21/04/22

De olhos bem abertos (81/90)

      “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.Amós 3.7 

      Enquanto orava, já no período após pedidos e adoração, quando em silêncio permanecia em comunhão com Deus, uma visão foi mostrada a um homem. À medida que ele via, o Espírito explicava a ele o que era apresentado, antecipando respostas a perguntas que mal tinham acabado de serem mentalmente feitas pelo homem. 
      O homem se viu no topo de um monte muito alto, ele entendia que fazia frio e ventava forte, mas ele se via de bermuda de linho branco, descalço e sem camisa, e não sentia frio. Se via com o corpo de um jovem maduro, apesar de ser velho, mas sentia-se dono de um espírito muito antigo, mais velho que seu corpo físico.
      Ele olhou para baixo e viu florestas e campos verdes, com um rio passando no meio, e lá longe, à frente, o mar. A paisagem passou a ele um sentimento de vida e de liberdade, como se não houvesse morte nem sofrimento. Então, ele voltou o olhar e viu embaixo, não a natureza, mas uma cidade com muitas casas. 
      Na velocidade do pensamento, sem que percebesse como foi ou que algum tempo tenha passado, se viu flutuando sobre uma casa. Existiam teto e paredes, mas para ele eram transparentes, assim ele podia ver as pessoas dentro da casa. Na casa sobre a qual ele pairava viu uma mulher, recebendo suas filhas com muita alegria. 
      Ele olhou para os lados e viu sob outras casas seres como ele, de vestes brancas, alguns de vestidos, outros de calças compridas, que sem palavras, só com olhares, lhe faziam entender que estavam felizes por seres vigilantes luzeiros de Deus sobre outras vidas. Ele viu até sua mãe, sobre outra casa, em uma cidade distante.
      Então, olhou para cima e maravilhou-se. No céu, viu cidades cercadas flutuando, como castelos, muito iluminadas, paralelas e também acima, ficando menores à sua visão, conforme subiam. Ele entendeu que os castelos estavam sob mundos, mais escuros, cada castelo para um mundo. Depois, sem que pedisse, começou a ser elevado. 
      Rapidamente passou por todos os mundos e castelos, então, viu algo que lhe pareceu um lugar especial. Era cercado por muros e tinha uma porta de grades de ouro, que impedia-lhe a entrada. Se aproximou e parou à porta, olhando via lá longe pelas grades, uma luz mais forte que as dos seres como ele e dos castelos.
      Um ser de luz, então, se aproximou, pelo lado de dentro do lugar cercado, e lhe disse: “você não pode entrar, ainda não está preparado para este lugar, sinta-se muito feliz por ter sido revelada a você esta visão, volte ao teu lugar de vigilância”. Imediatamente se viu sobre o topo do monte inicial, sentindo o forte vento.
      Ele temeu, achou que a visão revelava-lhe experiências que teria após a morte, que sua morte estivesse próxima, mas entendeu pelo Espírito que aquilo era sua situação em vida. Ele e os outros seres de branco são luzeiros, que o Senhor tem chamado nos últimos tempos para vigiarem no mundo e orarem pelos santos. 
      Esteja à vontade para aceitar este texto, para interpretá-lo como achar melhor, conforme tua experiência com Deus e teu entendimento bíblico. Contudo, creia, o homem que teve a experiência tem vida séria com Deus, busca consagração inteligente, ainda que tenha se sentido mais humilde e mais responsável após a visão.

      “Não apaguem o Espírito. Não desprezem as profecias. Examinem todas as coisas, retenham o que é bom. I Tessalonicenses 5.19-21

Esta é a 81ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, 21/11/2021

20/04/22

Saia para o Sol (80/90)

      Para melhor entendimento desta reflexão, leia a reflexão anterior.

      “E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre.” 
Apocalipse 22.5

      Por que as pessoas ficam com conhecimentos limitados e com liberdades cerceadas? Porque temem um passado real e um falso futuro. Na parábola das lâmpadas, apresentada antes, o passado é o quarto mantido escuro por problemas não resolvidos, que na sala iluminada lhes é ensinado como sendo o inferno. Quem sempre esteve no inferno não sabe que está nele, mas a maioria das pessoas, de alguma maneira, um dia teve alguma iluminação. 
      No quarto escuro não se entende que inferno no mundo é só o distanciamento da luz do Altíssimo, negação do amor de Deus. Quem está num inferno ainda no mundo, tem a ilusão de estar num paraíso, senão não permaneceria nele desfrutando prazeres físicos e a falsa segurança que materialismo e irresponsabilidade oferecem. Mas no inferno vivem também os que o escolheram há mais tempo, e esses fazem companhia aos novos inquilinos. 
      Religiões são necessárias como são as salas iluminadas, lugares temporários para crianças espirituais, que ainda não têm maturidade para viverem sem tutores, e que por isso são protegidas e restringidas. Há salas iluminadas diferentes em casas diferentes, algumas até possuem lâmpadas com iluminação bem semelhante à luz do Sol, mas em outras, as luzes podem ser tão fracas que dificultam a visão, só permitem que se veja os contornos. 
      As casas são construções aprovadas pelo criador, Deus permite que religiões se ergam e se mantenham, são administradas por homens que um dia saíram de suas outras casas e, por terem algum conhecimento do Sol, receberam autorização para administrarem casas. Mas essa posição de administrador também deveria ser temporária, mas que pela covardia dos inquilinos que não saem ao Sol, acaba durando mais que deveria. 
      Permanecendo tempo demais onde não deveriam, as pessoas acabam achando que as lâmpadas são o Sol, e que confusão farão quando saírem de suas casas. A princípio entrarão em discussões com pessoas de outras casas, defendendo as lâmpadas de suas casas como mais legítimas que as outras, como mais próximas à iluminação do Sol. Mas isso dura pouco, quem sai para o Sol é iluminado por ele e compreende a verdade.
      Na Terra debaixo do Sol, fora de paredes, teto e portas da casa, está aberto o céu espiritual, essa é uma posição espiritual que permite às pessoas conhecerem a verdade, fora do antolhos das instituições religiosas e de seus líderes. Sob o Sol os seres humanos experimentam um prazer singular, o prazer espiritual de estarem mais perto de Deus, e após o momento inicial de adaptação vivem uma satisfação que nunca provaram. 
      A luz de Deus está por toda a parte na Terra e fora das casas, nada a prende ou submete-a, ela está por fora e por dentro dos seres livres, cabe ao indivíduo, e só a ele, administrá-la. Nessa liberdade o ser se relaciona diretamente com Deus, sem intermediários, sem vigários ou sacerdotes, ele é seu próprio pastor e só tem um professor, o Sol, que é forte e ilumina, mas não queima nem fere, ele é Deus e seu conhecimento é santidade e amor.
      As casas não têm janelas, quem está dentro só sabe do Sol o que lhe é passado pelos que administram as casas. São maus administradores que criam falsos futuros que devem ser temidos, mas esses terão juízo mais severo, quando as luzes das casas apagarem. Quando isso ocorrer, todos, administradores, inquilinos e os livres pela Terra, terão entendimentos iguais sob o Sol, ainda que uns para salvação e outros para danação. 
      No juízo o que mudará não será o ambiente que está fora, a luz de Deus impera por todos os universos e seu amor atrai a todos, indiscriminadamente. Todos estarão sob a luz de Deus e o amor continuará disponível a todos. O que vai definir os destinos está no interior dos seres humanos. Muitos ainda terão dentro de si as trevas, escolheram continuar assim, amaram mais as trevas que a luz, fizeram alianças com os seres das trevas.
      Os que mantiveram um inferno dentro de si não foram humildes para se deixarem conhecer, e assim serem conhecidos e conhecerem a si mesmos, aos outros, a Deus e a tudo o mais. O que pode iluminar um homem com o coração entrevado? Nem se estivesse na superfície de um sol em chamas teria a luz, pois ele não olha para fora e para o alto, mas só para dentro de si mesmo, para sua culpa, e para outros seres de trevas como ele. 
      Quem são os seres das trevas que fazem alianças com os homens que ficam nos quartos escuros? Quando as lâmpadas se apagam um ciclo se encerra e um novo se inicia, os que tiverem a luz dentro deles serão levados para uma nova Terra, onde o mesmo Sol brilha. Contudo, os que tiverem as trevas em seus interiores permanecerão na Terra antiga, presos nos quartos escuros, isso não é feito como castigo, mas por misericórdia. 
      Para o que só acha sentido nas trevas, as trevas lhes serão dadas, mas num novo ciclo terão novamente oportunidade para saírem do quarto escuro, virem para a sala iluminada, se acostumarem com a iluminação, aprenderem a gostar dela, para então escolherem sair da casa e enfrentarem a luz maior do Sol que está lá fora. O que é o inferno? Perda de tempo, ilusão, solidão, ignorância, que se não for desconsiderado poderá ser duradouro. 

Esta é a 80ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

19/04/22

Parábola das lâmpadas (79/90)

      Nesta parte e na próxima, do estudo “Quem você será na eternidade?”, uma parábola que me foi apresentada pelo Espírito Santo com imagens, só tive o trabalho de ver e registrar. Esteja à vontade para entendê-la, existem bem mais mistérios que são revelados nela que aqueles que coloquei no texto, mas esteja também à vontade para discordar dela assim como para confrontá-la com aquilo que você entende que a Bíblia fala sobre assuntos semelhantes. Que a voz final que te fale seja a do Espírito Santo de Deus, essa quando fala e quando é acatada sempre deixa nos corações uma paz imperecível.

      “Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.
  Salmos 84.11

      Quem está à luz de uma sala dentro de uma casa, quando sai da casa e vai para a luz do Sol, não se incomoda, até senti-se melhor, numa luminosidade mais natural. Mas quem está num quarto escuro e vai para uma sala iluminada, ainda que na mesma casa, sente-se desconfortável, a iluminação fere seus olhos, sua tendência é voltar para o quarto escuro, precisa se esforçar para se acostumar. 
      Nenhum de nós começa sua jornada espiritual neste mundo como um iluminado, quando cometemos o primeiro pecado somos lançados em trevas, saímos da infância e nos tornamos adultos, responsáveis pelos erros que escolhemos fazer. Se permitirmos, pouco a pouco Deus vai nos iluminando, nos ensinando, nos curando, assim aprendemos que estar na luz é melhor, ainda que doa no início. 
      Se formos humildes, de um quarto escuro iremos para uma sala iluminada, e quando amadurecermos o suficiente, poderemos sair da casa e nos expormos à luz forte do Sol. Lá, não somos limitados por cômodos e paredes, a iluminação não é restringida, mas temos liberdade para caminharmos pela Terra, conhecermos os moradores de outras casas, compartilharmos com eles o Sol que é para todos. 
      Alguns até iniciam esse processo, saem de seus quartos escuros e entram na sala mais clara, mas não se adaptam, sentem-se desconfortáveis por saberem que sob a luz eles podem ser vistos, do jeito que são. Se eles têm qualidades, elas são reveladas, se têm defeitos, eles também são exibidos, todavia, orgulhosos, não querem ser totalmente vistos, não são humildes para se aceitarem como são. 
      Ainda que esses tenham entrado numa sala iluminada, seus corações continuaram em trevas, e sendo assim sentem saudades do velho quarto escuro, lá eles não se viam, não se conheciam, por isso se iludiam. No quarto escuro podiam achar que eram quem desejassem ser, e ainda que não fossem, tinham prazer na ilusão da mentira e dos estranhos companheiros escuros que com eles viviam.
      Assim, ao invés de saírem para fora da casa e conhecerem o Sol, ao invés de desfrutarem da liberdade que amadurece à medida que se caminha pela Terra e se conhece outros, forasteiros pares, buscando crescer e entender  a verdade que só a luz do Sol revela, se fecham mais ainda no interior da casa, no quarto mais entrevado, se refugiam nele, trancam a porta e constróem lá seu universo.

      Quem somos nós nessa parábola? Estamos na Terra, debaixo do Sol, caminhando, descobrindo, conhecendo e sendo conhecidos? Ainda estamos dentro de casa, seguros numa sala iluminada, com algum conhecimento das coisas, de nós mesmos, mas limitados a quatro paredes e a uma luz menor? Ou somos o que se trancou no quarto escuro, que não quer a verdade por medo, que acha que é o que não é?
      No quarto escuro estão os que fogem de Deus, por isso fogem deles mesmos, não se conhecem, ainda que possam construir todo um mundo dentro desse quarto. Nesse lugar escuro eles não estão sozinhos, existem seres com eles, que eles chamam de amigos, mas que não sabem de verdade quem são, que no final pularão sobre eles e canibalizarão seus seres para poderem sobreviver, são espíritos vampiros. 
      Na sala iluminada estão os religiosos, sob eles existe alguma luz, mas limitada, assim como é limitado o espaço em que podem se mover. Eles temem a Deus, mas só sabem de Deus aquilo que os homens os deixam saber, os administradores da sala e da luz da sala. Eles são mantidos lá por medo, dos perigos do quarto escuro, e do desconhecido que há fora da casa, que os administradores dizem ser perigoso. 
      Mas fora da casa estão os realmente livres, que não dão satisfação de suas vidas a homens, os donos das casas com salas iluminadas e quartos escuros, mas só ao Senhor da Terra e do Sol. Esses entenderam que não existe só uma casa, só uma sala iluminada, nem só um quarto escuro, mas muitas casas, com muitos quartos e muitas salas, assim como muitos forasteiros, aventurando-se para saber mais sobre tudo. 
      Onde existem mais pessoas? Não é fora das casas, lá existem poucos, a maioria está escondida, dentro das casas. Muitos estão nas salas iluminadas, isso é certo, e em menor quantidade outros, dentro dos quartos escuros. O Sol segue brilhando, forte e eterno, à espera de todos. Entretanto, o que os que estão nas casas não querem saber, é que o tempo se aproxima, quando as lâmpadas das casas se apagarão. 
      O tempo final se aproxima, as luzes já estão fracas, porque elas não eram para estarem acesas por tanto tempo, eram para brilhar só enquanto os homens se acostumassem com a iluminação, depois todos deveriam sair para fora de suas casas e enfrentarem o Sol. Existem muitas casas, muitos quartos e muitas salas, e nas salas lâmpadas diversa e distintas, contudo, só existe um Sol, para todos os homens, Deus. 
      Interessante que só existem locais escuros dentro das casas, assim os mesmos que administram as luzes limitadas, também administram a ausência dessas luzes. Fora das casas, na Terra, não há locais entrevados, porque o dono da Terra e do Sol é luz plena e eterna, impossível para ele gerar trevas. As trevas são construções de homens escolhidas por homens para estarem nelas pelo tempo que quiserem estar. 

Esta é a 79ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

18/04/22

Parábola dos vasos (78/90)

      “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
Gênesis 12.1

      Como fazia todos os dias, a mulher levantou-se cedo, pegou seu vaso em forma de cilindro, caminhou até o centro da cidade, chegou ao poço e colheu água. Seria o suficiente para sua família passar o dia, ela sabia que no dia seguinte teria que fazer a mesma coisa, foi ensinada a fazer isso por sua mãe, que fez isso durante sua vida. O vaso cilíndrico que a mulher usava tinha sido passado a ela pela mãe, essa o tinha recebido também de sua mãe, a mulher não tinha ideia da idade do vaso, só o mantinha com muito cuidado, sabia que não poderia quebrá-lo. O vaso era uma tradição, todas as famílias na cidade tinham vasos semelhantes, o poço não podia ser usado sem que fosse com aquele tipo de vaso. 
      Um dia um viajante chegou à cidade, com sede ele perguntou onde poderia pegar água e as pessoas indicaram o poço. Quando ele se aproximou do poço a mulher lá estava, com seu vaso em forma de cilindro, sozinha colhendo água. Enquanto esperava ela terminar outras mulheres chegaram e formaram uma fila. Uma mulher cochichou, “o que faz um homem aqui no poço? a responsabilidade de colher água é de mulheres”, outra mulher respondeu, “ele é um estranho, deve estar esperando para que alguma mulher lhe dê agua”. Outra mulher cochichou, “que ele peça à sua mulher que venha aqui e pegue água para ele, o que colhemos mal dá para nós, quanto mais darmos a desconhecidos”.
      Quando a mulher acabou de colher água ela se afastou um pouco do poço, o homem, então, tirou de sua mochila um vaso, curiosa a mulher não foi embora, ficou olhando. Contudo, as outras mulheres se surpreenderam quando viram que o homem queria colher água, e mais quando viram que o vaso que ele tinha não era no formato cilíndrico, mas em forma de cubo. Nisso começaram a gritar, “não está certo, já não basta um homem estranho querer colher água em nossa fonte e ainda usando um vaso desses? vai ver nem foi passado a ele por seus pais, ele mesmo deve tê-lo feito, esse não é o costume no mundo, ele deve ser um ladrão, um adúltero que traiu a esposa, um endemoniado fugindo de seus crimes”. 
      Discretamente a mulher observou e foi embora, contudo, no meio do caminho, entre o poço e sua casa, incomodada deu meia volta e retornou. Chegando ao poço viu as mulheres colhendo água, mas o homem, cansado e sedento que estava, não teve forças para sair de lá, ficou rendido no chão, ele tinha viajado muito. Ela então se aproximou e de seu vaso deu água ao homem, com as forças recobradas ele começou a contar sobre suas viagens. “Sou comerciante, vendo e compro coisas, mas não faço isso só em minha cidade, visito outras cidades e levo coisas de um lugar para o outro, assim entrego novidades que aqueles que nunca saíram de suas cidades não conhecem, o trabalho é bom, mas cansativo”. 
      A mulher perguntou-lhe, “por que seu vaso é diferente?”, o homem respondeu, “é como os fazemos em minha cidade, nas cidades que conheci, em todas havia um poço, mas os vasos tinham formatos diferentes, alguns eram iguais aos nossos, outros eram em forma de pirâmide e outros em formatos bem complexos; também não eram só mulheres que colhiam água, em algumas cidades eram os homens e em outras, crianças, de ambos os sexos, faziam isso ainda que com vasos menores, adequados às suas forças”. A mulher, caindo em si, disse, “o que matou tua sede não foi o vaso, mas a água, que importa o vaso, seu formato ou mesmo quem colhe a água? contanto que a sede seja saciada?”. 
      A isso o homem respondeu, “está certa, mas não escandalize tuas amigas, elas nunca saíram desta cidade, acham que o costume aqui é o de todo mundo, quanto a mim tomarei mais cuidado, evitarei essa cidade, pelo menos enquanto o costume aqui for tão restrito”. O homem se levantou e partiu, quando saiu da cidade avisou os outros viajantes como ele, pediu-lhes que evitassem aquela cidade por enquanto, ele não tinha a intenção de ofender ninguém, nem de mudar costumes, apenas queria fazer seu trabalho. Qua cada cidade mantivesse sua tradição no tempo necessário, o mais importante é que os poços de água não secassem, afinal, o que importava eram as pessoas terem água limpa e fresca para beberem.

      O mundo físico é uma expressão artística de Deus, como um quadro realisticamente bem pintado não é a realidade, mas uma ótica belíssima dela. O plano material não é a realidade, ele é passageiro, a realidade é o plano espiritual, esse é eterno, o que temos na Terra são meros esboços, metáforas, do céu. Parábola é uma expressão artística literária do homem, é a descrição de coisas e fatos do mundo para explicar conceitos espirituais, quando ela é inspirada pelo Espírito Santo revela mistérios cada vez mais profundos à medida que refletimos nela. Na parábola inicial os vasos são as religiões, a água é o Espírito de Deus, as mulheres são os religiosos, o homem é aquele que foi além de sua cidade, de um vaso, de tradições humanas. 
      Religião é a mãe do preconceito. Veja como as mulheres interpretaram o estranho, equivocaram-se sobre o que não conheciam porque eram equivocadas sobre o que achavam conhecer, seus vasos, sua cidade, sua tradição. O problema principal de uma tradição não é ela ser diferente e se achar com um entendimento melhor de Deus, mas é o fato dela demonizar quem tem uma crença diferente. As mulheres chamaram o homem de ladrão, adúltero, endemoniado, por acaso não é assim que muitos cristãos veem os que têm uma tradição religiosa diferente da deles? A religião limita o amor e  acirra o ódio, usando como álibi a pretenção de ser a única representante de Deus e dona da verdade, é assim enquanto humana e não divina. 
      Ser bom em uma religião é uma escolha, mas é melhor quem respeita a livre escolha do outro. O ser humano e principalmente o cristão, não faz ideia de como Deus respeita as preferências religiosas dos homens, simplesmente porque Deus avalia pelo interior, não pela aparência, assim como considera os limites de fé de cada pessoa. A mulher tinha sido criada numa tradição, que valorizava mais o vaso que a água, mas bastou uma nova experiência para que caísse em si. Ela não mudou de tradição depois de receber do homem informações sobre o mundo, seguiu colhendo água em seu vaso, mas entendendo o que era mais importante. Deus não pede que alguém mude de religião, não a princípio, mas que o conheça com mais profundidade.
      Há outras cidades, outras pessoas, outros vasos, mas a água mais pura é sempre a mesma. Meus caros irmãos protestantes e evangélicos, a água não é Maomé, Buda, Krishna, Nossa Senhora, alguma entidade espiritual ou divindade, mas Jesus, ainda que muitos não saibam disso. Quando o Deus verdadeiro é invocado não há outro meio pelo qual alguém tenha sucesso nisso que não seja pela porta que é o Cristo, esse emana sua dádiva mais alta até o ser humano pelo Espírito Santo. Ocorre que muitos idolatram o vaso e seu formato, afinal é mais fácil crer em algo que se vê, que se toca, que pode ser guardado, que a água, que some dos olhos após ser bebida, que precisa ser colhida todos os dias, tão líquida, como é o Espírito de Deus.
      Os viajantes devem respeitar mesmo os que não querem viajar. A atitude de amor e humildade do viajante, ainda que soubesse mais, tivesse mais experiências, tivesse mais quantidade e qualidade de vida, é a que Deus espera dos maduros, dos que realmente seguem a Jesus e não ficam aprisionados a religiões. Tantos no mundo se acham “iluminados”, com mais conhecimentos sobre o mundo espiritual que os cristãos, mas se há alguma espécie de orgulho, de sentir-se melhor que os outros por se saber mais disso ou daquilo, então, de nada vale a iluminação. A mulher que caiu em si ganhou sabedoria semelhante a que tinha o viajante, não se tornou igual a ele, mas se tornou a melhor em sua cidade, candidata à viajante, ela foi iluminada. 
      Ser viajante tem sua recompensa, assim como seu preço. Por mais que o viajante se abrisse para novos conhecimentos algo continuava igual, algo que o colocava no mesmo nível das outras pessoas, mesmo daquelas que nunca saíram de suas cidades e que consideravam o mundo todo igual. O homem ainda precisava de água para matar sua sede, e ela não estava fora das cidades, assim ele deveria ter a humildade de entrar numa cidade, enfrentar os limites das tradições, interagir com as pessoas, então, ser saciado. Deus é a constante, religiões são as variáveis, a água não muda porque o formato do vaso muda, crescemos convivendo com as diferenças, todos precisamos de Deus, Deus irá conosco à eternidade, o resto fica no mundo.
      Não é fácil nos livrarmos de tradições, elas nos abrigam tanto quanto nos permitem agradar os que nos iniciaram nelas, mas muitos de nós, em algum momento, terão que se livrar delas para se aproximarem mais da verdade de Deus. Isso não é para todos, para muitos pode bastar o bom senso da mulher, entender a relevância da água sobre o vaso, ainda que continuasse usando o vaso e permanecendo em sua cidade. Talvez a decisão mais difícil que podemos tomar nesta vida seja lançar o vaso ao chão e quebrá-lo. Como beberemos água depois? Fazendo nós mesmos nossos próprios vasos, com o formato que acharmos melhor, às vezes em dias diferentes com formatos diferentes, mas sempre priorizando enchê-lo com a água mais pura. 

Esta é a 78ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

17/04/22

Parábola das casas (77/90)

      “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.
João 10.9

      Três homens viviam felizes na terra natal com um pai, era um lugar onde o clima era equilibrado, nem era quente demais, nem era frio demais. Um dia o pai lhes deu uma tarefa, irem até três terras distantes, lá deveriam trabalhar por algum tempo, conhecerem os habitantes e depois retornarem à casa paterna. O pai conhecia bem os filhos, assim como conhecia as terras para as quais os estava enviando, dessa forma escolheu um lugar diferente para cada um. O primeiro filho enviou a uma terra com clima quente, o terceiro filho enviou a uma terra com clima frio, essas terras eram mais próximas. Já o segundo filho enviou para uma terra com clima semelhante ao da terra natal, essa terra, contudo, era mais distante. 
      Algum tempo depois, dando o prazo que o pai orientou para que ficassem longe, os três filhos retornaram para a terra de origem. O primeiro filho, acostumado ao calor do lugar onde tinha passado os últimos tempos, entrou na primeira casa que achou na terra do pai, mas sentiu que ela era muito fria, depois entrou em outra e em outra, até achar uma casa mais quente. O terceiro filho, também acostumado ao clima do lugar onde tinha passado os últimos tempos, procurou uma casa mais fria, achou na primeira que entrou e nela ficou. Esses nem esperaram chegar à casa do pai, estranharam o clima de sua terra e só queriam uma casa, o mais rapidamente possível, com climas semelhantes aos das terras onde estiveram. 
      Dando o prazo o segundo filho também voltou, mas entrou na terra natal e caminhou até achar a casa do pai, abraçou o pai e logo foi trabalhar. Como os outros dois demoravam, o pai esperou, mas após aguardar um tempo perguntou ao segundo filho, “e teus irmãos, não vão retornar?”. O segundo filho respondeu, “se o Senhor autorizar vou procurar por eles, podem estar em algum perigo”, “vá”, respondeu o pai. Não demorou muito para que o segundo filho voltasse com os irmãos. O pai lhe perguntou, “já voltou?”, “sim, eles estavam perto, aqui em nossa terra, mas em outras casas”. Entristecido, o pai disse, “eu os enviei para aprenderem uma lição, contudo, vejo que a viagem fui inútil, não entenderam o principal”. 
      O primeiro e o terceiro filho responderam, “pai, as terras para as quais nos enviou eram muito diferentes desta aqui, nos acostumamos com o calor e o frio, por isso nos abrigamos nas primeiras casas que achamos com climas semelhantes”. O pai respondeu, “e ficaram dentro delas? se ao menos tivessem saído para trabalhar, ainda que depois retornassem a elas, poderiam ter usado melhor o tempo, o irmão de vocês voltou para a nossa casa e logo saiu para trabalhar”. Os filhos responderam, “mas o lugar para o qual o senhor o enviou tinha um clima melhor”, o pai respondeu, “eu o mandei para lá porque antes, quando ele estava aqui, trabalhava bastante, não ficava em casa, enquanto vocês só descansavam”.
      Os filhos responderam, “mas nós obedecemos o senhor, trabalhamos e voltamos”, o pai respondeu, “mas não para esta casa, o irmão de vocês foi para uma terra mais distante, esforçou-se mais para chegar lá e para voltar, ainda assim chegou antes de vocês, se pôs a trabalhar e achou forças para voltar e procurá-los; se ficassem tempo suficiente trabalhando fora das casas, teriam se lembrado do clima da terra que de fato é de vocês, mas ficaram presos às terras nas quais eram para viverem só temporariamente, não sentiram saudades da casa do pai, cuja temperatura é equilibrada, o lugar onde foram criados, assim, que voltem às casas nas quais estavam e fiquem, até que se lembrem quem são e qual é a terra de vocês”.

      Deus, nosso pai espiritual, nos conhece, sabe de nossas lutas, de nossos esforços, que muitas vezes nada têm a ver com prosperidade material ou com reconhecimento no mundo. Nosso maior trabalho é vencermos a nós mesmos, nossas fraquezas, nossas carências, para entendermos e praticarmos virtudes morais. Assim, o que o Senhor permite que aconteça conosco nesta vida, nos movimentos do mundo, nos jogos do universo, nos sistemas humanos, é o que podemos suportar para sermos melhores, para construirmos o homem interior melhor que levaremos à eternidade.
      Três homens diferentes, três provas distintas, todas autorizadas por um pai justo que conhece o passado, o presente e o futuro de cada um. O que é prova para um por ser quente, pode não ser prova para o outro, mas para esse outro a prova é o frio, que não é prova para o primeiro. Um outro homem, contudo, que já foi provado no quente e no frio, será provado não pela novidade da prova, mas pelo tempo. O segundo filho foi para uma terra com clima mais fácil de suportar, mas passou mais tempo indo e vindo, distante da posição onde já tinha estabelecido suas referências. 
      Se as provas do primeiro e do terceiro filho foram amadurecer experimentando coisas novas e diferentes, a do segundo filho foi manter o amadurecimento  mesmo com tudo igual. O prazer novo prova tanto quanto o velho tédio. As provas do primeiro e do terceiro filho foram externas, do mundo contra o homem à medida que esse põe em prática o que crê, mas a do terceiro filho foi interna, do homem contra ele mesmo, quando ele não terá mais novidades, mas ainda assim deverá manter-se fiel ao que crê e é. Quando tempo demais passa, mesmo que tudo esteja bem, podemos nos perder. 
      Depois de nascermos no mundo aprendemos do zero a nos adaptar a ele, para conseguirmos sobreviver dignamente no corpo físico, mas trouxemos conosco um espírito, essa é a referência de algo maior, do que realmente somos, de onde viemos e para onde voltaremos, a eternidade espiritual perto do pai. Ainda que existir fisicamente tome muito do nosso tempo aqui, nosso trabalho principal é espiritual, devemos suportar o mundo, sermos felizes nele, vencê-lo, mas não nos convencermos que somos parte dele, que ele é o melhor para nós, no mundo estamos de passagem. 
      A prova maior na parábola inicial não estava nas terras distantes, nas quais os três homens teriam que passar um tempo. Cada um de nós tem provas diferentes, e ninguém é melhor que ninguém pelo tipo de prova que passa. Mas a prova estava na volta à terra de origem, qual seria a reação de cada homem. Muitos ganham o mundo, mas se esquecem do céu, até procuram uma religião, mas mais adequada à visão que eles têm do que é melhor no mundo, assim escolhem uma casa, uma crença, e se prendem a ela, sem voltarem à casa do pai. A prova maior estava nas casas. 
      Não podemos evitar sermos enviados pela vida a lugares distantes, para exercermos tarefas na área profissional, para nos relacionarmos com pessoas diferentes e conhecermos coisas em tantas áreas, isso teremos que viver de um jeito ou de outro. Contudo, podemos evitar o pior no final, quando enfrentaremos a morte e a eternidade, para isso podemos nos preparar, pois sabemos que é inevitável. Que no final, depois de termos feito tudo e mantido o que conquistamos, possamos ter o amor que teve o segundo filho, que voltou para ajudar os dois irmãos, ele trabalhou e até o fim. 

Esta é a 77ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

16/04/22

Viva mais com menos (76/90)

      Para melhor entendimento desta reflexão, leia as duas reflexões anteriores. 

      “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.
João 14.2

      Na ”Parábola das mochilas”, que também pode receber o nome de “O ciclo da vida”, são revelados mistérios profundos em seu final, durante o diálogo que o filho tem com o pai dentro da casa. Algumas perguntas são feitas. “Que trabalho é esse que o senhor faz, que precisa ficar tão longe de mim?”, sim, Deus de fato está muito longe de nós, ainda que pelo seu Espírito tenhamos acesso a ele, e esse é só uma emanação, não Deus em sua plenitude, dessa plenitude só faremos parte na eternidade. Mas não devemos nos revoltar, antes aceitarmos em humildade o propósito maior do Senhor.
      “O senhor nunca fica com a mãe?”, no mundo físico matéria e espírito se integram em nós como um só ser, mas são coisas diferentes que devem ser entendidas diferentemente. Por não entenderem o equilíbrio que isso requer, é que tantos se perdem nos extremos, seja no materialismo, seja nas superstições. Experimentar equilíbrio não é fácil, existir no mundo é conviver com uma angústia constante, que não pode ser curada, só administrada. Na simbologia da parábola, a mãe mora num lugar e o pai em outro, um lugar distante, quem faz a união de ambos é o filho. Equilibrar-nos é nossa vocação. 
      “Quem é o dono das estalagens?”, pode representar mais de um ser, escolha quem você preferir. Pode ser o “diabo”, um ser espiritual decaído irremediavelmente, mas pode ser um ser humano que desistiu de seguir para Deus e parou no meio do caminho. “O senhor não é dono de tudo?”, o velho da parábola também representa mais de um simbolismo, a princípio é Jesus, mas também podem ser seus co-herdeiros, seres humanos já aprovados nas provações iniciais, que não vivem mais só para si mesmos, que deixaram de ser filhos e passaram a ser pais, cuja missão é cuidar de outros, ainda filhos. 
      Todos podemos chegar à posição de velhos sábios, não necessariamente no corpo, mas no espírito, todos podemos amadurecer para ajudar os outros. “Fará isso para sempre?”, posições espirituais são definitivas? Ou o ser humano pode mudar, o viajante pode se tornar escravo, depois dono de escravos, então, arrependendo-se, voltar a ser um viajante, amadurecer, para tornar-se pai, cuidar de filhos, e finalmente achar descanso junto ao Altíssimo, o dono de tudo. Agora se mudanças podem ocorrer, não só no mundo, mas também na eternidade, isso fica para cada um crer conforme puder crer. 
      Podemos achar que quando confessamos o pecado no nome de Jesus somos transformados num passe de mágica, que isso faz desaparecer pecado e culpa. Mas não existe mágica na verdade, o trabalho para que a culpa se vá é nosso e realizado por obras, não só por fé. A culpa desaparece quando seu lugar dentro de nós é ocupado pelo desejo de não errarmos mais. Isso, contudo, é só o primeiro passo no processo de anular o pecado. Seguido a isso devemos dizer não quando formos tentados de novo pelo pecado, agindo diferentemente e realizando boas obras, é aí que somos aprovados e mudamos. 
      Qual o papel único de Jesus? Dar-nos uma posição espiritual acima de tudo, do homem, do pecado, do “diabo”, nisso temos libertação da carne e fortalecimento no espírito, que funciona como uma chavinha em nossos pensamentos e sentimentos. Nesse aspecto a coisa parece “mágica”, no sentido de ser algo sobrenatural, que não entendemos racionalmente, que muda nossa mente em um instante, para isso a fé é necessária. Mas essa experiência é só o primeiro passo, os sábios vigiarão e permanecerão nessa altíssima posição espiritual e terão forças para serem aprovados em suas obras no mundo. 
      A melhor qualidade de vida está na resignação que entende que a nossa passagem neste mundo nunca será totalmente satisfatória, nunca teremos tudo o que gostaríamos de ter, nunca seremos plenamente felizes. Nossa atividade profissional, que pode começar como um sonho, nos cansa, nosso casamento, que podemos ter procurado por tanto tempo e que começa como uma paixão poderosa, se transforma em amor, mas também nunca será perfeito. Nossos filhos não serão o que achamos melhor, ainda que nos deem orgulho, igrejas e pastores nos desapontarão, enfim, só Deus é perfeito. 
      Usando as figuras da ”Parábola das mochilas”, o “mantimento” que precisamos para passar pela vida com paz está numa “pequena mochila”, essa é leve. Mas o alimento deve ser aceito com humildade à medida que administramos nosso tempo diligentemente, para que não nos entediemos buscando satisfação nos “pratos das estalagens” que só trazem peso de culpa. No inferno um minuto parece mil anos, mas no céu se vive mil anos em um minuto, assim, o sábio viverá de tal maneira que sua passagem no mundo o canse o menos possível, para que parta para a eternidade do jeito e no tempo certo. 

Esta é a 76ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

15/04/22

Siga leve, Deus está perto (75/90)

      Para melhor entendimento desta reflexão, leia a reflexão anterior. 

      “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
  Mateus 11.28-30
     
      Vamos entender melhor a “parábola das mochilas”, descrita na reflexão anterior. A mãe é a vida, o pai é Deus, os viajantes somos nós, o caminho é o mundo, o estalajadeiro é o mal, as mochilas pesadas são culpas. Temos um pai, mas ele é espiritual, por isso está longe e só o veremos de fato no final, quando passarmos do mundo para a eternidade. Essa é a interpretação de uma primeira camada da parábola, representa o conhecimento básico para que possamos ter uma vida de comunhão com Deus, isso é o que basta para iniciarmos nossas jornadas, focados no objetivo e em paz. 
      Viemos a este mundo com uma missão, percorrermos um caminho, para isso recebemos aptidões naturais, formação familiar, informação moral, intelectual, material, religiosa, suficientes para percorrermos o caminho. Esses mantimentos estão conosco o tempo todo quando iniciamos a caminhada como adultos. Já água e descanso, também necessários para a nossa jornada, devemos administrar à medida que caminhamos, não descansarmos demais e bebermos sempre água limpa e fresca do Espírito. Vida de oração séria e profunda é onde recebamos a água espiritual que nos vivifica. 
      Quando não nos satisfazemos com Deus e fugimos de nossa missão, nos sentimos vazios. Vazios não veremos alimento no que é mais correto, assim acharemos nas opções da desobediência pratos de comida mais saborosos que o alimento de sabedoria que há numa vida de vigilância moral. Mas esses prazeres são armadilhas para nos escravizar, por isso nos enchem de culpas, se fossem coisas de fato benignas não nos deixariam pesados. A culpa dificulta o caminho, pesa em nossas costas, porque nos faz levar algo que não precisamos levar, algo que não pertence à nossa chamada espiritual.  
      Nas primeiras vezes que o provamos, até achamos o pecado saboroso, interessante, mesmo uma saída para conseguirmos suportar a vida e seguirmos caminhando, contudo, com o tempo e em sua reincidência ele torna a vida insuportável. Podemos chegar a um ponto onde nos tornamos só escravos de vícios numa condição de morte. Estagnados no caminho não temos forças para voltar, muito menos para seguirmos em frente, perdemos a fé, as referências, nos esquecemos da mãe vida, e do pai, Deus. Quantas vezes trocamos o mais importante por um prato de comida, por um curto prazer?
      O mal, “diabo”, ou seja lá o que isso represente e use para nos impedir de seguirmos para Deus, é o mesmo, disfarçado com rostos diferentes, ainda que possua lojas diferentes vendendo produtos diferentes. Ele tem sempre o produto certo para tentar a cada indivíduo em cada momento de vida desse. Seu objetivo é um só, nos matar aos poucos, nos cansando, fisicamente, mentalmente, até que morramos moralmente. Mortos glorificamos o “diabo” em nós servindo-lhe de escravos. Nossa mente é o lugar onde ele pode ter inicialmente alguma honra, existência e guerra espiritual são mentais.
      A culpa é um peso. Como nos livramos dela? Largando-a, como uma mochila pesada que se tira das costas e se deixa no chão. Depois disso seguindo em frente com a vontade de fazer diferente e de não mais gerarmos culpas para carregarmos. Não, não é preciso sacrifício para sermos libertos de culpa, rituais, promessas, obedecermos complicados protocolos religiosos, assistirmos liturgias e passarmos por ritos de iniciação. Basta que tenhamos consciência dela, entendamos porque ela se instalou em nós, e depois a deixemos. Deixar é se levantar, seguir em frente e praticar a mudança. 
      Deus não é um ser superior que manda, dá-nos alguma provisão e deixa o resto conosco. Ele mandou Jesus como exemplo de vida e porta para sua espiritualidade mais alta. Pela porta obtemos perdão, que nos cura da culpa e nos dá a paz que nos fortalece para colocarmos em prática o que aprendemos com o exemplo do Cristo. Podemos achar o Senhor a cada passo que damos, se formos simples e humildes, acalmarmos nossas almas e buscarmos experiências profundas de oração pelo Espírito Santo. Não complique a culpa, deixe-a como um mochila pesada e siga leve. 
      Não temos ideia de quantas vezes e por quantas maneiras Deus esteve pertinho de nós, às vezes como um velho de barbas e cabelos longos e brancos, às vezes como um anjo, às vezes como um ser espiritual de luz invisível aos olhos físicos, mas às vezes como um amigo ou mesmo como um estranho, que só queria “fazer o bem sem importar a quem”. Deus está muito perto de nós, o tempo todo, aconselhando-nos, protegendo-nos, com muito amor, bem-aventurados os que não se escandalizarem com ele na eternidade, mas só reconhecerem um rosto amigo que sempre esteve próximo.

Esta é a 75ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021