sábado, agosto 01, 2015

O que você mais quer de Deus?

        Vejo pessoas diferentes, buscando coisas diferentes em igrejas cristãs diferentes, aqui não vai qualquer julgamento de valor, nem qualquer espécie de critério de avaliação de melhores e piores, Deus sabe de cada um. Eu, contudo, que nestes quarenta anos de convivência com a Igreja de Cristo, já vivi uns quinze anos no chamado meio tradicional protestante, e mais quinze anos no meio evangélico pentecostal, para dar títulos às coisas e algumas referências, com certeza dúbias e equivocadas para muitos, mas nessa história, Deus me deu oportunidade de provar a plenitude do Espírito Santo, quando o contexto chamava isso de batismo no Espírito Santo, e de experimentar o batismo no Espírito Santo, quando o contexto chamava isso de plenitude do Espírito Santo. Conheci todas as promessas que denominações e pregadores distintos, todos convictos de legitimidade divina, fazem às pessoas, querendo ver crescer suas greis.
        Mesmo que muitos apelos não tocassem meu coração, não atingissem minha maior necessidade, ainda assim apoiei ministérios, intercedi diante de Deus pelos pequeninos que chegavam à frente dos templos, necessitados e ansiosos por uma resposta as suas necessidades. Contudo, o que entendi, há uns vinte e cinco anos atrás, com trinta anos de idade, numa virada que realmente deu início a minha vida adulta, foi que o que eu mais queria de Deus seria uma vida coerente, um andar com somente uma cara, sem medo ou vergonha de assumir isso diante de seja lá quem for, isso é o que busco até hoje, coerência, bem, numa busca assim, algumas coisas precisam ser entendidas.
        A primeira delas é aceitar em absoluta paz os limites individuais, e entender que não temos que ser iguais a ninguém, não precisamos ser super-homens e nem conseguiremos vencer tudo e amar a todos. Outra coisa é dar prioridade para o Deus de nossa intimidade, que muitas vezes é diferente do "Deus" coletivo, pregado e vivido por outros, pra isso não podemos sair inventando coisas, desculpas para sermos rebeldes e carnais, mas é preciso buscar, de todo coração ao Senhor, conhecer a vontade do Senhor e então obedecê-lo. Obtendo consciência do que somos e de quem é Deus, algo que na verdade nunca conseguiremos de fato em sua totalidade, mas tendo pelo menos algum fundamento disso, vemos que a vida não é uma linha reta em acensão, não de acordo com a visão humana.
        Conquistamos, perdemos, conquistamos novamente, novamente perdemos, desistimos, paramos, tornamos a andar, mudamos de opinião, voltamos a pensar como no início, desistimos de tudo radicalmente, nos levantamos e começamos de novo, corremos, caímos, paramos e paramos, e enfim, bem no fim, tornamos a caminhar, devagar, com muito mais cuidado, com outras atitudes, outras palavras, em outros lugares. Muitos desistirão de nós, não nos entenderão e nem nos apoiarão, mas nesses momentos conheceremos mais a nós mesmos e a Deus, e acreditaremos mais ainda no Senhor.
        Finalmente acharemos alguma coerência, alguma paz, não nos milagres materiais que tantos na Igreja evangélica contemporânea buscam, nem na utopia de um homem espiritual totalmente separado do mundo e ama todos sem limites, como muitos acham, mas numa humilde disposição, num fazer pouco, mas o suficiente, numa obediência real ao plano de Deus para as nossas vidas. Talvez, esse momento único de coerência chegue na velhice, dure pouco, mas será tudo o que Deus quer de nós, será aquilo para o qual Ele nos preparou durante toda a vida, será um milésimo de segundo da eternidade quando conseguiremos vislumbrar, mesmo que atrás da rocha, como Moisés se escondeu, a face santíssima e maravilhosa do altíssimo.

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