quarta-feira, outubro 12, 2022

Para quem é a Bíblia? (73/92)

      “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.João 17.17

      Deus não permitiu que o cânone bíblico fosse construído e mantido para que só teólogos o entendessem com muito estudo, e para que ignorantes o aceitassem sem pensar muito. Não, a Bíblia existe para que qualquer um seja atendido, desde que tenha ajuda do Espírito Santo e algum interesse sobre contextos históricos e culturais deste mundo. Quem Deus abençoa e ensina com sua palavra? A todos. Mas todos são teólogos? Não. Mas os outros também não devem ser crentes ingênuos que aceitam tudo sem pensar. 
      Hoje os tempos mudaram, e não é só a interpretação da Bíblia que pode ser melhor, o entendimento de informação e de onde ela está registrada mudou. Nos tempos bíblicos as pessoas não tinham, todas elas, cópias do velho testamento, da Torá, em casa, ou podiam levar os textos sagrados por todos os lugares. Sacerdotes tinham cópias e eles as liam para o povo, o que eles entendiam como palavra de Deus era algo objetivo, não sujeito à qualquer subjetividade, era sim e não, sem direito a interpretações pessoais. 
      No tempo de Jesus já existiam cópias em pergaminhos nas sinagogas, mas foi só com Gutenberg, a partir do século XV, que cópias da Bíblia foram disponibilizadas com mais facilidade, ainda que nem todos soubessem ler. Na igreja católica sacerdotes liam a Bíblia nas missas, celebradas em latim, não se tinha esse hábito em casa. O relativismo, que nos acostumamos hoje, que diz que todos podem ter opiniões, que mesmo um texto pode ter interpretações diferentes, conforme a pessoa que o lê, é uma aquisição recente.
      Um estudo histórico científico abriu a cabeça dos homens para a verdade, já que no passado a verdade histórica era a propagada pelo poder vigente, por monumentos e outros registros que esse fazia e mantinha, era costume destruir o que o poder anterior tinha construído. Vemos isso no Egito antigo, mas também nos tempos atuais, quando militares deram o golpe nos anos 1960 no Brasil, informaram a sociedade, por livros e pela mídia, que eles e tudo que no passado os representava, era o certo, a verdade, e o resto, não.
      Vivemos um momento especial do que chamo de “bibliolatria”, entramos numa livraria evangélica e podemos comprar uma Bíblia entre muitas versões, comentadas por “entendidos” de todas as espécies, para crianças, jovens, mulheres, homens (até para homoafetivos, como alguns chamam a versão N.V.I., sem fazer aqui qualquer juízo de valor). Quem quer saber a vontade de Deus pensa que basta abrir uma Bíblia e ler. Mas isso é um avanço ou um retrocesso? Isso não está só ajudando a calar mais o vivo Espírito Santo? 
      Vejo protestantes saindo para o pentecostalismo e pentecostais procurando teologia protestante, todos insatisfeitos com o que possuem, mas poucos de fato buscando a Deus com perseverança e santidade. Pentecostais provaram dons do Espírito, mas só superficialmente, teólogos protestantes aprofundaram-se num estudo que acham ser científico das escrituras, mas amarrados a dogmas, muitos ainda do catolicismo, verificaram a superfície com microscópios, mas não se deram ao trabalho de cavar bem fundo com pás. 
      Todos continuam sabendo só mais do mesmo, por quê? Porque não usam as ferramentas melhores, a ciência para conhecerem os contextos deste mundo, e o Espírito Santo para receberem as verdades do outro mundo. A falsa ciência e a falsa espiritualidade são pés diferentes de uma mesma pessoa, a covarde, que busca aprovação de homens, sejam cientistas ou teólogos, não de Deus. Tudo está na Bíblia, nunca negamos isso, mas é preciso lê-la certo, o humilde e inteligente entenderá isso e achará a verdade mais alta.
      Já o covarde, que quer agradar a todos, não chega a lugar algum. Mas não é isso que o cristianismo falso deste mundo, seja pelo catolicismo, pelo protestantismo ou pelo pentecostalismo, faz? Amarra o ser humano a um estado eterno de infantilidade espiritual? Eu amo a Bíblia, mas Deus tem me ensinado a vê-la do jeito certo, testemunhos de homens antigos sobre Deus e sobre Cristo. Deus não desceu do céu e a escreveu, assim não temos que interpretá-la como leis extremas de Deus que não podem ser avaliadas.
      Se alguém discorda das afirmações feitas aqui, pensa que se as seguisse se desviaria de Deus, com todo o respeito, devo dizer que talvez você confie mais em religião de homens, que em Deus. Não, você não precisa e nem deve aceitar o que compartilho, mas pode considerar orar a respeito, não de qualquer jeito e nem com a mente fechada, mas com fé, pedindo a Deus que te mostre a verdade, seja ela qual for. Se mesmo depois de orar não mudar de ideia, então, permaneça em paz na fé que te trouxe em vitória até aqui.

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