sexta-feira, janeiro 11, 2019

Quem tem o poder?

      “E os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele, para o matarem. Jesus, sabendo isso, retirou-se dali, e acompanharam-no grandes multidões, e ele curou a todas. E recomendava-lhes rigorosamente que o não descobrissem, Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Eis aqui o meu servo, que escolhi, O meu amado, em quem a minha alma se compraz; Porei sobre ele o meu espírito, E anunciará aos gentios o juízo. Não contenderá, nem clamará, Nem alguém ouvirá pelas ruas a sua voz; Não esmagará a cana quebrada, E não apagará o morrão que fumega, Até que faça triunfar o juízo; E no seu nome os gentios esperarão.Mateus 12.14-21

      Jogos de poder, competições na maioria das vezes discretas na vida social, seja em que área for, onde alguém quer estar acima de outro alguém do jeito errado. Nas empresas, principalmente, porque dinheiro está em jogo, nas amizades, mesmo que com menos maldade administrando as carências, e também nas igrejas, ainda que disfarçados de níveis espirituais, sempre com o objetivo de estabelecer domínio, controle de uns sobre outros. Jogos de poder podem existir mesmo na família, entre marido e esposa que ainda vivem como crianças imaturas ou sob uma tradição familiar retrógrada, seja machista ou feminista, mas sem equilíbrio. 
      Os fariseus faziam jogos de poder com Jesus, tentando mostrar que eram mais sábios, com direitos mais legítimos sobre as coisas de Deus, com mais autoridade sobre os homens, tentando ver com olhos cegos aquilo que era feito à luz do dia, e por isso tropeçando nas próprias pernas. Como acontece em todo jogo de poder movido pela vaidade e insegurança de um lado, contra a verdade pura e segura do outro, apelavam para a mentira, para falso testemunho, para fantasias. Mas quem pode vencer um homem no centro da vontade de Deus que só quer obedecer ao pai e amar os homens, mesmo com o custo da própria vida?
      Quem inaugurou os jogos de poder foi o diabo, usando nada mais que o próprio homem para tentar se mostrar melhor que Deus. Apelando para a curiosidade humana, que existia mesmo no primeiro Adão, a primeira Eva, a segunda metade do primeiro homem, mordeu o fruto da árvore proibida, perdeu a inocência e conheceu o pecado. O jogo de poder desse diabo foi tentar mostrar que podia ir além daquilo que Deus tinha dado ao homem pela criação original, o prometeu luciferiano entregou à humanidade o fogo do conhecimento do bem e do mal. Nesse primeiro jogo de poder, a morte entrou na humanidade, morte espiritual que depois fez perecer o corpo e toda a natureza do planeta.
      Mas quem tem o poder? O que ganha ou o que perde? Se é uma batalha do bem contra o mal, o bem sempre ganha, havendo confiança em Deus em santidade, João capítulo 15, versículo 7, eis o texto que revela a vitória inexorável do verdadeiro homem de bem. Essa vitória não existe porque o homem de Deus luta, mas porque ele se coloca em Deus, é Deus quem luta por ele. Contudo, se é uma batalha do mal contra o bem, a vitória não ocorrerá pela exaltação imediata do bem, mas por sua humilhação diante de Deus, assim, e ao menos temporariamente, o mal se achará vencedor. 
      Nesse segundo tipo de embate, Deus tem um propósito diferente de simplesmente conquistar território intentado pelo mal, nessa batalha é o coração do homem de bem que precisa vencer, e vencer não o mal, mas a si mesmo. É na injustiça que se exige o abrir mão de direitos e se aprende a esperar em Deus. Mesmo Jesus enfrentou os jogos de poder dos fariseus em silêncio, sem reagir, para nos ensinar essa lição, e para mostrar aos fariseus que jogos de poder devem ser ignorados pelo bem. Jesus fugiu da perseguição e orientou as pessoas para que não falassem sobre ele. 
      Isso foi um ato de covardia, de medo? De forma alguma, foi uma atitude sábia de quem espera pacientemente o tempo de Deus, e no caso de Cristo, o tempo de Deus seria trágico para ele, seria sua crucificação e morte. Assim em jogos de poder, nos autênticos, ganha quem perde, essa é um das lições mais importantes que o verdadeiro cristão deve aprender, visto que somos confrontados o tempo todo por jogos de poder de homens possuídos mentalmente, e algumas vezes até espiritualmente, por espíritos malignos, nos acusando e tentando nos destruir.
      Mas essa aparente passividade não é só um maneira de amadurecer e de permitir que Deus faça as coisas do seu jeito, é também uma chance que o homem mau recebe para mudar de posicionamento. Responder ao jogo de poder com um silêncio profundo e benigno é um gesto de amor para com aquele que se opõe a nós, para com aquele que se coloca como nosso inimigo numa guerra que na verdade é só de um lado. Dessa forma, tenhamos calma, não caiamos nos embaraços dos néscios, respiremos fundo, olhemos para Deus e depois para nós mesmos, entendamos o que somos, o que queremos ser, que com certeza deve ser pessoas diferentes daqueles que perdem tempo e paz com inúteis jogos de poder.

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