradável e perfeita, preconceito que santifica uns a troco de demonizar outros não é agradável e nem perfeito. 
      Mundo e carne são só dois exemplos de preconceitos cristãos, mas há outros, a chave para desconstruir preconceitos está na não aceitação de dogmas, pelo menos não na primeira vez que um homem dentro de igreja nos fala sobre eles. A vontade de Deus é que tudo seja pensado, avaliado, estudado a fundo, conhecendo a origem das coisas, começando pelas origens das religiões cristãs e da Bíblia, seus construtores e os contextos que existiam quando essas foram criadas. Isso pode a princípio parecer lançar-nos no caos, mas calma, o que conduz às virtudes eternas, santidade, paz e amor, nunca muda e deve ser critério de luz para sabermos se algo é ou não de Deus. 

10/01/23

Examinemos no Espírito (2/2)

      “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.” João 16.13

      A primeira parte desta reflexão pode nos ajudar a entender porque a palavra compartilhada aqui não é para todos. Que cristãos hoje têm maturidade e experiência para consultarem sozinhos o Espírito Santo? Não todos, a maioria tem que ser ensinada a ler a Bíblia e obedecer o que está escrito nela, sem subjetividades. Infelizmente essa maioria, por essa mesma condição, também é explorada por muitos líderes religiosos, mas esse talvez seja o preço a se pagar (e é pago ao pé da letra com dízimos) para se conhecer o básico de Jesus, ter uma vida digna aqui e se preparar minimamente para o céu.
      Você acha que isso não está certo, que mesmo hoje devemos checar o que tantos dizem, incluindo este que vos escreve, com a Bíblia e só com ela? Mas que relevância tinha no século um para gregos e romanos, criados no politeísmo dos deuses clássicos, comprovar na Torá que o Cristo pregado a eles era o mesmo profetizado no passado no meio do povo judeu? Nenhuma relevância, a esses bastava crer em Jesus como salvador e receber o selo do Espírito Santo. Não, meus caros, a dependência que temos da Bíblia hoje não podia haver nos primeiros convertidos, eles nem tinham a Bíblia em mãos. 
      A Bíblia é importante hoje? Sim, principalmente para o evangelismo inicial. Ela é uma bênção em nossas vidas? Sim, e sempre será, a prova disso são tantos estudos bíblicos que fazemos aqui, que nos ensinam e nos consolam. Contudo, sem o vivo Espírito Santo ela pode ser usada mais para prender que para libertar, e mesmo que a Bíblia tenha a relevância que tem, aceitem isso, ela ainda é uma maneira excepcional de Deus se revelar ao homem. A regra, desde Noé, Abraão, Jacó, José, Moisés, Josué, Gideão, Samuel, Davi, Salomão, Isaías, Daniel e tantos outros, sempre foi o Espírito do Deus vivo. 
      As igrejas cristãs, católicas, protestantes, pentecostais e outras, são usadas por Deus? Sim, sempre foram e, infelizmente sob meu ponto de vista, ainda serão usadas por muito tempo. Por quê? Porque Deus usa o que os homens permitem que seja usado, nesse aspecto Deus não faz milagres, não usa de mágica nem do sobrenatural. Deus não desce aqui para falar aos homens, nem manda anjos, não sempre pelo menos, para ensinar sua vontade. Quem ele tinha que mandar já veio, Cristo homem e o Espírito Santo, um conhecemos lendo a Bíblia, o outro pela sua viva presença se quisermos buscá-la.
      Por isso não temo ser mal compreendido por muitos, sou sincero com aquilo que tenho convicção de estar recebendo de Deus, confirmado, não com palavras, mas com uma vida simples, mas santa e vitoriosa. Deus não dá a melhor paz e bons frutos que permanecem para alguém que não o teme nem é fiel à vocação que dele recebe. As palavras estão aqui no “Como o ar que respiro” enquanto eu estiver neste mundo, e talvez algum tempo depois, visto que no momento que escrevo este texto (5/12/21) tenho mais de um ano de postagens programadas para saírem, quem tiver olhos para ver poderá lê-las. 

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a 1ª parte desta reflexão
José Osório de Souza, 5/12/2021

09/01/23

Examinavam nas escrituras (1/2)

      “E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Bereia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” Atos 17.10-11

      Para quem é esta palavra? É para você que a lê, talvez não pela primeira vez, mas que já conhece o “Como o ar que respiro” e volta porque aqui há algo que te faz bem. Se esta for a primeira vez que lê um texto deste blog, se caiu aqui por alguma aleatoriedade de ferramentas de pesquisa na internet, ou porque clicou em um link em algum lugar, pode estar ainda na verificação inicial, e pode ser que leia uma vez e não volte mais. Não tem problema, não tenho nenhuma pretenção de falar à maioria, a uma pequena parcela basta, autoriza Deus a me inspirar para compartilhar diariamente uma reflexão.
      Os que não são para achar alimento neste espaço poderão se escandalizar com tanta crítica feita aqui ao cristianismo oficial no mundo, às religiões de maneira geral, e à católica, às protestantes e evangélicas em especial. A esses aconselho não virem mais aqui, sigam na fé que os trouxe em vitória até este momento, estejam assíduos em suas igrejas e sejam felizes. Mas se algo aqui te falou, te digo duas coisas, a primeira é: não procure desculpas para não viver corretamente, se o problema está em você não é mudança de igreja ou de religião que te fará mais feliz, seja fiel no pouco que tem hoje.
      A segunda coisa que digo é: se já orou bastante, se tem uma vida em harmonia com Deus, se entendeu que o problema não está nos outros, mas em nós, pode ser que através do que aqui é compartilhado Deus esteja te chamando para aprofundar mais sua espiritualidade. Se esse for teu caso, então é momento de orar mais, se consagrar mais, depois, se informar e ler mais, não só sobre igrejas cristãs e Bíblia, mas sobre outras religiões. Se você tem uma experiência genuína com Jesus não abrirá mão dele, mas se Deus estiver te chamando terá que ir mais fundo na intimidade com o Espírito Santo. 
      O texto bíblico inicial diz algo sobre os cristãos de Bereia, eles examinavam nas escrituras para checar o que lhes pregavam Paulo e Silas. Naquela época as escrituras eram os textos judaicos, a Torá e outros. O evangelho prega a mesma coisa que a velha aliança ensina? Basicamente, sim, mas de uma forma mais profunda, indo além de sins e nãos exteriores da Lei e revelando a origem e fim da espiritualidade mais alta, o espírito humano, preparando-o não para um reino no mundo, mas no céu. Os cristãos de Bereia usavam o que tinham nas mãos. O que temos nós nas mãos hoje? É mais que a Bíblia.
      Temos o Espírito Santo, meus queridos, não é só a Bíblia e as doutrinas de nossas igrejas. Muitos citam o termo “cristãos de Bereia” orgulhando-se de serem como eles, achando que os cristãos de Bereia são referência de temor a Deus e diligência para se verificar legitimidade da palavra que se recebe, mas não é bem assim. O conceito é válido, como são tantos conceitos que a Bíblia nos ensina, nesse caso o conceito é não aceitar as coisas sem refletir, não é usar textos antigos como chancela, ainda que na passagem os cristãos já tivessem recebido o Espírito e mesmo assim averiguassem a Torá.
      Contudo, num evangelho pregado a israelitas isso era relevante, veja que a passagem diz que os cristãos de Bereia eram judeus em uma sinagoga, assim havia necessidade do “velho testamento” ser checado para comprovar que o Jesus pregado era o messias prometido pelos antigos profetas judeus. Havia um contexto histórico, isso não criou uma regra para os dias de hoje, a regra hoje é o novo testamento, registrado sob as prioridades do Espírito Santo da nova aliança, mas mais ainda, a regra é o vivo Espírito Santo que fala diretamente aos que o buscam, a esse devemos consultar nos dias de hoje.

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a 2ª parte desta reflexão

08/01/23

Saibamos com humildade (2/2)

      “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação.” Romanos 15.1-2

       Muitos com visão espiritual limitada não só acham que podem escolher os melhores líderes políticos aqui, como creem que podem definir os destinos eternos dos homens lá. Outros, também equivocados, ainda que com visão espiritual mais alta, se afastam de Deus e também querem dominar o mundo, mas fazendo justamente o papel do anti-cristo do outro equivocado. Equivocados acabam se completando, todos querendo impor seus pontos de vista no mundo, mas ambos sendo lados diferentes de uma mesma mentira.
      O problema não é a maneira como Deus fala, mas como os homens usam isso em jogo de poder, talvez seja para evitar isso que alguns conhecimentos sejam chamados de ocultos. Muitos acham que o termo ocultismo surgiu para esconder algo diabólico, isso também existe, mas podia ser só para esconder da religião vigente, a católica, informações que essa não queria que fossem reveladas, assim como pode ter sido essa mesma igreja quem fez questão de dar aos termos oculto e ocultismo sentidos demoníacos. 
      Contudo, chamar algo de oculto pode ser só respeito com as fontes. Intimidade não é para qualquer um, quem de fato tem uma informação espiritual diferenciada não sai por aí falando dela, mais útil é mostrar na vida prática boas obras de santidade, humildade e amor. Assim, chegamos, enfim, à resposta da pergunta inicial desta reflexão feita na postagem de ontem: Deus fala de maneiras diferentes? Sim. Contudo, para evitar escândalo e polêmica o que sabe mais se cala, para não revelar intimidade ao que não é íntimo. 
      Que nível de espiritualidade achamos que Jesus tinha? Que profundidade de conhecimentos ele havia alcançado? Um nível altíssimo e profundo, ainda assim ele se dava ao trabalho, em amor, de ensinar os homens. É como se um ser humano de um povo originário, que acabou de ser descoberto por um ser humano civilizado e estudado, vendo um livro completo de matemática perguntasse o que era aquilo. O civilizado poderia explicar no máximo aritmética básica, não conceitos avançados de trigonometria. 
      Hoje vemos polêmicas entre cristãos e há equivocados nos dois lados, porque não há amor entre os homens, e infelizmente entre cristãos, assim como humildade que sabe que há níveis espirituais diferentes. O que há é vaidade, tanto no que é fraco e se acha forte, quanto no que deveria ser forte, mas se porta como fraco, ambos desrespeitam não só um ao outro, mas a Deus, que sabe o que revelar a cada um. Coisas espirituais não se dizem, se vivem, mas principalmente, não são impostas no mundo para dominá-lo. 
      “Porque, se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo; mas prove cada um a sua própria obra, e terá glória só em si mesmo, e não noutro” (Gálatas 6.3-4). Se cada um se desse ao trabalho de comprovar seus pontos de vista sobre certos assuntos com Deus e com paciência, antes de sair representando homens e ideologias, seria livrado de juízos duros no futuro. Mas ainda que cheguemos à conclusão que o que sabemos agrada a Deus, nos alegremos em nós mesmos, com humildade e sabedoria. 

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a 1ª parte desta reflexão

07/01/23

Deus fala de maneiras diferentes? (1/2)

      “Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.” Efésios 4.7

      Algo me chama a atenção vendo duas pessoas que se dizem cristãs discordarem, ambas dizerem que oraram ao Senhor e souberam sua opinião sobre o assunto. Se Deus é um como pode ter duas opiniões? Deus fala de maneiras diferentes a pessoas diferentes? A resposta é sim, por mais incrível que isso possa parecer. Isso é muito relevante atualmente, quando cristãos estão se posicionamento politicamente e se envolvendo em polêmicas, mas para entender precisamos analisar a questão sobre algumas óticas.
      Em primeiro lugar algo precisa ser colocado, pecado é pecado, isso não muda. O conceito, contudo, deve ser o de Jesus, ensinado no Sermão da Montanha (Mateus 5-7). Pecado também deve ser libertado de contexto histórico e cultural, Deus não muda, mas o homem muda. Mas principalmente na área da sexualidade e casamento, pontos de vista que até podiam ser considerados errados, devem ser reavaliados pelo Espírito Santo e com a ciência, isso não é aceitar pecados, mas entender melhor o ser humano.
      A primeira coisa a saber quando alguém diz que Deus lhe falou algo é saber se Deus de fato falou. Para sabermos a vontade de Deus sobre alguma coisa precisamos buscar a Deus, e muitas vezes isso não é algo fácil e rápido, principalmente se for sobre um assunto sério. Deus não mente, mas nos protege de nós mesmos, e muitas vezes não estamos preparados para toda a verdade, assim Deus pode permitir que saibamos de parte da verdade, só de sua superfície, não da verdade em toda a sua profundidade e extensão.
      É como se pudéssemos subir uma montanha de carro, usando uma estrada que circunda a montanha. Todos podem subir, mas as pessoas chegarão em alturas diferentes conforme o carro e o combustível que tiverem. Aqueles com carros mais resistentes e com mais combustível chegarão mais alto e terão do lugar onde chegarem uma visão mais abrangente do mundo lá de baixo. Os com carros mais fracos e com menos combustível alcançarão lugares mais baixos, assim terão visões menores do mundo lá embaixo.
      Todos subiram? Sim. Todos receberam uma visão melhor de mundo, que aqueles que não subiram e ficaram lá embaixo? Sim. Mas enquanto o que subiu até metade do caminho pôde enxergar só a cidade que mora, o que subiu até o topo pôde enxergar além, outras cidades e até o mar. O que só viu sua cidade tem um carro menor e menos combustível, assim pôde ver de cima o que seu carro pode andar embaixo, já o com o carro mais forte e com mais combustível pôde ver mais porque se quiser pode ir além de sua cidade.
      Pode haver orgulho em todos, se existir no que viu menos, ele poderá achar que viu tudo e duvidará daquele que diz que há mais para se ver. Se existir no que viu mais, ele humilhará e desprezará o que viu menos, só porque tem uma visão mais abrangente de mundo. Contudo, se há humildade no que viu menos, esse saberá que viu o que pôde ver, será feliz com o que sabe, mas não duvidará que há mais para se ver. Já se houver humildade no que viu mais, ele orientará com paciência o que viu menos e não o escandalizará.

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a 2ª parte desta reflexão

06/01/23

Argumento não muda ninguém

      “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.João 3.6-8

      Discussões, mesmo controladas e bem intencionadas, não mudam a opinião de alguém, ainda que forneçamos argumentos lúcidos para oporem-se aos argumentos apresenrados. Pessoas que escolheram ser enganadas pelos homens porque não buscaram a Deus, sempre procurarão mais argumentos, que digam aquilo que elas querem ouvir. Ninguém se engane, se alguém acredita em um equívoco sobre algo, principalmente envolvendo sua conexão com Deus, estará colhendo em outras áreas os frutos, não de uma posição errada, mas de todo um modo de vida equivocado. 
      A mudança precisa ocorrer na raiz, no coração, essa mudança só um encontro humilde e profundo com Deus pode executar, que então terá como consequência a mudança do ser e de muitos de seus posicionamentos, incluindo uma opinião específica que tentamos contra-argumentar. Não pense alguém, que muitos cristãos serem negacionistas da ciência e apoiarem um presidente de extrema direita, é só uma questão de ouvirem opiniões erradas sobre ciência e política, a coisa é mais profunda e ocorre há mais tempo. Não percamos tempo tentando podar galhos secos, é a raiz que deve mudar.
      O cristianismo tem se afastado de Deus há algum tempo, se é que ele um dia esteve neste mundo no centro da vontade de Deus. O que a situação atual forneceu na política, a muitos, foi um lugar de conforto que deu holofotes a posicionamentos equivocados de um cristianismo desviado, quem está errado precisa disso, de reforço para convencer, não os outros, mas a si mesmo. O inseguro, o covarde, o rebelde, sempre precisa de outros para fortalecer seus pontos de vista e atitudes, é incapaz de se firmar sozinho em Deus. Só nós e iluminados por Deus podemos nos mudar.
      Nesta pandemia da Covid 19 vi evangélicos negacionistas e apoiadores do presidente de extrema direita que pegaram a doença e foram até para u.t.i., você pensa que isso mudou seus posicionamentos? Não, e muitos dizem que se morrerem é vontade de Deus e estão preparados para tal. Me entristece ver que muitos cristãos se acham preparados para o que eles chamam de “últimos tempos”, mas definitivamente não estão. São rápidos e crédulos para serem estúpidos e preconceituosos, não para buscarem a Deus com todo o coração e pedirem que esse lhes mostre a verdade mais alta.