sexta-feira, abril 15, 2022

Siga leve, Deus está perto (75/90)

      Para melhor entendimento desta reflexão, leia a reflexão anterior. 

      “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
  Mateus 11.28-30
     
      Vamos entender melhor a “parábola das mochilas”, descrita na reflexão anterior. A mãe é a vida, o pai é Deus, os viajantes somos nós, o caminho é o mundo, o estalajadeiro é o mal, as mochilas pesadas são culpas. Temos um pai, mas ele é espiritual, por isso está longe e só o veremos de fato no final, quando passarmos do mundo para a eternidade. Essa é a interpretação de uma primeira camada da parábola, representa o conhecimento básico para que possamos ter uma vida de comunhão com Deus, isso é o que basta para iniciarmos nossas jornadas, focados no objetivo e em paz. 
      Viemos a este mundo com uma missão, percorrermos um caminho, para isso recebemos aptidões naturais, formação familiar, informação moral, intelectual, material, religiosa, suficientes para percorrermos o caminho. Esses mantimentos estão conosco o tempo todo quando iniciamos a caminhada como adultos. Já água e descanso, também necessários para a nossa jornada, devemos administrar à medida que caminhamos, não descansarmos demais e bebermos sempre água limpa e fresca do Espírito. Vida de oração séria e profunda é onde recebamos a água espiritual que nos vivifica. 
      Quando não nos satisfazemos com Deus e fugimos de nossa missão, nos sentimos vazios. Vazios não veremos alimento no que é mais correto, assim acharemos nas opções da desobediência pratos de comida mais saborosos que o alimento de sabedoria que há numa vida de vigilância moral. Mas esses prazeres são armadilhas para nos escravizar, por isso nos enchem de culpas, se fossem coisas de fato benignas não nos deixariam pesados. A culpa dificulta o caminho, pesa em nossas costas, porque nos faz levar algo que não precisamos levar, algo que não pertence à nossa chamada espiritual.  
      Nas primeiras vezes que o provamos, até achamos o pecado saboroso, interessante, mesmo uma saída para conseguirmos suportar a vida e seguirmos caminhando, contudo, com o tempo e em sua reincidência ele torna a vida insuportável. Podemos chegar a um ponto onde nos tornamos só escravos de vícios numa condição de morte. Estagnados no caminho não temos forças para voltar, muito menos para seguirmos em frente, perdemos a fé, as referências, nos esquecemos da mãe vida, e do pai, Deus. Quantas vezes trocamos o mais importante por um prato de comida, por um curto prazer?
      O mal, “diabo”, ou seja lá o que isso represente e use para nos impedir de seguirmos para Deus, é o mesmo, disfarçado com rostos diferentes, ainda que possua lojas diferentes vendendo produtos diferentes. Ele tem sempre o produto certo para tentar a cada indivíduo em cada momento de vida desse. Seu objetivo é um só, nos matar aos poucos, nos cansando, fisicamente, mentalmente, até que morramos moralmente. Mortos glorificamos o “diabo” em nós servindo-lhe de escravos. Nossa mente é o lugar onde ele pode ter inicialmente alguma honra, existência e guerra espiritual são mentais.
      A culpa é um peso. Como nos livramos dela? Largando-a, como uma mochila pesada que se tira das costas e se deixa no chão. Depois disso seguindo em frente com a vontade de fazer diferente e de não mais gerarmos culpas para carregarmos. Não, não é preciso sacrifício para sermos libertos de culpa, rituais, promessas, obedecermos complicados protocolos religiosos, assistirmos liturgias e passarmos por ritos de iniciação. Basta que tenhamos consciência dela, entendamos porque ela se instalou em nós, e depois a deixemos. Deixar é se levantar, seguir em frente e praticar a mudança. 
      Deus não é um ser superior que manda, dá-nos alguma provisão e deixa o resto conosco. Ele mandou Jesus como exemplo de vida e porta para sua espiritualidade mais alta. Pela porta obtemos perdão, que nos cura da culpa e nos dá a paz que nos fortalece para colocarmos em prática o que aprendemos com o exemplo do Cristo. Podemos achar o Senhor a cada passo que damos, se formos simples e humildes, acalmarmos nossas almas e buscarmos experiências profundas de oração pelo Espírito Santo. Não complique a culpa, deixe-a como um mochila pesada e siga leve. 
      Não temos ideia de quantas vezes e por quantas maneiras Deus esteve pertinho de nós, às vezes como um velho de barbas e cabelos longos e brancos, às vezes como um anjo, às vezes como um ser espiritual de luz invisível aos olhos físicos, mas às vezes como um amigo ou mesmo como um estranho, que só queria “fazer o bem sem importar a quem”. Deus está muito perto de nós, o tempo todo, aconselhando-nos, protegendo-nos, com muito amor, bem-aventurados os que não se escandalizarem com ele na eternidade, mas só reconhecerem um rosto amigo que sempre esteve próximo.

Esta é a 75ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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