quarta-feira, abril 13, 2016

SBB: Compare as Traduções

Ler diferentes traduções enriquece o estudo e a compreensão da Bíblia Sagrada.
“Peço que Deus abra a mente de vocês para que vejam a luz dele e conheçam a esperança para a qual ele os chamou” (Efésios 1.18)

Uma das maneiras de aprofundar o estudo e a meditação da Bíblia é ler várias traduções lado a lado. Ao fazer isso, o leitor cedo ou tarde encontrará diferenças entre as traduções. Como explicar isso?

É possível que a diferença seja apenas aparente, porque o leitor não se deu conta de que a mesma mensagem foi expressa através de palavras diferentes. Também é possível que a ordem dos termos tenha sido invertida, para facilitar a compreensão do leitor ou ouvinte.
É possível – e até provável – que eventuais diferenças possam ser explicadas pelo fato de as traduções terem sido feitas em épocas diferentes, por equipes de tradução distintas. É claro que, neste caso, está implícito que um mesmo texto pode ser traduzido de formas ligeiramente diferentes, não porque os tradutores são incompetentes, mas porque o original é mais rico do que se imagina.
Também é útil conhecer um pouco da história e do propósito de cada uma das traduções. No caso das traduções publicadas pela Sociedade Bíblica do Brasil, é preciso lembrar que a Almeida Revista e Corrigida preserva, em grande medida, o texto de Almeida, tal qual se apresentava mais de 300 anos atrás. A Almeida Revista e Atualizada não é uma simples atualização da linguagem de Almeida, pois os revisores tinham, também, o propósito de retificar eventuais lapsos. É preciso levar em conta, neste caso, que, com a intensificação da pesquisa, temos uma melhor compreensão de muitos textos bíblicos. E quanto à Nova Tradução na Linguagem de Hoje, também ela não é tão somente uma simplificação do texto de Almeida, pois é uma nova tradução a partir do original.
E, como já foi indicado, em muitos casos um mesmo texto pode ser traduzido de formas ligeiramente diferentes. A Sociedade Bíblica do Brasil não assumiu o compromisso de
publicar uma só e sempre a mesma tradução da Bíblia, embora, na maioria das passagens, o significado do texto seja essencialmente o mesmo nas diferentes traduções (ARC, ARA, NTLH). Embora se possa discutir um ou outro detalhe, nesta ou naquela passagem, fato é que a mensagem central da Bíblia fica clara em todas as traduções.
Portanto, leitura paralela ou lado a lado de diferentes traduções pode enriquecer o estudo da Bíblia. Se a intenção, no entanto, for a de encontrar “erros”, é claro que esse estudo será tudo menos proveitoso.

Compare as Traduções

Confira, a seguir, alguns versículos da Bíblia em três diferentes traduções:

Almeida Revista e Corrigida
Almeida Revista e Atualizada
Nova Tradução na Linguagem de Hoje

Veja os textos comparativos na fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/compare-as-traducoes/

terça-feira, abril 12, 2016

SBB: Traduções da SBB

A SBB é dona dos direitos das mais apreciadas traduções da Bíblia: Almeida Revista e Atualizada, Almeida Revista e Corrigida e Nova Tradução na Linguagem de Hoje.
“Feliz é a pessoa que acha a sabedoria e que consegue compreender as coisas” (Provérbio 3.13)

A decisão de fazer uma revisão e atualização do texto da Bíblia de Almeida, no Brasil, foi tomada em 1943, cinco anos antes da fundação da Sociedade Bíblica do Brasil (na época, atuavam no Brasil duas sociedades bíblicas: a Britânica e Estrangeira e a Americana). A revisão do Novo Testamento, da qual participou a fina flor da erudição bíblica brasileira de então, foi concluída em 1951. A revisão do Antigo Testamento foi concluída em menos tempo, três anos (de 1953 a 1956), porque dois homens (Antonio de Campos Gonçalves e Paulo W. Schelp) trabalharam em regime de tempo integral, assessorados por um grande número de consultores e leitores externos. A Bíblia completa, na edição Revista e Atualizada, foi publicada em 1959.

O propósito da revisão, que resultou na Revista e Atualizada, era formatar um texto em “linguagem atualizada sem desnaturar certa linguagem bem antiga e tudo sem fugir ao original”. Isto significa que a Revista e Atualizada, além de ser fiel ao original e preservar o estilo de Almeida, é bem menos arcaica do que o antigo Almeida (preservado na Revista e Corrigida).
O grande diferencial da Revista e Atualizada – desconhecido por muitos – é a sua legibilidade e sonoridade. Ela foi feita para ser lida em voz alta.

Nela não aparecem trava-línguas (sílabas difíceis de pronunciar, às vezes pela repetição da mesma consoante) e os cacófatos ou desagrados cacofônicos foram reduzidos ao máximo. Um cacófato é uma combinação de sílabas ou palavras que, na escrita, não apresenta maiores problemas, mas que, ao ser lido, soa obsceno ou tem um sentido equívoco. Uma das características de Almeida Revista e Atualizada, a expressão “a vós outros” (que aparece 232 vezes na Revista e Atualizada, contra apenas quatro vezes na Revista e Corrigida!), resulta dessa preocupação: o que se pretende é impedir que alguém pense em “avós” ou “a voz”.

Outro exemplo é a expressão “homens de pouca fé”, que foi alterada para “homens de pequenina fé”, para que não apareça um “café” na Bíblia. Também a sequência “ali se”, que pode ser ouvida como “Alice”, foi de todo eliminada (como, por exemplo, em Esdras 8.25: “e todo o Israel ali se achou” foi alterado para “e todo o Israel que se achou ali”). Outras diferenças em relação à Revista e Corrigida – Além da eliminação dos desagrados cacofônicos, o nome de Deus (“Javé”), no Antigo Testamento, foi traduzido por Senhor e impresso em versalete, isto é, com letras maiúsculas.Também a primeira letra da palavra que inicia um parágrafo foi impressa em negrito. E os textos poéticos, como, por exemplo, os Salmos, passaram a ser impressos como poesia.

Quanto ao Novo Testamento, a Revista e Atualizada segue o assim chamado “texto crítico” (adotado, nas Sociedades Bíblicas, desde 1904). Esse “texto crítico” é uma edição que leva em conta também os manuscritos gregos mais antigos, descobertos ao longo dos últimos séculos. Na prática, o “texto crítico” tende a ser mais breve do que o “texto recebido”, que era o único que se conhecia no tempo de Almeida, no século XVII. Todo material que constava do texto de Almeida, no século XVII (e que ainda se encontra na Revista e Corrigida), mas que não mais é visto como parte do texto original, aparece, na Revista e Atualizada, entre colchetes. É o caso, por exemplo, do famoso “parêntese joanino”, em I João 5.7-8, um texto que não aparece em nenhum manuscrito grego anterior ao século XIV.

De modo geral, Almeida Revista e Atualizada difere de edições anteriores em aproximadamente trinta por cento do texto. Uma segunda edição de Almeida Revista e Atualizada foi publicada em 1993.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/as-traducoes-da-sbb/almeida-revista-e-atualizada/

segunda-feira, abril 11, 2016

SBB: Princípios de Tradução

Uma boa tradução da Bíblia é feita a partir dos originais e pode seguir os princípios de equivalência formal ou dinâmica.
“Ajuda-me a compreender as tuas leis, e eu meditarei nos teus maravilhosos ensinamentos” (Salmo 119.27)

Traduzir significa transferir e, no caso de uma mensagem escrita, significa passar de uma língua para outra. No caso da Bíblia, por não conhecer as línguas originais (hebraico, aramaico e grego), o leitor precisa recorrer a um tradutor. O tradutor faz a mediação ou passagem de uma língua para outra. Em sua tarefa, o tradutor tem basicamente duas opções, descritas de forma um tanto lapidar pelo erudito alemão F. Schleiermacher, em 1813: “Ou o tradutor deixa o escritor quieto no seu canto, levando, na medida do possível, o leitor até ele; ou deixa o leitor em paz e, na medida do possível,  traz o escritor até ele”.O tradutor que deixa o escritor quieto no seu canto, levando o leitor até ele, faz uma tradução dita “formal”. Respeita a forma do texto original, conservando a ordem das palavras, traduzindo verbos por verbos, substantivos por substantivos e assim por diante. Traduções como Reina-Valera, King James e Almeida são traduções formais. Além de serem formais, tendem para a linguagem erudita, de difícil compreensão para as pessoas mais simples. Pode-se dizer que, num caso assim, o processo de tradução não está de todo concluído, pois solicita uma grande contribuição do leitor. Por exemplo, uma tradução literal como “cingindo os lombos do vosso entendimento” (1Pedro 1.13, ARC) requer do leitor o seguinte processamento: cingir os lombos significa, num contexto oriental, passar uma tira de pano ou um cinto na altura dos lombos (ou dos rins), para erguer um pouco e firmar a longa túnica que dificulta os movimentos do homem, com vistas a maior liberdade de ação, no trabalho; cingir os lombos do entendimento é fazer, de maneira figurada, a mesma coisa com a mente; portanto, trata-se de preparar a mente para agir.

O tradutor que deixa o leitor em paz, trazendo, na medida do possível, o escritor até ele, faz uma tradução dita “dinâmica” ou “funcional”. Produz uma tradução que soa natural na língua alvo (no nosso caso, o português). Abre mão da “consistência cega”, deixando de traduzir um termo do original sempre pela mesma palavra em português, pois leva em conta o contexto e o significado que a palavra tem em cada contexto. (Esta maleabilidade justifica o uso da expressão “tradução dinâmica”.) Entende que uma mesma mensagem pode ser expressa de diferentes maneiras, sem perda significativa. Procura ser fiel ao leitor, perguntando sempre se ele entende o que texto que tem diante de si. A Bíblia na Linguagem de Hoje é o melhor exemplo de tradução dinâmica.
Num caso como o de 1Pedro 1.13, traduções dinâmicas expressam o significado de forma direta, dispensando o processo reflexivo do leitor e garantindo que ele entenda a mensagem de forma imediata e correta. Uma tradução de equivalência dinâmica como A Bíblia para Todos (Portugal, 2009) diz, em 1Pe 1.13: “tenham o espírito preparado para a ação”. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje, entendendo que o espírito ou a mente não age sem a pessoa, diz de forma direta: “estejam prontos para agir”.

Na prática, é difícil encontrar uma tradução que seja 100% formal ou 100% dinâmica. A King James Version é, segundo estudos feitos, apenas 95% formal (expressões idiomáticas, por exemplo, pouco ou nada significam, em tradução literal); e traduções como a Bíblia na Linguagem de Hoje apresentam uma tradução dinâmica em apenas 85% do texto (o que significa que, em 15% do texto, fazem uma tradução formal ou literal).

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/principios-de-traducao/

domingo, abril 10, 2016

SBB: João Ferreira de Almeida

A tradução de João Ferreira de Almeida é a preferida por mais de 60% dos leitores evangélicos da Bíblia no Brasil.
"Tu és a minha rocha e a minha fortaleza; guia-me e orienta-me como prometeste" (Salmo 31.3)

A grande maioria dos evangélicos do Brasil associa o nome de João Ferreira de Almeida às Escrituras Sagradas. Afinal, é dele a tradução da Bíblia mais usada e apreciada pelos protestantes brasileiros. Disponível, no Brasil, em duas edições, a Revista e Corrigida e a Revista e Atualizada, a tradução de Almeida é a preferida de mais de 60% dos leitores evangélicos das Escrituras no País.

Se a tradução de Almeida é amplamente conhecida, o mesmo não se pode dizer a respeito do próprio Almeida. Pouco, ou quase nada, se tem falado e escrito a respeito dele. Almeida nasceu por volta de 1628, em Torre de Tavares, Portugal, e morreu em 1691, na cidade de Batávia (hoje Jacarta, na ilha de Java, Indonésia).

O que se conhece da vida de Almeida está registrado na “Dedicatória” de um de seus livros e nas atas dos presbitérios de Igrejas Reformadas (calvinistas) do Sudeste da Ásia, para as quais trabalhou como pastor, missionário e tradutor, durante a segunda metade do século XVII.

Primeiros Ensaios de Tradução

Quando já se encontrava no Sudeste da Ásia, mais especificamente em Málaca (na Malásia), em 1644, quando tinha 16 anos de idade, Almeida começou a traduzir para o português uma parte dos Evangelhos e das Cartas do Novo Testamento. A tradução, feita do espanhol, foi terminada em 1645, mas nunca foi publicada. Cabe acrescentar que, no tempo de Almeida, o português era a língua de contato e comércio na rota para o Oriente.

Pastor no Sudeste da Ásia

Almeida ficou em Málaca até 1651, quando se transferiu para Batávia, uma pequena povoação na ilha de Java. Depois de passar por um exame preparatório e de ter sido aceito como candidato ao pastorado, acumulou novas tarefas: dava aulas de português a pastores, traduzia livros e ensinava catecismo a professores de escolas primárias. Em 1656, ordenado pastor, Almeida foi indicado para o Presbitério do Ceilão. Ao que tudo indica, esse foi o período mais agitado da vida do tradutor.

Durante o pastorado em Galle (Sul do Ceilão), Almeida assumiu uma posição tão forte contra o que ele chamava de “superstições papistas”, que o governo local resolveu apresentar uma queixa a seu respeito ao governo de Batávia (provavelmente por volta de 1657).

A passagem de Almeida por Tuticorin (Sul da Índia), onde foi pastor por cerca de um ano, também parece não ter sido das mais tranquilas. Tribos da região negaram-se a ser batizadas ou ter seus casamentos abençoados por ele. Tudo indica que isso aconteceu porque a Inquisição havia ordenado que um retrato de Almeida fosse queimado numa praça pública em Goa.

Família

Foi também durante sua permanência no Ceilão que, ao que tudo indica, Almeida conheceu a mulher com a qual viria a se casar. Vinda do catolicismo romano para o protestantismo, como ele, chamava-se Lucretia Valcoa de Lemmes (ou Lucrécia de Lemos). Mais tarde, a família completou-se, com o nascimento de um menino e de uma menina.

Pastor e Tradutor em Batávia

A partir de 1663 (dos 35 anos de idade em diante, portanto), Almeida trabalhou na congregação de fala portuguesa da cidade de Batávia, onde ficou até o final da vida, em 1691. Nesta nova fase, teve uma intensa atividade como pastor. Ao mesmo tempo, retomou o trabalho de tradução da Bíblia, iniciado na juventude. Em 1676, Almeida comunicou ao presbitério que o Novo Testamento estava pronto. Aí começou a batalha do tradutor para ver o texto publicado – ele sabia que o presbitério não recomendaria a impressão do trabalho sem que fosse aprovado por revisores indicados pelo próprio presbitério.E também que, sem essa recomendação, não conseguiria outras permissões indispensáveis para que o fato se concretizasse: a do Governo de Batávia e a da Companhia das Índias Orientais, na Holanda.

A Publicação do Novo Testamento em Português

Escolhidos os revisores, o trabalho começou e foi sendo desenvolvido vagarosamente. Quatro anos depois, irritado com a demora, Almeida resolveu não esperar mais: mandou o manuscrito para a Holanda por conta própria, para ser impresso. Mas o presbitério conseguiu fazer com que a impressão fosse interrompida. Passados alguns meses, depois de algumas discussões, quando o tradutor parecia estar quase desistindo de apressar a publicação de seu texto, cartas vindas da Holanda trouxeram a notícia de que o manuscrito havia sido revisado e estava sendo impresso naquele país.

Em 1681, a primeira edição do Novo Testamento de Almeida finalmente saiu da gráfica. A impressão foi feita em Amsterdã, na Holanda, na tipografia da viúva J. V. Zomeren. O título era este: “O Novo Testamento Isto he o Novo Concerto de Nosso Fiel Senhor e Redemptor Iesu Christo traduzido na Lingua Portuguesa”. [Criar o link para o texto desta edição, na Biblioteca Nacional de Lisboa.] Um ano depois, essa edição do Novo Testamento chegou a Batávia, mas apresentava erros de tradução e revisão.

Entre 1658 e 1661, época em que foi pastor em Colombo, ele voltou a enfrentar problemas com o governo, o qual tentou, sem sucesso, o fato foi comunicado às autoridades da Holanda e todos os exemplares que ainda não haviam saído de lá foram destruídos, por ordem da Companhia das Índias Orientais. As autoridades Holandesas determinaram que se fizesse o mesmo com os volumes que já estavam em Batávia. Pediram também que se começasse, o mais rápido possível, uma nova e cuidadosa revisão do texto.

Apesar das ordens recebidas da Holanda, nem todos os exemplares recebidos na Batávia foram destruídos. Alguns deles foram corrigidos à mão e enviados às congregações da região (alguns exemplares dessa edição corrigida foram preservados). Isto se deu em 1683. Logo em seguida começou o trabalho de revisão e correção do Novo Testamento, que durou dez longos anos. Somente após a morte de Almeida, em 1693, é que essa segunda edição foi impressa, na própria Batávia, onde também foi distribuída. A terceira edição viria a ser publicada em 1712.

3.Netheland e Belgica

A Tradução do Antigo Testamento

Enquanto progredia a revisão do Novo Testamento, Almeida começou a traduzir o Antigo Testamento. Em 1683, ele completou a tradução do Pentateuco. Iniciou-se, então, a revisão desse texto, e a situação que havia acontecido na época da revisão do Novo Testamento, com muita demora e discussão, acabou se repetindo. Já com a saúde prejudicada – pelo menos desde 1670, segundo os registros –, Almeida teve sua carga de trabalho na congregação diminuída e pôde dedicar mais tempo à tradução. Mesmo assim, não conseguiu acabar a obra à qual havia dedicado a vida inteira. Em 1691, no mês de outubro, Almeida veio a falecer. Nessa ocasião, ele havia chegado até Ezequiel 48.21.

A Conclusão da Obra

A tradução do Antigo Testamento foi completada em 1694 por Jacobus op den Akker, pastor holandês, colega de Almeida. O texto do Antigo Testamento completo só viria a ser impresso em 1751. A Bíblia completa em um único volume só foi publicada em 1819. A edição de 1898, feita na Europa, viria a ser conhecida como “Revista e Corrigida”. Em meados do século XX, no Brasil, o texto de Almeida foi revisto e atualizado e essa edição é conhecida como “Revista e Atualizada”.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/joao-ferreira-de-almeida/

sábado, abril 09, 2016

SBB: Outras Línguas Brasileiras

No Brasil, são faladas mais de 200 línguas e pouco mais de 40 têm a Bíblia ou parte dela traduzida.
"A explicação da tua palavra traz luz e dá sabedoria às pessoas simples” (Salmo 119.130)

Embora, por vezes, se tenha a impressão de que no Brasil se fala uma única língua, o português, isto não corresponde com a verdade. Aqui são faladas, além do português, mais umas duzentas línguas: 180 línguas indígenas ou autóctones e umas 20 línguas de imigração. E existe, ainda, a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Línguas Indígenas

No Brasil, a população indígena não chega a um milhão de pessoas, sendo, portanto, menos do que um por cento de toda a população brasileira. Além disso, poucas etnias reúnem mais de 20 mil pessoas. A média de falantes por língua fica em torno de 200 pessoas.

Em termos de tradução bíblica, já existem no Brasil, hoje, quatro Bíblias completas em línguas indígenas. A primeira foi a Bíblia em Waiwai (2002) e a mais recente é a Bíblia em Kaingang (2012). Além disso, o Novo Testamento já está traduzido em mais 35 línguas indígenas. [Veja no mapa as tribos indígenas que já tem Escrituras traduzidas para o seu idioma.]

1. Línguas Indígenas

Línguas de Imigração

Quanto aos falantes de línguas alóctones ou de imigração (como alemão, espanhol, japonês, chinês, francês etc.), não há dados estatísticos precisos. Tudo indica que a segunda língua mais falada do Brasil seja o alemão, em suas duas vertentes principais, o hunsrik e o pomerano.

Para muitos imigrantes, como os espanhóis e franceses, uma tradução feita em outro lugar ou país pode ser perfeitamente satisfatória. Não é o caso da maioria dos falantes de línguas germânicas no Brasil, particularmente o hunsrik e o pomerano. Estas são línguas do baixo-alemão e os falantes dessas línguas têm dificuldade de entender o alto-alemão. Hunsrik e pomerano são línguas ágrafas, ou seja, nunca foram escritas. Os primeiros ensaios de tradução da Bíblia para essas línguas estão sendo feitos em nossos dias, em projetos que têm a participação da Sociedade Bíblica do Brasil.

Libras (Língua Brasileira de Sinais)

Embora para muitos possa parecer que a comunicação com os surdos e dos surdos entre si necessite apenas de um alfabeto especial (como no caso do Braile), também esta é uma percepção errônea. Libras é uma língua própria, com estrutura gramatical, vocabulário e tudo mais que caracteriza uma língua. Portanto, “falar” em Libras é muito mais do que “sinalizar o português”. Colocar a Bíblia em Libras é um processo demorado, pois envolve uma nova tradução.

A Sociedade Bíblica do Brasil já lançou quatro histórias da série Aventuras da Bíblia em tradução para Libras. É um projeto desafiador, que está sendo levado adiante por uma equipe de tradução baseada em Curitiba, PR.

2. Libras

A Missão da SBB

Desde 2001, a Sociedade Bíblica do Brasil passou a intensificar seu programa de cooperação com instituições que se propõem a traduzir a Bíblia para línguas minoritárias.

Sociedade Internacional de Linguística
Instituto Socioambiental
Associação Linguística Evangélica Missionária

Com isso, quer contribuir para a preservação da cultura desses povos e reforçar mais uma vez a sua missão de levar a Palavra de Deus para todos os brasileiros.

Para quem fala waiwai, kaingang, pomerano, ou Libras, o português não será nunca a língua materna. Por isso, a missão de disponibilizar a Bíblia para todos inclui o compromisso de traduzir ou apoiar a tradução da Bíblia, ou de partes dela, para essas diferentes línguas.

O Processo de Tradução

O trabalho de tradução de toda a Bíblia para uma língua minoritária pode levar décadas. No caso do waiwai, foram necessários 28 anos para concluir a tradução do Novo Testamento. Para a Bíblia completa, foram necessários 53 anos.

O processo de tradução do texto bíblico para essas línguas é bastante complexo. Em geral, as línguas indígenas são ágrafas, ou seja, não têm representação gráfica ou alfabeto. São línguas apenas faladas. Com isso, as equipes que se envolvem nesse trabalho têm de conviver, durante décadas, diretamente com essa população a fim de aprender e normatizar a língua para a qual pretendem traduzir as Escrituras Sagradas. Além disso, têm de conhecer a realidade cultural em que está inserida a população, para buscar dentro da língua formas de traduzir o conteúdo das Escrituras. Um livro que traz grande número de exemplos deste tipo de desafio é o Léxico Grego-Português do Novo Testamento Baseado em Domínios Semânticos.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/outras-linguas-brasileiras/

sexta-feira, abril 08, 2016

SBB: Países Lusófonos e Sociedades Bíblicas Lusófonas

Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O que eles têm em comum com o Brasil? A língua.
“Como são doces as tuas palavras! São mais doces do que o mel” (Salmo 119. 103)

Países lusófonos são aqueles que têm o português como língua oficial. Trata-se de uma grande comunidade constituída por mais de 200 milhões de pessoas espalhadas nos mais diversos continentes, que faz com que a língua portuguesa esteja entre as dez mais faladas do mundo. Os países que integram essa comunidade são: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste.

Desde 1998, a Sociedade Bíblica do Brasil tem um programa permanente de cooperação com as Sociedades Bíblicas Lusófonas, com o objetivo de desenvolver projetos editoriais em torno das Escrituras. São membros do Grupo Lusófono as Sociedades Bíblicas de Angola, Brasil, Moçambique e Portugal (juntamente com representantes do trabalho bíblico em Guiné-Bissau e Cabo Verde).

Mesmo que o cenário social, político, cultural e econômico dos países de língua portuguesa seja distinto, as Sociedades Bíblicas Lusófonas vêm fortalecendo os laços que as unem e rompendo as barreiras das distâncias para encontrar as soluções mais eficazes e adequadas de cumprir a missão de levar a Bíblia Sagrada para todas as pessoas numa linguagem que elas possam entender.

O grande desafio é não só organizar e incrementar o sistema de distribuição de Escrituras nesses países, mas também desenvolver folhetos, porções e outros materiais bíblicos diferenciados, que ao mesmo tempo usem o idioma comum e levem em conta as diferenças existentes em cada uma dessas localidades.

quinta-feira, abril 07, 2016

SBB: A Bíblia em Português

A tradução de Almeida foi um marco para a popularização e disseminação da Bíblia em língua portuguesa.
“Que o meu ensino seja como a chuva que cai mansamente sobre a terra; que as minhas palavras sejam como o orvalho que se espalha sobre as plantas” (Deuteronômio 32.2)

Os primórdios – Os mais antigos registros de tradução de trechos da Bíblia para o português datam de mais ou menos 1300 d.C. (com o rei D. Dinis). Mais tarde, por volta de 1400, foram traduzidos alguns trechos de Atos dos Apóstolos e das Epístolas Paulinas. Tais traduções, no entanto, tinham em vista apenas leitores da nobreza.

Almeida – A primeira tradução completa do Novo Testamento para o português foi feita por João Ferreira Annes de Almeida e publicada em 1681. A tradução foi impressa na Holanda, mas foi feita na cidade de Batávia (hoje Jacarta), na ilha de Java (hoje parte da Indonésia).Almeida, que era natural de Torre de Tavares, Portugal, faleceu em 1691, deixando a tradução do Antigo Testamento incompleta (conseguiu traduzir até Ezequiel 48.21). A tradução foi finalizada por Jacobus op den Akker, que era pastor da Igreja Reformada Holandesa, colega de Almeida.A Bíblia completa em português foi publicada, em dois volumes, no ano de 1753. A primeira impressão da Bíblia completa em português, em um único volume, na tradução de Almeida, foi feita em Londres, em 1819. Antes disso, em 1809, foi publicado pela primeira vez o Novo Testamento de Almeida pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira (que havia sido fundada em 1804), para distribuição em países de fala portuguesa. A tiragem foi de cinco mil exemplares.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/a-biblia-em-portugues/

quarta-feira, abril 06, 2016

SBB: A Bíblia em Vários Formatos

Do papiro a era digital. Desde que a Bíblia passou a ser escrita, os povos passaram a ter mais acesso a seus ensinamentos.
“Que a mensagem de Cristo, com toda a sua riqueza, viva no coração de vocês! Ensinem e instruam uns aos outros com toda a sabedoria” (Colossenses, 3.16)

No tempo em que a Bíblia foi escrita, os materiais mais comumente usados para fazer o registro de textos e mensagens eram o papiro e o pergaminho. Inicialmente, os livros tinham o formato de rolos. Folhas de papiro ou pergaminho eram coladas ou costuradas umas nas outras, formando uma longa tira, que era, então, enrolada. Foi apenas a partir do começo da era cristã que se popularizou a técnica de fazer livros em forma de cadernos (chamados tecnicamente de códices). Neste caso, em vez de fazer uma tira de papel, as folhas passaram a ser empilhadas e dobradas ao meio, formando um “caderno”. (Para mais detalhes, leia o livro A Bíblia a a sua história.)

1. Cópias ManuscritasCópias manuscritas

No Mundo Antigo e ao longo de boa parte da Idade Média, a única maneira de produzir um livro era copiá-lo à mão, pouco importando o material de escrita usado. Depois, aos poucos, foram sendo utilizados blocos de madeira (semelhantes a carimbos de nossos dias), para fazer uma cópia mecânica de páginas inteiras. Mas a produção de livros e a publicação da Bíblia mudaram radicalmente a partir do invento do ourives alemão Johannes Gutenberg, em meados do século XV.

2. Imprensa_GutenbergImprensa

Gutenberg desenvolveu a arte de fundir tipos metálicos móveis. Esses tipos móveis permitiam que, uma vez impressa uma página, os tipos (representando letras e outros símbolos) fossem reaproveitados na montagem de outra página para a impressão. Como é sabido, o primeiro livro de grande porte produzido na prensa de Gutenberg foi a Bíblia em latim. Mas, ainda antes de 1500, essa nova tecnologia foi utilizada para imprimir Bíblias em seis outras línguas: alemão, italiano, francês, tcheco, holandês e catalão. Ao longo dos últimos cinco séculos a Bíblia foi (e ainda é) o livro mais impresso em todo o mundo.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/a-biblia-em-varios-formatos/

terça-feira, abril 05, 2016

SBB: Destaques da História da Tradução da Bíblia

A tradução da Bíblia permitiu que a sua mensagem fosse disseminada e conhecida mundo afora.
“Vão pelo mundo e anunciem o evangelho a todas as pessoas” (Marcos 16.15)

A Bíblia é traduzida desde, pelo menos, a época de Esdras e Neemias (leia Ne 8.8 ). Naquela época, era necessário fazer uma tradução oral ou falada para o aramaico, necessidade sentida ainda nos tempos de Jesus. No entanto, a mais antiga tradução da Bíblia em forma escrita é a Septuaginta, que foi feita ao longo dos últimos 200 ou 300 anos antes de Cristo.

Septuaginta – É uma tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego, feita no Egito, para a comunidade judaica que não mais entendia o texto bíblico em hebraico. (É claro que a Septuaginta ) inclui também alguns livros que foram, originalmente, escritos em grego). O termo “Septuaginta” significa “Setenta” e é derivado da tradição de que foram 72 sábios de Israel (seis de cada tribo) que fizeram a tradução, a pedido do rei do Egito. Foi a Bíblia utilizada por muitos dos primeiros cristãos, inclusive apóstolos e evangelistas. Nas cartas de Paulo, por exemplo, uma de cada três citações do Antigo Testamento parece ter sido tirada diretamente da Septuaginta. Além disso, a Septuaginta ajuda a entender a linguagem do Novo Testamento, em especial o novo significado de palavras gregas. Um exemplo disso é a palavradóxa, que significa “opinião”, mas que a partir da Septuaginta, adquiriu também o significado de “glória”.

Outras traduções – Depois, já na era cristã, surgiram novas traduções, para línguas como o copta (no Egito), o etíope, o siríaco (no norte da terra de Israel), e o latim, além de muitas outras. A tradução para o latim é, com certeza, a mais importante, por sua ampla utilização no Ocidente, especialmente ao longo da Idade Média.

A Vulgata – A tradução mais importante ao latim é a (Vulgata), feita pelo eminente biblista Jerônimo, no final do quarto século e começo do quinto século (mais ou menos 400 d.C.).Tudo indica que Jerônimo fez apenas uma revisão do texto latino do Novo Testamento.

No caso do Antigo Testamento, fez uma nova tradução a partir do original hebraico (que ele chamava de veritas hebraica, ou “verdade hebraica”), pois as traduções latinas existentes na época haviam sido feitas a partir da Septuaginta grega. Para fazer uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se conhecida como “Vulgata”, ou seja, a tradução “divulgada” ou “difundida”. Embora não tenha sido imediatamente aceita (afinal, era diferente das outras traduções conhecidas na época), tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando até o Norte da Europa.

Traduções na Europa – Na Europa, os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, que destruíram grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais alguns homens se refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o texto bíblico foi preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em latim, na tradução de Jerônimo.

Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários levaram o evangelho para a Irlanda, a Escócia e a Inglaterra, e certamente havia cristãos no exército romano que dominou aquela região durante o segundo e o terceiro séculos.

Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo dessa região é a do Venerável Beda. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava ditando uma tradução do Evangelho de João; entretanto, nenhuma de suas traduções chegou até nós.

John Wycliffe – Nascido por volta do ano 1330, no interior da Inglaterra, Wycliffe tem o seu nome associado à primeira tradução da Bíblia para o inglês. Os líderes da Igreja se opuseram violentamente à Bíblia em inglês e perseguiram Wycliffe. Ele foi condenado postumamente, ou seja, depois de morto, tendo o corpo desenterrado e queimado.

Lutero – Lutero traduziu o Novo Testamento para o alemão, num período de onze semanas, quando estava refugiado no castelo de Wartburg. Essa tradução foi publicada em setembro de 1522. A tradução do Antigo Testamento só foi concluída após 12 anos de trabalho (foi publicada em 1534), sendo que Lutero contou com a colaboração de uma equipe de professores de teologia de Wittenberg (que não se dedicaram ao projeto em regime de tempo integral).A tradução de Lutero antecipa, em parte, o modelo de tradução de equivalência dinâmica, utilizado na Nova Tradução na Linguagem de Hoje. (Lutero) se expressou assim: “Não se deve perguntar às letras na língua latina como se deve falar em alemão, (…) e sim, é preciso perguntar à mãe em casa, às crianças na rua, ao popular na feira, ouvindo como falam, e traduzir do mesmo jeito, então vão entender e notarão que se está falando alemão com eles”. Por ter seguido este princípio, a tradução da Bíblia feita por Lutero caiu no gosto popular, embora não tivesse sido a primeira tradução
para a língua alemã.

Reina-Valera – A Reina-Valera é, no mundo de fala espanhola, o que Almeida é no mundo de fala portuguesa: a tradução mais apreciada pelos evangélicos. O nome vem de Casiodoro de Reina, que fez a tradução original, em 1569, e de Cipriano de Valera, que fez a revisão, em 1602.

King James Version – Esta tradução da Bíblia, que já completou quatro séculos e ainda é bastante usada no mundo de fala inglesa, surgiu em 1611. Foi encomendada por um rei britânico, razão pela qual se chama de “tradução do rei James”. Não foi, a rigor, uma nova tradução, mas uma edição que combinou traduções anteriores, incluindo as de Wycliffe e William Tyndale.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/destaques-da-historia-da-traducao/

segunda-feira, abril 04, 2016

SBB: Descobertas Arqueológicas

Os achados arqueológicos vêm fornecendo importantes dados aos pesquisadores da Bíblia.
“Ó Deus, as tuas mãos me criaram e me formaram; dá-me entendimento para que eu possa aprender as tuas leis” (Salmo 119.73)

As descobertas arqueológicas mais expressivas, no que diz respeito à Bíblia, ocorreram na era moderna, ou seja, nos três últimos séculos. Além de lugares que foram escavados, artefatos que foram desenterrados, muitos manuscritos bíblicos foram descobertos pela arqueologia.

O maior achado arqueológico do século XX é a descoberta dos assim chamados “rolos do mar Morto” ou, então, documentos de Qumran. Esses documentos foram sendo encontrados ao longo de quase uma década (de 1947 até 1956), na região conhecida como deserto da Judeia, nas imediações do mar Morto, em Israel. Merece destaque o Primeiro Rolo de Isaías, uma cópia completa do texto de Isaías, que, segundo se estima, foi escrito no segundo século a. C. Ao lado de outro rolo de Isaías, de um comentário sobre Habacuque e de um grande número de fragmentos de outros livros do Antigo Testamento, essas são as cópias mais antigas do texto hebraico que chegaram até nós.

Antes da descoberta dos rolos do mar Morto, os manuscritos hebraicos mais antigos de que se dispunha, contendo trechos do Antigo Testamento, datavam de mais ou menos 850 d.C. Existem, porém, partes menores bem mais antigas como o Papiro Nash, do segundo século da era cristã. O Códice de Leningrado, copiado em 1008 d.C., é a mais antiga cópia contendo o Antigo Testamento na íntegra num volume só.

Descobertas arqueológicas, como a dos manuscritos do mar Morto, continuam a fornecer novos dados aos tradutores e intérpretes da Bíblia. Elas têm ajudado a resolver várias questões a respeito de palavras e termos hebraicos e gregos, cujo sentido não era totalmente claro. Antes disso, os tradutores se baseavam em manuscritos mais “novos”, ou seja, em cópias produzidas em datas mais distantes da origem dos textos bíblicos.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/descobertas-arqueologicas/

domingo, abril 03, 2016

SBB: A Preservação do Texto Bíblico

É bem verdade que os documentos originais da Bíblia, chamados de autógrafos, não foram preservados. Tudo que se tem são cópias, antigas, com certeza, mas não os autógrafos. No entanto, numa comparação com outros textos do Mundo Antigo, a Bíblia é um livro muito bem preservado, em grande número de cópias antigas. Isto se aplica de modo especial ao Novo Testamento, mas vale também para o Antigo Testamento, especialmente a partir da descoberta dos rolos do mar Morto.

O Uso da locução “versões antigas”, no caso da tradução do Antigo Testamento

Como, no caso do texto do Antigo Testamento, não se dispõe de um número expressivo de manuscritos mais antigos em hebraico, os eruditos e tradutores levam em conta o testemunho das “versões antigas”, principalmente o Targum aramaico, a tradução grega da Septuaginta e a Vulgata latina. Estas traduções foram feitas a partir de um original hebraico que é muito mais antigo do que o Códice de Leningrado (1008 d. C.), reproduzido na Biblia Hebraica Stuttgartensia. Em muitos momentos, como Gn 4.8, por exemplo, a tradução se baseia no testemunho dessas versões antigas.

O uso da expressão “melhores e mais antigos manuscritos”, no caso do Novo Testamento

Em muitas edições da Bíblia (principalmente Bíblias de Estudo), afirma-se que a tradução do texto do Novo Testamento segue os “melhores e mais antigos manuscritos”. Esta expressão só se tornou possível a partir da descoberta de muitos manuscritos antigos, nos últimos 200 anos. Entre esses manuscritos estão o Códice Sinaítico, o Códice Vaticano, o Códice Alexandrino, o Códice Ephraemi Rescriptus, bem como vários papiros. Um manuscrito mais antigo não é necessariamente melhor do que um manuscrito copiado em época mais recente, mas até prova em contrário um manuscrito mais antigo, que não resultou de um longo processo de sucessivas cópias, tem maiores chances de conter menos erros de cópia.

Por isso, as edições do Novo Testamento Grego chamadas de “críticas” têm a preferência das Sociedades Bíblicas, em detrimento do assim chamado “texto recebido”, porque refletem o texto tal qual se encontra nos “melhores e mais antigos manuscritos”.

O “texto recebido” foi elaborado por Erasmo de Roterdã, no século XVI, a partir de um punhado de manuscritos, copiados no final da Idade Média. No entanto, em termos de conteúdo, não há diferença substancial entre o “texto crítico” e o “texto recebido”, pois, em geral, aquilo que o “texto recebido” tem a mais reflete ou ecoa o que se encontra em outro lugar na Bíblia.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/os-originais-da-biblia/a-preservacao-do-texto-biblico/

sábado, abril 02, 2016

SBB: A Formação do Novo Testamento

Os livros do Novo Testamento foram escritos na segunda metade do primeiro século da era cristã, ou seja, no período que vai de mais ou menos 50 a 100 d. C. Tudo indica que os primeiros livros escritos foram as cartas do apóstolo Paulo e o último o de Apocalipse.

Essas cartas e outros escritos eram recebidos e preservados com todo o cuidado. Não tardou para que esses manuscritos fossem circulados entre as igrejas (leia Cl 4.16), passando então a ser copiados e difundidos nas igrejas cristãs dos primeiros séculos.

A necessidade de ensinar novos convertidos e o desejo de relatar o testemunho dos primeiros discípulos sobre a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo resultaram na escrita dos Evangelhos. Também estes foram copiados e distribuídos à medida em que a igreja crescia.

A Edição do Novo Testamento Grego

Os autógrafos ou documentos originais do Novo Testamento não foram preservados. Documentos com porções maiores de texto, que chegaram até nós, datam do segundo e terceiro séculos. Este é um intervalo relativamente breve entre a data de composição dos livros e as cópias mais antigas, especialmente numa comparação com outros escritos daquela época.

O mais antigo fragmento do Novo Testamento grego hoje conhecido é um pedacinho de papiro escrito no início do segundo século d. C. Trata-se do Papiro 52 (ou P52) e nele estão contidas algumas palavras de João 18.31-33, 37-38. Em época recente, foram descobertos muitos outros papiros com texto bíblico, tanto assim que hoje são conhecidos 125 papiros do Novo Testamento (embora a maioria contenha apenas um pequeno trecho do Novo Testamento).

Para preparar uma edição do Novo Testamento Grego, os eruditos dispõem, em tese, de mais de cinco mil manuscritos gregos (muitos deles fragmentários). Além disso, levam em conta também o testemunho de traduções antigas (como a latina, siríaca, copta, entre outras) e a transcrição de textos do Novo Testamento nos escritos de teólogos da igreja antiga, particularmente aqueles que escreveram em grego. Disso resulta uma edição do Novo Testamento grego que é chamada de eclética, ou seja, um texto que resulta do estudo e da combinação de um grande número de manuscritos.

Na prática isto significa que o texto reproduzido em O Novo Testamento Grego (diferentemente do que ocorre na Bíblia Hebraica) não se encontra em um único manuscrito, pois resulta da comparação e combinação (em tese) do que se encontra em todos os manuscritos que chegaram até nós. (Para mais detalhes, confira Origem e Transmissão do Texto do Novo Testamento e O Texto do Novo Testamento.)

A edição do texto grego do Novo Testamento mais utilizada por tradutores em todo o mundo é O Novo Testamento Grego, uma publicação das Sociedades Bíblicas Unidas que está em sua quarta edição revisada. Uma edição em “roupagem” portuguesa foi impressa no Brasil, em 2009. Juntamente com a Biblia Hebraica Stuttgartensia, esta é a melhor edição dos textos originais de que se dispõe hoje em dia.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/os-originais-da-biblia/a-formacao-do-novo-testamento/

sexta-feira, abril 01, 2016

SBB: A Formação do Antigo Testamento ou da Bíblia Hebraica

Muitos séculos antes de Cristo, escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas do povo de Israel mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus. Igualmente fizeram o registro das mensagens e revelações que receberam do Deus de Israel. Esses registros tinham grande significado e importância na vida daquele povo e, por isso, foram copiados muitas vezes e passados de geração em geração. Com o passar do tempo, esses relatos sagrados foram reunidos em três grupos de livros, assim conhecidos, em hebraico:

–  Torah (Lei): reúne os primeiros cinco livros da Bíblia, o assim chamado Pentateuco.
–  Neviim (Profetas): seção que inclui os profetas anteriores (Josué, Juízes, Samuel e Reis) e os profetas posteriores (Isaías, Jeremias, Ezequiel, e os Doze Profetas Menores).
–  Ketubim (Escritos): reúne os demais livros, entre os quais Salmos, Provérbios, Jó, Eclesiastes, e também Esdras e Neemias, Daniel, e os livros de Crônicas, que aparecem em última posição no cânone hebraico.

As letras iniciais dessas divisões formam o acrônimo TaNaK, que é o nome que os judeus dão à Bíblia.

A Edição do Texto Hebraico

Todas as traduções da Bíblia podem ser feitas, como convém, a partir de edições dos textos nas línguas originais. Para a tradução do Antigo Testamento, as Sociedades Bíblicas e os tradutores em geral utilizam a Biblia Hebraica Stuttgartensia  , publicada, em nome das Sociedades Bíblicas Unidas, pela Sociedade Bíblica Alemã, e também impressa no Brasil. A edição do texto foi feita entre 1967 e 1977.

A Biblia Hebraica Stuttgartensia reproduz na íntegra um único manuscrito hebraico, o Códice de Leningrado ou Codex Leningradensis, que foi produzido em 1008 d. C. Trata-se de uma edição diplomática, ou seja, uma edição que reproduz sem maiores retoques o texto tal qual se encontra no Códice de Leningrado. Este texto é chamado, também, de texto massorético.

Mas este não é necessariamente o texto original da Bíblia. Há momentos em que o texto massorético, reproduzido no Códice de Leningrado, traz lacunas (como em Gn 4.8, por exemplo, onde não aparece a frase “Vamos ao campo”) e aparentes erros (como em Sl 22.16, onde o texto massorético diz “como um leão as minhas mãos e os meus pés” e as traduções dizem algo como “traspassaram-me as mãos e os pés).

Assim, os tradutores levam em conta o que aparece no aparato crítico ao pé da página dessa edição, particularmente os dados derivados das versões ou traduções antigas (Septuaginta, Targum e Vulgata) e dos manuscritos do mar Morto.Tanto as versões antigas como os manuscritos do mar Morto (ou documentos de Qumran) são muito mais antigos do que o texto massorético que aparece no Códice de Leningrado. (Para mais detalhes sobre a história do texto da Bíblia Hebraica, leia a obra O Texto do Antigo Testamento.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/os-originais-da-biblia/a-formacao-do-antigo-testamento-ou-da-biblia-hebraica/

Postagens comemorativas de abril de 2016

      No mês que o "Como o ar que respiro" comemora cinco anos de vida, próximo de duas mil postagens e noventa mil acessos, estou postando matérias sobre a Bíblia.
      Nos primeiros treze dias, compartilho materiais da página da Sociedade Bíblica do Brasil (usei a sigla SBB quando me referindo a essa página nas postagens), textos sobre formação do cânone, versões nas línguas atuais, até chegar às Bíblias em português.
       As próximas treze postagens são da Editora Vida Nova, com alguns artigos da Revista Teologia Brasileira, material sério para quem quer saber sobre teologia aprovada por estudiosos competentes.
      As últimas quatro postagens do mês, são matérias do reverendo Hernandes Dias Lopes sobre o livro de Apocalipse e o final dos tempos, palavras urgentes de um pregador relevante da atualidade que precisa ser ouvido.

      (Tentei achar material interessante em páginas de outras editoras, contudo, e eu não poderia deixar deixar de mostrar aqui uma ênfase do blog, editoras que talvez sejam as que mais vendem material cristão no Brasil atualmente, são as que possuem menos conteúdo realmente sério e aprovado por referências tradicionais do meio protestante. Infelizmente Bíblias comentadas por pessoas desqualificadas, mesmo que famosas e "donas" de ministérios conhecidos e gigantescos, têm alimentado uma grande parte do povo evangélico, mas isso é só mais um sinal dos tempos ruins que vivemos. Anúncios desses materiais duvidosos enchem páginas de algumas empresas que parecem mais com lojas populares de eletrodomésticos e móveis, e menos com missões cristãs de divulgação da palavra de Deus).

José Osório de Souza