sábado, agosto 01, 2020

O mal está nos extremos (estudo na íntegra)

O mal está nos extremos - Saul, o rei que o povo queria

      “Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações. Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor. E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.” 
      “E falou Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um rei. E disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós; ele tomará os vossos filhos, e os empregará nos seus carros, e como seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros.” “Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de servos. Então naquele dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá naquele dia. 
      Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras. Ouvindo, pois, Samuel todas as palavras do povo, as repetiu aos ouvidos do Senhor. Então o Senhor disse a Samuel: Dá ouvidos à sua voz, e constitui-lhes rei. Então Samuel disse aos homens de Israel: Volte cada um à sua cidade.
      “E havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afia, filho de um homem de Benjamim; homem poderoso. Este tinha um filho, cujo nome era Saul, moço, e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo do que ele; desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo.”
I Samuel 8.4-7, 8.10-11, 8.17-22 e 9.1-2

     As pessoas gostam de se colocar nos extremos, por que isso? Porque é mais fácil, nos extremos assumi-se posicionamentos claros e simples, ou se é preto ou se é branco. O centro, contudo, é mais difícil, tem que se esforçar para achar o equilíbrio, para discernir entre as graduações de cores e ver qual é a melhor para uma situação específica. Outra vantagem preguiçosa de quem se coloca num extremo é colocar seus opositores exatamente no extremo oposto, novamente sem se dar ao trabalho de avaliar com equilíbrio. A verdade é que opostos se atraem para odiarem-se, e nada é mais próximo do amor que o ódio (a verdade, mesmo, é que o oposto do amor é o desprezo, não o ódio, no desprezo não se usa mais energia com alguma coisa, simplesmente se desconsidera algo como merecedor de qualquer reação, já no ódio usa-se a mesma energia que se usa no amor, ainda que para criticar, não elogiar, quem odeia importa-se com algo e faz questão de mostrar isso, mas voltemos ao ponto).
      Esse extremismo “burro” nota-se atualmente no Brasil na área política, principalmente desde que um candidato nas últimas eleições trouxe à tona o extremismo de direita, que andava escondido ainda sob o remorso da violência que a ditadura militar tinha exercido em nosso país. Na verdade a extrema direita nunca teve remorso, e quando achou legitimidade, numa extrema esquerda que perdeu a sua por causa da corrupção e de um candidato que não teve medo de se assumir como extrema direita, ressurgiu. O embate foi estabelecido, e diferentemente do que ocorreu nas últimas décadas, onde se opunham, ainda que falsamente, só esquerda e centro, teremos de agora em diante um confronto constante entre dois extremismos, o confronto mais “burro” e preguiçoso que existe. Mas o que isso tem a ver com o “Como o ar que respiro”? Tem a ver porque esse confronto diz respeito ao povo de Deus, nosso foco aqui não é avaliar o mundo, mas a Igreja.
      É preciso fazer isolamento social nesta pandemia da Covid 19 que veio para ficar enquanto não se descobrir uma vacina? Sim, mas sem extremismo, com sabedoria, aliás, se o brasileiro tivesse boa educação e bom senso nem precisaria de regras e multas. Quem realmente precisa, que saia de casa, mas quem não precisa, não saia, fazer mercado é imprescindível, mas saia uma pessoa só da família para isso, de preferência jovem. Nem acho que precisaríamos parar todo o comércio, não se as pessoas tivessem equilíbrio, mas se não há equilíbrio é preciso de regras extremas. Leis e extremismo, repito, é para gente com deficiência intelectual, popularmente chamada de “burra” (desculpem-me  linguajar). Equilíbrio está funcionando em alguns países europeus, como a Alemanha e a Suécia (pelo menos no momento em que este texto está sendo escrito), mas porque os povos desses países têm uma educação, social, intelectual, moral, bem diferente da do brasileiro em média e em sua maior parte. 
      Equilíbrio é para os equilibrados e nos extremos não há equilíbrio, assim um líder “negacionista” que defende o não isolamento e despreza a ciência, dá mau exemplo para grande parte do povo brasileiro que o vê como modelo, prejudica duas vezes, pelo que faz e pelo modo como faz. Ele até poderia defender seu posicionamento, mas com sabedoria, orientando o povo na maneira melhor para enfrentar essa tragédia mundial, mas de maneira alguma sentando num lado extremo demonizando o outro lado. Mas o pior disso tudo é que um povo que se diz cristão, que deveria ser espelho de sabedoria e bom senso, apoia esse extremismo, além de extremar seus opositores denominando-os de “comunistas” que conspiram contra um presidente, um país e um cristianismo. Não percebem que o diabo montou uma arapuca e muitos cristãos caíram como patos, e se é uma armadilha é porque tem características de engano, que parecem uma coisa mas são outras, senão não seria arapuca. 
      Algo que me deixa muito preocupado é a falta de temor que muitas pessoas estão tendo, desprezando totalmente a situação, agindo como se nada estivesse acontecendo. Tudo bem, pode sair, pode ir a comércios, mas ajam com cuidado, que se diminua o tom de voz, que se fale menos, que estejamos na realidade com uma atitude de cautela, e isso não é só efeito de um posicionamento íntimo de vigilância, mas é se proteger. Vejo gente rindo e falando alto em lugares públicos, sabemos que o Corona se transmite por gotículas que saem de nossas bocas não só quando espirramos, mas quando falamos também, o simples fato de conversar com alguém pode passar o vírus, mas alguns não só não se importam, mas fazem questão de serem mais enfáticos, para usar uma palavra mais elegante, naquilo que acreditam, sendo irresponsáveis com toda a sociedade. Nessa atitude, repito, tenho visto muitos evangélicos, muitos, atitude que se não for totalmente errada e no mínimo inconveniente. 

      O presidente do Brasil diz que existe um complô contra ele, que coisa doentia isso, e doentes são também os que acreditam nisso. Ele e o Brasil não são tão importantes assim para o mundo a ponto de O.M.S., China, E.U.A., Europa etc, se unirem para derruba-lo. Essa pandemia vai prejudicar a economia mundial? Sim, isso é inegável, nações poderosas do mundo já aceitaram isso e já estão colhendo os amargos frutos dessa verdade, assim ninguém vai culpar o presidente do Brasil por isso. Por outro lado, ele será culpado, sim, por pessoas morrerem por não fazerem isolamento social apropriado, que o próprio presidente nega em alto e bom som, ser necessário. E por que essa apologia da tal hidroxicloroquina como solução? Está bem claro que é um remédio com muitos efeitos colaterais e que só é recomendado em último caso e com aprovação mútua de médico e paciente, ele não pode ser prescrito de forma generalizada, não por enquanto. Mas o pior, repito, é que evangélicos e protestantes apoiam a maneira de governar nessa pandemia do atual presidente do Brasil. 
      Quem ganha quando gente que deveria ser equilibrada se coloca num extremo? O outro extremo, que acha álibis para desmerecer seu antagonista. Mas existe um terceiro grupo de pessoas, o grupo do centro, dentre os quais eu tento me posicionar, dentre os quais os cristãos deveriam, essencialmente como seguidores do evangelho de Jesus, se posicionar. Quem elegeu o atual presidente não foi os de extrema direita, não foi, foi os do centro que não quiseram apoiar o extremismo da esquerda, que se corrompeu. Contudo, e esse é o principal perigo para o atual presidente, para seus devotos e para os evangélicos que o apoiam, esse posicionamento sem equilíbrio que o líder brasileiro está tomando frente à pandemia esta desapontando esse centro. Numa próxima eleição a extrema direita não será vencedora, não num segundo turno quando muitos têm que se unir num único candidato, assim muitos do centro podem mudar de lado e eleger de novo a esquerda. Mas se politicamente isso é uma derrota para a direita, para o cristianismo também é.
      O descrédito que a direita está ganhando pode fazer voltar ao poder o lado que mais se posiciona contra os valores da tradição judaica-cristã, valores ainda importantes para muitos que não querem reavaliar suas crenças. Não existe vantagem nenhuma no extremo, e isso, ao contrário que muitos evangélicos pensam, não é negociar com o mal, não é andar parte na luz e parte nas trevas, não é ficar em cima do muro. Em primeiro lugar é preciso entender que equilíbrio é necessário para se viver neste mundo, é coisa prática principalmente para existência social com as diferenças de escolhas dos homens, diferenças que o próprio Deus permite e respeita e que chamamos livre arbítrio. Podemos até ter posicionamento espirituais, religiosos e morais, radicais, mas para nós, não para os outros, nem para os nossos filhos que também devem ter direito à escolha. Na política o equilíbrio é condição sine qua non porque se propõe a governar a todos com todas as suas divergências, tanto quanto isso é possível de forma civilizada e não violenta. 
      Por que tantos evangélicos, incluindo lideranças importantes deles, caíram na arapuca “presidente “cristão” mais extrema-direita”? Porque já vinham desenhando esse final há algum tempo, já vinham fazendo escolhas de culto, de fé, de igreja, de pastor, de palavras que queriam ouvir em detrimento de não ouvir outras, isso há algumas décadas, no Brasil pelo menos. Não, não se cai numa grande e derradeira armadilha assim, de um dia para o outro, o inimigo vai armando pequenas arapucas, aqui e ali, desviando as pessoas aos poucos, no início nem tirando do caminho estreito, mas levando as pessoas a olhar para os lados, mesmo que continuem caminhando para frente. O que as levam a olhar para os lados vai se tornando tão interessante que num determinado momento elas param, estacionam, depois disso, finalmente, saem do caminho e seguem pelas laterais, que sempre conduzem para trás. O momento que vivemos atualmente no Brasil para os evangélicos é esse, dando um passo fora do estreito caminho.
      Muitos cristãos está maravilhados com a possibilidade do cristianismo ter poder neste mundo. Como é plano de Deus? Não, só repetindo o que a Igreja Católica fez há centenas de anos. O povo de Deus, liderado por falsos pastores, caiu no pecado da ganância, amou mais o mundo que a Deus, e não fez isso buscando os prazeres da carne ou adorando falsos deuses. Não, o desvio foi mais sofisticado, o mal não armaria uma armadilha óbvia e fácil de ser achada, tinha que ser algo mais elaborado, como serão todas as estratégias das trevas daqui para o final dos tempos. Assim o inimigo construiu uma arapuca de ideologias bíblicas, baseadas em promessas do antigo testamento, na grandeza de Davi e Salomão como reis de Israel, usando a fé na fé que vence os inimigos e permite prosperidade econômica e social no plano físico. O candidato a presidente só instrumentalizou tudo isso, os líderes evangélicos acharam um político com chances de liderar o Brasil baseado naquelas heresias que eles já estavam doutrinando suas ovelhas.

      Quem acompanha o “Como o ar que respiro” sabe do posicionamento do blog com relação a envolvimento de cristãos com política, cremos que deve ser o mínimo possível, votando bem e evitando ter cargos. Mas na possibilidade de ter cargo político seria conveniente que o cristão não tivesse cargos em igreja, para que as coisas não se misturassem, por outro lado, mesmo nessa possibilidade, púlpitos não devem ser usados para promoção política em hipótese alguma. Sim, é sábio que as ovelhas sejam ensinadas a “dar a César o que é de César, e a respeitarem todo tipo de autoridade, mas usar influência como liderança evangélica para constranger ovelhas a votarem nesse ou naquele, em nosso ponto de vista é tão errado quanto permitir que poderes políticos tenham algum tipo de influência dentro de assuntos da igreja, obviamente dentro de assuntos que não ofendem leis. 
      Mas a questão não é só “técnica” e teórica, ela é muito mais prática, não pode haver comunhão entre luz e trevas, simples assim, dessa forma é muito difícil (para não dizer impossível) para um cristão verdadeiro conviver com um sistema político mundano tão envolvido em trocas de favores, corrupção e imoralidades. A maioria das pessoas não faz ideia da sujeira moral que existe em câmaras de vereadores, de deputados, em senados etc, envolvendo todo tipo de devassidão, sexo, drogas. Política interage com a pior vaidade humana, que é pior que dinheiro e bens, é simplesmente poder, controle sobre as pessoas. Baseado nisso, uma grande massa de evangélicos ser levada a apoiar um candidato porque se diz cristão e tem envolvimento com os evangélicos, é aliança que não deve existir, ainda que o candidato seja de fato cristão e um homem realmente praticante do evangelho, equilibrado, honesto, humilde e sábio. 
      Sim, podemos escolher alguém (e temos o dever cívico disso) e votar nesse alguém, como melhor opção dentre as que se apresentam num determinado momento, mas sem idolatrar esse alguém, sem venera-lo como um “mito”, não como cristãos, para nós isso é sacrilégio, ou deveria ser. Tudo o que ocorre no mundo, principalmente em suas lideranças, políticas, empresariais, tem que ser acompanhado com temor e vigilância pelos cristãos, nunca confiando demais, o mundo é território do mal, de um jeito ou de outro quem dá a palavra final nele, autorizado por Deus, é o diabo, não nos enganemos com relação a isso. Mas um povo cego pelas tantas heresias que falsos pastores lhes contaram pede um líder maior à altura de sua estultícia e desvio, quando se pede muito por algo, mesmo que seja algo ruim, esse algo é dado, não para a alegria, para a tristeza, os que viverem (e infelizmente isso não é só força de retórica nestes dias) verão.
      Aqueles que se colocam num extremo e veem teorias da conspiração no outro extremo, correm o risco de estarem cegos com relação a uma conspiração real, não teórica, acontecendo em seu próprio extremo. Se alguém crê que isolamento social na pandemia da Covid 19 é agenda da esquerda para dar impeachment no presidente, por que não pode crer que o negacionismo é uma maneira de desacreditar a ciência, colocar militares no maior número de cargos políticos possíveis, para então dar um golpe com base militar? Forças armadas são poderes para defender um estado, não um governo, contudo, o atual presidente tem trazido militares para defenderem seu governo, isso ninguém pode negar, isso é perigoso. Sobre as teorias de conspiração de ambos os extremos, não estamos dizendo que uma ou outra é real, podem ser só meras ilusões psicóticas de quem se coloca em extremo “burro”. 
      Israel pediu um rei conforme seus corações, lhes foi dado Saul, extremistas não querem Davi, muito menos Deus, mas Saul. Triste foi o fim de Saul, que dentre os pecados o maior talvez tenha sido o de perseguir o melhor escolhido por Deus para ocupar o cargo que nunca foi seu, que ele nunca teve sabedoria para exercer. O estúpido fica cego, não vê o óbvio na obsessão de querer ser fiel a homens que dizem o que ele quer ouvir, não a verdade de Deus, Saul não apareceu do nada, foi fruto de um anseio popular, da rebeldia dos corações dos israelitas, ele só potencializou o mal de um extremo. No Brasil já vimos isso acontecer uma vez, na esquerda, que levou o país à bancarrota, será que isso não está ocorrendo de novo, agora no outro extremo? Salvação só pode vir de Deus, de mais ninguém, enquanto isso não for vivido muitos serão enganados pelo mal que está nos extremos, e não nos referimos ao mundo, mas aos cristãos.

      O sistema político de Israel do antigo testamento, conforme a vontade inicial de Deus, deveria ser o teocrático, assim Deus era o rei da nação hebraica, Deus expressaria sua vontade, sobre todos os assuntos, sociais, militares, religiosos e mesmo de saúde e higiene, através da Lei e da tribo de Levi. Mas logo que chegou à terra prometida de Canaã, juízes foram levantados, continuando a liderança de Moisés e Josué, para governar Israel, começando com Otniel, passando por Débora, Gideão e Sansão e chegando a Samuel, o últimos juiz, um dos personagens mais importantes da história da nação hebraica. Nesse ponto o povo de Israel sucumbe à tentação das nações vizinhas, que não obedeciam o Deus verdadeiro. A raiz de todo pecado, a origem do erro, é olharmos para fora do plano de Deus, é tirarmos os olhos de Deus e acharmos prazer em algo que não é autorizado pelo Senhor. 
      Samuel tomou o pedido de Israel como pessoal, pudera, seus filhos o tinham desapontado para darem seguimento à sua missão, mas Deus sabe o que faz, se tivessem continuado poderia se estabelecer com isso uma monarquia que poderia fazer mais mal que bem e destruir as boas coisas que Samuel tinha construído com seu trabalho. Não reclamemos quando algo termina, pode ser Deus querendo guardar o que conseguimos fazer de bom até então, se continuasse poderia acabar mal, é melhor terminarmos algo na melhor fase, para que as lembranças sejam boas. Contudo, um profeta de fato íntimo de Deus como era Samuel, tinha seu coração sincronizado com o Senhor, ele se magoou com o pedido de Israel, mas Deus também não gostou, o sentimento de Samuel era o mesmo de Deus, “não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles”.
      Deus sempre trabalha em nós e conosco na luz, de forma clara, sem mentiras ou ilusões, assim ele resolveu dar a Israel o que ele queria, mas avisou o povo das consequências disso, de terem um rei humano, não divino, de invejar as outras nações e de desejar para ele aquilo que Deus não queria dar porque não era o melhor. Deus tem sempre o melhor para nós, confiemos nisso, ainda que não entendamos no momento, não invejemos ninguém, achando que o que o outro tem é melhor que o que temos. Aquele a quem servimos é de quem dependeremos, bom é servir a um Deus justo, sempre seremos tratados com justiça, mas o que serve a homens não tem segurança. Hoje o homem pode estar de bom humor e tratar bem, mas amanhã, não, o homem é volúvel e inconstante, egoísta e cruel. Deus avisou o povo, mas ainda assim ele insistiu em seu desejo, estava cego e pagou por isso.
      Estas palavras selaram o destino de Israel, “nós também seremos como todas as outras nações”, quando o povo de Deus não vê mais relevância em serem homens e mulheres diferentes, no molde de Jesus, quando ainda que vá à igreja, ore, dizime, pratique a religião, o faz para pedir a Deus valores, não de Deus, mas do mundo, prosperidade material, bens, posição social, o desvio está concretizado. Não, Deus não vai contra, na insistência Deus dá ao ser humano exatamente o que ele quer, não existe mais outra maneira de se aprender o melhor caminho que andar pelo caminho ruim e quebrar a cara. O pai celestial, de uma maneira espiritual, que nós que gostamos tanto de antropomorfizar o divino não entendemos de maneira correta, deve se “entristecer” com um pedido desses, que em outras palavras diz, “não quero ser igual ao Senhor, quero ser como as pessoas do mundo”. 
      Saul era um homem bonito, devia ser bem carismático, se era engano que o povo queria Deus permitiu que esse engano fosse grandioso. Assim pode acontecer também conosco, se insistirmos numa rebeldia, em desejar o que Deus não quer dar, acabamos recebendo, o que a Bíblia diz em Mateus 7.7? A fé sempre tem resposta (eis aqui um mistério), mas nem tudo que a fé conquista é do melhor de Deus, ainda que ele dê. Os que insistem em pedir e crer, depois de um não de Deus, saibam, se tivermos ouvidos espirituais abertos, Deus responde na primeira vez que pedimos, diz se quer ou não dar, os que insistem ou estão surdos ou são rebeldes. Mas pior que o não de Deus é o sim dado ao rebelde, é um mal disfarçado, que revelará a essência do ser humano, que o disciplinará duramente, o enganará até as últimas consequências, como um “belo Saul”, para que no fim quebrante o coração duro e o faça entender que o melhor é ser igual a Jesus.

José Osório de Souza, 21 de maio de 2020

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