30/05/20

Reavaliemos nossas crenças (Conclusão) (30/30)

30. Reavaliemos nossas crenças (Conclusão)

      “Examinai tudo. Retende o bem.” I Tessalonicenses 5.21

      Serei bem sincero nesta reflexão, se você chegou até aqui e leu todo o estudo “Reavaliemos nossas crenças”, você não merece menos que a minha verdade. Eu sei que toquei em pontos bem polêmicos neste estudo, evolucionismo e não criacionismo, homoafetividade não é condenada por Deus, comunicação com mortos é possível, a Bíblia contém a palavra de Deus e muita coisa nela registrada é mitologia hebréia, não verdade histórica ao pé da letra, não tenho dúvida que a grande maioria de cristãos não concordará com os pontos de vista do “Como o ar que respiro”, e muitos talvez não voltem mais ao blog depois de ler o estudo.
      Nasci em 1959, me converti ao evangelho em 1976, aos dezesseis anos, me batizei numa igreja batista (CBB), fui para o seminário teológico em 1978, junto da faculdade de análise de sistemas na PUCC, trabalhei em igrejas na área musical por muitos anos, mas também atuei como músico profissional, dono de estúdio, de escola de música e entre 2006 e 2009 trabalhei na Roland Brasil como suporte técnico de todas as linhas de produtos. Atualmente promovo musical apps para iOS (iPad e iPhone), o futuro dos instrumentos musicais, para isso tenho um blog, o “Músicos que usam iPad”, um grupo no Facebook, com o mesmo nome, e um canal no Youtube, com videos de demonstração e tutoriais de apps e teclados. 
      Esse é o resumo de minha biografia autorizada, com as melhores partes, no meio de tudo isso houve muitas lutas e buscas, erros e acertos, mas sempre em meu coração o desejo de agradar a Deus e de ter uma vida coerente, uma vida só, não duas com uma falsa para mostrar aos outros e outra derrotada para esconder. Quando entendi que o que Deus mais quer de mim é coerência, pode chamar isso de verdade pessoal, eu comecei de fato a viver, não para os homens, mas para Deus. Esse entendimento, contudo, não aconteceu depressa, e durante o tempo que demorei para tê-lo foi o tempo em que mais machuquei as pessoas, muitas até hoje não me perdoam por muitas coisas, mas Jesus morreu por mim na cruz por isso.
      Mas para que eu estou compartilhando com você minha vida? Bem, para dizer que algo que eu nunca busco no cristianismo é religião, isso nunca me bastou, e teria sido bem mais conveniente para mim, socialmente, em termos de ministério, de status religioso, se religião bastasse, principalmente trabalhando eu com música, ferramenta tão útil para pastores que querem manter igrejas cheias. Mas eu tentei, praticar o que me ensinavam, mas isso não me dava paz nem libertação, nesse ponto você é que decide, se eu desisti porque sou fraco e incrédulo, por isso me desviei, ou se desisti porque reavaliei minhas crenças e entendi que algo estava errado com elas, bem, cheguei ao assunto do estudo que estou concluindo agora.
      Um dos meus versículos bíblicos favoritos diz, “pelos frutos vos reconhecereis”, se você me acompanha aqui no blog sabe que desde maio de 2011 compartilho reflexões diárias (pelo menos até fevereiro de 2020 foram diárias), assim de duas uma, ou sou um escritor de ficção bem criativo ou de fato tenho tido experiências com Deus que me inspiram a escrever aqui no blog, e creia, o que compartilho aqui é prática de vida, não é teoria ou fantasia. As reavaliações que fiz neste estudo não são frutos de alguém que se afastou de Deus, é bem o contrário, tenho me aproximado mais e mais de Deus a cada dia, em oração, em consagração, e tenho muitos frutos disso em minha vida e na de minha esposa e minhas filhas.
      Se me desviei foi da religião, da tradição humana, da igreja cristã que já deixou bem claro que não tem vivido, não em sua maioria, uma vida agradável a Deus, ainda que templos estejam cheios, que novos ministérios apareçam a cada dia, em cada esquina das cidades, tornando o cristianismo tão popular quanto ineficiente, eficiente só para criar novos religiosos, cegos guiando cegos. Não, não compartilhei aqui todas as reavaliações que o Espírito Santo tem me levado a fazer sobre as crenças das igrejas protestantes e evangélicas, foram são as mais óbvias, vocês ainda não estão preparados para isso, talvez nunca estejam, não nesta vida, talvez sejam coisas só para mim saber, talvez. 
      Contudo, um conselho, aproximem-se mais de Deus, com todo o coração e não dependam de pastores e religião, mesmo que igrejas cristãs ainda sejam os melhores lugares para compartilharmos Jesus com o mundo. Mas “não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem”, antes, “pedi e dar-se-vos-á, buscai e encontrareis, batei e abrir-se-vos-á, porque, aquele que pede, recebe, e, o que busca, encontra, e, ao que bate, abrir-se-lhe-á” (Mateus 7.6-8). Sabe quem quer saber, ainda que quem não saiba Deus ame e abençoe do mesmo jeito, afinal, Deus nunca precisa ser reavaliado. 

Esta é a 30ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

29/05/20

Reavaliemos Jesus reavaliou! (29/30)

29. Jesus reavaliou todas as religiões

      “Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mateus 12.34-37

       Em Mateus 12 Jesus confronta a hipocrisia dos religiosos judeus, como eles podiam dizer que falavam coisas boas quando possuíam corações maus? Jesus não se deixou enganar pelas palavras, ele conhecia os corações. Mas ainda que as palavras sejam boas elas não são desconsideradas pelo juízo de Deus, caso sejam falsas. Não basta parecer, tem que ser, não basta falar, tem que viver. Muitas igrejas e pastores atuais teimam em afirmar que pregam o evangelho, que possuem autoridade legítima para isso, mas como podem pregar o bem se possuem corações maus, que agem com preconceito, superficialidade, imaturidade espiritual? Cuidado, seria melhor a esses nem pregar o evangelho, ou só pregar aquilo que de fato vivem. O correto, contudo, seria que eles reavaliassem suas crenças à luz do Espírito Santo.
      Jesus, encarnado como homem, era um questionador, por isso era odiado, avaliou a religião de seu povo, por isso foi perseguido, mostrou sem medo, ainda que com sabedoria, a incoerência, a hipocrisia, a ineficiência das crenças de judeus, gregos e romanos, por isso foi morto. A encarnação de Jesus foi uma reavaliação de todas as religiões feita por Deus. Não podemos ser como Jesus, mas fomos chamados para segui-lo, temos o Espírito Santo que continua em nós a obra do Cristo homem, agora na autoridade do Cristo Deus, temos por isso direito à comunhão com Deus, mas também responsabilidades sobre deveres. O principal dever que temos é o de suportar as perseguições em paz, se alguém não quer perseguição que se acomode às crenças dos outros, esses, contudo, nunca terão paz verdadeira. 
      Jesus não tinha um lugar fixo, confortável, oficial, para receber donativos que sustentassem sua obra, ele ensinava onde dava, nas montanhas, nas praias, nos campos, em barcos, nas casas de amigos. Jesus sabia que para poder reavaliar as interpretações humanas sobre religião precisava ser livre, de tudo e de todos, isso lhe dava autoridade para pregar a verdade, ele não tinha “rabo preso com ninguém” (desculpem-me o termo). Quanto falamos, ouvimos, pregamos e cantamos que somos cristãos, que seguimos a Jesus, que somos diferentes do mundo, que acreditamos na religião verdadeira e que as outras são mentiras, mas na realidade tudo o que queremos é uma tradição religiosa que nos proteja de remorsos, do nosso passado, do diabo, e de tantas coisas que por não podermos ter ou ser, demonizamos.
      Isso nos leva a aceitar tradições sem questionar, a respeitar igrejas e pastores, calados e temerosos, faço uma pergunta, se Jesus se encarnasse hoje, de que igreja, de que denominação cristã faria parte? Da Congregação Cristã? Da Assembleia de Deus? Da Universal? Da Renascer? Da Lagoinha? Da Presbiteriana? Da Batista? Da Católica? Ou de uma desconhecida, essas pequenas e pobres e com poucos membros? Quer a verdade? De nenhuma e de todas, mas não por ser essa melhor que aquela (nem pior), por ter uma doutrina mais próxima aos seus verdadeiros ensinos, por ser mais pura e menos herética, não por nada disso. A Igreja de Jesus, a genuína, na verdade é o coração do homem que o busca com sinceridade e em verdade, a esse ele se apresenta, vive nele e lhe mostra o caminho (João 14.20-23).
      Na verdade, Deus não está nem aí com igrejas e religiões. Para entender isso temos que perguntar a ele, não a pastores, padres, teólogos, e muito menos a mim, enquanto isso Deus continua nos abençoando, do jeito que estamos, onde estamos, indiferente do nosso nível de fé e de intimidade com ele. Se achamos que só o agradamos vestidos de ternos, os homens, e de saias e com longos cabelos, as mulheres, Jesus assim nos salva. Se acharmos que só o agradamos conhecendo a Bíblia com profundidade teológica, ele nos salva assim. Se acharmos que só o agradamos falando em línguas espirituais estranhas e experimentando vários dons espirituais, ele nos salva dessa maneira. Mas não se iluda, se acharmos que podemos confiar em santos e em Maria, ele também pode nos salvar, não se engane quanto a isso.
      Mas isso é o ideal de Deus? Não. A pergunta é: até quando viveremos na exceção de Deus, por sua misericórdia, fazendo muito menos que podemos para experimentar muito menos que Deus pode nos dar? Isso não depende de Deus, mas de nós. Uma qualidade de Deus que provamos muito mais que percebemos é a educação, ele não se mostra a quem não o quer, e se mostra em parte a quem o quer em parte. Ocorre que muitos que só o desejam em parte e o buscam em parte, querem exigir que Deus dê a eles o que recebem os que buscam de forma mais completa. Contudo, o mistério é que no plano espiritual as coisas acontecem de forma inversa, é o próprio evangelho que diz que só nascemos quando morremos, que é dando que se recebe, que os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.
      Quanto mais se busca a Deus, quanto mais intimidade se tem com ele, menos se exigi, pelo menos no que se refere ao plano físico. Os que querem mais de Deus querem o conhecimento das verdades espirituais para serem mais espirituais. Só entenderemos de fato a vida plena e eterna que Deus quer nos dar em Jesus, quando reavaliarmos nossas crenças. Fazer as mesmas coisas só nos levarão aos mesmos lugares, assim, se já entendemos que não fomos muito longe agindo como agimos, então é sinal que temos que fazer coisas diferentes, reavaliar nossas crenças em muitos aspectos, em várias áreas de nossas vidas. Não nos enganemos, o grande número de denominamos cristãos no mundo não reflete uma presença atuante de Cristo na realidade, e isso acontece porque a grande maioria é só religiosa, não de fato seguidora de Cristo. 

Esta é a 29ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

28/05/20

Reavaliemos Sofrimento Humano (28/30)

28. Sofrimento humano

      “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás. E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes. E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu. Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem, pós querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.” Gênesis 3.16-24

      “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” João 3.16-18

      “E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis. E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.Apocalipse 21.1-8

      No meio a essa crise mundial de saúde, com o Corona vírus e a Covid 19, vi uma entrevista na TV, de um homem, com um bebê no colo, desses que moram com mais “seis” pessoas numa casa de um cômodo numa favela, ao lado de um rio imundo, sem saneamento ou qualquer infraestrutura básica de sobrevivência. O homem dizia ao entrevistador, “sou diabético, sou do grupo de risco, mas estou tomando cuidado, não saio de casa e limpo minhas mãos com álcool em gel o tempo todo”, eu pergunto, que proteção álcool em gel pode dar para esse homem, que parece querer fazer a sua parte e seguir as orientações de médicos? 
      Quanto sofrimento, isso me cortou o coração e me levou a pensar, que culpa tem esse cara de ter nascido no meio social que nasceu, pobre, sem o mínimo de condições para ter uma vida minimamente digna? Ele sofre porque está em pecado, a culpa é dele? Essa explicação que muitos evangélicos dão é a mais correta? Verdadeiramente precisamos reavaliar nossas crenças, principalmente sobre salvos e perdidos, sobre quem são e porque são protegidos por Deus ou abandonados no sofrimento, precisamos entender de fato porque o mundo funciona como funciona e porque tanta gente sofre, aparentemente, sem ter feito nada de errado para isso nessa vida. 
      Os três textos iniciais resumem a história da humanidade, o início e o pecado original, causa de todo sofrimento humano, o meio e a obra redentora de Cristo, que restaura os direitos espirituais do homem com Deus, e o final e os novos céus e a nova terra, numa eternidade junto do melhor de Deus onde habitarão os salvos em Cristo. Isso representa a teologia tradicional protestante, isso deve bastar aos cristãos para explicar sofrimento e livramento do sofrimento para todos os seres humanos de todos os tempos e lugares. Bem, eu poderia encerrar a reflexão aqui, e para a maioria de cristãos, pelo menos na teoria, isso é o suficiente.
      Muitos, querendo diminuir o sofrimento, dizem que ele é relativo, para um ter só um carro é sofrimento, enquanto que para outro, não ter nem uma motocicleta é sofrimento, que para alguns não poder comer carne de primeira é sofrimento, enquanto que para muitos não comer nada é sofrimento, sim, esse relativismo é real, pode ser usado como argumento para explicar que cada um recebe o frio conforme o cobertor, e que ninguém sofre mais que ninguém. Mas porque um teve direito de nascer num lar onde se pode adquirir um automóvel e outro a obrigação de nascer num lugar onde não se tem nem comida para comer todos os dias? 
      Isso não importa? São questionamentos que não devemos fazer? Temos que aceitar certas coisas como são? Explicações simplistas consolam os que não querem pensar muito por acharem que se pensarem poderão ter suas zonas de conforto abaladas, poderão trincar bases de convicções, que boas ou não, sustentaram suas existências até então. Mas mais que isso, poderão distancia-los do “Deus” que creem, e que acham que se não crerem, do jeito que creem, lhes dará vidas ruins neste mundo e eternidades terríveis. Reavaliar o que pensamos sobre sofrimento talvez seja o tema mais sensível dessa série de reflexões.
      A verdade é que muitos elegem essa ou aquela crença por medo, e, egoisticamente, para se livrarem de seus medos pessoais, não se importam de condenar os outros aos piores medos possíveis. Será que não é fácil demais, resolver a questão do sofrimento humano simplesmente com a explicação de que desde que Adão e Eva pecaram no Éden a vida é sofrimento, e como cristãos temos que aceitar isso? Essa é a verdade ou é a verdade que Moisés conseguia entender da verdade que foi passada a seu povo de geração para geração, e que dava a eles algum consolo moral? Isso também pode ter sido uma escolha conveniente, que consola alguns, ainda que deixem no sofrimento a outros.
      Eu não tenho uma conclusão para esta reflexão, não uma que esteja preparado para compartilhar aqui, ainda a guardarei em meu coração, mas eu gostaria que você que lê pensasse sobre uma coisa. Não me refiro aqui a qualquer sofrimento, àquele que nós, pessoas de classe média passam, que são legítimos, às vezes bem difíceis, mas não terríveis, não letais. Penso em crianças em zonas de guerra, em mulheres sendo sequestradas para “servirem” a terroristas, em inocentes, e creia, existem, sim, inocentes que sofrem injustamente. Quem ora para que esses sejam livrados do sofrimento? Se são inocentes bastaria a oração de um justificado em Cristo para que Deus respondesse e agisse. Mas isso acontece? 
      Quem ajuda esses inocentes que sofrem? Bem, deveria ser nós, que temos alguma condição financeira e entendimento moral e religioso de caridade. Mas isso é feito? Não, não é feito, o sofrimento no mundo é grande e continua existindo enquanto nós nos vestimos e vamos a cultos cantar louvores. Sou levado a crer que a existência vai além do que entendemos como evangélicos e protestantes, que existem causas que levam muitos a sofrer que vão além do que vemos nesse mundo, e que a eternidade é mais que branco e preto, sem matizes de graduações de outras cores. Ainda creio num Deus justo e na salvação única de Cristo, mas parece que para muitos, em uma vida neste plano, isso não basta...

Esta é a 28ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

27/05/20

Reavaliemos Sabedoria (parte 2) (27/30)

27. Sabedoria (parte 2)

      Segue a segunda parte da reflexão sobre sabedoria, o valor do estudo, da formação acadêmica, do conhecimento científico e da intelectualidade, na vida não só do homem em geral, mas também do cristão.

      “Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.” (I Coríntios 3.18-20). 

      “Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?” (Tiago 2.5). 

      Uma das diferenças importantes do novo testamento é que ele alia valor espiritual ao desprendimento de valores materiais feito por pessoas comuns, diferente do antigo testamento que alia proteção divina à prosperidade material de patriarcas e reis. O antigo testamento são crônicas das vidas de homens poderosos, o novo é a história da morte de um simples homem. Pensamos sobre isso na reflexão “Israel”, neste estudo “Reavaliemos nossas crenças”, mas a verdade é que esse desprendimento não significa pobreza ou falta de estudo. Os textos iniciais, todavia, exortam sobre o erro que se comete quando se acha que só porque se tem sabedoria ou riqueza se tem superioridade social, pode até ser neste mundo, mas não é assim no outro. 
      Os pregadores que demonizam intelectuais, filósofos e ricos, acham em textos neo-testamentários álibis para pregarem o que pregam, e sim, a Bíblia diz isso, contudo, eis aí outro ensino que temos que reavaliar, para entender a sua essência, não interpreta-lo ao pé da letra de maneira preguiçosa, o que pode conduzir a preconceitos e a fazer acepção de pessoas, “E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação“ (I Pedro 1.17). Deus não faz distinção pelo exterior ou mesmo pela intelectualidade, mas julga a prática daquilo que de fato está no coração, veja que o texto diz “julga segundo a obra”, e não só segundo a intenção.
      Voltando a I Reis 3.11-13, “E disse-lhe Deus: Porquanto pediste isso, e não pediste para ti muitos dias, nem pediste para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos; mas pediste para ti entendimento, para discernires o que é justo; Eis que fiz segundo as tuas palavras; eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual não se levantará. E também até o que não pediste te dei, assim riquezas como glória; de modo que não haverá um igual entre os reis, por todos os teus dias.”, interessante que Deus deu a Salomão riquezas justamente porque ele não as pediu, antes pediu sabedoria, assim entendemos que o sábio naturalmente alcança prosperidade material, porque não tem o coração nela.
      Se em Cristo somos novas criaturas, se somos salvos e libertos do velho homem, que ainda que lute com o novo homem pode ser vencido por quem tem o selo do Espírito Santo em seu interior, se iluminados pelo nome de Jesus temos acesso ao Deus altíssimo, às suas virtudes, às suas prioridades, nós também não precisamos temer a tentação da arrogância que pode haver no conhecimento intelectual. Ao contrário, os novos nascidos em Cristo são os mais aptos espiritualmente para amadurecerem intelectualmente, para se aproximarem do Adão original sem pecado, “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.“ (II Coríntios 5.17)
      O que vemos em muitas igrejas atuais, contudo, é o oposto, gente achando que por ser crente, não precisa estudar tanto, basta crer, e pior, os mais estudados chegam mesmo a sofrer olhares desconfiados quando se convertem, não são valorizados pela formação intelectual que possuem. Não, isso não é atitude de todos os cristãos, mas é a de muitos, mas, sim, intelectualidade é demonizada, começando de muitos púlpitos. Contudo, como seria agradável a Deus ver pastores focando menos em fé para dar dízimo, em falsa moralidade para jovens serem diferentes externamente, mas incentivando ovelhas a estudarem mais, fazerem boas faculdades, terem empregos melhores, serem cidadãos mais civilizados. 
      Sim, muitos pregam esse texto, “e o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás em cima, e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir“ (Deuteronômio 28.13), contudo, querem o efeito e desprezam a causa, e a causa não é só religiosidade, assiduidade em cultos, fé, mas é trabalho no mundo, nas escolas, nas universidades, nas empresas. Uma igreja que se acha cheia de fé, de adoração, de unção, está fadada a ser cauda, não cabeça, porque se nega a fazer a sua parte, uma parte que nem a maior fé do mundo poderá fazer, uma parte que Deus não fará por ela, que é crescer não só no espírito, mas na mente. 
      Não, intelectualidade não é pecado, e não basta fazer qualquer faculdade, tem que se preparar para fazer a melhor, isso é urgência num mundo onde a vida fica cada vez mais difícil, mais competitiva. Com bom estudo poderemos escolher e não sermos escolhidos, ter um emprego melhor que nos dará condição de abençoar mais a sociedade, não só com dinheiro, mas com informação. Evangélicos, criemos melhor nossos filhos, com amor e proximidade, mas também incentivando o estudo e investindo em boas escolas, se o mundo se perde em vaidades querendo só roupas e carros caros, nós temos o dever de escolher melhor, usar nossas rendas para dar aos jovens bons estudos, isso é andar na luz, é sabedoria de Deus. 

Esta é a 27ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

26/05/20

Reavaliemos Sabedoria (parte 1) (26/30)

26. Sabedoria (parte 1)
 
      “A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz. Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas e nas cidades profere as suas palavras: Até quando, ó simples, amareis a simplicidade? E vós escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós insensatos, odiareis o conhecimento? Atentai para a minha repreensão; pois eis que vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei saber as minhas palavras. 
      Entretanto, porque eu clamei e recusastes; e estendi a minha mão e não houve quem desse atenção, Antes rejeitastes todo o meu conselho, e não quisestes a minha repreensão, Também de minha parte eu me rirei na vossa perdição e zombarei, em vindo o vosso temor. Vindo o vosso temor como a assolação, e vindo a vossa perdição como uma tormenta, sobrevirá a vós aperto e angústia. 
      Então clamarão a mim, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me acharão. Porquanto odiaram o conhecimento; e não preferiram o temor do Senhor: Não aceitaram o meu conselho, e desprezaram toda a minha repreensão. Portanto comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos. Porque o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que me der ouvidos habitará em segurança, e estará livre do temor do mal.”
Provérbios 1.20-33

      Muitos interpretam o termo sabedoria que aparece no livro de Provérbios, como algo só espiritual, mas será que o pleno temor de Deus contempla só a comunhão direta entre o Senhor e o homem através do Santo Espírito? Não, temer a Deus abrange todas as esferas da vida humana, em todos os planos, no corpo, na alma, no espírito, na interação entre homens, com a natureza, além de com o mundo espiritual. A apologia que Salomão (e possivelmente outros escritores que também escreveram o livro de Provérbios) faz da sabedoria não se refere só à sabedoria moral, social e religiosa. 
      Salomão é célebre por ter tido um entendimento singular da existência humana, sabedoria que recebeu de Deus (I Reis 3.1-15), ele também se refere à ciência, à medicina, à química, à física, à matemática e a tudo o mais que permite ao homem dominar este planeta e seguir civilizado e evoluindo. Nesta reflexão, dividida em duas partes, pensemos sobre o valor do estudo, da formação acadêmica, do conhecimento científico e da intelectualidade, na vida não só do homem em geral, mas também do cristão, tudo incluído, como entendemos, na sabedoria orientada na Bíblia, segue a primeira parte.

      Bom estudo, melhor oportunidade de trabalho, maior influência no mundo, testemunho mais abrangente, essa é uma cadeia natural de coisas conquistadas neste planeta do jeito correto, com esforço, com melhores escolhas, com status quo mais alto e com sabedoria para usufruir isso tudo com justiça social e respeito com a natureza. Uso da ciência com inteligência e boa formação acadêmica é o que faz o homem um verdadeiro rei neste mundo, conquistando e dominando da maneira certa, não com violência ou egoísmo, mas com lucidez e conhecimento (já refletimos um pouco sobre o tema desta reflexão em “Intelectualidade não é pecado...”). 
      Você já pensou se o homem não tivesse pecado originalmente (seja lá o que isso signifique de verdade, além dos mitos), como seria este mundo? Em que nível científico estaríamos, o quanto de outros planetas e sistemas solares já teríamos visitado? Muitos acham que um homem sem pecado viveria o céu na terra, mas não é assim que funciona, o céu é puramente espiritual. A criação material foi algo muito especial de Deus, se o mundo espiritual fosse suficiente Deus não precisaria criar o plano físico, a Terra, o Sol, a Lua, as estrelas, a natureza, os animais, o ser humano. Sem o pecado a vida no mundo seria algo único, nunca provado pelos anjos. O que Deus tinha em mente para um plano físico sem pecado?
      Será que haveria morte física? Lembre-se que pelo livro de Gênesis os homens viviam muito tempo antes do dilúvio, dilúvio que também foi outra consequência do pecado do homem. Por outro lado, entendemos pela Bíblia que originalmente era proibido ao homem comer só da árvore do conhecimento do bem e do mal, já o fruto da árvore da vida só foi proibido depois que o homem comeu o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2.9,16-17), assim talvez, sem pecado, o homem pudesse viver eternamente encarnado. Quanto desenvolvimento a humanidade não alcançaria em pouco tempo, e tudo com temor a Deus, com justiça social e respeitando a natureza.
      O que de fato são as árvores de Gênesis? O que representam? Se referem a dois poderes que os humanos almejam muito, conhecimento e longevidade. Mas que conhecimento é esse, moral, espiritual, científico? “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.” (Gênesis 3.22-23). Como tudo nos capítulos iniciais de Gênesis, essa passagem tem vários mistérios, Deus referindo-se a si mesmo na primeira pessoa do plural e a única informação bíblica sobre o que é a árvore da vida.
      Uma coisa é certa, num plano físico sem pecado não haveria qualquer embate entre fé e ciência, entre matéria e espírito, nessa realidade a evolução intelectual do ser humano não o levaria a uma arrogante posição de duvidar de Deus, antes permitiria que ele conhecesse as verdades de Deus encarnado. Os mistérios do universo seriam mostrados sem véus, entenderíamos a mente de Deus neste mundo, ainda que com trabalho e com tempo, mas seria uma experiência diferente, que sequer podemos imaginar hoje. Mas por que ciência tornou-se sinônimo de oposição a Deus? Por causa do pecado dos ateus, sim, mas também por causa da ganância de líderes evangélicos que para manterem o controle escravizam ovelhas à ignorância. 

Esta é a 26ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

25/05/20

Reavaliemos Política e Evangelho (25/30)

25. Política e Evangelho

O que o velho testamento fala do povo de Israel e seu governo político?

      “Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações. Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor. E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles. Conforme a todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do Egito até ao dia de hoje, a mim me deixaram, e a outros deuses serviram, assim também fazem a ti. Agora, pois, ouve à sua voz, porém protesta-lhes solenemente, e declara-lhes qual será o costume do rei que houver de reinar sobre eles.” I Samuel 8.4-9

      A vontade de Deus é clara no antigo testamento, teocracia, o próprio Deus governaria Israel, obviamente através de homens, esse foi o papel dos juízes durante um período aproximado de 410 anos. Além de Moisés e Josué fazem parte da lista de juízes, Otniel, Eúde, Sangar, Débora, Gideão, Tola, Jair, Jefté, Ibsã, Elom, Abdom e Sansão, registrados no livro de Juízes, e Samuel, registrado nos livros de I e II Samuel e I e II Crônicas. Samuel foi um juiz especial, o maior profeta depois de Moisés, um homem importantíssimo na história de Israel, desempenhou tanto as funções de profeta e sacerdote, quanto de líder político.
      Após isso, Israel pede um rei, conforme o sistema político de outras nações, e Deus dá, um rei conforme seus corações rebeldes, Saul. Mas depois Deus dá um novo rei, agora conforme o coração de Deus, Davi da tribo de Judá da qual nasceria o Cristo. Depois de Davi reina seu filho Salomão, que levaria Israel ao seu tempo áureo como nação, contudo, depois dele reinam seus filhos e uma infinidade de reis inconstantes que se afastam e se aproximam de Deus, ora servindo a Deus, ora aos falsos deuses, dividindo as tribos da nação de Israel que nunca mais provaria a grandeza que teve na época de Davi e Salomão. 
      É claro que teocracia era a vontade de Deus para um povo seu debaixo da velha aliança, a Lei de Moisés e o sistema de ofertas e sacrifícios no Templo de Jerusalém, onde tudo era relacionado, religião, política e mesmo orientações de saúde, de higiene, alimentação etc, eram tempos de um homem ainda em desenvolvimento social e espiritual. Para a nação Israel debaixo desse sistema havia deveres, mas também havia direitos, o ser humano, contudo, de qualquer maneira sempre se mostra inviável para ser feliz em harmonia com Deus neste mundo, por isso Jesus foi enviado, o rei eterno, de Israel e da Igreja. 

O que o novo testamento diz sobre a relação de cristãos, convertidos, novos nascidos em Cristo, com a política?

      “É-nos lícito dar tributo a César ou não? E, entendendo ele a sua astúcia, disse-lhes: Por que me tentais? Mostrai-me uma moeda. De quem tem a imagem e a inscrição? E, respondendo eles, disseram: De César. Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” Lucas 20.22-25

      “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” I Timóteo 2.1-4

      “Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja?” I Coríntios 6.1-4

      “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei; E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” II Coríntios 6.14-18

      O texto de Lucas se refere diretamente a pagamento de impostos, mas podemos usá-lo para entender com clareza as diferenças das relações e compromissos que podemos ter neste mundo, físicos ou espirituais, políticos ou religiosos, com os homens ou com Deus, e Deus não exime seus filhos de viverem neste mundo debaixo de leis físicas, políticas e humanas. O texto de I Timóteo nos orienta sobre o respeito que devemos ter com lideranças deste mundo, sejam na área profissional ou política, elas não devem ser desprezadas, mas protegidas por nós em oração, ainda que não sejam cristãs. Se todos os seres humanos precisam ser salvos, muitos mais os líderes, cujas diretrizes influenciam um número muito maior de pessoas, sejam ou não cristãs.
      As duas passagens de Paulo escrevendo aos coríntios precisam de um pouco mais de reflexão, mas penso que elas são importantes para entendemos as orientações bíblicas sobre a relação de cristãos com o mundo no tocante às leis e mesmo à política. Em primeiro lugar, usando ainda o texto de Lucas, “dai a César o que é de César”, desobediências às leis de homens, sejam civis, criminais, fiscais, devem ser tratadas com os homens. Nenhum cristão queira se esconder atrás de sua fé para fugir às consequências de seus atos, ainda que Deus o perdoe e lhe dê paz, cristão não é isento de pagar suas dívidas com as leis, ainda que em paz com Deus e que isso não o prejudique na eternidade.
      Contudo, Paulo se refere a outra coisa em I Coríntios 6, ele fala de problemas entre irmãos em Cristo e que, porventura, ainda não tenham ido para os tribunais humanos. Se esses problemas forem resolvidos só entre irmãos, e o mais rapidamente possível, escandalizará menos o evangelho, mas isso, repito, se a justiça dos homens ainda não tiver sido acionada. Isso é possível, “roupa suja ser lavada em casa”, se for uma questão entre cristãos, possível e recomendado. Essa passagem mostra o nível moral e ético que um cristão deve ter, que o coloca numa posição espiritual superior a de não cristãos, nível que lhe confere direitos? Sim, mas também deveres. 
      É baseado nessa qualidade moral, ética, social e espiritual, que um cristão genuíno tem (ou deveria ter), que podemos interpretar a Bíblia como orientando que o cristão não precisa se envolver com política, além do dever cívico de ir à sua zona eleitoral e votar, fazendo a melhor e mais consciente escolha. O texto de II Coríntios 6 vai mais a fundo sobre essa diferença quando questiona, “que comunhão tem a luz com as trevas?”. Se o sistema político, câmaras de vereadores, de deputados, de senadores, se cargos de prefeitos, governadores e presidentes, fossem de fato limpos, talvez o cristão pudesse se envolver sem se sujar, mas isso é impossível, não num mundo físico onde o próprio Deus dá livre arbítrio aos homens e onde os sistemas políticos existem para administrar esses homens, que fizeram escolhas morais, espirituais e sociais diferentes. 

O que muitos cristãos hoje em dia dizem sobre política?

      Não, cristão não deve se envolver com cargos políticos, principalmente se forem cristãos com cargos e funções dentro de igrejas. Se forem cristãos sem envolvimentos em ministérios, é menos ruim, pois escandalizam o evangelho em menor instância, contudo, o que ocorre é justamente o contrário. Ditos “evangélicos” com cargos, pastores, missionários, bispos, presbíteros, diáconos, pregadores (e como tem “evangélico” que adora título), são os que mais participam de eleições e mantém cargos políticos, usando justamente seus títulos para se elegerem, para convencerem uma grande maioria de crentes mal informados e imaturos, que eles têm legitimidade espiritual para exercerem tais cargos, quanto equívoco. Pior que isso, acumulam cargos, muitas vezes de pastores e de vereadores, por exemplo, para ganharem salário dobrado.
      Será que um pastor vereador merece ganhar como pastor em tempo integral, ou será que tem tempo para trabalhar como pastor sendo também vereador? Reavaliemos isso, nos revoltemos com isso, digamos não a isso, isso não é correto nem bonito, ainda que ter um cargo político possa acariciar o ego de muitos líderes evangélicos que querem ser, sem estudar e trabalhar por isso do jeito certo. Pastores e outros líderes, querem influenciar mais e melhor a sociedade? Preparem-se, façam uma boa faculdade (não qualquer uma, dessa “pagou passou”), adquiram conhecimento intelectual sério, sejam bons professores de Bíblia e de muito mais, revolucionem pela educação, imaginem só se a educação fosse ocupada por cristãos genuínos, fariam muito mais diferença no mundo que políticos.
      Um argumento muito usado por muitos cristãos que almejam cargos políticos, e concordo que muitos usam esse argumento até com boa sinceridade, ainda que com imaturidade, é que se os cristãos não ocuparem os cargos a política não melhorará, nunca será purificada. O primeiro engano que esses cometem é achar que é possível o céu, com luz moral e espiritual, no mundo, isso vai contra muitos ensinos bíblicos. “Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno.”, ou o mundo jaz no maligno (I João 5.19), ponto! E a política jaz no íntimo do pior do maligno, porque ela mexe com o poder que domina o mundo, maior ainda que o dinheiro ou prazeres carnais, as pessoas fazem tudo para terem poder político e muito mais para se manterem nesse poder.

      “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.” Gálatas 6.7

      Não posso deixar de falar sobre o fato de termos no momento um presidente da república apoiado por uma grande maioria de evangélicos, incluindo altas lideranças cristãs. Em primeiro lugar nem sabemos ao certo se a pessoa é de fato evangélica (talvez isso seja até melhor), esse presidente escolheu um bom ministério e está tentando fazer um governo sem “rabo preso” com “toma lá dá cá”, sem corrupção e venda de cargos? Aparentemente sim, e grande parte de seus ministros é de técnicos e pessoas idôneas. Mas tenhamos cuidado, não nos iludamos, não façamos com ele o que a ideologia política oposta e opositora a esse governo faz com seu maior líder, adorar homem. Esse presidente é honesto e o líder opositor é desonesto? Parece que sim, mas ainda assim, irmãos e irmãs, tenhamos cautela.
      O tal homem ocupa uma posição que não pode agradar só a cristãos, uma posição que precisa governar para todos, não para uma parte, ainda que ele esteja sendo fiel com suas promessas eleitorais e esteja tentando agradar ao seu eleitorado, ao meu ver de forma exagerada visto que não está mais em palanque eleitoral, está incentivando, dia a dia, uma situação beligerante e perigosa. Ele e seus filhos dizem coisas erradas todo o dia, ofendendo, provocando, enfim, agindo de uma maneira tanto desnecessária pela qualidade do governo que faz com seus ministros, quando inadequada pelo perfil que ele diz ter como alguém que respeita a tradição judaica-cristã, a família etc. Eu temo por esse presidente, pela vida dele, mas temo muito mais por uma igreja cristã evangélica que está colocando sua confiança em homem, e num homem estúpido e amargo. 

Esta é a 25ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

24/05/20

Reavaliemos Chamadas (parte 2) (24/30)

24. Chamadas (parte 2)

      Segue a segunda e última parte da reflexão “Chamadas”, para melhor entendimento leia a primeira parte na postagem anterior.

     “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” I Tessalonicenses 5.19-24

      Há riscos em liderança solitária, que se autodenomina pastor, sem que tenha certificado de meios legítimos, que se levanta contra tudo, alegando chamada “especial”, isso até pode ser de Deus, mas via de regra não é o que vemos atualmente. Vemos é rebelde usando sua não aceitação por outros como álibi para criar igreja mal estruturada, baseada em heresias, e no final, tornando-se pior que aqueles que ele “robinwoodiando” combatia no início de seu “ministério”. Maluco atrai maluco, assim muitos que começam errados terminam errados e grandes, multiplicando um mal pelo qual um dia terão que dar contas. “Muitos me dirão naquele dia: Senhor... em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci, apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” (Mateus 7.22-23).
     Por outro lado, não devemos ser inocentes (ou puristas) a ponto de crermos que existam homens no mundo, suficientemente desapegados de outras ambições, que só queiram obedecer a Deus e honrar seu nome, sem qualquer outra intenção egoísta até o final de seus ministérios. Todos nós, todos, mesmo Paulo e Pedro, temos nossas vaidades e inseguranças, Deus não trabalha sem isso, mas apesar disso e com isso, contudo, as coisas têm limites. Como tentar não deixar que as coisas passem dos limites? “Com conselhos prudentes tu farás a guerra; e há vitória na multidão dos conselheiros“ (Provérbios 24.6), seguindo esse provérbio, usando o máximo possível de critérios, sejam doutrinários, intelectuais, psicológicos, espirituais, para verificarmos a legitimidade da chamada de alguém, ainda que ela seja muito sincera. 
      Em Jesus vemos um ensino claro sobre ministério, ele só o começou aos trinta anos, por que não fazer essa exigência para todos que almejam liderança pastoral? Autorização de profissional de confiança da área de psicologia ou de psiquiatria também deveria ser exigida para que alguém assumisse uma igreja como pastor ou mesmo grupos menores em igrejas, muitos não fazem ideia de como portadores de transtornos mentais tentam se engajar no “exército evangélico”. Estudo sério de teologia, onde a pessoa possa conhecer as ferramentas intelectuais disponíveis para uma interpretação bíblica respeitando ciência e tantos contextos, também deveria fazer parte dos pré-requisitos. Vida espiritual é de suma importância, mas confrontar isso com realidade científica é o que nos leva a amadurecer sem extremismos. 
      As orientações gerais que Paulo dá aos tessalonicenses no texto inicial, apresentam um equilíbrio necessário a quem se presta a cargos de lideranças nas igrejas cristãs, reflitamos sobre elas. Em primeiro lugar está o Espírito Santo, que está intrinsecamente ligado às palavras finais do texto, “fiel é o que vos chama, o qual também o fará“. A chamada verdadeira é feita pelo Espírito Santo e se é feita por ele ela se realiza, dá frutos, pois Deus não desampara os que chama, ele é fiel às alianças que faz com os homens. O que temos que saber é só se a chamada é de fato de Deus, e não só ilusão de nossas almas. Se é de Deus ainda que pareça não dar frutos, dará, no tempo de Deus, contudo, se não é de Deus ainda que pareça dar frutos, não são, não passarão pela prova do tempo. Nunca julguemos pela aparência presente. 
      Outra coisa que o texto nos ensina é sobre a análise racional que precisamos fazer para discernirmos se algo é de Deus, “examinai tudo, retende o bem, abstende-vos de toda a aparência do mal“, isso só é conseguido verificando com calma as coisas, não se deixando levar por uma impulsividade em nome de uma fé irresponsável, nem por uma falsa sabedoria que se acovarda diante de uma ordem espiritual urgente e clara de Deus (“não desprezeis as profecias”). “Todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis”, isso nos chama a atenção para a totalidade do homem, corpo, alma e espírito, físico, intelecto e sopro divino, sentimentos, pensamentos e percepção espiritual. Uma chamada deve ser analisada em todas essas áreas, na sua origem, na sua manutenção e em seus frutos.
      “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração.... porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.“ (Mateus 11.29-30), uma chamada genuína, apesar de exigir consagração, atenção e pureza constantes, não é pesada, não demais. Quem tem chamada verdadeira a conseguirá desempenhar a tempo, se for humilde e se quiser agradar a Deus, não a homens. A principal virtude de um servo é a humildade, um chamado de Deus é chamado para servir, não para ser servido, seu objetivo é fortalecer ovelhas, e não o contrário, seu desejo é ver Deus aparecer, não ele. Coração de servo, como falta isso em tantos que hoje se autodenominam pastores, ainda que tenham um “jeitinho” tranquilo, uma fala “mansa”, têm corações  orgulhosos e gananciosos, seus frutos serão provados, o futuro esclarecerá. 
      “Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes“ (Romanos 12.16). Será que o que o mundo mais está precisando hoje em dia é de mais igrejas e pastores? Perdoe-me se você pensa diferente, mas eu creio que não. Desliguem o sistema de som, guardem os microfones, fechem os grandes templos, parem de entregar dízimos a empresas. Façamos grupos pequenos nos lares, oração, louvor e palavra, usemos dízimos para ajudar os necessitados, em primeiro lugar os irmãos e depois os outros, mostremos Cristo através de vidas simples. Quanto aos chamados, tenham serviços seculares e não pesem financeiramente a ninguém, busquem a Deus, com choro, não com alegria, não é tempo de celebração, mas de humilhação. A realidade grita aos nossos ouvidos, acordemos e façamos diferença nesses dias difíceis. 
      Cristãos melhores serão frutos de igrejas verdadeiras, lideradas por homens com chamadas genuínas, isso só existirá quando o homem sair do trono, quando o papa abrir mão do Vaticano, mas quando os pastores, “bispos” e  “apóstolos” atuais, fizerem voto de pobreza, mas não como referência humana de espiritualidade, isso também é vaidade. Quando a palavra for pregada por homens que amam a Deus mais que a “mamom” (Mateus 6.24), que preferem agradar a Deus mais que aos homens, que definitivamente não se preocupam com quantidade, mas com qualidade, aí teremos de fato uma igreja corpo de Cristo preparada para o arrebatamento. Sou sincero, não acho que isso ocorrerá a tempo, Jesus não profetizou isso sobre o fim dos tempos, mas é o que todo sincero filho de Deus deve buscar, até seu último dia neste mundo. 

Esta é a 24ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020