12/05/22

Invocarei a Deus e ele me salvará

      “De dia e de noite a cercam sobre os seus muros; iniquidade e malícia estão no meio dela. Maldade há dentro dela; astúcia e engano não se apartam das suas ruas. Pois não era um inimigo que me afrontava; então eu o teria suportado; nem era o que me odiava que se engrandecia contra mim, porque dele me teria escondido. Mas eras tu, homem meu igual, meu guia e meu íntimo amigo. Consultávamos juntos suavemente, e andávamos em companhia na casa de Deus. A morte os assalte, e vivos desçam ao inferno; porque há maldade nas suas habitações e no meio deles. Eu, porém, invocarei a Deus, e o Senhor me salvará.Salmos 55.10-16
 
      O que anda com temor a Deus o tempo todo não é pego de surpresa pelo mal, contudo, o benigno de coração pode ser surpreendido pelo homem mau. Homem de bem espera sempre o bem, principalmente de próximos, e mais ainda de familiares, contudo, ainda assim pode ser pego de surpresa por uma intenção ruim, escondida há tempo no coração do outro. Surpreender-se demais pode ser falta de sabedoria, ingenuidade irresponsável, mas nunca se surpreender, principalmente com a maldade alheia, pode ser só malícia. Quem é mau e faz o mal também espera sempre o mal dos outros, não confia em ninguém, está sempre com um pé atrás, esperando que o outro faça a ele o que ele faz aos outros. 
      O filho justo de Deus anda na sabedoria, nela há equilíbrio, que protege do mal, mas que espera o bem ainda da pessoa mais má, assim, não fique triste demais se for traído por alguém que não achava que te trairia. Não sofra demais se descobrir que alguém próximo, para quem você sempre quis o melhor, na verdade sempre te tratou com desconfiança, com inveja, mais desejando teu mal que teu bem, ainda que escondendo isso. Ore pela pessoa, do fundo do teu coração, abençoe-a com todas as tuas forças, perdoando-a e desejando a ela bênçãos em todas as áreas de sua vida, afetiva, profissional, espiritual, financeira. Contudo, aprenda com a experiência, não para ser desconfiado, mas para ser prudente. 
      Sobre injustiças, perseguições e traições vou compartilhar algo, você não precisa concordar, é algo pessoal que aprendi na vida. Não penso que existam injustos, perseguidores ou traidores, penso que os que agem assim têm algum motivo para isso, autorizado por Deus, que me é misterioso e que devo respeitar. Isso não faz com que eu pense que o mal vence, ou com que me sinta vítima que merece sofrer e que deve aceitar o mal com resignação, mas leva-me a entender que injustos, perseguidores e traidores não detêm o poder, não para sempre. O poder pertence a Deus, Deus cria e destrói, dá vida e a tira, autoriza o mal e o bem, assim, invoco a Deus, que no momento certo me redime e faz justiça. 
      Quando focamos demais no homem mau, damos poder a ele. Quando queremos que ele colha pela maldade que está fazendo, ainda que isso seja justo, nós o enaltecemos, e não tem nada que o mal mais queira que reconhecimento, isso pode importar até mais que o efeito direto e material da maldade. Como justos que confiam em Deus o mal pode nem nos atingir externamente, somos protegidos das obras das trevas pela luz, mas as trevas podem ter vitória sobre nós em nosso interior, não prejudicando nossa vida material, mas deixando-nos oprimidos. Isso é glorificar não a obra má, mas a própria maldade, por isso é importante entregarmos nas mãos de Deus o mal e exaltarmos o poder do Senhor. 
      O homem mau não precisa saber por nós de sua maldade, quanto menos informação ele tiver, menos o mal será glorificado. Isso é ver certas injustiças, perseguições e traições, não só como obras de homens, mas como simpatias a interferências espirituais maléficas, que influenciaram o maldoso que lhes deu abertura e que querem a glória por terem participado do mal. Reagir do jeito errado pode até calar o homem, mas não parará a ação de maus espíritos, que depois podem voltar a atormentar o homem mal para que faça maldades de novo. Se reagirmos do jeito certo, pondo o assunto diante do poder de Deus, calaremos mais que o homem, anularemos o temporário poder de espíritos maus. 

11/05/22

Alegria maior de Deus pai

      “Compra a verdade, e não a vendas; e também a sabedoria, a instrução e o entendimento. Grandemente se regozijará o pai do justo, e o que gerar um sábio, se alegrará nele.Provérbios 23.23-24

      Deus tem amor para estender a mão, curar o doente e fraco e levanta-lo, assim como tem paciência em segurar a mão do filho ainda criança e levá-lo pelo caminho. Contudo, o Senhor tem ainda mais prazer ao ver que o filho está curado, forte e amadurecido, para poder caminhar sozinho, não pela mão que vê, mas pela fé. Ainda assim o Senhor estará perto, Deus sempre está perto, mas sempre numa distância adequada, para a percepção humana, para que o filho crescido trabalhe pela fé e prossiga com as próprias forças, crescendo e se tornando mais forte espiritualmente.
      As primeiras coisas sempre são apresentadas por Deus de forma mais óbvia, mesmo física, de um jeito visível, material. Por isso Jesus fez tantos milagres físicos em sua passagem como homem quando inaugurou seu ministério, para despertar seres humanos ainda imaturos, moral, intelectual e espiritualmente infantis. Para iniciarmos nossas jornadas Deus muitas vezes usa de iscas para nos atrair, mesmo para que façamos escolhas importantes de nossas vidas, como profissão e casamento. Fracos e crianças precisam de uma atenção especial, mas que é exceção, não regra. 
      Depois que recebemos as primeiras coisas nos cabe trabalhar. Hoje, pelo Espírito Santo, Deus chama a todos para as coisas espirituais mais profundas, essas não curam só o corpo, mas o espírito, essas curas não são realizadas de forma aparentemente milagrosa. Deus não fará “milagres” físicos, que só parecem sobrenaturais, para sempre, agora temos a ciência que pode explicar e resolver muitos problemas. O trabalho hoje e para o futuro é para aperfeiçoamento moral, isso exige do homem persistente trabalho de fé no tempo, para que haja evolução do espírito. 
      Deus sorri para os seres humanos aguardando que esses sejam atraídos a ele como adultos espirituais, num trabalho de busca de virtudes morais. Quando isso ocorrer haverá justiça e igualdade no mundo, portanto respeito para todos, fim de preconceitos e do sofrimento de tantos que não têm nem o que comer. As guerras acabarão, porque para isso basta que um lado seja humilde e pratique a caridade, ditadores e terroristas têm espaço no meio da pobreza e da ignorância, cessem esses males e eles definharão sozinhos. O Pai espera para se alegrar com filhos crescidos. 

10/05/22

Para ter e manter

      “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. 
      Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.
      Não são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento espalha. Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos. Porque o Senhor conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos ímpios perecerá.” 
Salmos 1

      Orgulho, inveja, desonestidade, falso poder, vaidade e queda, eis o processo do homem que adquire algo sem base moral. Aquele que não é humilde e não teme a Deus invejará o que não pode ter, e se não pode ter, obterá o que quer de forma desonesta, pois o fará desobedecendo o melhor de Deus para sua vida. Quem ganha algo dessa forma poderá até ser discreto por um tempo, mas num determinado momento não resistirá, não lhe bastará usufruir, terá que exibir aos outros, assim será vencido pela vaidade. 
      Quem se mostra por vaidade é invejado por outros orgulhosos que não temem a Deus e que também desejam o que não podem ter, dessa forma quem começou errado, terminará errado, traído, condenado e despojado por pares. Para ter é preciso a intenção certa e o trabalho adequado, mas o que mantém de pé o que se constrói são virtudes morais. Para manter é preciso conservar-se humilde, reconhecendo limites e respeitando quem não tem, senão será presa da vaidade. O vaidoso não quer ser feliz, quer ser deus. 
      A vaidade, ainda que seja para exibir algo que se conquistou honestamente, conduz ao engano de achar que não basta o usufruto do que se tem, mas que se precisa ter também adoração dos outros pelo que se tem. Adoradores obrigados não podem dar uma veneração sincera, invejarão, odiarão até que destruírem os falsos deuses que os subjugaram. Quem inveja será invejado, quem se constrói desonestamente acabará destruído por desonestos, e mesmo que comece certo, se for presa da vaidade porá tudo a perder.  
      “Será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo, as suas folhas não cairão”, esse trecho do salmo um define o processo de vida do humilde e que teme a Deus. Sua existência é simples mas plena, harmoniosa e bela, numa perfeita interação da matéria com o espírito, do homem com Deus. Para esse nada falta porque suas raízes estão próximas às vivas águas do Espírito Santo, ele sabe o tempo certo de plantar e de colher, para trabalhar e para usufruir, sempre na humildade.  
      Algo maravilhoso está na frase “tudo quanto fizer prosperará”, isso não significa ser rico aos olhos dos homens, não, o que é humilde e teme a Deus vence o orgulho, a inveja e a vaidade, sabe quando Deus manda que ele faça algo, e o que Deus orienta a fazer sempre dá certo. Ninguém se engane, “o Senhor conhece o caminho dos justos, porém o caminho dos ímpios perecerá”, quem se constrói baseado no que os homens pensam e valorizam não se manterá de pé. Deus sabe muito bem quem é justo e quem não é. 

09/05/22

Deus não se esquece de nós

      “Porém Sião diz: Já me desamparou o Senhor, e o meu Senhor se esqueceu de mim. Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim. Os teus filhos pressurosamente virão, mas os teus destruidores e os teus assoladores sairão do meio de ti.Isaías 49.14-17

      Quanto consolo nos dá esse trecho dos registros de Isaías, ele começa com um entendimento ingrato e injusto que tantas vezes temos de Deus, achamos que ele se esqueceu de nós, de tão grande que às vezes é nossa dor. O Espírito Santo, inspirando o profeta, responde citando um amor que todos nós podemos entender muito bem, o de nossas mães por nós. Muitos se esquecem de nós e nos julgam mal, mas aquelas que nos criam como filhos, que necessariamente não precisam ser nossas mães biológicas, nunca se esquecem e sempre pensam bem de nós. Contudo, o Espírito Santo vai além, ainda que uma mãe se esqueça, Deus não se esquece, o amor de Deus supera até o singular amor de mãe.
      Isaías faz então um registro lindo, “nas palmas das minhas mãos eu te gravei”, Deus diz com isso que estamos marcados de tal maneira nele que ele nunca poderá se esquecer de nós. As palmas das mãos nos remete a muitos entendimentos, um deles é que são partes dos membros que usamos para fazer muitas coisas, ainda que impedidos de andar, estenderemos os braços e usaremos as mãos para entregar o alimento ou acarinhar um filho. As palmas podem ser protegidas, basta fecharmos as mãos, assim Deus é rápido para nos ajudar como para nos proteger. Mas as palmas das mãos são as partes de nossas corpos que vemos com facilidade, assim Deus não se esquece de nós, nos vê o tempo todo bem de perto. 
      “Teus muros estão continuamente diante de mim”, muros eram proteções das cidades, num tempo em que guerras eram modo de conquistar e manter poder no mundo, eram o último bastião entre um povo e seus inimigos. Mas do que adiantam muros se Deus está longe porque o homem se afastou dele? As muralhas mais sofisticadas e resistentes cairão como castelos de areia à beira-mar, mas mesmo as mais simples e delicadas resistirão a tudo, estando diante do Senhor. “Teus filhos pressurosamente virão, mas os teus destruidores e os teus assoladores sairão do meio de ti”, que se aproximem de nós os homens de bem, nossos verdadeiros irmãos, que se afastem os violentos e falsos, somos amados de Deus. 

08/05/22

Deus não retarda a promessa (6/6)

      “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.II Pedro 3.8-10

      Juízo final, fim do mundo, últimos tempos, destruição do planeta, terceira guerra mundial, quando tudo isso acontecerá? No que isso interfere ou interferirá em nossas vidas? Estamos preparados para isso, seja lá o que for e quando for? Confesso que minha fé não é do tipo que aceita muitas profecias bíblicas para o futuro como predizendo acontecimentos ao pé da letra. Considero, sim, cada palavra bíblica com muito respeito, mas com cuidado, procurando sempre aprender com o princípio atemporal contido na palavra, o que de fato interfere em minha vida prática no mundo hoje, assim como em minha qualidade moral que preciso levar à eternidade. O texto bíblico inicial nos ensina várias coisas com relação ao juízo final. 
      “Um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia”, que mistérios há nessa afirmação. Muitos não esperam o fim do mundo, desejam-no, mas não pelos motivos melhores segundo a vontade de Deus. Muitos estão ansiosos pelos últimos tempos, mas esses talvez não saibam de fato o que estão desejando, não entendem a seriedade do assunto, se entendessem não quereriam tanto isso. Apressar o juízo é diminuir o tempo que a humanidade tem para se acertar com Deus, talvez quem queira o fim do mundo ache que já está preparado, e que se outros não estão, então, o problema é deles, que não aproveitaram suas oportunidades. Mas será que cristão genuíno, amoroso, humilde, temente a Deus, deve pensar assim? 
      Aos crédulos e sem sabedoria a palavra diz, mil anos é como um dia, aos incrédulos e materialistas a palavra diz, um dia é como mil anos. Eu tenho fé para crer num Deus perfeito que faz perfeitamente tudo, e isso para cada um dos filhos que criou, e considero todos os seres humanos criados como filhos de Deus. Assim, o tempo demorará ou se apressará dependendo do que cada filho precisa para ser amigo de Deus, essa, sim, uma relação especial com Deus, que vivem os que escolhem viver, crendo em Jesus e praticando obras em amor. Vou compartilhar um sentimento muito pessoal, você não precisa concordar com ele, creio que juízo final, fim do mundo, últimos tempos, destruição do planeta se referem a coisas diferentes. 
      Eventos diferentes acontecem em tempos e em planos diferentes. Certos encerramentos ocorrem no plano espiritual e é diferente para cada ser humano que morre no mundo e passa para a eternidade. Já outros encerramentos ocorrerão no planeta Terra, mas num futuro mais distante, e pegarão a humanidade preparada. Em “o Senhor é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se”, está o juízo pelo qual todos nós passaremos na eternidade após morte no plano físico. Mas em “os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão”, está um juízo planetário e físico, que ocorrerá uma única vez. 
      Na verdade penso ser perda de tempo estudiosos usarem tanto tempo especulando sobre palavras, que se tiveram origem no Espírito Santo, foram entendidas por homens do passado. Por mais que muitos não aceitem, muitas profecias bíblicas já se cumpriram. Creio que o mais importante para nós hoje está em “o Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia” e “o dia do Senhor virá como o ladrão de noite”. Essas exortações nos dizem uma coisa: estejamos preparados sempre. Aos ansiosos digo: as coisas não serão como muitos cristãos protestantes e evangélicos acham que serão, e se querem saber, a terceira guerra já começou, muitos não perceberam e estão sendo usados pelo lado que vai perder. 
      Guerras para conquista de territórios geográficos hoje são feitas com teleguiados, dessa forma há menos contato homem a homem. Mas guerras também são ganhas restringindo-se direitos econômicos do inimigo, limitando e impedindo que o dinheiro se movimente. Contudo, temos a guerra virtual, onde o campo de batalha é a internet, nesse embate fazer ataques hackers contra sites inimigos impede a comunicação, da qual o mundo tanto depende hoje. No campo virtual guerras são feitas com informações, mentira ou fake news é arma mais eficiente que a verdade, onde se diz o que se quer dizer para manipular pessoas. Muitos têm sido conquistados e abatidos em redes sociais, achando que estão sabendo e lutando pela verdade. 
      Sei que muitos cristãos não vão entender, nem concordar, mas me entristece ver congregações entrarem em êxtase quando pregadores falam: Jesus está voltando. Se soubessem de fato o que nos será cobrado no juízo não desejariam isso com tanto entusiasmo. Mas não é só emocionalismo infantil que é evidenciado na reação de tantos evangélicos diante de uma iminente volta de Jesus, é um desvio tremendo das prioridades ensinadas pelo Cristo em sua vinda no século I. O que faria feliz o Espírito de Deus seria evangélicos demonstrarem o mesmo entusiasmo quando fosse dito: vamos amar o próximo, os diferentes, as minorias, os homoafetivos, e vamos ajudar materialmente famintos e sofredores mesmo sem serem cristãos. 
      Uma última palavra sobre “o Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia”, não mais sobre assuntos escatológicos, mas sobre nossos lutas diárias neste mundo diante de tantas dores. Não se desespere, nem perca o ânimo, tenha esperança no Deus que conhece teus limites, que vê toda injustiça que você suporta do jeito certo, calado e sem construir mágoas e vinganças dentro ti. O que o Senhor te prometeu ele cumprirá, em breve, teu tempo de alegria está próximo, mantenha-se humilde, e quando Deus te exaltar, seja mais humilde ainda. Aprenda a lição, seja alguém melhor por dentro, o mundo passa, o planeta passará, os poderosos serão humilhados, mas os que confiam em Deus serão honrados.

07/05/22

Não nos iludamos com o mundo (5/6)

      “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio de dores.Mateus 24.6-8

      Depois da segunda guerra mundial, encerrada em 1945, a criação da Onu, da Otan, e de outros tratados mundiais, nos deram uma sensação de vida civilizada, ao menos em grande parte do mundo. A queda do muro de Berlim e a dissolução da URSS, a partir do final dos anos 1980, pareceram ter encerrado a guerra fria. A economia se tornou campo de batalha mais interessante, levando mesmo a China, ainda que comunista, a ser uma nação poderosa economicamente. Mesmo que extremistas muçulmanos estejam à margem dessa vibe civilizatória, internet e outros meios de compartilhamento de informações, tornaram cada ser humano um cidadão do mundo, anulando fronteiras, prevalecendo globalismo sobre nacionalismo. 
      A invasão da Ucrânia pela Rússia, contudo, virou o mundo de cabeça para baixo, as regras civilizatórias que custaram tão caro foram esquecidas, uma nova e muito pior guerra nuclear nos ameaça (escrevo este texto em 6/03/22, 10º dia da guerra). Como cidadãos do presente achamos que já havia se passado muito tempo no planeta em uma situação de relativa paz, mas se olharmos para traz na história veremos que setenta e sete anos, tempo desde o fim da segunda guerra mundial, não é tão grande. O mundo nunca passa muito tempo em paz, sempre uma nova guerra aparece, assim, não nos iludamos achando que vivemos um tempo mais evoluído, quando já conseguimos manter uma humanidade civilizada e sem grandes conflitos. 
      Novas guerras são novas oportunidades para se vender armas, se isso acontecesse há cem anos atrás seria grave, mas hoje um agravante maior é adicionado a guerras como oportunidades para homens gananciosos e desumanos ganharem dinheiro. A grana que os países gastam para comprarem armas faltará para cuidar do planeta, para desenvolvimento de combustíveis não poluentes, para busca de alternativas que não destruam flora e fauna. Hoje o planeta está com tempo contado para entrar numa situação, que se não for irreversível, demorará muito tempo para se reverter de forma natural, cientistas já previnem sobre o aquecimento global. A guerra maior é contra a natureza e para essa os seres humanos estão perdendo. 
      Essa modernidade, que por algum tempo achamos ter sido um degrau de evolução que o homem tinha finalmente alcançado, parece que foi só ilusão, infelizmente o ser humano ainda tem muita crueldade para lançar contra seus semelhantes. Interessante como conflitos terríveis são disparados por poucos homens, que não vão a campos de batalha para matar e morrer, quem mata e morre são jovens e inocentes, que muitas vezes nem sabem porque estão lutando, guerreiam baseados em narrativas mentirosas inventadas pelos líderes. Quem mata jovens ucranianos? Jovens russos. A verdade é que não há inocentes, situações terríveis são permitidas por Deus por motivos justos, líderes são mantidos pelos cidadãos de seus países. 
      Sempre que falo sobre fim do mundo gosto de frisar alguns pontos. As descrições bíblicas não devem ser interpretadas ao pé da letra. Os registros são de homens em contextos históricos antigos, interpretando uma experiência espiritual com mentes, olhos e ouvidos antigos. Muitas profecias podem já ter se cumprido. Certos processos históricos são repetitivos no mundo, independe do tempo, assim temos que nos atentar ao que é diferente hoje que possa tornar nosso conceito de fim de mundo mais legítimo que os conceitos que homens de outros tempos tinham. Hoje temos três diferenciais: grande população da Terra, uma planeta exaurido de recursos naturais, e desenvolvimento cientifico e de comunicação superiores. 
      Por que não podemos nos iludir com o mundo? Porque a variável que pode definir o fim do mundo não está na maldade do coração do homem, mas no planeta, quem clama por justiça, até de forma mais impactante que o ser humano, é a Terra. O mundo, no sentido do lugar onde o mal e a matéria têm algum poder, não mudou, não ainda, mas o planeta, o campo físico que Deus nos oferece para que nos aperfeiçoemos, esse está chegando num ponto crítico. Muitos cristãos, baseados numa interpretação antiga da Bíblia, tentam ver o fim do mundo só como uma grande guerra, não se atentam ao planeta, justamente porque isso não era preocupação do homem antigo que escreveu a Bíblia em que esses cristãos creem. 
      Contudo, tenhamos esperança, se líderes e povos como nações estão querendo o pior, a iniciativa para uma mudança surpreendente pode partir do indivíduo, que num mundo globalizado, tendo a internet como arma, talvez possa ter voz mais alta que líderes loucos com suas ogivas nucleares. Eis outra coisa que profetas e escatológicos não previram e que tem tudo a ver com a verdade espiritual maior: na eternidade não seremos de um povo ou de uma nação, mas espíritos de Deus, e os que creram e trabalharam pela justiça e santidade ainda no mundo serão atraídos para o céu, as regiões espirituais mais elevadas em Cristo. Não nos iludamos com o mundo, mas acreditemos no amor do indivíduo que faz escolhas pela paz. 

06/05/22

Tenha coragem para sair (4/6)

      “Naquele tempo, a voz dele abalou a terra, mas agora ele promete, dizendo: "Mais uma vez eu farei tremer não só a terra, mas também o céu”. Ora, as palavras "mais uma vez" significam a remoção dessas coisas abaladas, ou seja, das coisas criadas, para que permaneçam as coisas que não podem ser abaladas. Por isso, recebendo nós um Reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e temor.Hebreus 12.26-28

      Numa iminente possibilidade de guerra, onde um inimigo de outro país estivesse vindo invadir seu país, o que você faria? Ficaria, esperando que por algum motivo a guerra terminasse, antes de chegar até você? Ficaria pronto para lutar, matar ou morrer? Ou fugiria de seu país, deixando tudo para trás? Na reflexão anterior, “Tenha coragem para mudar”, refletimos sobre uma situação parecida, mas sobre outro ponto de vista, nesse texto defendi a necessidade de reação, mas para mudar uma situação interna de uma pais, havendo um conflito dentro do próprio país. Nesta reflexão o ponto é um ataque externo, numa hipótese em que não poderíamos mudar uma situação, onde a situação estivesse fora de nosso controle individual.
      Serei honesto, matar é uma situação inadmissível para mim, a não ser na condição extrema onde tivesse que salvar meus próximos da morte. Mas antes disso acontecer eu com certeza fugiria, largaria bens e pátria para não matar alguém. Penso que muitos podem não concordar comigo, muitos, que pelo menos na teoria, se dizem patriotas, podem se escandalizar com meu posicionamento, mas o que me dá paz para pensar assim é uma certeza. Gosto do meu país, ainda que sempre tenha me sentido cidadão do mundo, morei em mais de um estado no Brasil e em quase uma dezena de cidades. Talvez por isso, não seja muito preso a certas coisas e solto para outras. Mas existe um motivo maior, uma convicção espiritual, não terrena.
      Creio que a vocação espiritual mais alta que Deus dá ao ser humano seja para evoluir moralmente, praticar santidade e amor, nisso não cabe qualquer espécie de conflito, que não seja interior, nós contra nossas vaidades e prazeres egoístas. Guerras físicas, posse de armas, tirar a vida de um ser humano, não fazem parte da nova aliança do evangelho em Cristo para o homem hoje. Por isso me posiciono contra, político ou cristão, que defenda posse de armas, e pior, uso delas. Alguém pode argumentar: “você diz isso porque nunca teve sua vida ou as vidas de pessoas que ama correndo risco de morte”. Eu respondo: será que Deus não é grande e amoroso o suficiente para livrar os que nele confiam de riscos terminais? 
      A impressão que às vezes tenho é que existem muitos, aparentemente vivendo na sociedade e mesmo em igrejas, com tranquilidade, sendo bons cidadãos e religiosos fiéis, que por dentro estão a ponto de explodir, querendo só uma desculpa para serem agressivos e vingativos. O politico de direita, que apareceu nos últimos anos no Brasil, dizendo-se defensor de valores conservadores de família cristã, parece que foi a oportunidade para muitos evangélicos e protestantes jogarem para fora rancores e recalques não devidamente resolvidos em Deus. A esses eu temo, pergunto que posição tomariam numa guerra iminente, agiriam sob os ensinos de Jesus, como cidadão do reino espiritual de Deus, ou só como assassinos? 
      Se em muitas coisas devemos ter coragem para ficar, lutar e mudar uma situação, em outras coisas devemos ter coragem para sair, para fugir, para não dar murros em pontas de facas, isso para mantermos nossa integridade moral, para não mudarmos o que deve ser eterno em nós. Saber quando entrar e quando sair, quando mudar e quando não mudar, só sabe quem tem uma vida na santidade e na liberdade do Espírito Santo. Legalistas, religiosos, conservadores, ociosos, dependentes de aprovação de homens, religiosões e tradições, terão mais dificuldade para saber quando fazer a melhor escolha, aquela que antes de tudo é o melhor de Deus para suas vidas, e que nunca vai contra valores mais altos e eternos. 
      Certas guerras já nasceram perdidas, simplesmente porque nunca tiveram aprovação de Deus. Guerras físicas e exteriores não é o melhor de Deus, assim precisamos ter coragem e nos afastarmos delas. No texto bíblico inicial "as palavras "mais uma vez" significam a remoção dessas coisas abaladas, ou seja, das coisas criadas, para que permaneçam as coisas que não podem ser abaladas”. Não temamos guerras de homens, fim do mundo, viradas na história, é Deus permitindo-nos ver que o plano físico não é confiável, é passageiro e enganoso. A passagem acima também diz, “recebendo nós um Reino inabalável, retenhamos a graça”, nosso reino é espiritual e inabalável, por esse devemos lutar dentro de nós pela graça de Deus. 
      Mas o texto bíblico inicial revela mistérios sobre o futuro que vão além de prioridades que devem ter os que querem conhecer e obedecer a Deus hoje. Em remoção das coisas abaladas para que permaneçam as coisas que não podem ser abaladas, está contido o propósito maior de Deus para todos os seres e todos os universos, tanto no plano físico quanto no espiritual. O movimento do amor de Deus é para espiritualizar os homens, assim, no final, o puramente espiritual prevalecerá sobre o material. Mas isso não é motivo para desprezarmos o planeta, a natureza a vida animal. Deus usa a matéria para nos aperfeiçoar, assim, deixemos um mundo melhor para filhos, netos e outros, que também terão que andar com Deus nesta Terra.