sexta-feira, agosto 28, 2020

O diabo é um humanista (III) (parte 7/7)

      “Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz.Salmos 36.9

      Não existe nada de errado na ciência, ela é fruto da evolução do homem neste planeta, é bênção adquirida pelo uso correto da intelectualidade humana, com o objetivo de conhecer como as coisas materiais de fato funcionam, com profundidade e em verdade. A medicina é uma das ramificações científicas mais úteis que têm melhorado a qualidade de vida do homem, a verdadeira medicina precisa ser ouvida tanto quanto ouvimos a voz do Deus verdadeiro em relação às coisas espirituais. 
      Negar a ciência é voltar ao século XIX, é reviver a reação extremista e pouco humilde dos cristãos diante, por exemplo, do evolucionismo de Darwin, uma disposição não de iluminação espiritual. Esse equívoco faz com que os que usam a ciência de maneira errada odiarem o cristianismo, que é quem tem o dever de ouvir e aprender, como religião verdadeira, principalmente em assuntos que não dependem de fé, mas de razão e empirismo. 
      Mas a fé também pode ser empírica, ainda que sob referências espirituais e não físicas, à medida que nossa relação com o divino se fortalece quando vemos nossa vida prática influenciada positivamente por nossas crenças, orações e ações. O melhor seria, contudo, haver um equilíbrio entre os dois, não se ter uma fé tão cega que acredita em qualquer coisa, nem se ter uma confiança tão radical na ciência, que não considera as coisas espirituais ainda sem explicação científica. 
      Não existe nada de errado com tolerância religiosa, aliás, os cristãos deveriam ser os que mais respeitam o livre arbitro alheio. Eles deveriam ocupar-se em praticar o que creem e deixarem que suas obras falassem mais alto que as palavras, que deveriam estar limitadas aos cultos nos templos e aos amigos mais próximos, onde se ouve aquilo que se deseja ouvir e se dá autorização para isso, sem que haja qualquer espécie de imposição.
      Contudo, os cristãos precisam entender que se vive um novo tempo, e isso é ótimo, graças a Deus, muitos crentes não se dão conta que o catolicismo que imperou principalmente no mundo ocidental por séculos, ainda manda na cabeça de muitos, incluindo protestantes evangélicos. Esse pensamento retrógrado considera como verdade dogmática doutrinas como céu e inferno, Deus e o diabo, certo e errado, num maniqueísmo que não cabe mais no mundo moderno. 
      É retrógrado não pelo que é em si, mas pela maneira como é pregado às sociedades, porque cristãos genuínos creem, sim, nesses dogmas e isso é um direito deles, mas essas são verdades para os que escolheram crer, não para todos, que também têm o direito de não crer. Por que é o jeito católico? Porque esse jeito obrigava as pessoas a crerem assim, não lhes era dado o direito ao livre arbítrio, ao contrário, muitos eram perseguidos, torturados e mortos por pensarem diferentemente. 
      Não há nada de errado em defender o planeta, ar, rios, mares, florestas, flora e fauna, e novamente os cristãos deveriam ser os primeiros a fazerem isso, e de forma natural. Contudo, novamente, por causa de anos de um cristianismo oficial errado, fomos levados a um caminho estranho, muitos evangélicos, tão ocupados com o céu e arrogantemente cheios de convicções sobre seus eternos destinos espirituais, se esqueceram da qualidade da água que bebem, do ar que respeitam, dos alimentam que ingerem.
      Ciência, tolerância religiosa, defesa do planeta e sexualidade, sobre o quarto assunto nem vou falar nesta reflexão, se quiser saber o que pensa o “Como o ar que respiro” a respeito, pesquise no blog. O posicionamento realmente evangélico diante desses assuntos é ponto determinante para entender o humanismo diabólico que se levanta justamente como defensor dessas bandeiras, colocando-se assim como o “religare” dos últimos tempos. O ponto é que essas bandeiras são legítimas, isso é inquestionável!
      Como aqueles que se dizem ligados ao Deus verdadeiro por Jesus podem reagir a isso? Com humildade para admitirem que o cristianismo que muitos aprenderam dentro de muitas denominações cristãs é errado, e com objetividade para mudarem de vida e de fato agirem conforme o verdadeiro evangelho, isso simples para os simples. Caso contrário, a estratégia que o diabo começou no Éden terá vitória, incluindo sobre cristãos que insistem em viver uma vida de hipocrisia, sem qualidade plena. 
      O texto inicial diz, “na tua luz veremos a luz”, contudo, é justamente o contrário que muitos têm tentado fazer. Sim, muitos querem a luz, mas não na luz do Deus Altíssimo, desejam na luz de anjos, arcanjos e príncipes espirituais, rebeldes a Deus ainda que poderosos e até “iluminados”. Os fins não justificam os meios, contudo, sem dar frutos os que dizem provar os meios certos, os meios errados ganham espaço. As trevas não têm espaço próprio, elas só ocupam o espaço que os da luz deixaram de ocupar.
      O que o diabo faz é mostrar amor por quem muitos cristãos não amaram, é dar respeito para quem muitos cristãos não respeitaram, é valorizar aquilo que muitos cristãos não deram importância, assim as trevas não só se apresentam como antagonistas, como fizeram por milênios, mas mostram alternativas à luz, como sendo o próprio protagonista, como Deus. Isso é muito sério, e muitos evangélicos não estão entendendo isso, o “manancial da vida”, contudo, está em Deus, no diabo humanista, no final, só há morte.

Esta é a 7ª parte de uma reflexão 
dividida em sete partes,
leia nas postagens anteriores as outras partes.
José Osório de Souza, 30/06/2020

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