23/03/19

Seja aprovado!

      “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam. Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.Tiago 1.12-14

      Tiago fala de duas coisas diferentes no texto acima, vou inverter a ordem e falar em primeiro lugar sobre um segundo tipo de tentação, a última no texto. Essa é uma tentação mais óbvia, aquela que passamos todos os dias, que nos é imposta pela nossa carne. Em Deus não há mal, assim se o mal nos tenta, ele vem de outro lugar, nós somos salvos e recebemos o Espírito Santo, isso transforma nosso espírito, mas nosso corpo e nossa alma continuam sensíveis e sucesptíveis às mesmas tentações que têm os não salvos e sem o selo do Espírito. A diferença é que os não salvos não conhecem referência melhor de virtude que não seja a de sua própria natureza, assim, além de serem limitados estão escravos de si mesmos, do mundo e do diabo. O salvo experimentou a referência excelente do Espírito Santo, essa experiência muda nossas vidas, nos faz conhecer a verdade maior, quem prova isso pode até fazer escolhas temporárias ruins, pecaminosas, mas sempre volta ao refúgio do Espírito Santo. Eu creio que o salvo nunca se perde, mesmo que passe por momentos difíceis, mesmo em pecado, mesmo longe do convívio de igrejas. 
      Gostaria, contudo, de refletir sobre a primeira parte do texto acima, onde podemos interpretar um outro tipo de tentação, que podemos provar levados por Deus. Essa é uma provação diferente, não igual à diária, e que nos conduz a uma mudança de vida, a uma passagem de fase, a um crescimento espiritual. Jesus passou isso em sua provação no deserto, veja que o texto diz “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.” (leia todo o texto de Mateus 4.1-11 para melhor entendimento), o diabo o tentou, mas Deus mandou que Jesus se expusesse a essa tentação. É importante que se diga que ninguém pode provar uma tentativa como essa, só Cristo a experimentou, nenhum de nós tenhamos a presunção de achar que somos tentados nesse grau. Não foi homem, o mundo, nem demônios que tentaram Jesus, mas um ser espiritual poderoso do mal, no nível de arcanjo, de chefe de potestades, e não poderia ser diferente com aquele que salvou a humanidade da morte eterna. Nessa tentação foram oferecidas riquezas que homem comum não resistiria, não só materiais como espirituais.
      Mas que tentação nós, homens comuns, somos conduzidos pelo Espírito Santo para sermos tentados? Não são as tentações que nos deixam aparentemente mais fracos, as que tentam nosso lado mais baixo, mas as que nos deixam aparentemente mais fortes, as que tentam aquilo que temos de melhor. Esse tipo de tentação pode ocorrer depois que passamos um tempo de vitória, onde ficam estabelecidos nossos fundamentos, nossos valores, por isso o diabo é autorizado a confrontar isso, a ver até que ponto confiamos mais no que somos que em Deus. Quando confiamos em nós, agradamos ao nosso ego, deixamos a vaidade nos dominar, queremos aparecer como superiores. Veja que foi nisso que Jesus foi tentado, a assumir sua posição espiritual de Deus e de sair daquele deserto alimentado, empoderado, honrado e satisfeito, mas não do jeito que Deus queria para ele naquele momento, um jeito que o prepararia para a sua maior e final missão. 
      Quando caímos na tentação de ter uma vitória rápida, abrimos mão do plano maior que Deus tem para nós, deixamos de entender que a vitória do momento, conforme a vontade de Deus, é só uma preparação, um degrau, não o final que nos espera acima no fim da escada. Não é mais fácil ser aprovado nesse tipo de tentação, já as tentações diárias de todos nós, com os prazeres fáceis da carne, o adultério, os vícios, a ira, são bem mais fáceis de serem vencidas. Mas dessas, o sangue de Jesus nos purifica, enquanto que a outra, se não recebermos aprovação do Senhor, pode nos atrasar por muito tempo, e entenda, enquanto que as diárias sempre existirão, as tentações especiais são como exames se vestibular, acontecem só de vez em quando. Se houver reprovação, um longo tempo de “cursinho” terá que ser usado para nos preparar até que sejamos submetidos a um novo “vestibular”. Repetir demais nas provas de Deus pode não cansar a Deus, Deus não se cansa, mas pode nos levar a uma condição de exaustão emocional que nos impeça de tentar de novo.
      O mais trágico, contudo, é que muitos que insistiram em agradar a si mesmos não resistindo a provações especiais, não tiveram de Deus uma nova chance de prova e de consequente aprovação, foram condenados a viverem em Deus, como salvos, mas longe do centro do plano do Senhor para suas vidas. Esses são os servos frustrados, os pastores sem ovelhas, os profetas que têm muito a dizer, mas que não tem quem os ouça, esses vagarão solitários e tristes entre as nações sem nunca encontrar terras que sejam suas. Não queiramos esse destino, antes nos humilhemos diante de Deus, nos calemos diante dos homens, resistamos à pressa e à vaidade, o sacrifício de um momento. Por mais difícil que seja, pode representar uma grandiosa vitória, uma maravilhosa honra, e a oportunidade de ser usado por Deus de forma única, surpreendente, usando o nosso melhor para a glória do Senhor. Encerro com um texto importante para a minha chamada ministerial, texto que me consola quando preciso me calar e obedecer para ser aprovado, resistindo à pressa e à vaidade.

      “E eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; e pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te guardar, para te livrar deles, diz o Senhor. E arrebatar-te-ei da mão dos malignos, e livrar-te-ei da mão dos fortes.” Jeremias 15.20-21

22/03/19

Tristeza tem fim

      “E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse. E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei. Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do Senhor é a vossa força. E os levitas fizeram calar a todo o povo, dizendo: Calai-vos; porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais. Então todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a fazer grande regozijo; porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber.” Neemias 8.8-12

      O pior tipo de tristeza é aquele que parece não ter motivo de existir, cuja causa, se conseguimos identifica-la, parece já ter sido sarada, mas ainda assim insiste em voltar e doer. A verdade é que a tristeza reincidente sempre tem causa conhecida por nós, o que nos tortura é justamente essa causa, que parece não ter perdão, não ter cura, não ter solução. Assim o “universo” parece não se esquecer, dia a dia, noite após noite, joga na nossa cara algo que de tão impossível de resolver nos deixa rendidos diante de uma tristeza incomensurável. 
      Eis a raiz de tantas doenças, físicas e emocionais, cria tumores tanto quando depressão, a tristeza sem fim, quem nunca a sentiu não pode entendê-la, e mesmo alguns pregadores zombam de quem a vive, a menosprezam como se fosse só um resfriado infantil, só frescura. Acho que existem dois tipos de pessoas, o tipo alegre e o tipo triste, não que o alegre não se entristeça, mas ele não leva a tristeza tão a sério, mantém largo sorriso no rosto mesmo enfrentrando duras lutas. 
      O triste, contudo, o realmente triste, experimenta uma dor profunda que não consegue esconder, pode até aprender a viver com ela, mas se olharmos em seus olhos com atenção veremos a tristeza verdadeira guardada, lá no íntimo de seu coração. Aos de fato tristes, um conselho, esforcem-se, não para negar a tristeza, mas para praticar coisas boas, pensar em coisas boas, viver perto de gente de bem, principalmente da família, cônjuge e filhos, procurem ocupar o coração para que a tristeza não tenha espaço. Escolham bem os amigos, afastem-se das multidões, cuidado com a vida virtual moderna, com redes sociais, conheçam seus limites e sejam o melhor neles.
      Não adianta lutar contra certas coisas, se todos precisam de humildade, mais ainda os tristes, esses devem andar quebrantados diante de Deus, dependendo mais dele, sendo mais espirituais. A tristeza traz contemplação, na contemplação achamos a intimidade do Senhor e essa intimidade exclusiva dá aos tristes uma profunda felicidade, uma realização sem par, aos tristes Deus revela seus mistérios pois esses não acharam alegria em mais nada, só no Senhor.
      Na passagem inicial o povo de Israel se entristece diante da leitura e explicação da palavra de Deus, o povo de Deus chora porque percebe o quanto está distante do Senhor, o quanto estava desobedecendo e desagradando a Deus. Mas essa era uma boa tristeza, a do arrependimento, os arrependidos acham perdão e ganham consolo. O que veio após a enorme tristeza foi uma festa de alegria, a celebração dos humildes que querem seguir a Deus em obediência. Alegrai-vos, tristes em Deus, porque a alegria do Senhor é a vossa força.

21/03/19

Conhecimento, sentido, força e paz

      “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus.Colossenses 1.9-10

      Apesar do nosso espírito ter acesso direto e irrestrito (ou mais ou menos irrestrito) à graça de Deus, nossa alma, que sente e pensa essa graça e que depois move nosso corpo, é indireta e restrita. Indireta porque muitas coisas podem atrapalhar a comunicação entre espírito e alma, restrita porque a alma é limitada, retém alguma graça que logo se encerra no que sentimos e pensamos. Esse é o motivo que faz com que mesmo que tenhamos uma experiência maravilhosa com a presença de Deus, através de oração e adoração, no domingo à noite, na segunda-feira à tarde já estarmos desanimados e vazios. 
      A primeira solução é não viver somente pelo que o coração sente ou pelo que a mente pensa, mas viver pela confiança num Deus que nunca muda e é sempre fiel. Contudo, não somos seres frios e robóticos, necessitamos das sensações e das meditações da alma, isso é o que nos faz sentir vivos, Deus sabe disso e sempre nos consola enchendo nossa alma de esperança e alegria. Uma segunda coisa, todavia, é importante para que em longo prazo tenhamos uma vida satisfeita, é saber a vontade de Deus para nossas vidas. Quando sabemos o que fazer achamos sentido na existência, nos sentimos úteis, nessa consciência achamos forças para seguir, nessa motivação há paz e em paz conseguimos fazer o que temos que fazer. 
      Esse loop ocorre de quando em quando, busca, conhecimento, sentido, fortalecimento, paz e execução, assim, se você está se sentindo sem paz, é porque está sem força. Não temos forças quando achamos que nossas vidas não têm sentido, a falta de sentido acontece quando não sabemos o que fazer. Dessa forma, de quando em quando é preciso buscar a Deus de uma maneira especial para saber a agenda do Senhor para nós, caso contrário tudo o mais não terá sentido e nós não nos sentiremos fortes e em paz. Sim, o homem precisa estar em atividade, deve aprender a não depender só dela para ter paz, mas precisa entender que fazendo o que Deus quer a vida não fica vazia e nós vemos sentido nesta breve mas tão intensa existência.

20/03/19

Simples assim

      “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.Mateus 11.28-30

      A simplicidade do evangelho é o que faz dele não só uma religião, mas a maneira amorosa e direta de Deus pai encontrar os homens e fazer deles filhos curados e livres. Enquanto outras religiões, principalmente as orientais e o ocultismo, apresentam a relação do ser humano com o mundo espiritual através de métodos complexos, cheios de símbolos misteriosos, de ritos complicados, que precisam ser executados em horas, dias, meses específicos, através de invocações em línguas antigas, de cálculos matemáticos e astronômicos aprendidos a duras penas de mestres inacessíveis e nem sempre confiáveis, Jesus diz, vinde a mim e vos aliviarei. 
      Paz de espírito é possível através de uma oração direta em seu nome a Deus, e mais que um contato metafísico e apresentação de teorias que poucos entendem ou se dão ao trabalho de entender, o evangelho permite prática de vida na realidade de nosso dia a dia. Jesus nos faz, não doutores em esoterismos, mas seres humanos melhores, comuns, mas misericordiosos e justos. Acima de tudo, porém, o evangelho nos cura pelo perdão que entrega a felicidade que tanto buscamos e que tanto precisamos para seguir em frente. O melhor é que Jesus não joga sobre nós nenhm peso, não nos cobra nada, mas ensina que se há humildade, há descanso, tornando esta existência tão dolorida na matéria, viável a todos que se aproximam dele e permitem que ele os guie.

19/03/19

O que nos rouba a paz?

      “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo. E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá. A ele seja a glória e o poderio para todo o sempre. Amém.I Pedro 5.6-11

      O orgulho rouba a nossa paz, a vaidade de querer fazer algo, mesmo aparentemente certo, mas que dará honra, evidência ao homem, não a Deus. Abro parênteses para enfatizar equívoco muito cometido, fazer o certo não basta para ser certo, tem que ser o certo na visão de Deus, fecho parênteses.
      Assim, a desobediência rouba a nossa paz, e isso não significa desobedecer para cometer um pecado na carne, há desobediência mesmo em fazer coisas certas, que não são pecado em si mesmas, mas que é errado fazer porque não era conveniente, não era o tempo nem o lugar orientados por Deus.
      A pressa rouba a nossa paz, o que nos leva de novo aos itens iniciais, temos pressa quando queremos aparecer mais que Deus e assim desobedecê-lo, mas a pressa tem que ser vencida não só como ação, mas como sentimento, que mesmo sem agir pode gerar ansiedade que tortura-nos e nos adoece.
      Algumas pessoas nos roubam a paz, assim é importante saber com quem vale a pena conviver, certos ambientes, mesmo de igrejas (por incrível que pareça) nos fazem pessoas piores e não melhores, dessa forma é importante saber chegar e saber sair, sempre debaixo da vontade de Deus em humildade.
      O mundo nos rouba a paz, a propaganda de seus valores nas mídias, os produtos de prazer que ele vende, a instabilidade que ele oferece para nos dar vidas dignas, em outras palavras, a matéria nos rouba a paz e é preciso que decidamos a que Deus servimos e adoramos, que não pode ser Mamom.
      O passado nos rouba a paz, mas só quando não temos presente que constrói um novo e melhor passado para o nosso futuro, dessa forma ao invés de nos torturarmos com o passado, gastemos energia construindo um presente bom, aqui e agora, sabendo que só depende de nós construirmos os tempos.
      Mas viver é confrontar nossa paz interior constantemente, mesmo que estejamos fazendo tudo certo aos olhos de Deus, o diabo nos tenta sempre e nossa carne nos acusa o tempo todo, assim é importante estarmos em comunhão com o Espírito Santo, orando e adorando ao Senhor em todo o tempo.

      

18/03/19

Antigos mas não velhos

      “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.II Coríntios 4.16-18

      O corpo pode envelhecer, ficar velho, mas se o espírito seguir os ensinamentos do Espírito Santo, que são antigos, mas nunca envelhecem, estará sempre novo, renovado em Deus. Se é antigo e ainda serve pode ser porque é bom, já o que é novo não é bom só por ser novo, coisas só aparentemente boas não ganham idade, não ficam antigas, rapidamente envelhecem e perdem o valor, a verdade sobre elas vêm sempre à tona. Na novidade pode haver mais velharia que no antigo, mas mesmo coisas ruins podem se tornar antigas, se tiverem alguma verdade, útil obviamente para os maus. 
      Isso é válido para valores intelectuais, morais, da alma, mas mesmo a alma ainda envelhece com o tempo, contudo, os verdadeiros valores espirituais de Deus são muito antigos, sem jamais envelhecerem, assim os que os seguem estão sempre novos. Não tenha medo de envelhecer no corpo, isso é inexorável, os que tentam deter o tempo na matéria se tornam monstros ou loucos, todavia, manter o espírito sempre novo é se preparar para o momento maior da existência, a eternidade onde existiremos só em forma espiritual, onde então, o que é hoje um sonho da subconsciência, será realidade.
      Essa juventude espiritual se experimenta obedecendo a Deus sempre, obedecer não é se fechar, ao contrário, é se abrir, não para os homens, mas para Deus. Obedece-se não se acomodando com lições e posições passadas, mas buscando conhecer e viver em novidade de vida do Espírito Santo. Conhece-se a vontade de Deus orando, estudando a palavra de Deus escrita, mas também conhecendo tudo o mais que nos confira sabedoria sobre a vida, o mundo e o homem, seja na religião, na ciência ou na filosofia. 
      Mantemos nossos espíritos jovens estando abertos a mudar de opinião, quem tem medo de assumir que certas convicções podem ser equivocadas, envelhe, mas quem não tem esse receio descobre que essa mudança só descarta o que não é não legítimo assim, que nunca foi de fato sincero e útil, e fortalece o que é essencial, a causa inicial, a grande motivação, o princípio vital de Deus que é a única semente que pode gerar no homem as árvores da sabedoria e da vida.

17/03/19

Uma igreja em pecado pede milagre

      “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” I João 1.8-9

      Uma igreja em pecado pede milagre, uma igreja carnal pede ações excepcionais do mundo espiritual, uma igreja gananciosa e herege, quer continuar sendo igreja e ter os privilégios que têm os genuínos filhos de Deus. Uma igreja que está em pecado porque muitos pastores pregam milagre, mas não pregam santidade, e se pregam santidade, pregam os pecados estereotipados, como adultério e consumo de bebida alcoólica, pregam obediência a leis que disciplinam pecados visíveis, mas não pregam mudança de caráter. Assim crentes nunca crescem, nunca sabem decidir por si mesmos sobre a justiça, tornam-se apenas viciados e dependentes de cultos e de igrejas, meros religiosos. Eles recebem “milagres”? Até recebem, mas será que são de Deus? 
      É mais que espiritual, é cultural, e contra isso muitos púlpitos não se levantam, o principal erro cultural brasileiro é aquele que tanto falamos aqui, muitos querem ter, mas não querem pagar o preço correto para isso, principalmente nas áreas material e intelectual, assim dão um “jeitinho”. Querem ter, mas não querem ser, ao invés de estudarem para serem profissionais melhores, e então trabalharem mais e melhor, para estão terem prosperidade financeira, preferem crer no milagre, jogam pra Deus responsabilidade que é deles. Enquanto isso são infieis em muitas alianças e nem se consideram em pecado, pecado, repito, que muitos pastores não ensinam que é pecado. 
      Querem exemplos? Temos muitos, principalmente neste mundo atual viciado em prazeres eletrônicos. Para ter um celular melhor, muito evangélico compra celular roubado, ou compra um caro que não pode pagar ou que paga com dinheiro que poderia ser investido em um bem de mais qualidade para si e para a família, como estudo e saúde. Para ter um serviço de TV paga e de internet muitos membros de igreja fazem ligações clandestinas, para manter aparelhos de ar condicionado, que gastam muita eletricidade, muitos fazem “gato” no fornecimento de força ou usam aqueles aparelhos que alteram o relógio da luz para pagar menos. Isso sem falar em colar em provas, comprar diplomas e monografias, não pagar impostos, e todo tipo de vantagem desonesta que está inerente na cultura do brasileiro.
      Poucos querem assumir a vida que podem pagar ou prosperar do jeito certo, mas querem usufruir, e o pior é que isso acontece com membros de igrejas cujos pastores não ensinam que isso está errado. Se a gente questiona “evangélicos” assim eles respondem, “é tudo muito caro, não podemos pagar”, se sentem vítimas e nem acham que estão pecando agindo assim, ao contrário, tomam ceia do Senhor e pedem milagres como quem tivesse coração obediente a Deus com crédito para ser atendido pelo Senhor. Isso é mais que pecado, é heresia, pecado é errar, heresia é errar achando que está certo e que Deus não liga, mas o mais sério é que quem aprova essa heresia são muitos das lideranças das igrejas, que se não cometem os mesmos erros, também não corrigem quem comete. 
      O que os cristãos precisam entender é que pecado plantado e não perdoado volta como injustiça, como violência, como mal, ele dá legalidade para o diabo agir, autoriza-o. Isso acontece com crente e ele nem se dá conta, depois de roubar em coisas como as descritas acima, ele sofre um acidente de carro ou sua casa é assaltada, ou mesmo pega uma doença esquisita que ele não sabe de onde vem, que o faz ter um gasto não previsto que desestabiliza sua vida. Infelizmente mesmo tendo o troco da vida, muito cristão em pecado ainda assim não liga os pontos, não entende que ele está errado, e muitos ainda se vitimizam e levam seus falsos dramas aos cultos de oração pedindo milagres. Deus não corrije ímpios, esses já serão disciplinados na eternidade, mas Deus corrije os filhos, para que se acertem e sejam abençoados.


16/03/19

Rezar, orar ou meditar?

      Três termos são usados referindo-se a estabelecer contato com Deus: rezar, orar e meditar. 
Se estudarmos a origem latina (rezar em latim é “recito”) da palavra “rezar” vamos descobrir que ela traz um significado de “recitar”, “ler em voz alta”, “apresentar lendo”, “citar”, “pronunciar uma fórmula”, “repetir”, “dizer de cor”. Este estudo da raiz e da significação do termo “rezar” nos mostra que tal palavra se aplica melhor às preces prontas, de autoria de terceiros, que aprendemos e repetimos. Já o verbo “orar” tem suas raízes no termo latino “oro”, que significa “dizer”, “falar”, de onde também se deriva o termo “oral”, ou seja, “dito”, “falado”. Este entendimento se encaixa melhor com as preces na forma de uma fala, uma conversa. Orar é abrir o coração a Deus, como a um amigo. Fonte 

      Sem preconceitos, vamos refletir sobre os lados positivos dos três termos, que podem parecer a mesma coisa, podem ser usados para a mesma coisa, mas têm características distintas. A palavra rezar significa fazer uma celebração verbalmente, mas é usada mais na religião católica para se referir a conversar com Deus. Neste aspecto é importante entender que no catolicismo, na maioria das vezes, o diálogo com Deus ou com outras “entidades” (“santos”) é feito através de textos prontos e decorados, não de improviso ou criação de momento. A palavra orar significa discursar, falar publicamente, é mais usada cristianismo protestante ou evangélico também para referir a falar com Deus, assim também podemos entender que nesse aspecto orar não é repetir “rezas” decoradas e feitas anteriormente, mas criar o texto no momento, com liberdade e pessoalidade.
      Qual é certo? Ambos, se usados no momento adequado e com sinceridade. Católicos precisam aprender a orar, libertando-se de só usarem rezas prontas, que se não forem feitas com o vivo Espírito de Deus podem ser usadas mais como enunciados mágicos, como se as palavras ditas daquela maneira tivessem poder em si mesmas. Mas não pensem os protestantes e evangélicos que eles não rezam, rezam sim, e isso é bom, frases com “me perdoe em nome de Jesus”, “expulso pelo sangue de Cristo”, e tantas outras usadas na adoração são repetidas da mesma maneira. Para esse costume vai a mesma orientação, cuidado, sem o Espírito Santo num coração santo, as palavras não têm poder, mesmo que sejam originais. Uma oração mais livre, por outro lado, pode dar lugar ao ego e à vaidade, se usada como discurso para exibir algum tipo de aptidão do homem para homens, e não como a súplica de um humilde pecador diante de seu pai espiritual.
      Mas gostaria de me ater, nesta reflexão, mais ao termo meditar, um termo muito usado pelas religiões orientais e esotéricas (ou exotéricas) que contudo pode ser uma ferramenta importante e eficaz principalmente na cura emocional. 

Meditar: pensar muito sobre; refletir; estudar muito sobre alguma coisa; submeter à análise detalhada; ponderar; considerar; planejar cuidadosamente; projetar; buscar.... Fonte

      Apesar da definição do dicionário aliar à palavra meditar um sentido mais intelectual, o que não deixa de ter uma boa utilidade numa interação com Deus, já que muitas vezes é preciso, sim, ser racional, crer mesmo sem sentir ou dar muita atenção aos nossos corações enganosos, apesar disso, meditar implica numa relação, num diálogo, mais profundo com nós mesmos e com Deus, não só com mente e coração, mas também com nosso espírito e com o Santo Espírito de Deus. Penso que nestes tempos atuais, onde queremos acesso a tudo e rápido, onde viciados no mundo virtual e em máquinas como celulares, não temos paciência pra nada e não queremos pagar preços para nada, o cristão protestante evangélico precisa aprender a meditar. Muitos oram muito, até rezam, mas pouco meditam, dessa forma não permitem que todo seu ser, corpo, alma e espírito, se apossem das riquezas emocionais e espirituais que temos acesso através da oração feita a Deus no Espírito Santo e por meio de Jesus.
      Não estou dizendo que precisamos passar horas relaxando corpo e alma para experimentar paz e auto-controle, mas muitas vezes quinze minutos em silêncio vale mais que uma hora falando e falando. Não pensem evangélicos tão acostumados a se acharem melhores que os outros, que budistas ou hinduístas não têm eficiência em suas meditações, têm sim, mesmo que não tenham entendido o poder do nome de Jesus. Muitos experimentam na Ioga a paz que muitos crentes em vigílias ou católicos em novenas não experimentam, não estou dizendo salvação eterna, mas tranquilidade de alma, domínio sobre dores, mágoas e ansiedades. Isso acontece porque muitos que não são cristãos se atentam para partes do ser humano que os cristãos ignoram. Sim, os cristãos têm o mais importante, o que define paz na eternidade, mas muitos, mesmo com esse grande privilégio, acabam vivendo neste mundo vidas sem qualidade por acharem que saúde física e emocional não são tão importantes. 
      Assim budistas acabam na vida física e emocional tendo mais felicidade que os cristãos, mesmo que não experimentem a salvação eterna de Cristo.  O certo, a vontade de Deus, é termos uma coisa e termos também as outras. Quando tudo é feito com equilíbrio, então, corpo, alma e espírito entram em sincronismo com Deus, que tudo harmoniza e ilumina. A meditação não é coisa do diabo nem criação dos iogues, mas feita em Deus pode entregar aos cristãos a paz que eles tanto dizem ter, mas que muitas vezes não têm. (Ioga esotérica, e não a exotérica de butique que muitos ocidentais praticam, é bem mais que exercícios de respiração e postura, que foco mental e emocional, que regimes alimentares, ela é o início para uma relação com entidades espirituais maiores, que os cristãos chamam de arcanjos e anjos. Isso com certeza um cristão não busca, orientado que está pela palavra que diz que não se deve fazer contato com seres espirituais, por ser tão desnecessário quanto perigoso, para quem já tem acesso direto ao Altíssimo pelo nome de Jesus através do Espírito Santo).

      “Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo? Atende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; ilumina os meus olhos para que eu não adormeça na morte; Para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar. Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação se alegrará o meu coração. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.” Salmos 13

      Davi e os salmistas sabiam meditar, os Salmos são experiências profundas de meditação, de análise do mundo, da vida, das outras pessoas, deles mesmos (os autores), não são meras preces triunfalistas e superficiais. Davi se conhecia num salmo, compartilhava suas inseguranças, seus terrores, suas desesperanças, isso não é murmurar ou descrer, mas é olhar a realidade, assumir a dor. Muitos com medo de ver o problema de frente e até achando que é pecado aprofundar-se mais nos abismos da alma humana, acabam permanecendo ignorantes quanto a si mesmos, assim não reconhecem, nem dão à doença o devido valor. Reconhecer a doença é metade da cura, a meditação serve para isso. 
      Depois, contudo, ciente e confesso diante de Deus, o salmista permite que o consolo do Espírito de Deus chegue e conceda esperança e vitória. Façamos orações assim, de mais qualidade, conhecer a Deus, de verdade leva-nos a nos conhecer melhor, assim como a entender qual é a nossa doença e como se apossar da cura em Deus para ela. Meditação cura, mas meditação no Espírito Santo cura eternamente, pois numa contemplação interior dessa forma nosso espírito fala coisas espirituais com o Espírito de Deus, isso um iogue não prova. Esse é o poder exclusivo do evangelho, de uma forma simples, qualquer pessoa pode falar diretamente com Deus, sem complicações, sem rezas decoradas, sem rituais ou segredos esotéricos.

      “Por que estás ao longe, Senhor? Por que te escondes nos tempos de angústia? “Senhor, tu ouviste os desejos dos mansos; confortarás os seus corações; os teus ouvidos estarão abertos para eles; Para fazer justiça ao órfão e ao oprimido, a fim de que o homem da terra não prossiga mais em usar da violência.” Salmos 10.1, 17-18

      A sinceridade do salmista, sem medo de revelar seu sentimento mais íntimo e verdadeiro, mesmo que não expresse a atitude verdadeira Deus, isso é o que nos mostra o versículos 1, é assim que o salmista inicia sua meditação, esquadrinhando a própria alma. Não, não é pecado duvidar das promessas, pelo menos não é quando se duvida emocionalmente, o que não podemos é deixar o sentimento do nosso coração dar a última palavra. Muitas vezes temos que andar pela fé que não acha respaldo no sentimento, mas no conhecimento que Deus tem tudo só controle e fará justiça. 
      Mas após uma viagem emocional na aparente injustiça existente no mundo, mostrando a maldade do homem e a própria fraqueza, o salmista, nos versículos finais do salmo, expressa a interpretação do homem que realmente conhece e confia no Deus que faz justiça e que não deixa que o direito do que confia nele seja usurpado, não para sempre. Isso é mais que uma oração rápida, tentando aceitar um Deus poderoso de forma superficial, negando o que tem no coração, diante de um Deus que conhece todas as mais profundas intenções, isso é uma reflexão profunda sobre tudo, isso é meditar.

15/03/19

...e mais estreito fica

      “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” Mateus 7.13-14

      Quem ouve o chamado inicial do evangelho começa a trilhar o estreito caminho, contudo, esse caminho fica mais e mais estreito à medida que o cristão caminha. Dessa forma, não estranhe se as coisas mudarem, se as exigências ficarem maiores, se o padrão de fidelidade e santidade que o Espírito Santo mostra a você ficar maior, mais excelente, isso é sinal que você está seguindo em frente, que não está parado no plano de Deus para tua vida. Apenas obedeça e siga, se a responsabilidade é maior, a intimidade com Deus também é, assim como o consolo e o suporte de Deus para que tenhamos vidas decentes. Não, à medida que o caminho se estreita não ficamos mais prósperos materialmente, não todos, mas tenha certeza, obedientes em tudo no estreito caminho, Deus envia seus anjos para nos assistirem, para guardarem a nós e as nossas famílias. O caminho do profeta de Deus é solitário, mas o que tem chamada para tal não será feliz se não continuar nele, assim será até o fim da jornada, e a jornada, como se diz, só acaba quando termina.

14/03/19

Faça melhor hoje

      “Os teus olhos olhem para a frente, e as tuas pálpebras olhem direto diante de ti. Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem ordenados! Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal.” Provérbios 4.25-27

      Ao começar seu dia, faça melhor, faça diferente, se possível, enquanto acorda, levanta-se da cama, se veste, escova os dentes, toma o café, faça uma oração, rápida, mas convicta. Entregue tua vida nas mãos de Deus, entregue tua família nas mãos de Deus, entregue teu dia nas mãos de Deus e peça proteção, forças, para ser um ser humano melhor, um pai, uma mãe, um filho, um empregado, um chefe, mais misericordioso, mais justo, mais cristão. Se não der para fazer isso de manhã, faça na hora do almoço, com uma oração que seja rápida, mas sentida, convicta, colocando Deus a frente do teu caminho, de tuas escolhas, de tuas decisões. Mas se só conseguir parar à noite, ore agradecendo pelo dia que teve, pedindo perdão pelos erros que cometeu e colocando o dia seguinte nas mãos de Deus, se der-se ao trabalho de se lembrar de Deus, verá como a vida pode ser menos amarrada, menos confusa. Em Deus olhe para a frente e siga, vá com calma, com fé, em paz, perdoado no nome de Jesus, vitória é direito do que vai com o Senhor.

13/03/19

Os dias são maus

      “Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.Efésios 5.14-17

      É tempo de dobrar nossa confiança em Deus, de orar mais, de se guardar do mundo, de temer ao Senhor com todo o coração. A vida tem ficado cada vez mais difícil, o homem mais cruel, e a natureza tem cobrado da humanidade a fatura pelo tempo que essa a tratou com descaso. Assim, desequilíbrios na temperatura, nas chuvas, causando secas e nevascas, têm se tornado mais comuns, estações definidas e previsíveis não serão mais a regra. O homem se esquece de Deus e da vida espiritual quando tem barriga cheia, vinho e companhia afetiva, mas quem não se sente impotente debaixo de um temporal, sob um furacão, enfrentando um sol escaldante ou um frio extremo? O homem colherá o fruto do que plantou, mas o povo de Deus não precisa sofrer se realmente confiar em Deus e não na religião, Deus milagrosamente abriga os seus sob suas asas. Sejamos então sensatos, sensíveis à vontade do Senhor, acordados para a realidade que o mundo vive e mais viverá à medida que se aproxima o fim, estejamos despertos, sejamos sábios, o tempo urge.

12/03/19

Avante!

      “Traze-nos outra vez, ó Senhor, do cativeiro, como as correntes das águas no sul. Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.” Salmos 126.4-6

      Se você já buscou, se Deus já falou, se você já entendeu o que deve fazer, então, faça.

      Foque no objetivo, não perca tempo com os lados, com o passado, nem dê atenção demasiada ao coração, ele pode enganar.

      Não tenha ilusões, principalmente sobre as pessoas, sobre os parentes, mesmo sobre a igreja, líderes e outros “irmãos”. 

      Guarde a boca, não fale demais, mesmo sobre seu objetivo, sossegue a mente, reserve sua privacidade para esposa e filhos. 

     Lembre-se das lições aprendidas, e apreendidas a duras penas, para não ter que aprende-las de novo pratique-as, isso te impedirá de perder tempo. 

      Creia, trabalhe e esteja certo, na obediência a Deus há vitória, há resposta, há consolo, há paz, há objetivo alcançado, por ele e nele.

      Esperança é estrada em que se anda, não chão em que se senta, Deus é fiel e surpreende os fiéis com bênçãos inimagináveis. 

11/03/19

O pecado não tem que nos dominar

      “Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.Romanos 6.11-14

      A lei é simples, o que peca, morre. Sob a lei o homem podia obter perdão, mas era um perdão pela imperfeito, religava o homem a Deus através dos sacrifícios de animais no templo, mas não dava forças para o homem ser transformado e não pecar mais. Na graça, através, da morte e ressurreição de Jesus o filhos de Deus, temos perdão, mas além disso temos a presença permanente do Espírito Santo em nós que nos dá forças para não pecar mais. Isso não significa que o homem que faz a nova aliança da graça com Deus através do evangelho não peque, ele peca porque continua com o livre arbítrio. 
      Contudo, isso é, ou deveria ser, motivo para maior arrependimento, como novos nascidos não pecamos mais como homens com uma aliança meramente humana com o Altíssimo, mas com uma aliança espiritual. Com certeza isso deveria ser motivo para andarmos com muito mais temor, com muito mais santidade, bem, isso é o ensinamento da Bíblia, do novo testamento, do apóstolo Paulo. Mas ainda assim, o nome de Jesus é poderoso, mesmo pecadores egoistas e reincidentes, temos em Cristo um perdão eficiente para nos fazer novas criaturas, para nos curar de toda culpa, remorso, e nos dar a verdadeira paz. 
      O que ocorre é que muitas vezes não damos à nossa aliança com Deus através de Jesus o valor que ela tem, pecamos e assumimos um perdão superficial, não vemos o privilégio que temos em ter o Espírito Santo residindo permanentemente em nós, assim pedimos desculpas a Deus meio que da boca para fora, não de coração, não sentimos paz por isso o que nos deixa mais susceptíveis a pecarmos de novo. O que enfraquece um coração não é o prazer que o pecado pode dar, mas é a dor que fica de uma relação imatura com Deus, que tentará achar no prazer do pecado um consolo que não achou no perdão.
      Comece a semana achando um tempo para por o perdão em ordem, pare e faça uma oração séria, com uma auto-análise profunda do seu pecado, depois com uma valorização clara do perdão que Deus dá, para finalmente tomar posse da paz exclusiva desse perdão com todo o sentimento e com todo o pensamento. Só isso nos dará a força do ensino de Paulo quando diz que o pecado não terá domínio sobre nós, caso contrário continuaremos pecando, um pecado pior que o que cometia o homem debaixo da lei, visto que não pecamos mais só contra nosso corpo, mas contra o Espírito Santo que em nós habita.

10/03/19

Dê ao outro o que você quer pra você

      “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.Marcos 12.30-31

      Dê ao outro o olhar que você quer pra você.

      Dê ao outro os ouvidos que você quer pra você.

      Dê ao outro a atenção que você quer pra você.

      Dê ao outro a honra que você quer pra você.

      Dê ao outro a chance que você quer pra você.

      Dê ao outro a paciência que você quer pra você.

      Dê ao outro a discrição que você quer pra você.

      Dê ao outro o respeito que você quer pra você.

      Dê ao outro o espaço que você quer pra você.

      Dê ao outro a iniciativa que você quer pra você.

      Dê ao outro a palavra que você quer pra você.

      Dê ao outro o silêncio que você quer pra você.

      Dê ao outro a generosidade que você quer pra você.

      Dê ao outro o aplauso que você quer pra você.

      Dê ao outro o tempo que você quer pra você.

      Dê ao outro a oportunidade que você quer pra você.

      Dê ao outro a esperança que você quer pra você.

      Dê ao outro a paz que você quer pra você.

      Dê ao outro o perdão que você quer pra você.

      Dê ao outro o socorro que você quer pra você.

      Dê ao outro o amigo que você quer pra você.

      Dê ao outro a família que você quer pra você.

      Dê ao outro a igreja que você quer pra você.

      Dê ao outro o amor que você quer pra você.

      “Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam.Romanos 15.2-3

09/03/19

Workaholic de igreja: obedeça, pare!

      “Melhor é o que se estima em pouco e tem servos, do que o que se vangloria e tem falta de pão.
      “Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro onde há inquietação.
      “Melhor é o pouco com justiça, do que a abundância de bens com injustiça.
Provérbios 12.9, 15.16 e 16.8

      Os três versículos de Provérbios acima são geralmente usados como orientação sobre que é mais sábio ter menos recursos materiais, em troca de ter mais virtudes, contudo, nesta reflexão vou vê-los como instrução para outra coisa. Também tem a ver com excessos desnecessários tomando o lugar de atitudes, palavras e sentimentos mais sábios, mas desta vez entenderemos que mesmo o trabalho do evangelho dentro de igrejas pode ser excesso feito na carne e não obediência a Deus no Espírito Santo, que num determinado momento não será mais benção. 
      Muitos têm justamente em seus maiores talentos e em seus trabalhos mais eficientes dentro de ministérios, Isaques a serem entregues no altar (Gênesis 22). Cuidado quem diz, “se eu parar de cantar pra Deus eu morro, sou um inútil”. Adorar a Deus pela música, por mais agradável e virtuoso que seja, não é mais importante que o próprio Deus e a nossa obediência a ele. O coração do homem, por outro lado, é astuto em inventar subterfúgios, para no fundo fazer coisas egoistas e que só agradam a ele mesmo, mesmo na igreja. Após essa introdução, vamos à reflexão.

      Muitas vezes aplicamos em nossas vidas a ideia errada que o melhor é sempre positivo, que quando pedimos, o melhor é receber, que quando queremos, o melhor é fazer, que quando sentimos, o melhor é dizer. Entenda que não me refiro aqui a receber, fazer ou dizer coisas essencialmente erradas, que podem prejudicar alguém. Muitos querem receber ajuda e conquista, muitos querem fazer a obra de Deus e muitos querem promover o bem com sua fala, mesmo pregar a palavra, assim o positivo é aparentemente bom.
      Entendamos que muitas vezes Deus permite o negativo em nossas vidas, ele pede isso de nós, o negativo pode ser dele, não do diabo. Entenda negativo não como algo mau, mas como uma negação de algo que desejamos, a não concessão de uma coisa, mesmo que aos nossos olhos essa coisa pareça algo que só nos trará benefícios. Já ouvi de crente talentoso e com desejo de trabalhar na obra que ele tem certeza que tem que fazer determinada coisa porque é a chamada dele, porque é algo que ele sabe e pode fazer, e que portanto deve fazer. 
      Nesse pensamento estreito, muitos colocam (ou acham que podem colocar) Deus “na parede”, mesmo que inconscientemente, achando que agindo assim estão sendo bons crentes, espirituais, cheios de fé e disposição, quando na verdade estão sendo rebeldes, não entendendo o próximo nível de amadurecimento que Deus quer conduzi-los. A princípio Deus faz o óbvio, afinal crianças espirituais não entendem e não precisam entender a profundidade não só do agir de Deus, mas também delas mesmas, de suas estruturas.
      Deus abençoa com o sim, mas amadurece muito mais com o não, e mesmo os tais “vasos”, “soldados”, “servos” (e como arrogantemente gostamos de nos auto-denominar assim) só serão realmente vasos, soldados e servos quando aprenderem a obedecer. Obedecer a Deus é obedecê-lo em tudo, inclusive se ele pedir para que paremos e não sejamos, em santidade e humildade, “vasos”, “soldados” e “servos” (entre aspas significa o uso equivocado desses termos que se referem a funções tão nobres no reino de Deus).
      Deus usa a todos, e usa do jeito certo, com dons, talentos, capacidades e experiências para fins específicos, mas o que pode mover muitos na imaturidade espiritual é só a força humana. Essa força é útil na obra de Deus? Sim, mas ela acaba, por isso à medida que o tempo passa precisamos aprender as fazer as coisas para Deus, em Deus e por Deus. “Workaholic” (viciado em trabalho) eclesiástico, se não baixar o facho e aprender a obedecer a Deus, pode acabar mais prejudicando que beneficiando a obra.
     Força de vontade e sinceridade, mesmo com aptidões adequadas, não justificam fazer a obra de Deus, não ganham certificado de filhos obedientes do Senhor, pelo menos não quando se quer crescer como homem espiritual. Confesso, tenho aprendido isso a duras penas. Ocorre que podemos usar o trabalho como desculpa para fecharmos os olhos para muitas coisas, como satisfação para nossas ansiedades e carências, o que faz com que não busquemos cura para muitas enfermidades emocionais. 
     O vício em trabalho em igreja pode levar muitos a pensar assim, “eu sou tão presente na obra de Deus, tão útil para a igreja, não preciso perder tempo com certas coisas”, isso no fundo não passa de jactância, de se achar melhor só porque faz e faz. Quem faz o que não deve acaba deixando de fazer o que deve, não sobra tempo, assim muitos que trabalham e trabalham em ministérios dentro de templos acabam deixando de lado família, cônjuges e filhos, e como vemos tristes exemplos disso. 
      Quem gosta de trabalhar na igreja não consegue ficar parado, principalmente quando sabe que têm capacidade para algumas coisa e experiência na função, mas obedecer um “pare e espere” de Deus, pode significar um divisor de águas em nossas caminhadas com o Senhor. Isso pode nos amadurecer, nos evoluir, nos fortalecer de um jeito que não pensávamos ser possível, preparando-nos para fazer a obra do Senhor com uma excelência que não imaginávamos existir.
     Se não obedecermos pode acontecer algo pior, como diz o ditado, se Deus manda parar e não paramos, a vida pode “quebrar nossas pernas”, aí ao invés de esperarmos inteiros, esperaremos quebrados, enfraquecidos por uma dor maior. Nesse caso teremos que ter paciência dobrada, uma para aguardar o tempo de aprender a obedecer, e outra para nos restabelecermos das “pernas quebradas”. Tenhamos sensibilidade para entender e prontidão para obedecer mesmo o pare e nada faça de Deus.

08/03/19

Soberbos e mentirosos: deixe-os pra lá

      “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança, e que não respeita os soberbos nem os que se desviam para a mentira.Salmos 40.4

      Tenho receio de compartilhar textos assim, penso que na maioria das vezes não estamos preparados para seguir uma orientação sobre não respeitar algumas pessoas, mesmo que o salmista as chame de soberbos e mentirosos. Contudo, se houver de nossa parte temor a Deus, um coração humilde e que sabe amar, podemos discernir quem é quem e entender a vontade de Deus quando ele nos diz para não perdermos tempo com algumas pessoas. 
      Sob à luz do evangelho “não respeitar” não significa odiar, querer o mal ou fazer algum tipo de violência, mas simplesmente deixar pra lá. O que algumas pessoas dizem ou como elas nos tratam não merece que guardemos em nosso coração algum peso ou que mantenhamos em nossa mente qualquer preocupação. Dar retorno ao errado, seja por palavras, atitudes ou sentimentos e pensamentos mesmo que privados, é alimentar um mal que não nos pertence.
      Quem merece isso? Os de fato soberbos e mentirosos. Aqueles que desprezam o cristianismo, que nos consideram menores por vivermos uma vida de fé em Jesus, não merecem que percamos com eles nosso tempo, a pior soberba é a soberba espiritual. Precisam de nosso testemunho de vida na luz, mas não merecem que soframos com suas atitudes orgulhosas e preconceituosas que muitas vezes tentam nos atingir e magoar. 
      O texto também fala dos que se desviam para a mentira, também podemos aplicar a orientação com relação aos que se colocando como cristãos acabam se desviando para a heresia ou para o pecado, e não assumindo isso. Aqueles que assumem um posicionamento longe de Deus de forma clara, merecem mais a nossa atenção que aqueles que se dizem cristãos, mas na verdade não são e ainda querem ser honrados como se fossem. 
      A verdade é que aquele que é íntimo do Senhor discerne corações e espíritos, contudo, não devemos usar isso num jogo de poder para nos vangloriarmos ou humilhar os outros, mesmo que sejam soberbos e mentirosos. Devemos apenas não perder tempo, deixar pra lá e entregá-los nas mãos de Deus, o Senhor em quem confiamos e em que achamos felicidade. Forte é quem resiste ao ataque injusto, não quem o disfere ou reage a ele. 

      “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação.” Romanos 15.1-2

07/03/19

Não permita que te roubem

      “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” Apocalipse 3.11
 
      A palavra aqui não tem a ver com a parábola dos talentos (Mateus 25.14-30) onde o servo só guardou seu talento e não o fez render, mas diz respeito a quem já trabalhou com seu talento em tudo o que podia. Assim, depois de ter feito o possível, o máximo e o melhor, o mais sábio é se guardar, ter a humildade de não exigir de si mesmo mais do que pode, proteger o conquistado em paz, achando na felicidade de saber ter cumprido a missão uma coroa digna, dada não por homens, mas por Deus. A coroa estabelece uma graduação, assim quem a usa deve andar com dignidade, com a nobreza de coroado, isso não é arrogância, nem orgulho, mas idoneidade, numa certeza silenciosa de quem não precisa convencer ninguém, mas apenas confiar em Deus. 
      Por outro lado não se proteger, não se conhecer e não assumir o que se é e fez, gera uma insegurança que pode nos levar a uma exposição desnecessária, nisso podemos nos enfraquecer e mesmo depois de ter feito tanto acabarmos tristes e sem vazios. Assim, tenhamos cuidado, saibamos o momento de fazer e o momento de esperar, o momento de falar, de mostrar nossas habilidades para sermos útil, e o momento de nos calarmos. De um jeito ou de outro, não nos apressemos e esperemos pelo Senhor que sempre conhece nossos limites e abre a porta certa, nela temos refúgio, mesmo em tempos difíceis como os atuais, onde toda a Terra será tentada.

06/03/19

Em paz

      “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.I Pedro 5.6-7

      Paz, aquele sentimento gostoso que cala toda voz de dor, todo sussurro de culpa, que nos faz sentir bem, satisfeitos, no lugar certo, fazendo a coisa certa, mesmo que estejamos fazendo nada. Mas paz é isso, achar-se absolutamente desobrigado a pagar qualquer preço, desinteressado em comprar qualquer coisa, sentindo que tudo o que somos e temos no exato momento presente basta, é suficiente para sermos felizes, vendo-nos tranquilos, resolvidos, com relação a tudo e a todos. O humilde encontra em Deus a paz pelo pior dos passados, e a certeza de justiça mesmo no futuro mais distante e desconhecido, para assim achar forças para continuar vivendo o presente sem medo. 

      “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.” Apocalipse 21.4-5

05/03/19

Sincero, falso, louco ou mal

      Ser sincero é acreditar naquilo que se faz, isso não significa que se esteja fazendo algo legítimo, certo ou mesmo bom. Quando fazemos algo certo com sinceridade, obedecendo a Deus, estamos exercitando virtude. Contudo, quando fazemos algo errado, sem noção real do que somos e do que Deus quer de nós, mesmo com sinceridade, estamos só sendo insanos, sinceridade por si só não confere legitimidade às coisas. Por outro lado, mesmo fazendo algo bom, mesmo tendo capacidade para fazer, se fizermos sem convicção, sem profundidade, estamos sendo falsos. Já o que faz algo errado, sem chamado de Deus, mesmo com sincera consciência disso, não estará se enganando, nem sendo falso, mas será alguém sem virtude, mal intencionado, apenas com o desejo de tirar vantagem dos outros. Sincero, falso, louco ou mal? O que eu sou na maior parte das vezes? O que é aquele que permito que seja meu companheiro, minha companheira, meu cônjuge? O que é aquele que deixo ser meu pastor, meu líder? 
      Além de me avaliar, avaliar aqueles que escolho para andarem comigo revela muito sobre mim, podemos nos colocar em alguns grupos de pessoas, de acordo com nossas carências e como as administramos e tentamos resolvê-las. Existe o grupo dos dominadores, esses só se sentem satisfeitos quando têm controle sobre as pessoas, querem ditar as regras e controlar tudo que os outros, companheiros, filhos, amigos, ovelhas, funcionários etc, fazem. Se forem violentos podem ser do pior grupo, pois não terão escrúpulos nem limites para alcançarem seus objetivos, mesmo que isso machuque muito os outros. Mas não nos enganemos, dominadores também podem ser ardilosos, hábeis em manipular só com palavras, convencendo de forma psicológica aqueles que querem controlar para que satisfaçam seus objetivos sempre egoistas.
      Existe o grupo dos “enfermeiros”, também exercem uma espécie de dominação, mas as pessoas desse grupo amam gente com problemas, mais que isso, com sérios problemas, procuram os mais fragilizados e deles se tornam escravos. Uma relação assim faz a pessoa se sentir útil, um filantropo virtuoso, um paladino que só quer ajudar os menos favorecidos. Entendamos que não existe nada errado em querer ajudar os enfraquecidos, e se tivermos limites e sensatez, ter essa tendência pode ser só uma característica mais predominante de nossa personalidade que pode nos fazer felizes com alguém que esteja justamente precisando de alguém exatamente como nós para ser feliz. Mas como foi dito, é preciso limite e sensatez, para quê? Para saber até que ponto alguém precisa e deseja ser ajudado, alguns são simplesmente causas perdidas, que fazem de problemas, de passado, de dor, vícios dos quais não querem sair. Dessa forma, embarcar numa nau assim é entrar em barco furado. Quem entra, na paixão, por amor, precisa saber quando não vale mais a pena permanecer e cair fora antes que fique maluco. Os “enfermeiros” não machucam os outros, mas se machucam à medida que não se respeitam e se sacrificam para satisfazer os outros. 
      Se existem grupos dos dominadores e dos “enfermeiros”, existem também os grupos, já citados e quase consequências dos primeiros, dos que gostam de serem manipulados e dos que seduzem por suas fragilidades doentias, assim, na atividade e na passividade, sejam elas mais sutis ou mais extremas, a maioria de nós se encaixa em um desses grupos. Ninguém escapa totalmente disso, e nunca escapará, mas é preciso achar o tal do equilíbrio, isso só numa vida em Jesus é possível. Toda mudança, todavia, dói, se você já percebeu que tem alguma tendência doentia para se relacionar, entenda que nossos desequilíbrios nascem am nossas infâncias e adolescências, em nossos convívios familiares, com nossos pais (ou com a ausência deles). Assim, sermos homens e mulheres mais equilibrados tem relação direta com resolver carências e inseguranças adquiridas no passado. Nos relacionarmos bem com namorados, esposas, esposos, filhos, amigos, chefes, pastores, é perdoarmos pais e quem nos criou, vendo com clareza o que foi feito de errado e desejando de coração não repetir os erros que cometeram conosco. 

04/03/19

Mentira para todos os gostos

Por favor, leia este texto, a princípio e pelo menos os cinco primeiros parágrafos, como uma crônica, e leia até o final, se possível, para entendê-lo. 

      “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.” João 8.44-45

      O diabo inventa mentiras simples para os simples, inventa mentiras complexas para os complicados, inventa mentiras eruditas para os cultos, inventa mentiras práticas para os práticos, inventa mentiras lascivas para os lascivos, inventa mentiras castas para os castos, inventa mentiras céticas para os desconfiados, inventa mentiras preguiçosas para os ociosos, inventa mentiras altruístas para os caridosos, inventa mentiras prazeirosas para os hedonistas, inventa mentiras espiritualistas para os espirituais, inventa mentiras bíblicas para os bíblicos, inventa mentiras filosóficas para os filósofos, inventa mentiras científicas para os materialistas, inventa mentiras ecológicas para os ecológicos, inventa mentiras teológicas para os teólogos, inventa mentiras tradicionais para os tradicionais, inventa mentiras pentecostais para os pentecostais, inventa mentiras esotéricas para os esotéricos, inventas mentiras católicas para os católicos, inventa mentiras cristãs para os cristãos e inventa mentiras diabólicas para os que creem nele. 
      Para quem quer acreditar em mentiras, seja quem for e de qual mentira se agrade, o diabo tem uma mentira adequada, quem procura uma mentira, sempre a acha. Nem é a mentira que é boa ou o diabo que é competente para criá-la, é o ser humano que é enganável, que é buscador de mentiras para crer, e pode acreditar mesmo nas mentiras mais toscas e ridículas. Dessa forma, não nos achemos mais legítimos, mais originais, mais verdadeiros que os outros, por termos uma opinião pessoal, uma crença diferente, um posicionamento específico, baseados num direito intocável, numa liberdade de pensamento e de atitudes que não pode ser restringida por ninguém, ainda assim podemos estar vivendo somente uma mentira, e nem nossa, autêntica, antes inventada por alguém, com o objetivo de nos controlar e enganar. A grande maioria de nós, em alguma instância, em algum momento, depositamos toda a nossa fé numa mentira do diabo ou do homem, achando, contudo, que é uma verdade de Deus ou da ciência, incontestável e maior. 
      Será que talvez a solução seja não procurar uma verdade? Não confiar em verdades? Não as defender? O ser humano é incapaz de entender, guardar e compartilhar verdades, somos seres relativos, relativizados e relativistas, somos indivíduos, não Deus ou deuses, não coletivos nem legiões, e somos humanos, limitados e limitadores. Se nos dermos ao trabalho de entender com profundidade aquilo que acreditamos e que defendemos, veremos que pouco sabemos das coisas, e o que achamos que sabemos são enganos, baseados em informações infundadas, em fatos que na verdade não aconteceram, não exatamente do jeito que achamos que aconteceram. Somos impuros demais para receber verdades, fúteis demais para levarmos verdades dentro de nós, vaidosos demais para sermos dignos de verdades. É mais correto assim, estarmos sempre cercados de névoas que nos impeçam de ver com clareza as coisas, embriagados com meias verdades, o reverso de meias mentiras, mas nada é 99% verdade, 1% de mentira já torna tudo mentira.
      Por que gostamos tanto da mentira? Porque somos a mentira, todos nós, e o mundo moderno com a internet e celulares deixa escancarada essa verdade maior sobre nós. Fazemos tanta questão de parecermos maravilhosos nas selfies, de estarmos felizes e nos divertindo sempre quando tudo é fotografado e compartilhado em redes sociais, ninguém está entediado ou insatisfeito no Instagram, ninguém é vazio no Facebook, os filtros nos mostram sempre jovens e perfeitos, as frases de efeito, copiadas de autores que muitas vezes nem sabemos quem é, nos exibem como sábios, profundos e focados, tudo mentira. O culto à aparência física, o vício nos modismos de roupas, sapatos etc, a obsessão por academias, regimes alimentares e cirurgias plásticas, a valorização do exterior, naquilo que os outros veem, no carro que se tem, nos restaurantes que se vai, mais importantes que a cultura, o estudo, o conhecimento, o caráter, vivemos num mundo que celebra o falso, o passageiro, a carne, tudo mentira.
      Então uma violência horrorosa é mostrada na TV, muito sangue, rostos desfigurados, um homem espanca uma mulher por horas. Quando vemos as imagens que o telejornalismo divulga dos dois são registros de redes sociais, gente jovem, bonita, bem vestida com taças de espumante nas mãos, como se a vida fosse perfeita, de maneira alguma explica porque a relação acabou num crime. Impossível entender como gente que parecia tão feliz ser de fato gente desequilibrada emocionalmente, carente, mimada, insana, por dentro monstros feios e cruéis que viviam vidas de mentira. Não é só uma ilusão, algo que alimentamos para nos consolar, nos fazer fugir um pouco da crua realidade, mas que sabemos que não é vida de verdade, como um livro que lemos, uma canção que ouvimos ou um filme que assistimos. Não, a pessoa acredita mesmo que aquilo é verdade, que não é mentira, que é a sua vida, assim o véu do engano é tirado da pior forma possível, com estupidez, com dor, com vergonha pública.

      Como iremos encerrar está reflexão que é feita num espaço que se autodenomina cristão? Concluiremos de um modo cristão, mas não de acordo com muitos púlpitos que existem por aí, púlpitos onde mentiras são ditas. É mentira quando se diz que com fé tudo é possível, é mentira quando se prega que somos vítimas e que Deus destruirá todos os nossos inimigos, é mentira quando se exorta que se não dizimarmos o inimigo nos devorará, é mentira quando se profetiza que unção é manifestar dons de línguas estranhas e louvar até que se perca o sentido e se caia ao chão, é mentira quando se ensina que conhecimento bíblico e cultos silenciosos são mais espirituais que cultos barulhentos e sem liturgia tradicional, é mentira porque é vaidade, é vaidade porque é do homem, e se é do homem não é de Deus, não glorifica a Deus, mas honra o diabo, mesmo indiretamente, o pai da mentira. Não é porque é dito em púlpito, que é verdade, e infelizmente é no cristianismo onde existe o maior número de seitas, de heresias, de mentiras.
      Não preciso citar João 14.6, o objetivo deste texto não é contra-argumentar com textos bíblicos, provar por a + b que o cristianismo é mais verdade que as outras religiões, a verdade não precisa de advogado, principalmente a do Espírito Santo. O ponto é justamente esse, o mundo atual está inundado de pregadores de verdades, e pregadores evangélicos têm vulgarizado a verdade do Espírito Santo porque sabem argumentar e contra-argumentar, mas não vivem a verdade, são só bons vendedores, como se a verdade de Jesus fosse só uma mercadoria, por melhor que seja. Mas muitos não vivem exatamente por não conhecerem a verdade, apesar de acharem que conhecem, outros até conhecem, mas entraram na ilusão do prazer intelectual e filosófico da teoria, se esquecendo da prática. A verdade é que quem prova a verdade a vive e nunca mais a deixa (João 8.32), a verdade é boa demais, singular demais, libertadora demais, abre nossos olhos para ver Deus de um jeito que nunca mais achamos prazer na mentira. 
      Mas a verdade vai além disso, ela amadurece o cristão de um jeito que ele entende que conhecê-la não lhe dá direito de jogá-la na cara dos outros, por isso foi questionado no 3º parágrafo deste texto se talvez a solução seja, pelo menos nestes dias atuais, tão saturados de verdades, não procurar uma verdade, não confiar em verdades, não as defender. Concluindo, contudo, procure Jesus, confie em Jesus e deixe que Jesus o defenda. Como os outros vão conhecer a verdade? Vendo tua vida, teu dia a dia, tuas obras de justiça e misericórdia, o momento de pregar com palavras acabou, é tempo de viver. Tem igreja demais, tem Bíblias demais, tem crentes demais, tem cultura gospel demais, muito cristianismo e pouco Cristo. O pior é que tem muita gente assistindo a cultos, cantando louvores, postando-se em redes sociais, sem nenhuma vergonha, como cristãos, mas será que são mesmo? Com tanto cristão em nosso país, o Brasil não deveria estar mais livre de corrupção, crime, violência e mentiras? Urge que sigamos a Jesus em verdade.

      “Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro.” I João 4.6

03/03/19

A existência é mental

      “Não julgueis, para que não sejais julgados.” 
Mateus 7.1

      “Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor.” 
I Coríntios 4.5

      “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.
I Coríntios 2.14-16

      Não existe realidade de fato, a maior parte daquilo com que interagimos na vida, das coisas que entendemos, sentimos e com que reagimos, se passa em nossas cabeças, assim nunca é real de fato, não inteiramente, não para o “homem natural”. Agora imagine a quantidade de variedades de irrealidades que existe quando mundos subjetivos interagem com mundos subjetivos, que ocorre quando simples e comuns seres humanos tentam viver em sociedade. Nós não temos problemas com as pessoas, mas com aquilo que as pessoas são em nossas cabeças, dessa forma convivemos com a mentira muito mais que achamos. Todo o nosso mundo é baseado em mentiras, que muitas vezes nem temos consciência que é falso, que não é real, que é apenas aquilo que inventamos, por um motivo ou por, sobre nós e sobre os outros dentro de nós. Assim, tenhamos a mínima clareza de saber que muitas pessoas não são tão más quanto pensamos, não nos odeiam tanto quanto sentimos, e principalmente, não são tão diferentes de nós como tentamos nos convencer que são, ao contrário, os que mais nos incomodam são sempre aqueles que mais se assemelham a nós, que mais coisas em comum têm conosco. 
      Nos incomodam justamente por tentarem ser a mesma coisa que nos tentamos ser, por desejarem a mesma atenção e valorização que nós queremos, por que então nos incomodam? Talvez por serem nossos concorrentes, ou por acharmos que eles acham que têm mais direitos que nós, sendo que são iguais a nós. O ponto, todavia, é: a vida é mental, a “realidade” é a mental! Se não fosse assim seríamos só animais irracionais, é assim e sempre será, mas repito, precisamos ter cuidado com nossas interpretações, elas são sempre irreais (ou surreais). Dessa forma, se temos dificuldades para lidar com alguém, não é necessariamente com a pessoa “real”, física, mas com aquela ideação que fazemos dela em nossos pensamentos e sentimentos, eu eu disse ideação não idealização, já que nesse caso não criamos um ser mental igual ou melhor, mas pior, e é agora que chego aos textos postados inicialmente.
      Confesso que durante muito tempo não entendi a promessa que advém de não julgarmos os outros, “não julgueis, para que não sejais julgados”, que se assim agirmos em resposta não seremos julgados pelos mesmos. Sim, sempre aceitei a sabedoria de não condenar os outros, e disse condenar porque julgar mal é condenar, sem conhecer a pessoa de fato, esse mal julgamento, essa condenação é mais uma adivinhação diabólica, uma concepção preconceituosa e incrédula que interpreta o outro como algo sempre pior do que é (ou poderia ser). Mas a princípio eu achava que deveria haver algum mistério que nos fazia réu de julgamento alheio ruim, caso agíssemos da mesma forma, mas isso não é verdade, podemos julgar mal sem recebermos do outro a mesma injustiça. Então o Espírito Santo me ensinou: quando vivemos com uma disposição obsessiva de condenar os outros, de depreciar as pessoas mesmo antes de conhecê-las de fato, mantemos em nós mesmos uma alma doente que se sentirá igualmente julgada, assim, quando julgamos os outros nós nos enfraquecemos e também nos sentimos julgados, condenados, culpados. Mas o que é causa e o que é efeito?
      Quando entendemos que a batalha se passa em nossas mentes e não no mundo físico, sabemos que nossa luta pode não ser contra as pessoas, mas contra as concepções que fazemos das pessoas em nossas cabeças, assim a luta maior é contra nós mesmos, não contra os outros. Esse entendimento traz consolo porque nos mostra um inimigo menor, que é uma ideia pessoal, subjetiva, não um ser objetivo, com corpo, alma e espírito. Por outro lado, pessoas podem ser anuladas mais facilmente, ideias são mais difíceis, assim mesmo que nos afastemos de quem nos incomoda, a ideia que temos sobre a pessoa levamos conosco, para todos os lugares e tempos. Contudo, o mal original não vem dos outros, não necessariamente, mas de nós mesmos, nós somos nossos principais inimigos e nossa atitude errada com os outros é só reflexo da atitude errada que temos com nós mesmos. O mal julgamento que fazemos de nós mesmos é a causa do julgamento errado que fazemos dos outros. Assim se nos compreendemos melhor e nos respeitarmos mais, isso mudará a maneira como nos relacionamos com os outros, só um bem mental pode anular um mal mental. Se nos curarmos, curaremos a maneira doentia de nossos relacionamentos com os outros. 
      O texto de Paulo em I Coríntios 4.5 traz mais luz aos registros do evangelho com relação a julgar os outros, acrescenta “nada julgueis antes do tempo”, entendemos que podemos, sim, ter opiniões sobre as pessoas, depois de conhecê-las, mas mesmo assim não devemos condenar ninguém a ser alguém errado, a fazer coisas erradas, só porque tal pessoa foi e fez errado em determinado momento de sua vida. As pessoas mudam, podem mudar, e os cristãos devem mudar, para melhor, dessa forma só no final saberemos de fato quem é quem. A tal subjetividade que refleti no início, é humana e pessoal, contudo, o cristão deve aprender a deixar que a subjetividade de Deus tenha prioridade em seu homem interior, essa subjetividade tem os novos nascidos em Cristo através do Espírito Santo, que é a mente de Deus. Essa conclusão está em I Coríntios 2.16, “mas nós temos a mente de Cristo”, isso nos torna espirituais e capacitados a olharmos e interpretarmos a nós mesmos e aos outros de maneira mais justa, misericordiosa, generosa, sem mal julgamento, antes esperando sempre o melhor dos outros.