sexta-feira, março 22, 2019

Tristeza tem fim

      “E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse. E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei. Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do Senhor é a vossa força. E os levitas fizeram calar a todo o povo, dizendo: Calai-vos; porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais. Então todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a fazer grande regozijo; porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber.” Neemias 8.8-12

      O pior tipo de tristeza é aquele que parece não ter motivo de existir, cuja causa, se conseguimos identifica-la, parece já ter sido sarada, mas ainda assim insiste em voltar e doer. A verdade é que a tristeza reincidente sempre tem causa conhecida por nós, o que nos tortura é justamente essa causa, que parece não ter perdão, não ter cura, não ter solução. Assim o “universo” parece não se esquecer, dia a dia, noite após noite, joga na nossa cara algo que de tão impossível de resolver nos deixa rendidos diante de uma tristeza incomensurável. 
      Eis a raiz de tantas doenças, físicas e emocionais, cria tumores tanto quando depressão, a tristeza sem fim, quem nunca a sentiu não pode entendê-la, e mesmo alguns pregadores zombam de quem a vive, a menosprezam como se fosse só um resfriado infantil, só frescura. Acho que existem dois tipos de pessoas, o tipo alegre e o tipo triste, não que o alegre não se entristeça, mas ele não leva a tristeza tão a sério, mantém largo sorriso no rosto mesmo enfrentrando duras lutas. 
      O triste, contudo, o realmente triste, experimenta uma dor profunda que não consegue esconder, pode até aprender a viver com ela, mas se olharmos em seus olhos com atenção veremos a tristeza verdadeira guardada, lá no íntimo de seu coração. Aos de fato tristes, um conselho, esforcem-se, não para negar a tristeza, mas para praticar coisas boas, pensar em coisas boas, viver perto de gente de bem, principalmente da família, cônjuge e filhos, procurem ocupar o coração para que a tristeza não tenha espaço. Escolham bem os amigos, afastem-se das multidões, cuidado com a vida virtual moderna, com redes sociais, conheçam seus limites e sejam o melhor neles.
      Não adianta lutar contra certas coisas, se todos precisam de humildade, mais ainda os tristes, esses devem andar quebrantados diante de Deus, dependendo mais dele, sendo mais espirituais. A tristeza traz contemplação, na contemplação achamos a intimidade do Senhor e essa intimidade exclusiva dá aos tristes uma profunda felicidade, uma realização sem par, aos tristes Deus revela seus mistérios pois esses não acharam alegria em mais nada, só no Senhor.
      Na passagem inicial o povo de Israel se entristece diante da leitura e explicação da palavra de Deus, o povo de Deus chora porque percebe o quanto está distante do Senhor, o quanto estava desobedecendo e desagradando a Deus. Mas essa era uma boa tristeza, a do arrependimento, os arrependidos acham perdão e ganham consolo. O que veio após a enorme tristeza foi uma festa de alegria, a celebração dos humildes que querem seguir a Deus em obediência. Alegrai-vos, tristes em Deus, porque a alegria do Senhor é a vossa força.

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