sexta-feira, julho 03, 2020

Medo ou sensibilidade? Coragem ou frieza? (parte 1/2)

      “O Senhor confia o seu segredo aos que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança.Salmos 25.14
      “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.Amós 3.7

      Medo, já refletimos bastante aqui no “Como o ar que respiro” sobre esse tema, e ele pode ter várias causas, emocionais, espirituais e mesmo físicas. Nesta reflexão, dividida em duas partes, focaremos num tipo de medo que tem como causa presenças espirituais, sim, isso existe e é possível. Que presenças? De seres espirituais, de demônios, de diabos, mas também de anjos e outros seres da luz, do bem, de Deus, e, sim, isso também existe e é bastante registrado na Bíblia. Sentimentos são sistemas de alarme, se não sentíssemos não tomaríamos decisões ou mudaríamos de rota, e nem sempre medo é algo ruim, pode ser só o mundo espiritual nos dando um toque. Vamos então à primeira parte, veja na próxima postagem do blog a segunda e última parte. 
      Tememos o que vemos, alguns tipos de cegos não temem, não porque nenhum mal os atinge, mas porque eles não veem o mal, contudo, como diz o ditado, pior cego é o que não quer ver, esse ainda que veja o mal se fará de indiferente, tolo e arrogante que é. Sensibilidade espiritual permite identificação de certas coisas, coisas que para muitos nem existem, quem a tem, sente e quem sente pode se amedrontar. A questão, todavia, não é ter ou não ter medo, mas aprender a administrar a sensibilidade que se tem, e muitos de nós recebem sensibilidade espiritual como um dom, que poderá ser útil, a nós mesmos e aos outros. Usar esse dom com eficiência não é algo que se consegue de um dia para o outro, exige vontade e tempo, vencendo as zonas de conforto que sempre preferem negar um dom e uma chamada.
      Assim como não se pode escolher o que se vê, se estamos com os olhos abertos o que se aproximar de nós nós veremos, não podemos escolher o que é discernido por sensibilidade espiritual, se estivermos com os olhos espirituais abertos, o que existir nós veremos. Obviamente que em se tratando do mundo espiritual, temor a Deus e comunhão íntima com ele é tudo, nisso veremos o que o Senhor permite que vejamos, e no que ele quer que vejamos há um motivo, uma missão, clara e pessoal, que só nós podemos executar. Mas voltando ao ponto, trabalhar com essa sensibilidade exige vivência e amadurecimento, para que saiamos das primeiras experiências de puro medo ou de total êxtase para algo que nos leve à prática de iniciativas produtivas em nossas vidas e nas vidas dos outros, sempre obedecendo e adorando só a Deus.
      Como em tudo na vida espiritual, fé é o que nos move, Deus é o nosso chão, Jesus vai à nossa frente e o Espírito Santo é o meio, e nenhum outro “espírito”. Veja que Deus está embaixo, como fundamento, assim experiência espiritual de vida e de luz tem que começar em Deus, não em nenhuma outra potestade. Quando se começa em Deus termina-se nele, isso só é possível por Jesus que vai à frente e abre as portas certas, o nome de Jesus tem esse poder, mas quem permite todo esse movimento é a terceira pessoa da trindade, o Espírito Santo. Mas aí está o mistério, só há o Espírito Santo quando se começa em Deus e se segue a Jesus, mas só se começa em Deus se Jesus vai à frente movimentando o Espírito Santo, e Jesus só vai à frente quando o Espírito Santo nos move para começar em Deus e chegar ao Deus altíssimo, tudo se relaciona. Ficou complicado de entender? Por isso é mistério, por isso entender a santa trindade, três em um, é humanamente impossível.
      Um grande erro que todos cometem é tentar entender as coisas espirituais com a razão humana, ainda que elas sejam razoáveis são enquanto em Deus, coisas espirituais só se entende com nossos espíritos no Espírito Santo, só assim se entende a santa trindade. Vemos com clareza enquanto oramos em plena comunhão com Deus, sentindo aquela deliciosa unção que arde sem queimar, que ilumina os mundos sem destruir a tocha, e a tocha somos nós, eu e você, quando nos quebrantamos aos pés de Deus e damos liberdade para que ele fale. A maturação da sensibilidade se obtém com oração, não que não a sintamos no nosso dia a dia, trabalhando, estudando, andando no mundo, mas quando oramos nos focamos, fechamos os sentidos físicos que podem nos distrair, e nos concentramos no mundo espiritual. 
      Muitos têm dificuldades para receber dons espirituais, ainda que creiam que eles existam, que os busquem,  que se autodenominem pentecostais, que participem de cultos “quentes” e de vigílias, porque não conseguem “relaxar” espiritualmente, desligarem-se do plano físico e de fato focarem em Deus. Outros, contudo, ainda que nem creiam que dons existam, que não os busquem, que frequentem denominações protestantes mais tradicionais e que não creiam em dons, experimentam naturalmente e o tempo todo experiências fortes de sensibilidade espiritual, eu pessoalmente já conheci os dois tipos de cristãos, ambos bons e fiéis trabalhadores cristãos em seus ministérios. Talvez algumas coisas não sejam para os que querem, mas para os que Deus quer dar, talvez.
      O certo é que algumas pessoas têm facilidade para sintonizar seus espíritos na sintonia do Altíssimo, eu vejo muito assim esse assunto, somos aparelhos receptores de estações de rádio e Deus é o radiotransmissor da melhor programação, que vibra numa frequência muito especial, a mais alta. Abaixo dele estão as potestades, os principados, assim como outras criaturas de Deus, há de se ter cuidado para não se sintonizar em frequência errada que pode simular com sofisticação a voz do Deus verdadeiro. Contudo, os sinceros do bem, esforçados, que persistirem e forem fiéis até o fim serão recompensados, “porque o perverso é abominável ao Senhor, mas com os sinceros ele tem intimidade“ (Provérbios 3.32), outra versão diz, “pois o Senhor detesta o perverso, mas o justo é seu grande amigo”.

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