segunda-feira, dezembro 03, 2018

3. A experiência de Daniel (Parte 3 de 17)


3. A experiência de Daniel

      “Naqueles dias eu, Daniel, estive triste por três semanas. Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas. E no dia vinte e quatro do primeiro mês eu estava à borda do grande rio Hidequel; E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão. E só eu, Daniel, tive aquela visão. Os homens que estavam comigo não a viram; contudo caiu sobre eles um grande temor, e fugiram, escondendo-se.” 
      “E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo. Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia. Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos dias.”
Daniel 10.2-7, 11-14

      Esta passagem de Daniel é um texto fundamental para entendermos mundo espiritual, ela nos dá argumentos a entender porque batalha espiritual é um tipo de oração diferente, que envolve movimentação de batalhões de seres espirituais. Ela começa com Daniel relatando um jejum de três semanas que fez, o interessante é que não foi um jejum forçado, mesmo que com boa intenção. A tristeza de Daniel, sua preocupação com o destino de seu povo o levou a se abster de comida, de bebida e de alegria, talvez o melhor exemplo do jejum correto relatado na Bíblia. Quantas vezes fazemos um jejum porque sabemos que precisamos, porque sabemos que é certo, porque sabemos que é por uma boa causa, mas fazemos porque sabemos, na cabeça, e não no coração. A primeira lição que o texto nos ensina é que o jejum correto é o Espírito Santo que nos conduz a ele e nele, nasce do coração de Deus e toca o nosso coração profunda. Assim nada justifica usar jejum como moeda numa barganha com Deus, fazê-lo para acumular créditos e poder comprar algo do Senhor.
      Seguindo com a passagem, então, após três semanas de jejum, de ser convencido que algo importante lhe seria revelado sobre uma situação importante, sim, porque jejum convence o homem, não Deus, Deus não precisa ser convencido, jejum prepara o homem, não Deus, Deus não precisa ser preparado, assim, após esse período de consagração, Deus fala com Daniel. Daniel tem a visão de um ser espiritual, as palavras iniciais do ser são maravilhosas, “Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras”, que alegria, que benção ouvir isso do Senhor. Desde o primeiro dia, sim, como foi dito, Deus não precisou das três semanas, no primeiro momento de oração de Daniel o Senhor já tinha visto a sinceridade e a necessidade de Daniel.
      O ser espiritual faz então uma revelação especial, que não vemos constantemente na Bíblia: “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia”. Note que o período de tempo que o ser espiritual disse que tinha durado a resistência do “príncipe do reino da Pérsia” é o mesmo tempo que Daniel passou em oração. Assim, podemos entender que a persistência de Daniel orando teve um motivo, aguardar que o mundo espiritual cumprisse seus objetivos. Mas podemos perguntar, até que ponto não foi a insistência do homem, a fé do homem, que de alguma forma fortaleceu os seres espirituais do bem para vencerem a batalha contra os seres espirituais do mal? Sim, porque o texto se refere a anjos e arcanjos, não a príncipes e soldados humanos. “Príncipe do reino da Pérsia” não é um líder humano, mas um ser espiritual do mal de alto escalão, por isso Miguel, “um dos primeiros príncipes”, um arcanjo do bem, foi ajudar o ser espiritual que trazia para Daniel a resposta de oração de Deus. Esse ser pode ser um anjo que foi ajudado por um arcanjo para vencer uma batalha espiritual contra demônios e diabos.
      Contudo, a resposta trazida a Daniel tinha muito mais que informações sobre o problema que seu povo enfrentava naquele momento, sobre os setenta anos de cativeiro de Israel, tinha a ver com um futuro distante e final de toda a humanidade. Ele recebeu uma coleção de profecias conhecidas como “as setenta semanas de Daniel”. Não somos nós que escolhemos ser profetas, ou receber profecias, é Deus quem chama e escolhe o profeta, e quem pensa que isso é legal, que é fácil, que é só a alegria de saber de coisas que ninguém mais sabe, engana-se. Os profetas que receberam as profecias mais significativas da Bíblia pagaram com a solidão, com o cativeiro, com a desaprovação mesmo de seu povo, o privilégio de serem bocas dos mistérios do Senhor. Deus é terrivelmente esplendoroso!

Esta é a 3a. parte do estudo “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” 
dividido em 17 partes e publicado aqui entre os dias 1/12/2018 e 17/12/2018

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