quinta-feira, maio 28, 2020

Reavaliemos Sofrimento Humano (28/30)

28. Sofrimento humano

      “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás. E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes. E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu. Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem, pós querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.” Gênesis 3.16-24

      “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” João 3.16-18

      “E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis. E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.Apocalipse 21.1-8

      No meio a essa crise mundial de saúde, com o Corona vírus e a Covid 19, vi uma entrevista na TV, de um homem, com um bebê no colo, desses que moram com mais “seis” pessoas numa casa de um cômodo numa favela, ao lado de um rio imundo, sem saneamento ou qualquer infraestrutura básica de sobrevivência. O homem dizia ao entrevistador, “sou diabético, sou do grupo de risco, mas estou tomando cuidado, não saio de casa e limpo minhas mãos com álcool em gel o tempo todo”, eu pergunto, que proteção álcool em gel pode dar para esse homem, que parece querer fazer a sua parte e seguir as orientações de médicos? 
      Quanto sofrimento, isso me cortou o coração e me levou a pensar, que culpa tem esse cara de ter nascido no meio social que nasceu, pobre, sem o mínimo de condições para ter uma vida minimamente digna? Ele sofre porque está em pecado, a culpa é dele? Essa explicação que muitos evangélicos dão é a mais correta? Verdadeiramente precisamos reavaliar nossas crenças, principalmente sobre salvos e perdidos, sobre quem são e porque são protegidos por Deus ou abandonados no sofrimento, precisamos entender de fato porque o mundo funciona como funciona e porque tanta gente sofre, aparentemente, sem ter feito nada de errado para isso nessa vida. 
      Os três textos iniciais resumem a história da humanidade, o início e o pecado original, causa de todo sofrimento humano, o meio e a obra redentora de Cristo, que restaura os direitos espirituais do homem com Deus, e o final e os novos céus e a nova terra, numa eternidade junto do melhor de Deus onde habitarão os salvos em Cristo. Isso representa a teologia tradicional protestante, isso deve bastar aos cristãos para explicar sofrimento e livramento do sofrimento para todos os seres humanos de todos os tempos e lugares. Bem, eu poderia encerrar a reflexão aqui, e para a maioria de cristãos, pelo menos na teoria, isso é o suficiente.
      Muitos, querendo diminuir o sofrimento, dizem que ele é relativo, para um ter só um carro é sofrimento, enquanto que para outro, não ter nem uma motocicleta é sofrimento, que para alguns não poder comer carne de primeira é sofrimento, enquanto que para muitos não comer nada é sofrimento, sim, esse relativismo é real, pode ser usado como argumento para explicar que cada um recebe o frio conforme o cobertor, e que ninguém sofre mais que ninguém. Mas porque um teve direito de nascer num lar onde se pode adquirir um automóvel e outro a obrigação de nascer num lugar onde não se tem nem comida para comer todos os dias? 
      Isso não importa? São questionamentos que não devemos fazer? Temos que aceitar certas coisas como são? Explicações simplistas consolam os que não querem pensar muito por acharem que se pensarem poderão ter suas zonas de conforto abaladas, poderão trincar bases de convicções, que boas ou não, sustentaram suas existências até então. Mas mais que isso, poderão distancia-los do “Deus” que creem, e que acham que se não crerem, do jeito que creem, lhes dará vidas ruins neste mundo e eternidades terríveis. Reavaliar o que pensamos sobre sofrimento talvez seja o tema mais sensível dessa série de reflexões.
      A verdade é que muitos elegem essa ou aquela crença por medo, e, egoisticamente, para se livrarem de seus medos pessoais, não se importam de condenar os outros aos piores medos possíveis. Será que não é fácil demais, resolver a questão do sofrimento humano simplesmente com a explicação de que desde que Adão e Eva pecaram no Éden a vida é sofrimento, e como cristãos temos que aceitar isso? Essa é a verdade ou é a verdade que Moisés conseguia entender da verdade que foi passada a seu povo de geração para geração, e que dava a eles algum consolo moral? Isso também pode ter sido uma escolha conveniente, que consola alguns, ainda que deixem no sofrimento a outros.
      Eu não tenho uma conclusão para esta reflexão, não uma que esteja preparado para compartilhar aqui, ainda a guardarei em meu coração, mas eu gostaria que você que lê pensasse sobre uma coisa. Não me refiro aqui a qualquer sofrimento, àquele que nós, pessoas de classe média passam, que são legítimos, às vezes bem difíceis, mas não terríveis, não letais. Penso em crianças em zonas de guerra, em mulheres sendo sequestradas para “servirem” a terroristas, em inocentes, e creia, existem, sim, inocentes que sofrem injustamente. Quem ora para que esses sejam livrados do sofrimento? Se são inocentes bastaria a oração de um justificado em Cristo para que Deus respondesse e agisse. Mas isso acontece? 
      Quem ajuda esses inocentes que sofrem? Bem, deveria ser nós, que temos alguma condição financeira e entendimento moral e religioso de caridade. Mas isso é feito? Não, não é feito, o sofrimento no mundo é grande e continua existindo enquanto nós nos vestimos e vamos a cultos cantar louvores. Sou levado a crer que a existência vai além do que entendemos como evangélicos e protestantes, que existem causas que levam muitos a sofrer que vão além do que vemos nesse mundo, e que a eternidade é mais que branco e preto, sem matizes de graduações de outras cores. Ainda creio num Deus justo e na salvação única de Cristo, mas parece que para muitos, em uma vida neste plano, isso não basta...

Esta é a 28ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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