quarta-feira, agosto 05, 2020

Cristianismo cobrado (parte 2/7)

O cristianismo é uma religião de cobrança?

      “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.
  João  3.17-21

      As religiões de maneira geral contemplam uma necessidade latente de evolução espiritual, mas muitas, principalmente orientais, não estipulam prazos, não curtos, nem condenação, não eterna, elas falam em meditação, mais que em conversão, em renascimento, mais que em morte, em reencarnação, mais que em inferno, em eras de milhares de anos, não em uma única vida, uma única chance, um único caminho, uma única verdade. O cristianismo se diferencia de muitas religiões por informar a cura e o curador, e não focar o doente ou a doença, em Deus, seu filho e seu Espírito, não no homem, por essas urgências, o cristianismo é uma religião de cobrança imediata.
      Me chama a atenção no texto inicial a frase “quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus”, assim a verdade precede a luz, está dentro do homem, antes mesmo dele escolher oficialmente Jesus como seu salvador. Isso não é o homem sendo bom sem o evangelho, mas é Deus presente nos homens de bem, antes do cristianismo fazer parte de suas vidas sociais, antes até de seus nascimentos neste plano físico. O caminho do justo é para frente e para cima, ainda que se inicie nas trevas e no pecado, existe dentro dele algo que ele não entende bem, no início, mas que o atrai para a luz, existe a verdade de Deu dentro dele, já existe Jesus, o pleno redentor. 
      Quem olha superficialmente pode achar isso, que o cristianismo é uma religião de cobrança, de condenação, de inferno, mas isso só existe para quem não tem a verdade e ama as trevas, os condenados temem aquilo que pode revelar seu pecado (e existe muitos condenados dentro de religiões, mesmo nas cristãs). Os redimidos, todavia, querem ser iluminados, esclarecidos, têm fome e sede disso, não estão satisfeitos com suas condições originais nas trevas, eles não temem a verdade porque a amam, eles querem a luz, e a luz mais alta e santa. Esses não temem inferno ou condenação, esses não se sentem cobrados, mas curados, para esses o cristianismo é uma religião de vida, não de morte, de leveza espiritual, não de peso. Esses escolhem sem saber que foram escolhidos antes, por Deus, e não se sentem melhores por isso, privilegiados, mas são humildes de coração.
      Não vou levantar nesta reflexão os temas (polêmicos) sobre predestinação ou escolhidos, mas resumindo, quem pode ver os homens sob esses pontos de vista é Deus, atemporal e que conhece todos os tempos dos seres criados. Deus sabe quem se salva e quem se perde antes de alguém existir neste mundo, assim como conhece a verdade nos corações. Deus sabe se alguém, ainda que pareça perdido num determinado momento, julgado e condenado pelo mundo (e pelas igrejas), tem dentro de si a verdade que deseja profundamente ir para luz. Deus também sabe se alguém, que parece civilizado e religioso e que diante dos homens do mundo (e das igrejas) tem uma boa reputação, carrega no coração uma mentira, teme a luz, e sempre buscará em alguma instância as “trevas” para se esconder da verdade.
      Contudo, o melhor do cristianismo, na verdade sua única função, é Jesus, mais nada, um caminho reto e direto para o Deus altíssimo, para a vida eterna, para o melhor da eternidade com Deus, sem inferno, sem condenação, sem complicação. Mas infelizmente, quantos templos suntuosos, altares sofisticados, auditórios e palcos sofisticados, foram e são construídos, não para falar sobre Jesus, mas para entronizar homens, é isso que está sendo cobrado do cristianismo atual, sua volta à simplicidade suficiente de Jesus como único salvador e do Espírito Santo como única voz oficial do Deus altíssimo neste mundo. Cobrança, contudo, só existe para os que têm dívidas, religiões não pagam dívidas espirituais, só Cristo paga.

“O cristianismo está sendo cobrado”,
uma reflexão dividida em sete partes,
leia a postagem de ontem e as próximas 
para melhor entendimento de todo o assunto,
José Osório de Souza, 31/05/2020

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