sexta-feira, dezembro 05, 2014

O homem com a alma vazia

É com tristeza que escrevo essa reflexão, mas ela tem que ser escrita. Hoje encontrei um homem, que há algum tempo não encontrava, um líder, um homem carismático, muito educado, que sempre nos recebe bem, com um sorriso e com palavras positivas. Bem, é assim que esse homem leva seu ministério, seu rebanho, e antes de tudo, sua vida pessoal, sua relação com mulher, filhos, parentes e amigos. Amigos? Será que esse homem os tem? Será que toda essa simpatia reflete o que está em sua alma, ou são apenas encenações de sua carne?
O estômago quando está vazio faz barulho, ronca de fome, deseja alimento, senão todo o corpo padecerá. A alma também faz barulho quando vazia, se olharmos com atenção, com cuidado, com temor de Deus, para os olhos de uma pessoa com a alma vazia, ouviremos um gemido, é a alma, clamando por alimento, não material, não emocional, não intelectual, mas espiritual. Só o Espírito de Deus pode alimentar, vivificar, a alma vazia.
O tal homem que encontrei, eu olhei bem para seus olhos, ouvi sua alma gemendo, mesmo que seus lábios sorrissem, que suas palavras fossem educadas e positivas, sua alma padecia, vazia de Deus, vazia da verdadeira vida. Se o tal homem está vazio, como então ele conduz seu ministério? Ele o conduz na carne, na paixão, pelas próprias forças, Deus está longe dele, não porque o Senhor tenha se afastado, mas porque ele se afastou primeiro.
Todos nós somos confrontados com escolhas, opções que devemos fazer para caminharmos com Deus. A experiência, a posição, a importância, a fama, o dinheiro, toda uma história de vida, não isentam ninguém de ter que fazer essas escolhas. Uma opção errada, pode fazer ruir um império, pode destruir um ministério construído de forma sincera e espiritual. Esse fim pode acontecer para os rebeldes, mesmo que Deus, em seu amor infinito, tente atrasar o máximo possível a disciplina sobre aquele que faz a escolha de seguir longe do centro de sua vontade.
Esse homem, que encontrei na rua, teve essa escolha diante de si, mas fez a opção errada, confiou em si mesmo, em seus talentos, em suas obras, na formosura do templo que construiu, no exército que ajuntou e conseguiu liderar. Ele se esqueceu que tudo o que tem, que conseguiu, não somente lhe foi dado por Deus, mas continua pertencendo a Deus, não a ele. A ele foi dada a honra de ser mordomo de parte do reino de Deus, de pastorear as ovelhas, que antes de serem dele, são de Cristo, o sumo pastor e sacerdote. Esse homem, agora está vazio e começa a ficar sozinho.
A carne pode iludir, enganar, e mesmo que ela esteja convencida de que está fazendo tudo certo porque é pra Deus que está fazendo, o que está fazendo continua sendo feito pela carne. O reino de Deus se vive no Espírito, somente as coisas feitas no Espírito são aceitas por Deus, glorificam a Deus, e portanto, somente aquele que permite que o Espírito gere nele tais virtudes, receberá de Deus o consolo, a paz, o alimento, aquele que vivifica a alma faminta.
Aquilo que a carne dá, por outro lado, num momento ela pedirá de volta e a fará dando liberdade para o diabo agir. Não, o homem sem Deus não permanece somente vazio, mas na insistência de sua rebeldia, ele perderá tudo o que tem, trabalho, amigos, família e ministério.
Eu fiz uma oração, não como alguém melhor que o homem, não como mais espiritual do que ele, não como profeta, não, apenas como um outro homem, um homem comum, que sabe que tudo vem de Deus e pra ele deve voltar, e que sem Deus, nada somos, de que é Deus, e não qualquer força ou mérito nosso, que nos atrai para fazer a vontade do Senhor. Orei pedindo que Deus tivesse misericórdia do homem, de maneira que o tal homem se consertasse a tempo e refizesse seu concerto com Deus, que ele caísse em terra e chorasse, se quebrantasse. Só as lágrimas sinceras de arrependimento podem abrir as portas da alma para que o Espírito Santo desça como chuva, molhe o coração, e faça nascer a vida.
“Meu pai, tu conheces o meu coração, eu te peço, tenhas misericórdia desse amigo, sim, amigo, que já orou comigo tantas vezes, com o qual eu te servi em sinceridade e com a tua unção. Meu pai, permitas que esse homem se quebrante diante de ti e mude de vida, a tempo de não ser envergonhado em público, que seu quebrantamento ocorra em segredo, entre ele e o Senhor, em nome de Jesus, amém.”

Itu, 14/10/14

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