sábado, maio 07, 2022

Não nos iludamos com o mundo (5/6)

      “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio de dores.Mateus 24.6-8

      Depois da segunda guerra mundial, encerrada em 1945, a criação da Onu, da Otan, e de outros tratados mundiais, nos deram uma sensação de vida civilizada, ao menos em grande parte do mundo. A queda do muro de Berlim e a dissolução da URSS, a partir do final dos anos 1980, pareceram ter encerrado a guerra fria. A economia se tornou campo de batalha mais interessante, levando mesmo a China, ainda que comunista, a ser uma nação poderosa economicamente. Mesmo que extremistas muçulmanos estejam à margem dessa vibe civilizatória, internet e outros meios de compartilhamento de informações, tornaram cada ser humano um cidadão do mundo, anulando fronteiras, prevalecendo globalismo sobre nacionalismo. 
      A invasão da Ucrânia pela Rússia, contudo, virou o mundo de cabeça para baixo, as regras civilizatórias que custaram tão caro foram esquecidas, uma nova e muito pior guerra nuclear nos ameaça (escrevo este texto em 6/03/22, 10º dia da guerra). Como cidadãos do presente achamos que já havia se passado muito tempo no planeta em uma situação de relativa paz, mas se olharmos para traz na história veremos que setenta e sete anos, tempo desde o fim da segunda guerra mundial, não é tão grande. O mundo nunca passa muito tempo em paz, sempre uma nova guerra aparece, assim, não nos iludamos achando que vivemos um tempo mais evoluído, quando já conseguimos manter uma humanidade civilizada e sem grandes conflitos. 
      Novas guerras são novas oportunidades para se vender armas, se isso acontecesse há cem anos atrás seria grave, mas hoje um agravante maior é adicionado a guerras como oportunidades para homens gananciosos e desumanos ganharem dinheiro. A grana que os países gastam para comprarem armas faltará para cuidar do planeta, para desenvolvimento de combustíveis não poluentes, para busca de alternativas que não destruam flora e fauna. Hoje o planeta está com tempo contado para entrar numa situação, que se não for irreversível, demorará muito tempo para se reverter de forma natural, cientistas já previnem sobre o aquecimento global. A guerra maior é contra a natureza e para essa os seres humanos estão perdendo. 
      Essa modernidade, que por algum tempo achamos ter sido um degrau de evolução que o homem tinha finalmente alcançado, parece que foi só ilusão, infelizmente o ser humano ainda tem muita crueldade para lançar contra seus semelhantes. Interessante como conflitos terríveis são disparados por poucos homens, que não vão a campos de batalha para matar e morrer, quem mata e morre são jovens e inocentes, que muitas vezes nem sabem porque estão lutando, guerreiam baseados em narrativas mentirosas inventadas pelos líderes. Quem mata jovens ucranianos? Jovens russos. A verdade é que não há inocentes, situações terríveis são permitidas por Deus por motivos justos, líderes são mantidos pelos cidadãos de seus países. 
      Sempre que falo sobre fim do mundo gosto de frisar alguns pontos. As descrições bíblicas não devem ser interpretadas ao pé da letra. Os registros são de homens em contextos históricos antigos, interpretando uma experiência espiritual com mentes, olhos e ouvidos antigos. Muitas profecias podem já ter se cumprido. Certos processos históricos são repetitivos no mundo, independe do tempo, assim temos que nos atentar ao que é diferente hoje que possa tornar nosso conceito de fim de mundo mais legítimo que os conceitos que homens de outros tempos tinham. Hoje temos três diferenciais: grande população da Terra, uma planeta exaurido de recursos naturais, e desenvolvimento cientifico e de comunicação superiores. 
      Por que não podemos nos iludir com o mundo? Porque a variável que pode definir o fim do mundo não está na maldade do coração do homem, mas no planeta, quem clama por justiça, até de forma mais impactante que o ser humano, é a Terra. O mundo, no sentido do lugar onde o mal e a matéria têm algum poder, não mudou, não ainda, mas o planeta, o campo físico que Deus nos oferece para que nos aperfeiçoemos, esse está chegando num ponto crítico. Muitos cristãos, baseados numa interpretação antiga da Bíblia, tentam ver o fim do mundo só como uma grande guerra, não se atentam ao planeta, justamente porque isso não era preocupação do homem antigo que escreveu a Bíblia em que esses cristãos creem. 
      Contudo, tenhamos esperança, se líderes e povos como nações estão querendo o pior, a iniciativa para uma mudança surpreendente pode partir do indivíduo, que num mundo globalizado, tendo a internet como arma, talvez possa ter voz mais alta que líderes loucos com suas ogivas nucleares. Eis outra coisa que profetas e escatológicos não previram e que tem tudo a ver com a verdade espiritual maior: na eternidade não seremos de um povo ou de uma nação, mas espíritos de Deus, e os que creram e trabalharam pela justiça e santidade ainda no mundo serão atraídos para o céu, as regiões espirituais mais elevadas em Cristo. Não nos iludamos com o mundo, mas acreditemos no amor do indivíduo que faz escolhas pela paz. 

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