14/10/22

Está funcionando pra você? (75/92)

      “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente.Romanos 14.4-5

      O contexto original do texto bíblico inicial, é o escritor da carta aos romanos, falando sobre aqueles que se convertiam ao cristianismo no primeiro século, e que mantinham costumes da religião anterior. É a isso que ele se refere ao dizer “um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias”. O escritor, possivelmente Paulo, não faz diferença entre o que age assim e o que não age, mas aconselha que não se julgue ninguém, nem para mais, nem para menos. A frase final é a que mais nos ensina, “cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente” com a vida que escolhe ter.
      Quem sabe se um casamento funciona ou não? Não é quem está do lado de fora, mas só quem está dentro. Com religião é semelhante, algumas religiões funcionam para alguns e não para outros, o que não podemos é julgar estando do lado de fora, sem conhecer de fato quem são as pessoas dentro das igrejas. Muitos fazem um esforço tremendo para terem vidas melhores, para acertarem suas trajetórias, e usam o que têm à mão, não necessariamente o que nós achamos ser melhor. A reflexão que segue não é um julgamento, mas uma pergunta, pode não ser o teu caso, mas pensemos no assunto. 
      Faço uma pergunta a muitos evangélicos: sinceramente, religião está funcionando para vocês? Algo que me leva a fazer esse questionamento e ver no que se transformam famílias e filhos de muitos evangélicos com o tempo. Sei que muitos começam a frequentar igrejas com boa sinceridade, querem achar algo, querem respostas, querem Deus e sua atenção. Sentem-se bem cantando músicas evangélicas, orando com pares, ouvindo os pregadores, se emocionando com palavras enfáticas sobre fé e milagres. As pessoas querem espiritualidade mais que achamos, o problema é como e onde.
      O ser humano pode receber dois tipos de formações, a moral e a cultural. Nas igrejas as duas coisas são influenciadas pela religião, assim se aprende que adulterar, roubar e matar é errado, mas também, principalmente nas igrejas evangélicas, que certo estilo de arte, de linguagem, de vestuário é mais adequado a cristãos. Mas os costumes também estão aliados à moralidade já que se acredita que vestir certas roubas, falar certos termos ou ouvir certas músicas ou mesmo ir a cinema e ver TV pode ser pecado. Pelo livre arbítrio, cada um tem direito de falar, ouvir ou vestir o que quiser.
      Contudo, o que aos nossos olhos começa de um jeito, depois pode acabar de um jeito muito diferente. Talvez porque as gerações passadas fossem mais submissas a tradições, mesmo mais temerosas de desobedecerem o que aprendiam de seus pais, cristãos, católicos e protestantes, criados em igrejas, seguiam assim até o fim de suas vidas. Contudo, hoje, vemos tantos que foram crianças e pré-adolescentes em igrejas se transformarem em seres humanos bem diferentes quando entram na juventude. A princípio não há nada de errado nisso, novamente, cada um tem livre arbítrio e deve exercê-lo. 
      A questão são as prioridades, o que de fato queremos que nossos filhos aprendam, costumes ou moral? Muitos querem que aprendam costumes pois acham que esses refletem a moral, assim, a primeira coisa é entendermos que o que aparenta nosso lado físico exterior não necessariamente se refere ao nosso lado moral interior. Muitos não só acham que o lado externo deva refletir o interno, mas que ele tem mais relevância que o interno, afinal, as pessoas veem, pelo menos a princípio, o lado externo, não o interno. Saber desconectar esses lados, eis o primeiro passo para se ter uma religião que funcione. 
      Nesse aspecto precisamos entender que as coisas mudaram muito, principalmente nas últimas décadas no mundo. Desde os anos 1960 temos experimentado uma revolução na maneira como as pessoas se expressam, em muitas áreas, obedecer ao conservadorismo dos antigos cedeu lugar a individualidades que podem fazer o que quererem, onde, quando e do jeito que querem. O lado exterior foi libertado do interior, na verdade não há mais patrões coletivos, o ser humano se tornou mais complexo, e sua trajetória no tempo leva a mudanças vivenciadas entre as tantas opções oferecidas. 
      Se visitássemos lojas de roupas dos anos 1950 veríamos como as opções oferecidas eram bem menores que as de hoje em dia, isso reflete o interior das pessoas. Sim, hoje ainda existem padrões, bolhas, tribos, mas antigamente eram em número bem menor. Isso se adequa à liberdade emocional que as pessoas têm hoje, crianças e adolescentes são expostos a isso o tempo todo, nas escolas, nas ruas, e principalmente, na internet e pelos celulares. Tentar padronizar o ser humano é impossível, a não ser que seja escolha dele ou que ele tenha sérios problemas emocionais que o aprisionem a tradições. 
      Por que crianças criadas em igrejas fogem da igreja assim que podem? Porque não se sentem bem dentro delas, e não se sentem bem porque não conseguem harmonizar o que são com o que as igrejas são. O que jovens que saem de igrejas são? São aquilo que deram e eles, mais aquilo que escolhem ser. O que damos às crianças, leis morais superficiais e fora de contexto? Padrões estéticos exteriores, o que vestir, ouvir e beber? Obrigações para que vivam para receberem aprovação de religião e membros de igrejas? Isso tudo é falso, quando elas crescerem avaliarão isso e entenderão que há hipocrisia.
      Se buscamos na religião e consequentemente ensinamos a crianças e adolescentes as coisas certas, essas coisas terão mais chances de serem retidas pelos espíritos de todos. O que é bom e correto gera boas e permanentes sementes, que um dia darão bons frutos, ninguém duvide disso. Assim, a primeira coisa é os adultos viverem uma relação adequada com Deus, mesmo em religiões imperfeitas, para então viverem e darem exemplo dentro de casa. Se isso não ocorrer a semente gerada será de falsidade e hipocrisia, essa não dará nenhum fruto bom e poderá ter um resultado até pior. 
      Muitos jovens, criados em igrejas, têm mais aversão ao cristianismo que outros, que não foram criados por pais evangélicos ou católicos, contudo, a aversão deles não é a Jesus, ainda que eles não saibam disso a princípio, é só ao falso cristianismo que tentaram lhes impor. Por outro lado há o livre arbítrio, assim, mesmo que os pais tenham vivido um evangelho coerente e tenham conseguido testemunhar isso na prática dentro de seus lares, os jovens podem fazer outras escolhas. Nesse ponto eis a sabedoria de pais que temem a Deus, respeitarem as escolhas de seus filhos e ficarem perto deles.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

13/10/22

Que poder teremos no céu? (74/92)

     “Mas o que tendes, retende-o até que eu venha. E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai. E dar-lhe-ei a estrela da manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apocalipse 2.25-29

      Que poder terão os homens na eternidade, como privilégio por terem guardado a vontade do Senhor até o fim? Seria poder como aquele que os israelitas podiam exercer sobre os que venciam em batalhas, aqueles que em relação a eles estavam numa posição inferior, por isso, como superiores, tinham direito de escravizar e tomar despojos? Seria um poder físico, beligerante, opressor? Ou seria a autoridade que Jesus tinha quando encarnado, sobre os seres humanos de maneira geral, inferiores a ele espiritualmente, mas que para os quais o Cristo ensinava com amor, respeitava os limites com misericórdia, mostrava o melhor caminho para Deus com humildade, não era de forma alguma opressor, ainda que com firmeza e luz? 
      O próprio João, quando registrou o livro de Apocalipse, interpretou as revelações que recebia pelo Espírito Santo sob sua inteligência moral e intelectual, conforme um homem do seu tempo, por isso ele usou palavras para ensinar o povo de seu tempo, e as palavras foram duras, “com vara de ferro as regerá, e serão quebradas como vasos de oleiro”. Eis outro texto bíblico que nós, cristãos do século XXI, precisamos entender sob a ótica do Espírito Santo, que sempre revela a vontade de Deus de maneira gradativa, condizente com a inteligência moral e espiritual do momento histórico que o homem vive, contudo, essa interpretação mais espiritual não é nova (e nem minha), é a de Jesus.
      Interessante que mesmo o apóstolo do amor, que tanta intimidade teve com o Cristo encarnado, também estava limitado à visão religiosa da velha aliança judaica, mas e quanto a você, será que pensa que na eternidade a mais alta espiritualidade será demonstrada como diz o texto, se interpretado ao pé da letra? Se crê assim, eu respeito, aliás é uma posição comum na teologia cristã tradicional, eu porém creio diferente. Existirão diferenças no mundo espiritual, e os superiores terão um trabalho a fazer, não o de um duro domínio sobre os inferiores, mas como mestres conduzindo em amor esses ao Deus altíssimo, eu pelo menos aprendo isso com as palavras e as atitudes de Jesus, lendo os evangelhos. 
      Sim, existirá uma regência firme, porque não haverá mais “jeitinhos” de se afastar de Deus, e também os espíritos serão quebrados como vasos do oleiro, mas não para serem destruídos, mas quebrantados, para que através da humildade achem o caminho para Deus. Estou me arriscando a compartilhar crenças pessoais que vão além de muito que ensina o cristianismo tradicional, mas não se escandalize, apenas pense um pouco, ao invés de só ler o texto bíblico e aceitar a interpretação do senso comum cristão. O céu será um lugar só de louvor e comtemplação para os salvos? O texto inicial, mesmo interpretado ao pé da letra, diz que não, administrar poder sobre as nações, seja lá o que isso signifique, é um trabalho.  
      Muitos, apesar de conhecerem a Deus e de buscarem o conhecimento de sua vontade para suas vidas, ainda vivem neste mundo aquém da melhor espiritualidade de Deus para eles, são os teimosos que permitem que o Espírito Santo entre em seus corações, mas só até um ponto. Esses seriam os que não guardam até o fim as obras de Deus? Que por isso terão algo a aprender, mesmo na eternidade? Se for isso, quem os ensinará? Serão os que foram fiéis a Deus até o fim, ninguém se engane com relação a isso, e muitos se espantarão quando verem doutores, mestres e mesmo líderes, que no mundo tinham posições importantes, serem na eternidade alunos dos que no mundo eram seres considerados marginais e inúteis. 

12/10/22

Para quem é a Bíblia? (73/92)

      “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.João 17.17

      Deus não permitiu que o cânone bíblico fosse construído e mantido para que só teólogos o entendessem com muito estudo, e para que ignorantes o aceitassem sem pensar muito. Não, a Bíblia existe para que qualquer um seja atendido, desde que tenha ajuda do Espírito Santo e algum interesse sobre contextos históricos e culturais deste mundo. Quem Deus abençoa e ensina com sua palavra? A todos. Mas todos são teólogos? Não. Mas os outros também não devem ser crentes ingênuos que aceitam tudo sem pensar. 
      Hoje os tempos mudaram, e não é só a interpretação da Bíblia que pode ser melhor, o entendimento de informação e de onde ela está registrada mudou. Nos tempos bíblicos as pessoas não tinham, todas elas, cópias do velho testamento, da Torá, em casa, ou podiam levar os textos sagrados por todos os lugares. Sacerdotes tinham cópias e eles as liam para o povo, o que eles entendiam como palavra de Deus era algo objetivo, não sujeito à qualquer subjetividade, era sim e não, sem direito a interpretações pessoais. 
      No tempo de Jesus já existiam cópias em pergaminhos nas sinagogas, mas foi só com Gutenberg, a partir do século XV, que cópias da Bíblia foram disponibilizadas com mais facilidade, ainda que nem todos soubessem ler. Na igreja católica sacerdotes liam a Bíblia nas missas, celebradas em latim, não se tinha esse hábito em casa. O relativismo, que nos acostumamos hoje, que diz que todos podem ter opiniões, que mesmo um texto pode ter interpretações diferentes, conforme a pessoa que o lê, é uma aquisição recente.
      Um estudo histórico científico abriu a cabeça dos homens para a verdade, já que no passado a verdade histórica era a propagada pelo poder vigente, por monumentos e outros registros que esse fazia e mantinha, era costume destruir o que o poder anterior tinha construído. Vemos isso no Egito antigo, mas também nos tempos atuais, quando militares deram o golpe nos anos 1960 no Brasil, informaram a sociedade, por livros e pela mídia, que eles e tudo que no passado os representava, era o certo, a verdade, e o resto, não.
      Vivemos um momento especial do que chamo de “bibliolatria”, entramos numa livraria evangélica e podemos comprar uma Bíblia entre muitas versões, comentadas por “entendidos” de todas as espécies, para crianças, jovens, mulheres, homens (até para homoafetivos, como alguns chamam a versão N.V.I., sem fazer aqui qualquer juízo de valor). Quem quer saber a vontade de Deus pensa que basta abrir uma Bíblia e ler. Mas isso é um avanço ou um retrocesso? Isso não está só ajudando a calar mais o vivo Espírito Santo? 
      Vejo protestantes saindo para o pentecostalismo e pentecostais procurando teologia protestante, todos insatisfeitos com o que possuem, mas poucos de fato buscando a Deus com perseverança e santidade. Pentecostais provaram dons do Espírito, mas só superficialmente, teólogos protestantes aprofundaram-se num estudo que acham ser científico das escrituras, mas amarrados a dogmas, muitos ainda do catolicismo, verificaram a superfície com microscópios, mas não se deram ao trabalho de cavar bem fundo com pás. 
      Todos continuam sabendo só mais do mesmo, por quê? Porque não usam as ferramentas melhores, a ciência para conhecerem os contextos deste mundo, e o Espírito Santo para receberem as verdades do outro mundo. A falsa ciência e a falsa espiritualidade são pés diferentes de uma mesma pessoa, a covarde, que busca aprovação de homens, sejam cientistas ou teólogos, não de Deus. Tudo está na Bíblia, nunca negamos isso, mas é preciso lê-la certo, o humilde e inteligente entenderá isso e achará a verdade mais alta.
      Já o covarde, que quer agradar a todos, não chega a lugar algum. Mas não é isso que o cristianismo falso deste mundo, seja pelo catolicismo, pelo protestantismo ou pelo pentecostalismo, faz? Amarra o ser humano a um estado eterno de infantilidade espiritual? Eu amo a Bíblia, mas Deus tem me ensinado a vê-la do jeito certo, testemunhos de homens antigos sobre Deus e sobre Cristo. Deus não desceu do céu e a escreveu, assim não temos que interpretá-la como leis extremas de Deus que não podem ser avaliadas.
      Se alguém discorda das afirmações feitas aqui, pensa que se as seguisse se desviaria de Deus, com todo o respeito, devo dizer que talvez você confie mais em religião de homens, que em Deus. Não, você não precisa e nem deve aceitar o que compartilho, mas pode considerar orar a respeito, não de qualquer jeito e nem com a mente fechada, mas com fé, pedindo a Deus que te mostre a verdade, seja ela qual for. Se mesmo depois de orar não mudar de ideia, então, permaneça em paz na fé que te trouxe em vitória até aqui.

11/10/22

Verdades sobre a Bíblia (72/92)

      “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” II Coríntios 4.16

      A solução para se ter uma Bíblia mais autêntica, não está no uso de fontes mais antigas, ainda que tivéssemos em mãos o primeiro texto do evangelho escrito por Mateus (considerado por muitos o evangelho mais antigo), ou uma versão do evangelho de João (considerado o último evangelho escrito) de acordo com as relevâncias dadas por Jesus, e não pela subjetividade alterada pelo tempo do apóstolo do amor, ainda assim o homem poderia, tempos depois, lendo os textos, subverter a palavra original do Cristo, interpretando diferentemente. Isso pode não ter alterado um texto de forma mais extrema, mas subtraído algumas partes ou mesmo escolhido palavras, para traduzir o original, não erradas, mas que levassem a um entendimento um pouco diferente do original, e de acordo com a doutrina vigente da igreja que o estivesse traduzindo. O importante é entendermos que a tal providência divina não pôde interferir no livre arbítrio dos homens, e mesmos papas, teólogos e outros líderes, responsáveis pela construção do cânone bíblico, também são homens, limitados, com defeitos, vaidades e conveniências, e com direito ao uso do livre arbítrio. Deus permite a confusão para que trabalhando o homem exerça seu livre arbítrio, assim, cabe a cada um de nós por mãos à obra e achar o conhecimento de Deus na fonte, Deus. 
      Se alguém, que até agora acreditou que a Bíblia foi escrita por homens, mas sob inspiração divina e que por isso não contém erros, se essa pessoa ler este texto, entendê-lo, aceitar o que foi dito, então, ficar angustiada, sentir-se desestabilizada em sua fé, essa é a reação mais honesta que penso que possa haver, talvez seja a mais sincera. Infelizmente, não é isso que acontece com muitos, esses simplesmente vão chamar essas críticas a uma interpretação da Bíblia ao pé da letra e de forma atemporal, menosprezando contextos e livre arbítrio dos escritores, de heresias. Chamarão esse que vos escreve de herege, de desviado, mesmo de instrumento do diabo. É mais fácil demonizar o opositor, jogando-o num extremo, que aceitar o próprio extremismo, ou ainda melhor, que achar um meio termo equilibrado. Outros, contudo, até crerão nas críticas levantadas, gente mais acostumada a pensar, mas não darão a elas a devida importância, esses são os que mais me intrigam. Eles conseguem seguir vivendo como religiosos, fazendo em suas vidas uma separação entre aquilo que ouvem na igreja e o que ouvem nas universidades e nas empresas, dizendo que os dois lados falam a verdade. Entretanto, verdade dividida não é verdade, não existem duas verdades, mas uma mentira e uma só verdade.
      Aqui no “Como o ar que respiro” costumo não entrar em muitos detalhes sobre questões consideradas polêmicas, informo alguns links, enfim, está tudo na internet para quem quiser se aprofundar. Se muitas pessoas estudassem mais entenderiam o nível de consciência moral e intelectual que a humanidade se encontra hoje, e que se não foi atingido por muitos é só por preguiça ou covardia. Nesse nível estamos capacitados para buscar a verdade, além do autoritarismo religioso de homens, sem medo do papa, do vaticano, de qualquer presidência nacional de denominação religiosa protestante ou de doutor em teologia. Contudo, as pessoas temem sair de zonas de conforto, e a religião talvez seja a zona mais confortável que existe no mundo. Muitos pensam, “por que teria eu que duvidar de uma igreja de dois mil anos, poderosa, presente em todo o mundo?”, e mesmo os protestantes, que são só católicos desviados, ainda que achem em suas denominações abrigo contra o inferno, sentimento de pertencimento e algum refrigério para culpas, não entendem e não acreditam em muitas coisas, mas fazem de conta que está tudo certo. Quando compreenderemos, principalmente em se tratando de vida espiritual, que nosso compromisso é conosco e com Deus, não com homens? Não há igrejas no céu, mas existem muitas no inferno. 
      O ser humano só começa a viver de lembranças quando envelhece, quando não tem mais juventude para ter novas e melhores experiências, assim passa a achar satisfação nas memórias. O jovem por sua vez, quando tem uma experiência feliz, nem se lembra da experiência anterior, mesmo que tenha sido boa, a última lembrança é a mais forte e ele segue vivendo para isso, para ter boas, novas e melhores experiências. A humanidade começou a usar o recurso do álbum de velhas fotografias quando envelheceu, e na religiosidade cristã quando parou de ter novas experiências com Deus, assim os ícones do cristianismo, a cruz, a figura de Cristo, os dias santos, as imagens e as esculturas, supriram a falta de uma nova e viva experiência espiritual. Mas a humanidade não teve esse envelhecimento de maneira sadia, ela envelheceu ainda jovem, quando ainda tinha muito a vivenciar da espiritualidade cristã. Deixou que o Espírito Santo se afastasse e tentou dar continuidade à sua experiência adorando ídolos, e a Bíblia também pode ser uma espécie de ídolo. Contudo, a verdadeira espiritualidade não envelhece nunca, porque não baseia-se no corpo, no mundo, nos homens, mas no espírito, e esse caminhando para o Altíssimo, em constantes e melhores novidades de vida. 

Leia nas três postagens anteriores
as outras partes da reflexão 
 “Verdades sobre a Bíblia”
José Osório de Souza, 18/02/21

10/10/22

Bíblia, palavra de Deus? (71/92)

      “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro.” Apocalipse 22.18-19

      A chamada de atenção do texto acima, apesar de ser usada como orientação para toda a Bíblia, está no livro de Apocalipse e se refere especificamente ao livro de Apocalipse, mesmo porque quando João a registrou não existia a Bíblia como a conhecemos hoje, muito menos o novo testamento. O livro de Apocalipse é um texto com profecias sobre o final dos tempos, um livro único, logo precisava de uma exortação forte e clara para que ninguém distorcesse de alguma forma as informações nele contidas. Mas usar a exortação como lei genérica é exemplo de como textos bíblicos podem ser usados por homens para defender seus interesses. Mas será que todas as palavras ditas inspiradas por Deus e contidas no cânone bíblico, seguem essa orientação, foram mantidas íntegras, de acordo com as fontes originais? Mesmo que tenham sido, será que as fontes entenderam certo a palavra de Deus no momento que a registraram? Até que ponto a Bíblia é palavra fidedigna do único e verdadeiro Deus? 
      Uma grande maioria de cristãos tem uma fé cega na Bíblia, a aceita como palavra fidedigna de Deus, cada versículo, cada capítulo, cada livro, para muitos tudo isso é uma verdade escrita diretamente pela mão de Deus. Sobre o novo testamento, por exemplo, muitos acreditam que após Jesus subir e o Espírito Santo descer em Pentecostes, apóstolos e discípulos registraram suas experiências diretamente com o Cristo em manuscritos, criando os evangelhos, depois outros escreveram as cartas para as igrejas que se formavam e para outras pessoas, desses textos foram feitas cópias fiéis, primeiro à mão e depois pela imprensa, para que desse material tivéssemos o cânone bíblico atual, ainda que com diferenças entre a versão católica e a protestante. É um raciocínio simplista que usando como álibi a providência divina, que conforme muitos guardou todo o processo, desconsidera o livre arbítrio e todas as interferências que podem transformar as informações que o homem recebe e passa em frente para outros homens.
      A coisa não foi tão simples assim, e desde já deixo uma declaração: apesar de não ter sido bem assim, Deus, em sua misericórdia, permitiu que fosse registrado o suficiente da verdade original para que a humanidade conhecesse a missão superior e singular de Jesus. O mais importante está na Bíblia, e os que de fato querem Deus, não religiões humanas, podem achá-lo, mesmo numa Bíblia que não reflete exatamente o que disse e fez Jesus. Quem analisa a vida sob um ponto de vista científico, quem estuda história, arqueologia, paleontologia, psicologia etc, entende que os homens são frutos do meio e do tempo, dessa forma, ainda que tenhamos recebido um ensino verdadeiro há trinta anos atrás, as relevâncias que deram a ele há trinta anos, há vinte anos, há dez anos e hoje, são distintas. Mudamos no tempo influenciados pelos acontecimentos do momento, por isso mudam as relevâncias que damos a um ensino, assim poderemos rever textos e atualizá-los conforme nosso presente. 
      Durante o primeiro século, por exemplo, muitas coisas ocorreram com o povo judeu convertido ao cristianismo, eventos políticos, religiosos, filosóficos, sociais, incluindo a dispersão do povo judeu em 70 d.C., que deu a muitos cristãos novas expectativas pelas promessas do evangelho. Assim, um texto bíblico que ainda estava sendo escrito à mão, sem muito de científico, pode ter sofrido influência em suas relevâncias, para satisfazer os anseios presentes do povo. Outro fato que influenciou o registro das palavras originais de Jesus e as cartas às igreja, foi a filosofia grega, rejuvenescida pela escola de Alexandria no primeiro século. Devemos também levar em conta que a Septuaginta, versão da Bíblia hebraica em grego koiné (língua franca do Mediterrâneo oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande), traduzida entre os séculos III a.C. e I a.C. em Alexandria, que tornou-se a versão do antigo testamento para os primeiros cristãos, também contém discrepâncias em relação aos textos hebraicos originais.
      Na história da igreja católica, papas e concílios interferiram por séculos no cânone bíblico, onde a versão Vulgata de São Jerônimo (escrita entre os séculos IV d.C. e V d.C.) foi a Bíblia oficial por muito tempo, mudando partes conforme conveniências para manipular seus adeptos, na maioria um povo humilde e sem cultura. Mas mesmo a lucidez protestante, que priorizou metodologia mais científica para traduzir a Bíblia, buscando traduzir as fontes mais antigas possíveis, nas línguas originais, não dando a importância que a Igreja Católica dá à Vulgata só pela tradição, no máximo usará cópias, ainda que mais antigas, escritas por homens de seu tempo, não um texto escrito diretamente por Jesus. É importante citarmos os manuscritos do Mar Morto, encontrados entre as décadas de 1940 e 1950 nas cavernas de Qumran em Israel, que contêm as cópias mais antigas de alguns textos bíblicos: 
      “Porções de toda a Bíblia Hebraica foram encontradas, exceto do Livro de Ester e do Livro de Neemias... Os Manuscritos do Mar Morto são de longe a versão mais antiga do texto bíblico, datando de mil anos antes do que o texto original da Bíblia Hebraica, usado pelos judeus atualmente... Embora os rolos demonstrem que a Bíblia não sofreu mudanças fundamentais, eles também revelam, que é possível até certo ponto, que houvessem versões diferentes dos textos bíblicos hebraicos usadas pelos judeus no período do Segundo Templo, cada uma com as suas próprias variações. Com exceção principalmente do livro de Isaías, os fragmentos preservados nestes manuscritos possuem algumas variações, que os diferenciam do texto massorético na grafia e na fraseologia” (Fonte Wikipedia). 

Leia nas duas postagens anteriores
e próxima postagem 
as outras partes da reflexão 
 “Verdades sobre a Bíblia”
José Osório de Souza, 18/02/21

09/10/22

Questionar não é pecado (70/92)

      “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.” Jeremias 31.31-34

      A passagem do capítulo trinta e um de Jeremias nos revela que a segunda aliança que Deus faria com o homem seria diferente da primeira, a primeira foi baseada em sacrifícios de animais e numa lei registrada num livro, a segunda seria baseada no Espírito de Deus “escrevendo” diretamente nos corações dos homens. O próprio Deus ensinaria cada ser humano de maneira direta, isso tiraria da religião oficial o papel de ser instrumento oficial de Deus, o próprio Deus seria seu instrumento, por Jesus através do Espírito Santo. Contudo, ainda assim, pouco tempo depois da partida de Jesus e da fundação das primeiras igrejas, o homem voltou a se abrigar em uma religião institucional no mundo, não no Deus espiritual. Não que não fossem ou não sejam necessárias igrejas, elas são bênçãos, tanto espiritual quanto socialmente, mas se elas se tornam ferramentas de homens para dominar sobre homens o vivo Espírito de Deus se afasta e uma palavra morta ganha espaço.           
      Por isso a importância (equivocada) que muitos cristãos dão à Bíblia, principalmente os evangélicos, acham que com ela podem ter um pocket deus, um “deus portátil de bolso”, onde as regras estão claras e não há risco de errar sem que haja necessidade de busca por oração. Sempre que o homem se poupa de pensar abrirá mão para que outros pensem por ele, isso o fará depender dos outros. Não existe ociosidade religiosa maior que assistir um culto construído sobre liturgias e ritos, onde tudo já está bem mastigado para que nos alimentemos do deus dos outros de acordo com os protocolos dos outros. Se esses protocolos ainda fossem baseados na palavra original e genuína de Deus, seria menos ruim, mas não são, são baseados num cânone bíblico modificado no decorrer dos séculos pelos homens, os mesmos que ensinam que questionar a legitimidade divina desse cânone é pecado. Esse é o ponto desta reflexão, chamar a atenção sobre a verdade da Bíblia, que muitos fecham os olhos para não ver.             
      Se dermos uma passeada pelo Google acharemos vários espaços virtuais, sites, redes sociais, blogs, vídeos, com propostas de revelar heresias, a maioria defendendo a Bíblia como um livro que deve ser interpretado ao pé da letra, qualquer interpretação que contenha subjetividade é considerada heresia. Muitos não percebem que as maiores heresias são baseadas justamente em interpretações ao pé da letra da Bíblia, e seguindo nesse raciocínio, a afirmação que acabei de fazer, sobre não interpretar a Bíblia ao pé da letra, para muitos já é uma heresia. A conclusão que chegamos é que toda denominação ou seita cristã tem, em alguma instância, uma heresia em relação a outra denominação ou seita cristã, sendo assim, se todas são, nenhuma é, já que nenhuma pode ser usada como referência para as outras. Interessante que as religiões cristãs são as que possuem mais seitas e heresias. 
      Por esse motivo consolo-me, não me acho dono da verdade ou algum tipo de profeta especial, mas só mais um homem com direito a pensar, avaliar e compartilhar isso, e mesmo que essa visão seja considerada heresia para alguém, aceito isso em paz, pronto para dar satisfação ao Senhor por ela, seja aqui ou na eternidade. Não tenho nenhuma pretenção de convencer ninguém sobre meu ponto de vista, só o compartilho na esperança que outros mesclem seus pontos com o meu e talvez, através dessa mistura, cheguem mais perto do conhecimento mais puro de Deus. Não tenha, contudo, ninguém, ainda que apoiado por tradições, instituições, denominações, grandes pregadores, doutores em teologia, dogmas milenares, a presunção de se achar proprietário ou sócio da verdade maior. Nenhum homem no mundo teve ou tem essa posse e na verdade ninguém precisa ter. 
      Muitos, só por levantarmos certas questões, podem nos considerar heréticos, mas fazer esse tipo de avaliação é direito de todo ser humano, não representa um sacrilégio, principalmente se temos uma experiência genuína com o único Deus através do Espírito Santo. Contudo, se você se sentir desconfortável com isso, se o que for refletido for além de sua porção de fé, não considere as palavras deste texto, fique firme nas convicções que te trouxeram até aqui em paz. Ao que muito sabe muito é cobrado, e para muitos é melhor saber menos. Eu não quero desviar ninguém do amor de Jesus por causa de especificações técnicas sobre teologia e doutrina, que na verdade não fazem diferença para que o ser humano tenha uma comunhão real com Deus e o mundo espiritual.

Leia na postagem anterior
e nas duas próximas postagens 
as outras partes da reflexão 
 “Verdades sobre a Bíblia”
José Osório de Souza, 18/02/21

08/10/22

Deus fala por parábolas (69/92)

      “Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.” Mateus 13.13-15

      Boa parte das maiores verdades registradas na Bíblia está escondida nas parábolas, essas por si só contêm mistérios e podem tanto ser entendidas ao pé da letra quanto por uma interpretação mais profunda de suas figuras. As parábolas também são mais difíceis de serem alteradas em traduções, versões e compilações do cânone bíblico, elas existem no antigo testamento, mas Jesus as usava de maneira especial. Eram e são didáticas para os mais simples, assim como chaves para tesouros espirituais que os “iniciados” entendem, aqui vou usar o termo “iniciados” me referindo aos que buscam a Deus com mais intimidade. Nisso se revela o amor do Senhor, sendo tão alto e sábio não nega sua luz a ninguém, mas trata a todos de maneira específica, respeitando limites e escolhas. Jesus disse muito mais que aquilo que é ensinado nas igrejas, os que têm ouvidos e olhos espirituais ouvem e veem o que o Espírito Santo pode ensinar aos que querem aprender. 
      Contudo, além dos simples e dos íntimos, Jesus tinha o objetivo de atingir um terceiro grupo de pessoas através das parábolas, aqueles que já não eram (ou não se consideravam) simples, mas que também não aceitavam os mistérios de interpretações mais profundas. Aos que não abrem os olhos, as trevas são impostas, não pelo ambiente externo, mas pelo seu arrogante mundo interior. É sobre esses que se refere o texto inicial de Mateus, não é sobre o povo mais simples, mas sobre a liderança religiosa israelita do início do primeiro século. Jesus nos ensina algo com muita clareza, que os que menos podem conhecer os textos religiosos podem ser justamente os líderes, que mais acham que sabem, pois interpretam os textos e os usam para suas conveniências, não para servirem ao próximo e ao Senhor. Por isso devemos buscar bons líderes e acatá-los, mas sempre colocando em Deus nossa confiança maior, não em homens e no que esses dizem sobre o Senhor. 
      Com relação às nossas necessidades triviais e principalmente materiais, nossos empregos, o sustento de nossas famílias, mesmo o caminhar de nossos filhos e cônjuges no mundo, Deus nos fala sempre e de forma direta e simples. Manter nossas existências com dignidade é prioridade para nós e para nosso pai, contudo, a vida com Deus pode ser mais que isso, por isso dons espirituais e consagrações e orações mais intensas. Insto que o Espírito Santo tem mais a nos dizer que seus consolos diários, mais a nos entregar que o perdão de Deus em Cristo, mas a operar que ações que achamos ser extraordinárias (“milagres”) em momentos especiais de nossas vida. Muitas coisas sobre o mundo, os tempos, os homens, os seres espirituais, o universo e a vida eterna, Deus pode revelar aos que estão preparados para saber e o buscam da maneira correta. Com obediência, santidade, humildade e fé, que perseveram na busca, muitas respostas podem ser recebidas. 
      Duas coisas preciso dizer aos que sentem de Deus fazerem uma busca espiritual mais profunda: depende de nós, e, Deus se revela aos poucos. Muito se fala e se pergunta, por exemplo, sobre vida em outros planetas e o.v.n.i., mas você já questionou a Deus sobre isso? Muitos dizem que não perguntam a Deus sobre assuntos assim porque são bobagens, inúteis, contudo, lá no fundo de seus corações têm algum prazer em ler sites de teorias de conspiração a até creem um pouco no que esses lugares dizem. Eis um exemplo de algo que já perguntei a Deus e tive resposta, qual foi a resposta? Bem, eu a guardo para mim, se quiser saber pergunte você a Deus. A iniciativa de buscas mais profundas é nossa, Deus respeita isso e se nós não buscarmos ao Senhor seguiremos vivendo só com o que sabemos. Se temos curso técnico, Deus nos permite empregos como técnicos, mas se temos curso superior, Deus nos permite empregos melhores, depende de nós estudarmos mais.   
      O uso por Jesus de parábolas se refere à forma como o Espírito Santo trabalha em nós para nos revelar mistérios, uma forma gradativa. Somos limitados muito pelo medo, e quando temos um entendimento fechado de que algo é proibido para nós porque entendemos que a Bíblia proíbe, isso bastará para que nem questionemos certas coisas. Assim, a primeira coisa a entender é o que é a Bíblia, palavra ipsis litteris de Deus, ou só registros de homens de tempos antigos que tiveram experiências com Deus? Deus não desceu do céu e escreveu algo em uma pedra, um pergaminho ou um papel, e se Jesus escreveu alguma coisa não temos isso em mãos hoje, o que temos são textos de segundos ou de terceiros, além da tradição oral, que mais ainda perde do original no tempo. Aceitar algo como verdade final porque está na Bíblia, não deve nos impedir de questionar e levar esse questionamento ao Deus vivo em oração, contudo, ainda assim, Deus nos mostrará as coisas com muito cuidado. 
      Muitos teólogos por terem estudado muito as doutrinas tradicionais, por conhecerem o cânone bíblico de cabo a rabo, por lerem os idiomas originais da Bíblia, por terem graduações e pós-graduações em religiões, se acham profundos conhecedores do mundo espiritual, mas podem ser apenas extremos conhecedores do raso. O profundo e o escondido só o vivo Espírito Santo, não a letra morta, pode revelar. Conhecimento implica em mais e sérias escolhas, será que o curioso inicial está preparado para isso? Deus não quer que nenhum se perca, melhor um formado no curso médio e feliz, que um infeliz com curso superior incompleto. Livre arbítrio, Deus o respeita muito, sempre nos perguntará e pedirá que confirmemos a resposta, para saber se estamos preparados para seguir, se saber não nos levará à perdição. Nossa prática moral deve acompanhar nosso conhecimento espiritual, se é de Deus funciona assim, saber mais deve nos tornar mais santos e mais humildes. 

Leia nas três próximas postagens 
as outras partes da reflexão 
“Verdades sobre a Bíblia”
José Osório de Souza, 18/02/21