quinta-feira, julho 19, 2012

"Cabo de guerra": uma armadilha

        Quando vejo cristãos orando antes de começar uma partida de futebol me vem à mente aquilo que com certeza muitos já pensaram, se Deus fosse ouvir todas as orações o jogo acabaria empatado. Bem, com certeza Deus responde a todas as orações, mas nem todas com uma vitória aparente e de curto prazo. No caso da partida de futebol, Deus deve responder a um que terá vitória naquele jogo, a outro que não, talvez numa próxima vez. Mas qual é disposição do filho de Deus, querer vencer sempre e naquele momento ou conversar com seu Deu esperando a resposta dele, mesmo que não seja imediata? Vitorioso não é o que vence, mas o que aprende com a vontade de Deus, seja ela de vitória imediata ou de espera.
Essa situação de “empate” podemos verificar na igreja, principalmente entre os que desempenham algum ministério. Todos esses sabem que são, ou se consideram, chamados de Deus para fazer determinado trabalho, todos creem, de uma forma ou de outra, que suas funções têm legitimidade, portanto todos querem a vitória, dar a última palavra. Contudo, nessa atitude, as pessoas podem se levantar como inimigas das outras, podem acreditar que suas batalhas são legalmente divinas e que as outras pessoas se levantaram como inimigas não somente delas, mas de Deus, isso pode ser uma grande insanidade. Deus não toma partido, já que ele é indivisível, e também não pode negar a si mesmo sendo infiel.
Nesses confrontos achando que estão ao lado de Deus, e não estão, cristãos se colocam numa batalha equivocada, contra correligionários, soldados do mesmo exercito, irmãos do mesmo ministério. Contudo, é preciso entender que no ministério da igreja não existem vencedores e vencidos, todos na realidade são vencedores, existe somente um vencido, o Diabo.
O que ocorre é que Deus pode usar uma pessoa e não a outra, pode levantar um líder e não o outro, pode dar a um a unção para desenvolver determinado ofício enquanto não dá a outro, mesmo que esse outro tenha mais habilidades intelectuais e físicas para desempenhar o serviço. Há de se ter humildade, sensibilidade espiritual, espírito obediente, alma mansa, para entender qual é a vontade de Deus, e não ficar inventando batalha que não é para haver no meio da igreja, batalha que só faz um vencedor, o Diabo.
Deus também tem seus tempos, o tempo de um liderar pode ter passado, a vontade de Deus pode ser agora de usá-lo de outra forma, em outro lugar, com outras pessoas, enquanto o Senhor levanta outro para desempenhar o ministério.
Essa atitude de enxergar em tudo e em todos, o tempo todo, guerras, pode ser um engano terrível. Por que muitos adotam essa ótica? Porque é mais fácil, taxar alguém, com o qual se está tendo alguma dificuldade, de inimigo, principalmente quando é alguém que não se conhece direito (lembro-me aqui dos ditados, todos temem o que não conhecem, e o novo sempre causa temor). É mais fácil chamar de inimigo do que se prontificar a orar, a conhecer a amar. Mudar de opinião é mais fácil que amar, já que colocamos a pessoa em outra “gaveta” ao invés de adequar a situação para encaixá-la na “gaveta” inicial.
Sim, no nome de Jesus os filhos legítimos de Deus sempre estão em luta contra o Diabo e esse nunca dá trégua, é preciso manter isso em mente sempre. Mas que isso não seja desculpa para não se exercer o amor, e antes de tudo, para não se aceitar a vontade de Deus. Esse cabo de guerra que não leva a nada, que divide a igreja e faz com que ela perca tempo e se enfraqueça, deve ser encerrado. Não, não existe empate, a vontade de Deus é única, mas não é para favorecer a ninguém, seja o homem que for. A vontade de Deus é para honrar o seu nome, é preciso aceitar isso com humildade.
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