quinta-feira, dezembro 13, 2018

13. A experiência de Jó (Parte 13 de 17)


13. A experiência de Jó

      “E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles. Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por ela. E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal. Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor.”       

      “E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.” 

Jó 1.6-12, 21-22

      “E, vindo outro dia, em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles, apresentar-se perante o Senhor. Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E respondeu Satanás ao Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por ela. E disse o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal, e que ainda retém a sua sinceridade, havendo-me tu incitado contra ele, para o consumir sem causa. Então Satanás respondeu ao Senhor, e disse: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Porém estende a tua mão, e toca-lhe nos ossos, e na carne, e verás se não blasfema contra ti na tua face! E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão; porém guarda a sua vida.

      “Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre. Porém ele lhe disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.

Jó 2.1-6, 9-10


      “Então respondeu Jó ao Senhor, dizendo: Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.”

     “E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía.”

Jó 42.1-6, 10


      Um estudo sobre o mundo espiritual não pode deixar de refletir sobre o relato do livro de Jó, isso por várias razões. A primeira delas é a relevância que o livro tem sob o ponto de vista cronológico dos livros do cânone bíblico, tido por muitos estudiosos como relatando um dos fatos mais antigos da Bíblia, outra razão é que ele fala sobre fé, num tempo que esse conceito não era base religiosa. Jó era um homem rico materialmente e espiritualmente, isso levou um diabo a querer prová-lo. Satanás, contudo, não estava querendo desmerecer o homem justo, mas a própria justiça e a sua eficácia em retornar ao que confia nela uma vida vitoriosa. O diabo na verdade se rebelava, mais uma vez, contra Deus e a sua maneira de agir, mostrando que a fé de Jó era inútil ele queria mostrar que Deus era injusto. A tese do diabo era que Jó era fiel porque recebia coisas de Deus, se elas fossem tiradas de Jó ele deixaria de confiar em Deus. 
      Quem o diabo usou foram justamente os que se diziam amigos de Jó, e como isso ocorre a todos nós, depois de Jó perder tudo, as riquezas, a família e a saúde, os três amigos passaram a questionar a fé de Jó, dizendo que ele não era tão justo e fiel assim, que estava passando por um momento tão ruim como castigo de Deus por ter feito algo errado. A teologia do livro de Jó é atemporal, transcende a velha aliança e a lei, ela toca o cerne do relacionamento do homem com Deus na nova aliança, um relacionamento baseado em fé, fé que acredita mesmo que o presente, a aparência, a realidade se mostrem diferentes. Ela também fala de uma experiência comum a todos nós, sofrimentos que passamos que não sabemos o porquê. Logo no início da provação, após as duas vezes que Satanás tocou sua vida, as palavras de Jó mostram que ele estava preparado em Deus para aquela situação, “em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” e “em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios”. Mas isso era só o início.
      Durante sua provação Jó chega a desacreditar de si é mesmo, de sua justiça, e daquilo que ele conhecia até então como Deus. Ele começou a pensar que Deus estava errado punindo-o injustamente, mas discordava de Deus como filho, com proximidade dele, diferente dos amigos que criticavam a Deus de longe. O filho de Deus, em sua imaturidade, pode até discordar de Deus, “brigar” com Deus, mas faz isso com respeito e temor, é diferente do ímpio, que diante de uma tragédia nega estar colhendo a consequência de sua vida errada, coloca a culpa em Deus e facilmente buscará as opções do diabo para justificar sua experiência. Na verdade a provação de Jó, como todas aquelas que Deus permite que passemos, estendeu seu conhecimento de Deus. Só é provado como Jó, de forma tão dura mesmo estando fazendo as coisas certas, os que mostram a Deus que podem suportar a perda do material, do físico, do aparente, para crescer mais espiritualmente, no homem interior, naquilo que realmente tem valor para o Senhor.
      No final Jó reconhece, não a simples lei de causa e efeito, de plantação e colheita, que tem sua relevância, no universo e com todos nós. Mas acima disso está um Deus que pode fazer o que quiser porque sabe o que faz e que tudo o que faz sempre glorificará seu nome e abençoará, no tempo certo, o homem que confia nele. Jó aprendeu que Deus é muito mais que um devolvedor de bênçãos físicas para aquele que pratica a justiça, mas Jó também aprendeu algo muito importante sobre o homem, sobre si mesmo. Ser um homem “homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal” e sê-lo em todo o tempo, não só quando as coisas vão bem. E se Deus pedisse a Jó que continuasse fiel mesmo que não restabelecesse nunca mais sua condição de prosperidade inicial, seria que isso colocaria em dúvida a justiça de Deus? Não, Deus é Deus e faz o que quer, mas bênção maravilhosa é que Deus conhece nossos limites e no final sempre nos recompensa, no caso de Jó com o dobro do que tinha inicialmente.
      Interessante o desfecho do livro, “E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigo”, Jó não tinha mais nada, ainda assim quis orar e abençoar alguém, quem lhe restou para isso? Justamente os “mui” amigos dele e foi nesse gesto que Deus viu o amadurecimento de Jó e mudou de vez sua sorte. Que coração tinha Jó, realmente um homem que podia confiar para mostrar ao diabo o engano que comete confiando em sua arrogância, sua maldade, sua rebeldia, pensava ser esperto, pensava estar pegando Deus num descuido, mas acabou sendo desmascarado, como sempre ocorre com ele e com homens falsos e míopes espiritualmente como ele. “E depois disto viveu Jó cento e quarenta anos; e viu a seus filhos, e aos filhos de seus filhos, até à quarta geração. Então morreu Jó, velho e farto de dias.” (Jó 42.16-17), glória a Deus! Veja na próxima parte a conclusão da “Experiência de Jó”, com enfoque na participação de Satanás no relato bíblico.

Esta é a 13a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

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