14/01/23

Como caíram os poderosos (1/2)

      “Como caíram os poderososII Samuel 1.27a

      A frase inicial foi dita por Davi, lamentando as mortes de Saul e Jônatas, mas ela se aplica à queda de tantos que tentaram arrogantemente imporem-se pela mentira e pelo egoísmo, sem temerem a Deus. “Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2.9-11), não fazemos ideia da verdade poderosa que existe nessas palavras de Paulo, todos se dobrarão a Jesus, de jeito melhor ou do jeito mais duro, neste mundo ou no outro. 
      A Igreja Católica nasceu errada, iniciativa de homens de reunirem parte do cristianismo, parte do paganismo e parte do império romano, para manterem poderes que tinham fracassado existindo só como paganismo e só como império romano. É claro que um cristianismo desviado se sujeitou a essa aliança, e isso é algo importante que revela muito sobre o ser humano e sua inviabilidade de segurar verdades espirituais puras, como foi com o evangelho original de Jesus. Mas eu penso que o catolicismo nasceu e persiste até hoje sob propósito divino e para abençoar o homem, dentro da premissa que Deus age limitado pela autorização que o homem lhe dá para agir.
      Ninguém se engane com o atual líder jesuíta, o argentino Jorge Mario Bergoglio, ou papa Francisco, simpático e conhecedor da agenda de causas sociais da esquerda, ele fala o que muitos querem ouvir, que é suficiente para que uma mídia comprada e também mal intencionada, venda o catolicismo como progressista. Mas isso é parte da estratégia daqueles que não querem mudanças e querem se manter no poder. A igreja católica não abriu mão até aqui de seus engodos e não será agora que mudará, até poderá fazer reformas mais drásticas, mas só depois que estiver na lona, aí já será tarde para manter de pé tudo que ela já representou um dia neste mundo. 
      Ser liderado pelo medo é algo que o ser humano está superando, ainda que medo do diabo e do inferno seja eficiente para lideres mal intencionados. O homem também está superando a sedução que há na pompa da realeza, recurso que ainda que o catolicismo tenha usado de forma ímpar, outros também usam, vide igrejas protestantes grandiosas nos E.U.A. e templos evangélicos megalomaníacos no Brasil. O ser humano está começando a entender que conteúdo é mais importante que forma, que aparentar materialmente grandeza e riqueza não é ser grande e rico nas virtudes. Muitos estão trocando catedrais suntuosas por lugares simples onde há verdade espiritual. 
      A verdade é fácil de ser achada quando se vê a resposta prática que a Igreja Católica, que se diz representante oficial do cristianismo no mundo, dá à orientação que Jesus deu a um rico príncipe judeu em Lucas 18.22vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no céu, então, vem e segue-me. Como podemos, sob qualquer hipótese, acreditar que o Vaticano seja embaixador oficial do filho de um carpinteiro, um humilde rabino itinerante chamado Jesus, que morreu sozinho e humilhando pelos homens? As coisas simplesmente não batem, mas ainda assim bilhões de pessoas têm dobrado seus joelhos para o catolicismo, por séculos a fio. 
      Seria injusto de minha parte dizer que todos que estão dentro de templos católicos, alta hierarquia, lideranças mundiais, nacionais e regionais, até sacerdotes locais e fiéis em igrejas e capelas, que todos não buscam e não acham a Deus. Eu não estou dizendo isso! Creio que além de muitos católicos leigos, existem padres e até líderes mais elevados que são sinceros, que veem os erros do catolicismo na história, mas ainda assim creem que ele é de Deus e o meio mais adequado para levar salvação à humanidade. Penso que é por causa desses sinceros do bem que o Vaticano ainda está de pé, a oração de um justo sustenta as vidas de muitos, mas isso é um estado de exceção.

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a 2ª parte desta reflexão

13/01/23

Homoafetividade é pecado? (2/2)

      “Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.Mateus 15.7-9

      Não usarei agora de meias palavras: a Bíblia condena seres humanos denominados “efeminados” e “sodomitas” (por exemplo em I Coríntios 6.10)? Sim. Podemos tentar reinterpretar a experiência de Sodoma e Gomorra como Deus condenando a promiscuidade que usava práticas físicas com pessoas do mesmo sexo (incluindo anjos) e não os verdadeiros homoafetivos? Sim. Podemos considerar a orientação do vivo Espírito Santo hoje sobre essa questão, superior a que a Bíblia dá num contexto histórico antigo? Creio que sim. O que fazer, então, com certas orientações bíblicas? Desconsiderá-las. 
      Isso é o que muitos cristãos não conseguem fazer por idolatrarem a Bíblia e se considerarem guardiões da tradição judaica-cristã, eles respondem a considerações progressistas sobre homossexualidade assim, “isso só revela que o fim do mundo está próximo”, e para isso também acham muitos textos bíblicos que os apoiem. Homoafetividade não é necessariamente promiscuidade, o verdadeiro homossexual o é interiormente, não porque tem relações físicas com pessoas do mesmo sexo. Heterossexuais também podem ser promíscuos e podem usar até práticas físicas homossexuais em sua luxúria.
      O equívoco que muitos cometem quando condenam homoafetividade de maneira geral, é que só consideram a prática física, e essa pode ser pecado se for vício físico sem amor e fora de uma aliança fiel, como tal pode receber cura, mas isso é indiferente da condição interior e afetiva do ser, se alguém é ou não homossexual. Homossexuais de verdade consideram uma relação heterossexual tão estranha quanto um heterossexual considera uma relação homossexual, verdadeiros homossexuais não podem ser curados porque não precisam de cura, nascem assim e serão assim até o fim de suas vidas. 
      Aproveito a oportunidade para dizer que apesar de não crer que um verdadeiro homossexual esteja em pecado e que será condenado no juízo, penso que muitos homossexuais exageram em suas tendências, tanto quanto exageram heterossexuais. Se é desnecessário mulheres heterossexuais forçarem sua sexualidade com cirurgias plásticas, assim como homens heterossexuais reforçarem a aparência física de macho dominante, também penso que não há necessidade de homossexuais mudarem o corpo com operações e hormônios. Todo excesso é doentio, e precisa de cura, psicológica e espiritual.
      Que fique claro, é o excesso, o vício, a busca desenfreada de prazer no corpo para tentar satisfazer vazio de alma, que podem ser curados e mudados, se houver humildade e temor a Deus no ser humano, não é sua essência sexual mais íntima e verdadeira, que pode ser heterossexual ou homossexual. Deus só criou homem e mulher? Não. Moisés podia ter essa visão em Gênesis, numa sociedade antiga, e com certeza referindo-se muitos mais a uma relação heterossexual necessária para povoar o mundo e fornecer mão de obra e soldados a uma sociedade baseada no trabalho humano, não de máquina. 
      Quando nós como cristãos nos posicionamos a favor dos homoafetivos, muitos cristãos contrários a isso nos colocam no mesmo extremo de não cristãos que apoiam liberdade geral e total, que são contra toda espécie de limites. Eu creio em limites, sim, creio em pecado que separa de Deus, como também creio que em Jesus há um perdão exclusivo e imprescindível para todos os seres humanos. Reforço, contudo, o princípio de Jesus no evangelho, a verdade e a pureza interiores, as do espírito, não do corpo exterior, são essas que serão confrontadas no juízo pelo qual todos nós passaremos. 
      Muitos evangélicos se escandalizam com minha opinião sobre homoafetividade, mas quando o tempo passar, o mundo não acabar, e se fizer com a demonização da homoafetividade a mesma coisa que se fez com o machismo e o racismo, entenderão que santidade vai além de preconceitos, ela é espiritual e espírito não tem sexo ou cor. O conceito de pecado mudou, muda e mudará, isso não deixa o ser humano mais sujo, mas mais limpo. Jesus não tinha preconceitos, conhecia o homem além das capas externas, amava a todos e a ninguém condenava, exceto religiosos hipócritas e sem amor.

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12/01/23

Pecado é o mesmo sempre? (1/2)

      “Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados.Tito 1.15

      Muitos cristãos afirmam, “isso é errado porque é pecado e se é pecado não agrada a Deus”. Deus respeita esse posicionamento porque fazer algo que a própria consciência condena já deixa alguém sem paz, portanto, sentindo-se em pecado. Mas será que algo é pecado sempre só por isso? Muitas coisas que o ser humano considerava pecado no passado, hoje não considera mais, e considerava buscando na religião e na Bíblia apoio para isso. É assim que preconceitos são criados, conservando conceitos do passado sem reavaliar no que eles se baseiam pela ótica do homem atual. 
      Quando começamos uma argumentação como essa, a primeira coisa que vem à mente de um cristão convencional é, “você está querendo achar desculpas para pecar, para que muitos, que querem hoje viver uma vida libertina, possam pecar sem sentirem-se culpados, pecado é pecado e sempre será”. Não, não estou querendo achar álibis na doutrina cristã para pecar e ainda dizer que tenho apoio Deus para isso. Creiam, esse que vos escreve valorizou muito mais a santidade e a gravidade do pecado depois que abriu a cabeça para verdades mais elevadas de Deus e se livrou de preconceitos.  
      Preconceitos sempre foram armas de poder para alguns dominarem sobre muitos, assim homens sobre mulheres, heterossexuais sobre homossexuais, brancos sobre negros, religião sobre a ciência, e de maneira geral, ricos sobre pobres. O conservadorismo propõe manter esses poderes, os progressistas propõem acabar com privilégios e desigualdades (refletido em “Conservador ou progressista?”). Assim, o conceito de pecado atemporal e eterno é construção de quem quer manter poder no mundo, ainda que a troco de medo e violência, e usando indevidamente o nome de Deus. 
      Mulher participar de culto público era errado na visão de Paulo (I Coríntios 14.34), para os judeus, mulheres nem entravam em certos locais do Templo de Jerusalém (refletimos sobre isso em “O templo de Jerusalém”), ainda hoje, em algumas igrejas cristãs, mulheres só assistam cultos com véus. Com relação a mulheres, muita coisa foi considerada inadequada, isso com apoio da religião e mesmo com argumentações bíblicas, mas hoje, para a maioria cristã civilizada pelo menos, não é considerada mais pecado. Mesmo a poligamia era praticada por personagens importantes da Bíblia.
      A escravidão de africanos e mesmo de povos tradicionais no Brasil, era feita com apoio da igreja católica, e essa também encontrava na Bíblia argumentos para dar essa aprovação. Jesus e Paulo não recriminaram de nenhuma maneira o costume de escravos que havia no primeiro século, ainda que esse costume não fosse exatamente igual à escravidão de africanos (tema refletido em “Preconceito na história”). Um tema atual de reavaliação na sociedade é o homossexualismo, isso tem escandalizado muitos cristãos, mas creiam, daqui a um tempo também será coisa do passado.
       Talvez alguns achem que falo demais sobre alguns temas aqui, mas como não chamar a atenção sobre seres humanos que sofrem, que muitos evangélicos se acham no direito de condenar, mas que não se colocam no dever de conhecerem profundamente? Quando encontro um evangélico que condena homossexualidade costumo perguntar, “você conhece algum gay ou lésbica? já conviveu com um homossexual? conheceu de perto seu dilema, o que de fato o leva a gostar de maneira mais íntima só de pessoa do mesmo sexo?”. A resposta é quase sempre, “não”.
      Na verdade acho que muitos conhecem, sim, às vezes até dentro de casa, mas fazem de conta que não existem. São tão escravos de preconceitos, de leis de homens, de uma interpretação errada da Bíblia, de falta de intimidade com o Santo Espírito, que se veem paralisados diante de algo que não entendem e que acham que não podem resolver, além de acharem que a exposição de certas realidades só vá envergonhá-los no meio social que vivem. Enquanto isso o gay e a lésbica sofrem, muitos até são obrigados a se relacionarem com pessoas do sexo oposto, só para agradarem os hipócritas. 

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11/01/23

Desconstruindo preconceitos

      “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.Romanos 12.2

      O senso comum cristão aprendeu a interpretar o versículo bíblico inicial, entendendo não conformação com o mundo como não aceitação dos costumes que ocorrem fora das igrejas cristãs. Se a igreja diz, por exemplo, que consumir bebidas alcoólicas e tabaco é pecado, é porque o mundo consume, assim não se conformar com o mundo é não consumir essas coisas. Isso cria dois polos, um que santifica o que as igrejas mandam e outro que demoniza o que o mundo faz, como se a igreja fosse o caminho perfeito para chegar a Deus, e tudo o que há fora dela, incluindo outras religiões e mesmo pessoas sem religiões mas do bem, só praticasse o mal e se conformasse com o mundo.
      Dois conceitos precisam ser revistos no cristianismo, mundo e carne, eles não se referem às práticas não cristãs na Terra, mas a uma disposição moral interna do ser humano. Mundo não é aquilo que existe fora das quatro paredes de um templo cristão, mas aquilo que o ser humano faz em desarmonia com a vontade de Deus, isso tem origem dentro do homem, não fora dele. Dessa forma, mesmo dentro de uma igreja cristã e seguindo doutrinas e costumes cristãos, muitos podem ser do mundo e estarem na carne. O contrário também pode ser verdadeiro, muitos não cristãos podem viver no mundo, pelo olhar cristão, mas não se conformarem com injustiças e falta de amor do mundo.
      A noção equivocada sobre o mundo e não conformação com ele cria preconceitos e limita Deus, como se Deus fosse posse exclusiva das igrejas cristãs. Sim, o nome de Jesus é único e especial, nos meios onde ele é ensinado há uma possibilidade maior das pessoas conhecerem a Deus, por outro lado a probabilidade de alguém conhecer a Deus só frequentando locais de trabalho e de diversão é menor. Todavia, Deus tem maneiras maravilhosas e muitas vezes misteriosas de trabalhar nas vidas dos seres humanos, que vão além dos preconceitos de muitos cristãos. Igrejas cristãs não podem usar Deus, mas Deus pode usar igreja assim como outros meios para conduzir os homens a ele.
      Não se conformar com o mundo não é se conformar com a igreja, mas ser transformado por Deus. Transformação implica em processo lento, não em algo que se obtém imediatamente por fé em dogmas, isso até convence alguém, mas não converte. Transformar muda algo na essência, fazendo de novo, quando Deus nos renova experimentamos sua verdadeira vontade. Essa vontade é boa porque nos permite viver de fato as melhores virtudes, assim, o que parece bom, mas não se pode praticar, leva à hipocrisia e não é vontade de Deus. Essa vontade também é agradável e perfeita, preconceito que santifica uns a troco de demonizar outros não é agradável e nem perfeito. 
      Mundo e carne são só dois exemplos de preconceitos cristãos, mas há outros, a chave para desconstruir preconceitos está na não aceitação de dogmas, pelo menos não na primeira vez que um homem dentro de igreja nos fala sobre eles. A vontade de Deus é que tudo seja pensado, avaliado, estudado a fundo, conhecendo a origem das coisas, começando pelas origens das religiões cristãs e da Bíblia, seus construtores e os contextos que existiam quando essas foram criadas. Isso pode a princípio parecer lançar-nos no caos, mas calma, o que conduz às virtudes eternas, santidade, paz e amor, nunca muda e deve ser critério de luz para sabermos se algo é ou não de Deus. 

10/01/23

Examinemos no Espírito (2/2)

      “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.” João 16.13

      A primeira parte desta reflexão pode nos ajudar a entender porque a palavra compartilhada aqui não é para todos. Que cristãos hoje têm maturidade e experiência para consultarem sozinhos o Espírito Santo? Não todos, a maioria tem que ser ensinada a ler a Bíblia e obedecer o que está escrito nela, sem subjetividades. Infelizmente essa maioria, por essa mesma condição, também é explorada por muitos líderes religiosos, mas esse talvez seja o preço a se pagar (e é pago ao pé da letra com dízimos) para se conhecer o básico de Jesus, ter uma vida digna aqui e se preparar minimamente para o céu.
      Você acha que isso não está certo, que mesmo hoje devemos checar o que tantos dizem, incluindo este que vos escreve, com a Bíblia e só com ela? Mas que relevância tinha no século um para gregos e romanos, criados no politeísmo dos deuses clássicos, comprovar na Torá que o Cristo pregado a eles era o mesmo profetizado no passado no meio do povo judeu? Nenhuma relevância, a esses bastava crer em Jesus como salvador e receber o selo do Espírito Santo. Não, meus caros, a dependência que temos da Bíblia hoje não podia haver nos primeiros convertidos, eles nem tinham a Bíblia em mãos. 
      A Bíblia é importante hoje? Sim, principalmente para o evangelismo inicial. Ela é uma bênção em nossas vidas? Sim, e sempre será, a prova disso são tantos estudos bíblicos que fazemos aqui, que nos ensinam e nos consolam. Contudo, sem o vivo Espírito Santo ela pode ser usada mais para prender que para libertar, e mesmo que a Bíblia tenha a relevância que tem, aceitem isso, ela ainda é uma maneira excepcional de Deus se revelar ao homem. A regra, desde Noé, Abraão, Jacó, José, Moisés, Josué, Gideão, Samuel, Davi, Salomão, Isaías, Daniel e tantos outros, sempre foi o Espírito do Deus vivo. 
      As igrejas cristãs, católicas, protestantes, pentecostais e outras, são usadas por Deus? Sim, sempre foram e, infelizmente sob meu ponto de vista, ainda serão usadas por muito tempo. Por quê? Porque Deus usa o que os homens permitem que seja usado, nesse aspecto Deus não faz milagres, não usa de mágica nem do sobrenatural. Deus não desce aqui para falar aos homens, nem manda anjos, não sempre pelo menos, para ensinar sua vontade. Quem ele tinha que mandar já veio, Cristo homem e o Espírito Santo, um conhecemos lendo a Bíblia, o outro pela sua viva presença se quisermos buscá-la.
      Por isso não temo ser mal compreendido por muitos, sou sincero com aquilo que tenho convicção de estar recebendo de Deus, confirmado, não com palavras, mas com uma vida simples, mas santa e vitoriosa. Deus não dá a melhor paz e bons frutos que permanecem para alguém que não o teme nem é fiel à vocação que dele recebe. As palavras estão aqui no “Como o ar que respiro” enquanto eu estiver neste mundo, e talvez algum tempo depois, visto que no momento que escrevo este texto (5/12/21) tenho mais de um ano de postagens programadas para saírem, quem tiver olhos para ver poderá lê-las. 

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José Osório de Souza, 5/12/2021

09/01/23

Examinavam nas escrituras (1/2)

      “E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Bereia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” Atos 17.10-11

      Para quem é esta palavra? É para você que a lê, talvez não pela primeira vez, mas que já conhece o “Como o ar que respiro” e volta porque aqui há algo que te faz bem. Se esta for a primeira vez que lê um texto deste blog, se caiu aqui por alguma aleatoriedade de ferramentas de pesquisa na internet, ou porque clicou em um link em algum lugar, pode estar ainda na verificação inicial, e pode ser que leia uma vez e não volte mais. Não tem problema, não tenho nenhuma pretenção de falar à maioria, a uma pequena parcela basta, autoriza Deus a me inspirar para compartilhar diariamente uma reflexão.
      Os que não são para achar alimento neste espaço poderão se escandalizar com tanta crítica feita aqui ao cristianismo oficial no mundo, às religiões de maneira geral, e à católica, às protestantes e evangélicas em especial. A esses aconselho não virem mais aqui, sigam na fé que os trouxe em vitória até este momento, estejam assíduos em suas igrejas e sejam felizes. Mas se algo aqui te falou, te digo duas coisas, a primeira é: não procure desculpas para não viver corretamente, se o problema está em você não é mudança de igreja ou de religião que te fará mais feliz, seja fiel no pouco que tem hoje.
      A segunda coisa que digo é: se já orou bastante, se tem uma vida em harmonia com Deus, se entendeu que o problema não está nos outros, mas em nós, pode ser que através do que aqui é compartilhado Deus esteja te chamando para aprofundar mais sua espiritualidade. Se esse for teu caso, então é momento de orar mais, se consagrar mais, depois, se informar e ler mais, não só sobre igrejas cristãs e Bíblia, mas sobre outras religiões. Se você tem uma experiência genuína com Jesus não abrirá mão dele, mas se Deus estiver te chamando terá que ir mais fundo na intimidade com o Espírito Santo. 
      O texto bíblico inicial diz algo sobre os cristãos de Bereia, eles examinavam nas escrituras para checar o que lhes pregavam Paulo e Silas. Naquela época as escrituras eram os textos judaicos, a Torá e outros. O evangelho prega a mesma coisa que a velha aliança ensina? Basicamente, sim, mas de uma forma mais profunda, indo além de sins e nãos exteriores da Lei e revelando a origem e fim da espiritualidade mais alta, o espírito humano, preparando-o não para um reino no mundo, mas no céu. Os cristãos de Bereia usavam o que tinham nas mãos. O que temos nós nas mãos hoje? É mais que a Bíblia.
      Temos o Espírito Santo, meus queridos, não é só a Bíblia e as doutrinas de nossas igrejas. Muitos citam o termo “cristãos de Bereia” orgulhando-se de serem como eles, achando que os cristãos de Bereia são referência de temor a Deus e diligência para se verificar legitimidade da palavra que se recebe, mas não é bem assim. O conceito é válido, como são tantos conceitos que a Bíblia nos ensina, nesse caso o conceito é não aceitar as coisas sem refletir, não é usar textos antigos como chancela, ainda que na passagem os cristãos já tivessem recebido o Espírito e mesmo assim averiguassem a Torá.
      Contudo, num evangelho pregado a israelitas isso era relevante, veja que a passagem diz que os cristãos de Bereia eram judeus em uma sinagoga, assim havia necessidade do “velho testamento” ser checado para comprovar que o Jesus pregado era o messias prometido pelos antigos profetas judeus. Havia um contexto histórico, isso não criou uma regra para os dias de hoje, a regra hoje é o novo testamento, registrado sob as prioridades do Espírito Santo da nova aliança, mas mais ainda, a regra é o vivo Espírito Santo que fala diretamente aos que o buscam, a esse devemos consultar nos dias de hoje.

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08/01/23

Saibamos com humildade (2/2)

      “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação.” Romanos 15.1-2

       Muitos com visão espiritual limitada não só acham que podem escolher os melhores líderes políticos aqui, como creem que podem definir os destinos eternos dos homens lá. Outros, também equivocados, ainda que com visão espiritual mais alta, se afastam de Deus e também querem dominar o mundo, mas fazendo justamente o papel do anti-cristo do outro equivocado. Equivocados acabam se completando, todos querendo impor seus pontos de vista no mundo, mas ambos sendo lados diferentes de uma mesma mentira.
      O problema não é a maneira como Deus fala, mas como os homens usam isso em jogo de poder, talvez seja para evitar isso que alguns conhecimentos sejam chamados de ocultos. Muitos acham que o termo ocultismo surgiu para esconder algo diabólico, isso também existe, mas podia ser só para esconder da religião vigente, a católica, informações que essa não queria que fossem reveladas, assim como pode ter sido essa mesma igreja quem fez questão de dar aos termos oculto e ocultismo sentidos demoníacos. 
      Contudo, chamar algo de oculto pode ser só respeito com as fontes. Intimidade não é para qualquer um, quem de fato tem uma informação espiritual diferenciada não sai por aí falando dela, mais útil é mostrar na vida prática boas obras de santidade, humildade e amor. Assim, chegamos, enfim, à resposta da pergunta inicial desta reflexão feita na postagem de ontem: Deus fala de maneiras diferentes? Sim. Contudo, para evitar escândalo e polêmica o que sabe mais se cala, para não revelar intimidade ao que não é íntimo. 
      Que nível de espiritualidade achamos que Jesus tinha? Que profundidade de conhecimentos ele havia alcançado? Um nível altíssimo e profundo, ainda assim ele se dava ao trabalho, em amor, de ensinar os homens. É como se um ser humano de um povo originário, que acabou de ser descoberto por um ser humano civilizado e estudado, vendo um livro completo de matemática perguntasse o que era aquilo. O civilizado poderia explicar no máximo aritmética básica, não conceitos avançados de trigonometria. 
      Hoje vemos polêmicas entre cristãos e há equivocados nos dois lados, porque não há amor entre os homens, e infelizmente entre cristãos, assim como humildade que sabe que há níveis espirituais diferentes. O que há é vaidade, tanto no que é fraco e se acha forte, quanto no que deveria ser forte, mas se porta como fraco, ambos desrespeitam não só um ao outro, mas a Deus, que sabe o que revelar a cada um. Coisas espirituais não se dizem, se vivem, mas principalmente, não são impostas no mundo para dominá-lo. 
      “Porque, se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo; mas prove cada um a sua própria obra, e terá glória só em si mesmo, e não noutro” (Gálatas 6.3-4). Se cada um se desse ao trabalho de comprovar seus pontos de vista sobre certos assuntos com Deus e com paciência, antes de sair representando homens e ideologias, seria livrado de juízos duros no futuro. Mas ainda que cheguemos à conclusão que o que sabemos agrada a Deus, nos alegremos em nós mesmos, com humildade e sabedoria. 

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