sábado, agosto 08, 2020

Cristianismo cobrado (parte 4/7)

Uma chance para mostrar prontidão?

      “Então disse eu: Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis espada, e não tereis fome; antes vos darei paz verdadeira neste lugar. E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam. Portanto assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam no meu nome, sem que eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome, serão consumidos esses profetas. E o povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da espada; e não haverá quem os sepultem, tanto a eles, como as suas mulheres, e os seus filhos e as suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade.
  Jeremias 14.13-16

      Salta aos olhos a parte do texto acima que diz “não haverá quem os sepultem”, como isso lembra os tempos atuais da pandemia, mas todo o texto nos remete aos dias de hoje, que foram antecedidos por uma igreja que “profetizava” (grande parte dela, não toda, não generalizando) vitória, principalmente com a chegada de um líder político que dizia protegê-la. O texto é duro, os falsos profetas que profetizaram que não haveria guerra nem forme, sofrerão em suas carnes esse mal, guerra, nem de nação contra nação, mas interna, civil, de lado contra lado, e fome, por causa da crise econômica que se agrava pela doença.

      O pior e maior legado que o Corona vírus vai deixar no mundo, e especialmente no Brasil, é a pobreza, ainda que a nossa economia volte a crescer em 2021 vai demorar para o mercado se fortalecer a ponto de poder digerir todos os desempregados, todos os empresários falidos, todos os trabalhadores informais que já estavam sobrevivendo mal mesmo antes da pandemia. Que papel os cristãos fazem nesse cenário? Em primeiro lugar se de fato creem no evangelho que pregam e que amam ouvir nos púlpitos, os cristãos não devem ter sido pegos tão assim de surpresa por essa doença. Mas ainda que estejam surpreendidos, como todos estão e devem estar, se vivem o que falam e ouvem, devem ter de alguma maneira algo que lhes dê alguma segurança para passar por essa situação, principalmente econômica que a Covid 19 lançou a todos, com dignidade. 
      Não ouviram tantas vezes nas pregações que Deus protege os seus, que aqueles que são fiéis aos cultos, nos dízimos, na adoração, são protegidos pelo Senhor das piores coisas? Não de tudo, mas ao menos das piores? Se isso não está acontecendo algo esteve e está errado, ou creram em palavras falsas, obedecendo a orientações equivocadas, ou não seguiram as palavras certas, diziam que obedeciam mas não obedeciam as orientações de Deus para seu povo. Uma coisa eu tenho certeza absoluta, Deus não mente, não volta atrás e sempre cumpre o que promete, se alguém está errado, é o homem, ou por crer em coisas erradas, ou por não obedecer as coisas certas. O cristianismo está sendo cobrado, tudo o que foi prometido nos púlpitos agora está sendo posto à prova com a pandemia, tudo o que tantos disseram crer agora está sendo verificado, assim perguntas se fazem: existem frutos decentes do que foi plantado? Ou, a semente certa foi plantada? 
      Em segundo lugar, para aqueles que de fato buscaram ao Deu verdadeiro e de um jeito ou de outro estão sendo preservados, guardados, nesta terrível crise de saúde e econômica mundial, é tempo de, mais do que nunca, ajudar o próximo, e não é em oração não, nem convidando pra culto, é dando comida, roupa, ajuda financeira, primeiro aos da fé e depois aos outros. Que quando a ciência autorizar, obedecendo as regras de distanciamento da medicina verdadeira, que os templos sejam usados para abrigar os que nem tem onde morar, ou no mínimo para tomarem um banho e receberem uma refeição, ou para serem lugares para vacinação e exames médicos, com boa vontade muito pode ser feito com as estruturas organizadas que as igrejas normalmente têm. Mas eu penso, ah, se muitas igrejas tivessem mesmo vivido o verdadeiro evangelho durante a época das “vacas gordas”, quando se reclamava que estava ruim, mas não se sabia que podia ficar muito pior...
      Se pastores tivessem gastado menos com ostentação de templos, com casas, carros e luxos pessoais de vaidades, e obedecido à voz do Espírito Santo, hoje poderiam prestar um socorro diferenciado na sociedade, na verdade não teriam que fazer hoje nada diferente do que já estariam fazendo. Mas muitas igrejas, muitos pastores, muitos cristãos, foram pegos de surpresa. Onde estavam os profetas, aquele que exigiam dízimos para que o povo fosse abençoado, onde eles estavam que não prepararam a igreja para essa situação? Quem anda na luz não é pego de surpresa, mas pode ajudar os que estão nas trevas, contudo, um cristianismo que não se preparou e que está sendo cobrado nega até a doença, quando tantos apoiam um governante que vai contra a ciência, o bom senso, a realidade mundial. Cristãos brasileiros, se o mundo está sendo cobrado, muito mais os cristãos brasileiros, pois além de nossa situação ser pior não temos uma liderança decente, isso é mão de Deus pesando, assumamos isso!

“O cristianismo está sendo cobrado”,
uma reflexão dividida em sete partes,
leia as postagens anteriores e as próximas
para melhor entendimento de todo o assunto,
José Osório de Souza, 31/05/2020

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