27/12/25

Jesus, Daniel e Samuel

      “Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações. Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor. E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.I Samuel 8.4-7

      “E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo. Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia. Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos dias.Daniel 10.11-14

      Minhas três histórias favoritas da Bíblia, as vidas de Jesus, de Daniel e de Samuel. Cristo é hors concours, é o centro e o propósito principal da Bíblia, mas a escolha de Daniel e Samuel pode não ser a de muitos, principalmente os que veem ser cristão como ser próspero no mundo. Muitos devem preferir, por exemplo, as histórias de José, Moisés e Davi, que ainda que passassem por lutas, tiveram vitórias no final. Mas será que de fato foram vitoriosos no final? É preciso que fique claro que Deus teve propósitos poderosos com José, Moisés e Davi, contudo, nem sempre vitórias gerais, para os outros, representam vitórias pessoais, para si mesmo, e principalmente, vitória no mundo físico não é vitória na eternidade.
      Muitos desconsideram que José acabou levando sua família a sair de Canaã e a ser escrava no Egito. Moisés, através de milagres singulares, conduziu Israel à Canaã, mas ele mesmo pecou, andou quarenta anos pelo deserto e não entrou na terra prometida. Davi, ainda que tenha sido um rei único e principal dos judeus, no final cometeu sérios pecados, conduzindo Israel à divisão. Daniel e Samuel tiveram finais diferentes, não foram vitória no mundo, nem diante de homens, mas espirituais e perante Deus. Se José, Moisés e Davi representam o conceito de vitória do antigo testamento, Samuel e Daniel profetizam a vitória no conceito do novo testamento, vitória que Cristo exemplificou na própria carne como ninguém mais. 
      Samuel (leia mais em link1 e link2) tem para mim a história mais importante da Bíblia depois da de Jesus. Samuel, como juiz, já era o rei que Israel precisava, mas no desvio, na imaturidade, na vaidade de Israel, os mesmos erros que muitos evangélicos têm cometido nos últimos anos no Brasil querendo um presidente que apoie sua religião, Samuel teve que ser o profeta boca de Deus. Por Samuel Deus deu primeiro a um povo teimoso, Saul, o rei conforme o coração rebelde de Israel (como o político importante da direita dos últimos anos no Brasil). Mas por Samuel Deus também deu Davi, mais próximo à vontade de Deus, mas também não a representação da melhor vontade, ainda que Davi seja a grande simbologia física do Cristo espiritual. 
      A vida de Daniel (leia mais no link) é claramente uma metáfora da vida do ser humano sob a visão do novo testamento, sua história é mais profética que muitos acham ser. Passou quase toda a vida como escravo, não somos todos cativos num mundo material? Não se contaminou com os costumes dos seus opressores, não somos chamados a trabalhar no mundo, mas não sermos corrompidos por ele? Por fim Daniel, junto do apóstolo João, é o profeta que recebeu as revelações mais importantes da Bíblia, não só sobre Israel, sobre toda a humanidade e o final dos tempos. Daniel não foi chefe de clã, líder político ou rei, não provou glória de homens no mundo, mas debaixo de limites físicos que Deus pôs, foi livre no espírito.

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