“Por isso não desanimamos. Pelo contrário, mesmo que o nosso ser exterior se desgaste, o nosso ser interior se renova dia a dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um eterno peso de glória, acima de toda comparação, na medida em que não olhamos para as coisas que se veem, mas para as que não se veem. Porque as coisas que se veem são temporais, mas as que não se veem são eternas.” II Coríntios 4.16-18
Muitos explodem facilmente, assim que constatam que suas razões foram confrontadas, que seus direitos foram colocados em risco, que suas vaidades e inseguranças foram tocadas, descarregam imediata e rapidamente toda sua indignação. Justa? Não, porque não é consequência da “ira”de Deus, da reação natural da justiça do universo, só efeito de baixa auto-estima, de orgulho, de não confiança em Deus, por acharem que de alguma forma foram lesados. Só acha que vai perder quem possui, e quanto mais achamos que temos, mais achamos que podemos perder. Por isso o evangelho nos ensina a abrir mão de direitos, de justiça própria, de auto-defesa, mesmo que saibamos que temos razão. Sofre menos quem menos tem.
Controlar ira e indignação custa caro, muitas vezes nossa saúde mental, desgasta-nos bastante dominar impetuosidade, desejos de vingança, ainda que tendo vidas de oração constante recebamos a força maior de Deus, que ilumina nossa mente e nos dá saúde mental. Contudo, estamos no mundo para isso, fazer morrer a matéria e viver eternamente o espírito. Bem-aventurado o que se gasta, não só para ganhar o pão de cada dia, mas para aperfeiçoar seu espírito, anexar virtudes morais a seu homem interior, construir o céu dentro de si. Esse viverá bem e será sustentado em graça e misericórdia pelo Senhor, também partirá no momento melhor, de forma menos dolorosa, e será recebido na eternidade com alegria por Deus e seus servos de luz.
Quem está no mundo para usufruir prazeres e direitos, achará rancor e vitimização. Quem está aqui para ser honrado e próspero, encontrará desprezo e insatisfação. Mas entendamos certo, uma coisa não é efeito direto da outra, o que mais procuramos aqui, achamos, contudo, se forem coisas erradas, ainda que sejam muitas, parecerão pouco, não satisfarão. Já quem perde muito para achar o mais importante, ganha tudo, ainda que pareça para o mundo um perdedor. Estamos aqui para que o corpo desgaste-se, não como fim em si mesmo, mas como efeito de priorizarmos o espírito. Espiritualidade não é controle de paixões e apetites físicos, mas o espiritual é conduzido a se controlar, para a vida e para Deus, não para a morte e para si.
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