quarta-feira, dezembro 12, 2018

12. Provando espíritos: anjos ou demônios? (Parte 12 de 17)


12. Provando espíritos: anjos ou demônios?

       “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.

Gálatas 1.8-9


      Ainda que um anjo anuncie algo diferente do evangelho original, com adições ou subtrações à doutrina, principalmente da principal, aquela que é o centro da Bíblia e diz respeito à salvação exclusiva e total pelo nome de Jesus Cristo, seja maldito. Na tradição judaica-cristã “anátema” é algo muito sério, recortei o texto a seguir:

      “Anátema (do grego antigo ἀνάϑημα, "oferta votiva" e, depois, ἀνάϑεμα, "maldição"; derivadas de ἀνατίϑημι, "dedicar") era, na Grécia Antiga, uma oferenda posta no templo de uma deidade, constituída inicialmente por fruta ou animais e, posteriormente, por armas, estátuas, etc. Seu objetivo era agradecer por uma vitória ou outro evento favorável. 

      No catolicismo, é a maior e a pior sentença de excomunhão da Igreja, onde o anátema, além de ser expulso da igreja com todos seus ritos eucarísticos e todas as atividades voltadas ao fiéis, ainda é considerado como amaldiçoado pelo sacerdote. Os anátemas acontecem em celebrações públicas e são feitas por pontífices maiores, como bispos e cardeais. Em algumas tradições cristãs existem ritos específicos para o anátema. O anátema é o mais severo caso de excomunhão, ocorrendo somente nos piores casos possíveis de heresia contra a fé.

      O célebre caso bíblico é o de Saul que invade os amalequitas, mas acaba (com o apoio do povo ou sob a pressão deste) poupando a vida de Agag e da melhor parte do gado dos amalequitas, ato que Deus condena e informa a Samuel que informa o rei Saul (uma vez que ele mente dizendo que iria sacrificá-los para Deus), sendo rejeitado como rei e abrindo portas para Davi assumir o Reino.

 Fonte Wikipedia


      “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo.”

I João 4.1-3
 
      O texto de I João 4 é uma orientação aos cristãos contemporâneos do apóstolo João com relação a uma heresia específica daquele momento, assim, usar o texto ao pé da letra para identificar todo tipo de desvio doutrinário não é o mais adequado. Pedir para o endemoniado confessar ou perguntar a ele se Jesus veio em carne, pode não servir para saber se ele está possuído, o endemoniado pode responder de forma correta sem nenhum desconforto para o demônio. Quanto mais um pregador herege ou falso profeta, esses podem ensinar isso de forma correta, mas distorcerem a palavra em outros aspectos na prática mais importantes. Aliás, como usamos textos bíblicos para estabelecer regras atemporais e gerais, sem entendermos que muitos deles se referem só à cultura, sociedade e moral do tempo em que foram escritos. Isso é mais que conhecer contexto histórico, como tantos pregadores batem no peito dizendo conhecer, mas isso é conhecer a vontade de Deus para toda a humanidade e sempre.
      O amor de Deus, à santidade e ao homem, é sempre atemporal, quem conseguir entender o equilíbrio desses valores começará a conhecer o coração de Deus. Contudo, aquele que olha só para um deles, errará, ou por considerar a santidade Deus injustamente exigente, ou por desconsiderar a importância do pecado do homem. Olhando certo entenderemos que em tudo que Deus permitiu que ficasse registrado no cânone bíblico de sessenta e seis livros da Bíblia protestante, há um ensino atemporal, que sob a interpretação do vivo e sempre atual Espírito Santo pode nos dar orientações importantes sobre um assunto, seja lá qual for o nosso tempo. No caso do texto de I João 4 a lição é sobre um fundamento da obra redentora de Cristo, ela teve o poder que tem porque o cordeiro de Deus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou sem pecado, mesmo que em carne e sujeito a todas as tentações humanas. Se ele tivesse existido em forma espiritual, a salvação não teria funcionado como sacrifício a Deus pelos homens. A verdade é que só em vigilância realmente no altar de Deus, ouvindo o Espírito Santo e buscando em Jesus lucidez para entender sua vontade, podemos discernir as estratégias do mal, muitas vezes disfarçadas de bem, de bíblico, de espiritual.
      Aos que se permitem provar os dons espirituais, que dão liberdade para o Espírito Santo se manifestar através de seus espíritos, almas e corpos, no dom de línguas estranhas, tradução de línguas estranhas, profecia, visão, discernimento, é importante também provar a manifestação. Em primeiro lugar entrando na presença de Deus do jeito certo, como refletimos nas duas primeiras partes deste estudo, em nome de Jesus e santos, em segundo lugar verbalizando isso, assim, “dou autoridade para o Espírito Santo se manifestar com línguas e outros dons, em nome de Jesus”. Muitas vezes começamos a falar em línguas estranhas de forma tão mecânica e nos esquecemos da seriedade e santidade da experiência que estamos tendo, tomemos muito cuidado com isso. Quem manifesta os dons sem estar com a vida acertada com o Deus corre risco de manifestar falso espírito, profetizar na carne, em última instância, ser ferramenta do mal e não do bem. Não me refiro à possessão demoníaca, o salvo selado com o Espírito Santo não fica endemoniado, mas pode falar por si, pela sua alma e não por Deus. Por outro lado, endemoniados e oprimidos podem falsificar os dons, mesmo falar em línguas estranhas, mas pelo diabo, não por Deus.
      Sabiamente, Deus não permitiu que muitos detalhes fossem dados sobre os seres espirituais, sejam os do bem, sejam os do mal, eles são apenas coadjuvantes. Com certeza são administrados diretamente por Deus e não cabe a nós, homens, termos qualquer comunicação ativa com eles. Orar ao “anjo da guarda” pedindo proteção é heresia doutrinária, impossibilidade espiritual e um grande risco de se comunicar com espíritos malignos enganadores. Infelizmente, como tem se levantado adoradores de anjos, que mesmo que sejam esotéricos de butique, que se apegam mais às figuras e imagens romantizadas dos anjos e pouco sabem sobre anjos de fato, ainda assim seguem ao mal e não ao bem. Ordenar a anjos que façam isso ou aquilo, não existe base bíblica para isso, nunca senti tal orientação do Espírito Santo, assim, se for o caso, oremos a Deus pedindo que se for a sua vontade, ele envie os anjos para lutarem espiritualmente por nós e nossos próximos. Sobre anjos, a palavra final é: deixe esse assunto com Deus, o evangelho, a Bíblia, o Espírito Santo não nos autoriza a nos comunicarmos diretamente com eles, em nenhum caso! 
      Tenhamos cuidado também com algumas linhas “pedagógicas” que ensinam às crianças técnicas de relaxamento, levando-as a sentarem-se, fecharem os olhos e mentalizarem locais tranquilos, começa assim, mas logo em seguida são orientadas a chamarem um guia, uma entidade, um anjo protetor. Mesmo que Deus guarde os inocentes e saiba quem os quer conhecer de fato, esse tipo de “meditação a anjos”, objetivamente, não leva à comunhão com Deus por Jesus. Todavia, em médio e longo prazo pode levar à comunicação com demônios, que para as crianças são apresentados como singelos e bucólicos anjos. Falso é o conceito de escola laica, ele proíbe oração cristã, mas incentiva ioga e meditação como a descrita. Isso não significa que Deus não nos envie anjos, para nos proteger e mesmo para nos entregar mensagens especiais, contudo, se em visão ou em sonho um anjo nos visitar, os provemos. Em sonho, geralmente estamos no estado entre dormindo e acordado, e geralmente despertamos com a experiência, mas quando acordarmos e nos lembrarmos do sonho, em voz audível, e não necessariamente alta, expulsemos, caso ele não seja um anjo de Deus, oremos desta maneira, “se você não for um anjo enviado por Deus, eu o expulso em nome de Jesus”. É importante que isso seja feito, o diabo é astuto, mas com os filhos e amigos de Deus, se uma experiência assim ocorre, é realmente de Deus. 
      Qual a diferença entre anjos e demônios? A diferença é antes sentida, contudo, pela fé também vista, o mundo espiritual tem outras referências que não as dimensões percebidas pelo corpo físico, olhos, ouvidos e tato. Assim anjos são altos e definidos, e podemos vê-los ultrapassando a altura da parede do quarto, indo além do teto, eles nos causam um certo temor, pela sua santidade, mas não medo, podemos nos comunicar com eles sem palavras audíveis, orando só em espírito. Demônios, em sua maioria, são pequenos e disformes, nos causam desconforto, medo, e essa sensação não existe para que os temamos, mas para que saibamos que eles são maus e devem ser repreendidos, eles são ratos espirituais que fogem com uma simples e curta palavra de autoridade. Demônios só oprimem e mentem, mas se Deus enviar um anjo a você, suas palavras ficarão marcadas como fogo em sua alma. Contudo, temos a presença de Deus pelo Espírito Santo em nossas vidas em todo o tempo, assim, na nova aliança, o Senhor não tem enviado anjos a homens com frequência, não que tenhamos consciência disso. Convém crermos em Deus e buscarmos intimidade com o Senhor, mas com sabedoria, não só por curiosidade infantil de quem quer ver “coisas diferentes”, mas com a maturidade dos que creem mesmo sem ver. 

Esta é a 12a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

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