quarta-feira, maio 27, 2020

Reavaliemos Sabedoria (parte 2) (27/30)

27. Sabedoria (parte 2)

      Segue a segunda parte da reflexão sobre sabedoria, o valor do estudo, da formação acadêmica, do conhecimento científico e da intelectualidade, na vida não só do homem em geral, mas também do cristão.

      “Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.” (I Coríntios 3.18-20). 

      “Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?” (Tiago 2.5). 

      Uma das diferenças importantes do novo testamento é que ele alia valor espiritual ao desprendimento de valores materiais feito por pessoas comuns, diferente do antigo testamento que alia proteção divina à prosperidade material de patriarcas e reis. O antigo testamento são crônicas das vidas de homens poderosos, o novo é a história da morte de um simples homem. Pensamos sobre isso na reflexão “Israel”, neste estudo “Reavaliemos nossas crenças”, mas a verdade é que esse desprendimento não significa pobreza ou falta de estudo. Os textos iniciais, todavia, exortam sobre o erro que se comete quando se acha que só porque se tem sabedoria ou riqueza se tem superioridade social, pode até ser neste mundo, mas não é assim no outro. 
      Os pregadores que demonizam intelectuais, filósofos e ricos, acham em textos neo-testamentários álibis para pregarem o que pregam, e sim, a Bíblia diz isso, contudo, eis aí outro ensino que temos que reavaliar, para entender a sua essência, não interpreta-lo ao pé da letra de maneira preguiçosa, o que pode conduzir a preconceitos e a fazer acepção de pessoas, “E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação“ (I Pedro 1.17). Deus não faz distinção pelo exterior ou mesmo pela intelectualidade, mas julga a prática daquilo que de fato está no coração, veja que o texto diz “julga segundo a obra”, e não só segundo a intenção.
      Voltando a I Reis 3.11-13, “E disse-lhe Deus: Porquanto pediste isso, e não pediste para ti muitos dias, nem pediste para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos; mas pediste para ti entendimento, para discernires o que é justo; Eis que fiz segundo as tuas palavras; eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual não se levantará. E também até o que não pediste te dei, assim riquezas como glória; de modo que não haverá um igual entre os reis, por todos os teus dias.”, interessante que Deus deu a Salomão riquezas justamente porque ele não as pediu, antes pediu sabedoria, assim entendemos que o sábio naturalmente alcança prosperidade material, porque não tem o coração nela.
      Se em Cristo somos novas criaturas, se somos salvos e libertos do velho homem, que ainda que lute com o novo homem pode ser vencido por quem tem o selo do Espírito Santo em seu interior, se iluminados pelo nome de Jesus temos acesso ao Deus altíssimo, às suas virtudes, às suas prioridades, nós também não precisamos temer a tentação da arrogância que pode haver no conhecimento intelectual. Ao contrário, os novos nascidos em Cristo são os mais aptos espiritualmente para amadurecerem intelectualmente, para se aproximarem do Adão original sem pecado, “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.“ (II Coríntios 5.17)
      O que vemos em muitas igrejas atuais, contudo, é o oposto, gente achando que por ser crente, não precisa estudar tanto, basta crer, e pior, os mais estudados chegam mesmo a sofrer olhares desconfiados quando se convertem, não são valorizados pela formação intelectual que possuem. Não, isso não é atitude de todos os cristãos, mas é a de muitos, mas, sim, intelectualidade é demonizada, começando de muitos púlpitos. Contudo, como seria agradável a Deus ver pastores focando menos em fé para dar dízimo, em falsa moralidade para jovens serem diferentes externamente, mas incentivando ovelhas a estudarem mais, fazerem boas faculdades, terem empregos melhores, serem cidadãos mais civilizados. 
      Sim, muitos pregam esse texto, “e o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás em cima, e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir“ (Deuteronômio 28.13), contudo, querem o efeito e desprezam a causa, e a causa não é só religiosidade, assiduidade em cultos, fé, mas é trabalho no mundo, nas escolas, nas universidades, nas empresas. Uma igreja que se acha cheia de fé, de adoração, de unção, está fadada a ser cauda, não cabeça, porque se nega a fazer a sua parte, uma parte que nem a maior fé do mundo poderá fazer, uma parte que Deus não fará por ela, que é crescer não só no espírito, mas na mente. 
      Não, intelectualidade não é pecado, e não basta fazer qualquer faculdade, tem que se preparar para fazer a melhor, isso é urgência num mundo onde a vida fica cada vez mais difícil, mais competitiva. Com bom estudo poderemos escolher e não sermos escolhidos, ter um emprego melhor que nos dará condição de abençoar mais a sociedade, não só com dinheiro, mas com informação. Evangélicos, criemos melhor nossos filhos, com amor e proximidade, mas também incentivando o estudo e investindo em boas escolas, se o mundo se perde em vaidades querendo só roupas e carros caros, nós temos o dever de escolher melhor, usar nossas rendas para dar aos jovens bons estudos, isso é andar na luz, é sabedoria de Deus. 

Esta é a 27ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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