domingo, maio 24, 2020

Reavaliemos Chamadas (parte 2) (24/30)

24. Chamadas (parte 2)

      Segue a segunda e última parte da reflexão “Chamadas”, para melhor entendimento leia a primeira parte na postagem anterior.

     “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” I Tessalonicenses 5.19-24

      Há riscos em liderança solitária, que se autodenomina pastor, sem que tenha certificado de meios legítimos, que se levanta contra tudo, alegando chamada “especial”, isso até pode ser de Deus, mas via de regra não é o que vemos atualmente. Vemos é rebelde usando sua não aceitação por outros como álibi para criar igreja mal estruturada, baseada em heresias, e no final, tornando-se pior que aqueles que ele “robinwoodiando” combatia no início de seu “ministério”. Maluco atrai maluco, assim muitos que começam errados terminam errados e grandes, multiplicando um mal pelo qual um dia terão que dar contas. “Muitos me dirão naquele dia: Senhor... em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci, apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” (Mateus 7.22-23).
     Por outro lado, não devemos ser inocentes (ou puristas) a ponto de crermos que existam homens no mundo, suficientemente desapegados de outras ambições, que só queiram obedecer a Deus e honrar seu nome, sem qualquer outra intenção egoísta até o final de seus ministérios. Todos nós, todos, mesmo Paulo e Pedro, temos nossas vaidades e inseguranças, Deus não trabalha sem isso, mas apesar disso e com isso, contudo, as coisas têm limites. Como tentar não deixar que as coisas passem dos limites? “Com conselhos prudentes tu farás a guerra; e há vitória na multidão dos conselheiros“ (Provérbios 24.6), seguindo esse provérbio, usando o máximo possível de critérios, sejam doutrinários, intelectuais, psicológicos, espirituais, para verificarmos a legitimidade da chamada de alguém, ainda que ela seja muito sincera. 
      Em Jesus vemos um ensino claro sobre ministério, ele só o começou aos trinta anos, por que não fazer essa exigência para todos que almejam liderança pastoral? Autorização de profissional de confiança da área de psicologia ou de psiquiatria também deveria ser exigida para que alguém assumisse uma igreja como pastor ou mesmo grupos menores em igrejas, muitos não fazem ideia de como portadores de transtornos mentais tentam se engajar no “exército evangélico”. Estudo sério de teologia, onde a pessoa possa conhecer as ferramentas intelectuais disponíveis para uma interpretação bíblica respeitando ciência e tantos contextos, também deveria fazer parte dos pré-requisitos. Vida espiritual é de suma importância, mas confrontar isso com realidade científica é o que nos leva a amadurecer sem extremismos. 
      As orientações gerais que Paulo dá aos tessalonicenses no texto inicial, apresentam um equilíbrio necessário a quem se presta a cargos de lideranças nas igrejas cristãs, reflitamos sobre elas. Em primeiro lugar está o Espírito Santo, que está intrinsecamente ligado às palavras finais do texto, “fiel é o que vos chama, o qual também o fará“. A chamada verdadeira é feita pelo Espírito Santo e se é feita por ele ela se realiza, dá frutos, pois Deus não desampara os que chama, ele é fiel às alianças que faz com os homens. O que temos que saber é só se a chamada é de fato de Deus, e não só ilusão de nossas almas. Se é de Deus ainda que pareça não dar frutos, dará, no tempo de Deus, contudo, se não é de Deus ainda que pareça dar frutos, não são, não passarão pela prova do tempo. Nunca julguemos pela aparência presente. 
      Outra coisa que o texto nos ensina é sobre a análise racional que precisamos fazer para discernirmos se algo é de Deus, “examinai tudo, retende o bem, abstende-vos de toda a aparência do mal“, isso só é conseguido verificando com calma as coisas, não se deixando levar por uma impulsividade em nome de uma fé irresponsável, nem por uma falsa sabedoria que se acovarda diante de uma ordem espiritual urgente e clara de Deus (“não desprezeis as profecias”). “Todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis”, isso nos chama a atenção para a totalidade do homem, corpo, alma e espírito, físico, intelecto e sopro divino, sentimentos, pensamentos e percepção espiritual. Uma chamada deve ser analisada em todas essas áreas, na sua origem, na sua manutenção e em seus frutos.
      “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração.... porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.“ (Mateus 11.29-30), uma chamada genuína, apesar de exigir consagração, atenção e pureza constantes, não é pesada, não demais. Quem tem chamada verdadeira a conseguirá desempenhar a tempo, se for humilde e se quiser agradar a Deus, não a homens. A principal virtude de um servo é a humildade, um chamado de Deus é chamado para servir, não para ser servido, seu objetivo é fortalecer ovelhas, e não o contrário, seu desejo é ver Deus aparecer, não ele. Coração de servo, como falta isso em tantos que hoje se autodenominam pastores, ainda que tenham um “jeitinho” tranquilo, uma fala “mansa”, têm corações  orgulhosos e gananciosos, seus frutos serão provados, o futuro esclarecerá. 
      “Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes“ (Romanos 12.16). Será que o que o mundo mais está precisando hoje em dia é de mais igrejas e pastores? Perdoe-me se você pensa diferente, mas eu creio que não. Desliguem o sistema de som, guardem os microfones, fechem os grandes templos, parem de entregar dízimos a empresas. Façamos grupos pequenos nos lares, oração, louvor e palavra, usemos dízimos para ajudar os necessitados, em primeiro lugar os irmãos e depois os outros, mostremos Cristo através de vidas simples. Quanto aos chamados, tenham serviços seculares e não pesem financeiramente a ninguém, busquem a Deus, com choro, não com alegria, não é tempo de celebração, mas de humilhação. A realidade grita aos nossos ouvidos, acordemos e façamos diferença nesses dias difíceis. 
      Cristãos melhores serão frutos de igrejas verdadeiras, lideradas por homens com chamadas genuínas, isso só existirá quando o homem sair do trono, quando o papa abrir mão do Vaticano, mas quando os pastores, “bispos” e  “apóstolos” atuais, fizerem voto de pobreza, mas não como referência humana de espiritualidade, isso também é vaidade. Quando a palavra for pregada por homens que amam a Deus mais que a “mamom” (Mateus 6.24), que preferem agradar a Deus mais que aos homens, que definitivamente não se preocupam com quantidade, mas com qualidade, aí teremos de fato uma igreja corpo de Cristo preparada para o arrebatamento. Sou sincero, não acho que isso ocorrerá a tempo, Jesus não profetizou isso sobre o fim dos tempos, mas é o que todo sincero filho de Deus deve buscar, até seu último dia neste mundo. 

Esta é a 24ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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