Graça

        “Eu cri, apesar de ter dito: Estou muito aflito. Eu dizia na minha perturbação: Todos os homens são mentirosos. Que darei ao Senhor por todos os benefícios que ele me tem dado?”, Salmos 116.10-12.

Faz parte da natureza humana, do orgulho do homem, de alguma forma sempre querer pagar por aquilo que recebe. Nem sempre com dinheiro, com bens materiais, mas com sacrifício, com alguma dor. Deus não quer isso, não necessita disso, e nem nós precisamos nos submeter a esse pagamento.

Então diz o homem em sua arrogância: “Mas se eu não fizer algum tipo de esforço, se eu não executar algum trabalho, ficarei ocioso, viverei vagabundeando sem tomar qualquer iniciativa esperando que as coisas caiam do céu”. Não, isso não é verdade, o Espírito Santo de Deus dá paz ao homem, liberdade, mas o motiva a trabalhar, não como forma de pagamento, mas para servir a Deus nesse mundo, testemunhando o que o Evangelho pode fazer na vida das pessoas, e isso é feito com alegria, não como peso. Em Jesus nos tornamos mais produtivos, já que deixamos de praticar o que fazíamos como escravos dos mal e passamos a praticar o bem.

Quem se aproveita desse orgulho humano, que na verdade cega o homem, é o Inimigo, esse cria religiões de todas as espécies que oferecem ao homem a oportunidade de “pagar” sua salvação, sua “evolução” espiritual, sua purificação, são os “religare” (religião em latim) de baixo para cima. Mas eis aí mais uma bênção do Evangelho, que é a única “religare” que realmente funciona de cima para baixo, além de salvar ele dá ao homem a purificação, em Cristo reside todo o aperfeiçoamento que o homem precisa para se comunicar diretamente com Deus, não é necessário renascer nesse mundo, nem fazer qualquer tipo de penitência.

“O Senhor protege os simples, quando estou abatido, ele me salva. Ó minha alma, retorna à tua serenidade, pois o Senhor tem sido bom.”, Salmo 116.6-7.

Infelizmente essa coisa, de ter que pagar por uma bênção, está intrinsecamente tão arraigada à alma humana que até cristãos convertidos insistem em viver dessa forma, têm dificuldades para se libertarem disso. Isso ocorre principalmente quando não se tem a paciência para se esperar em Deus, quando não se tem a humildade para pedir perdão e se colocar em condição de se receber algo do Senhor, parece para esses que é mais fácil fazer barganhas com Deus. Mesmo a prática de dízimos e ofertas pode ser usada com a intenção equivocada.

Que armadilha existe nessa atitude, que mentira, viver uma agonia desnecessária quando a graça está disponível aos simples. Por isso a salvação é para os simples, os humildes, esses podem receber gratuitamente através da fé no sacrifício do cordeiro de Deus, Cristo Jesus, toda a excelência necessária para viver a plenitude da existência, que vai além da morte, permanece por toda a eternidade.

O único sacrifício que Deus requer de seus filhos é o da gratidão, é o de oferecer louvor ao seu Senhor, e isso não é nenhum pouco pesado, é prazerosos, é festa, sobe como música agradável e harmoniosa aos céus, abala as estruturas do mundo espiritual, liberta, ilumina, conquista.

“Eu te oferecerei sacrifícios de ação de graças e invocarei o nome do Senhor. Cumprirei meus votos ao Senhor, na presença de todo o seu povo, nos átrios da casa do Senhor, no meio de ti, ó Jerusalém! Aleluia!” (Salmos 116.17-19).

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